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Maquiagem, fugacidade, impressões, atmosferas

“Entre os constituintes dessa “arte do agora”, a maquiagem é o elemento mais fugaz.


Convertida em imagem viva e pulsante na pele do ator, ela não perdura fora de cena:
seu impacto sobre os presentes e seu significado para o espetáculo escapam a qualquer
tipo de registro, independentemente do nível de precisão do aparato tecnológico utilizado.”
Traços retos ou curvos alteram a expressão
Cores e tons atuam junto ao humor do personagem

A maquiagem é um elemento vivo que faz parte


Do processo de construção do personagem
A maquiagem vista como uma atualização do rosto do personagem –
para um contexto atual de tempo rápido e dinâmico

Feita diretamente sobre o rosto do personagem, sua ossatura e musculatura

Diferente de sua origem com as antigas máscaras do teatro grego,


que eram estáticas, porque fabricadas em madeira, couro, tecido ou fibra vegetal.

Afinal, ela incorpora e estampa, nas “maleáveis máscaras” que produz,


os traços mais significativos da personalidade e da aparência do personagem
cristalizados em matrizes do passado clássico.
Tipologia das máscaras gregas
os princípios básicos para a maquiagem que o ator deve fazer
em si mesmo e que irá fixar a aparência do seu personagem.
Expressão e identidade

Sua fisionomia sintetiza as condições sociais, culturais e econômicas de um povo,


as condições climáticas de uma região, afora a herança genética, a situação psicológica
e o histórico de afetividade do indivíduo.
Desde os tempos mais remotos, o ser humano usa uma série de artifícios para manifestar,
concretamente, uma identidade que não tem, uma imagem distinta da sua.
Nesse processo de metamorfose a que se dá o nome de maquiagem, a pintura, a tatuagem,
a cicatrização, a deformação e até a mutilação são práticas comuns, passageiras ou definitivas,
utilizadas com a função de enfeitar, libertar, revelar, sublimar, transformar, transfigurar corpo
e rosto, para que o homem supere suas barreiras e possa penetrar em outro universo existencial.
Ur-drama: os xamãs e as origens do teatro
A imagem ideal :

Encontrar essa imagem é, aliás, um dos anseios humanos mais antigos.


Um anseio em nome do qual uma pessoa observa outra para melhor
representação de si mesma e que se confunde, muitas vezes, com o
desejo da alteridade.
Ur-drama
A maquiagem acompanha a humanidade desde que o homem descobriu a pintura como forma de expressão e
representação. Não demorou muito para que ele reconhecesse nela uma fonte rica de argumentos para a sua
atuação na vida diária e um instrumento eficaz para a incorporação de poderes sobrenaturais, de outro modo
inatingíveis.
 
Achados arqueológicos mostram que — já na Pré-história — o pigmento mineral branco misturado a resinas e
óleos vegetais e animais era utilizado nas pinturas do corpo do guerreiro a fim de que ele incorporasse as forças
da natureza durante a luta e assim obtivesse melhor desempenho. Também há indícios, nos rituais antigos,
de que se invocavam os poderes do animal sacrificado pintando o corpo com o sangue dele misturado a cinzas.
VERMELHO SANGUE

Sepulturas e ossos período


paleolítico superior

Boximares
Pintura de grutas e corporal Indígenas australianos Desrto de Kalari
para intimidar inimigos
Diga-se, entretanto, que a maquiagem feita sobre a pele ganhou também a forma de máscaras
em algum momento do passado, possivelmente quando foram criados os ritos: procedimentos
extra-cotidianos nos quais o homem procura um significado para além da vida ordinária e que
ensejam o transporte da mente, da emoção e do corpo rumo a um mundo desconhecido.
25.000 a.C – Venus de Willendorf

23.000 a.C – Venus de Brassempouy


Dentes e ossos
costurados nas túnicas

35.000 a.c – 22.000 a.c


Vestes e adornos de tribos em regiões de clima quente
Pintura corporal Asurini do Xingu
Múmias do pântano
Cadáveres humanos preservados pelo clima não usual que circunda
como água muito ácida, temperatura baixa, ausência de oxigênio
que conserva o corpo, os órgãos internos e escurece a pele.

6.000 a.c – 100 a.c – período neolítico


Ötzi
3.300 a.C

https://www.youtube.com/watch?v=ICzs_nO00ZA
Egípcios

“(...) pálpebras pintadas de verde e


longos cílios realçados, maçãs do rosto
arredondadas e habilmente maquiadas
de vermelho que contrastavam com o
branco da pintura da face, lábios
voluptuosamente modelados e marcados
de vermelho, veias azuis desenhadas na
testa e nas têmporas e uma peruca azul
escuro.”
CARCOPINO, Jérôme
“Fabricados com pó de alabastro, pó de natrão,
sal do norte, mel, leite de jumenta, óleo de rícino,
vagens, sementes e óleos aromáticos, os produtos
de beleza da época já tinham por função combater
os odores do corpo, eliminar pêlos inconvenientes e
cabelos brancos, tratar a calvície e minimizar ou
disfarçar as rugas, além de revitalizar e fortificar
a pele.”

Nudez não era um tabu

Estilo
Status
Beleza
Maquiagem

Minerais misturados com água ou goma


Nemes
Linho engomado (amido)
usado por faraós
Khat – preso
na parte posterior

Coroa lisa
Do novo reino

Khepresh
Coroa azul de guerra
Barbas falsas Barbas significavam sabedoria

As verdadeiras eram pintadas na ponta com hena vermelha


Peitoral e jóias feitas com
minerais
GREGOS
800 a.c. a 500 d.c
Cabelos e penteados
- Cabelos e penteados mudaram ao longo do
tempo

- No início do período, homens usavam cabelos


curtos e barbas longas.

- No período helenístico as barbas saíram de


moda

- Cabelo comprido era típico para mulheres


gregas,
escravas usavam cabelos curtos

- No início do período mulheres enrolavam seus


cabelos e faziam tranças

- Mais tarde o estilo era prender os cabelos na


parte posterior em um coque
Diadema
Romanos CABELOS
Corte de César

Severan

Flavian

Titulus
CABELOS
Corte de César

Severan

Flavian

Titulus
“Não vivemos de acordo com a razão, mas de acordo com a moda”
Idade média

Pré-história
3.500 a.C
Antiguidade
3.500 a.C - 476 d.C
Idade Média Idade Moderna I. Contemporânea
XV - XVIII
Sec. V - XV XVIII - hoje
Tiras de metal decorativas
Designado a rei pela igreja católia: Pepino – seu filho Carlos Magno expande território

Período Carolingeo – 800 – 924 – reino franco, derrotam saxões e os converte


ao cristianismo
Riqueza nos detalhes, corte, cores – elegância
Capas estruturadas, feitas sob medida para os mais ricos, os mais pobres
permaneceram com as mesmas roupas por todo o leste europeu
Era proibido tocar os braços das mulheres, por isso as mangas se tornaram mais
Justas e costuradas separadamente, diferente da túnica
Início da reputação francesa
como referência na moda

Jóias anglo-saxãs Jóias período carolíngeo


Peças e corpos alongados e ponte-agudos
Cabelo masculino século XII
Séc. XIV
Séc. XIV – capuz
“dagging”
Séc. XV
Ideal de beleza no século XV, no norte da Europa:
Sem sombrancelha, sem cílios e pouco cabelo
Commedia dell’arte século XV-XVI
Renascimento
O Homem
Vitruviano:
Estudo das
proporções

Leonardo da Vinci
1452 - 1519

MonaLisa

- Patronos de influência na Itália – Médici


(banqueiros)
O mecenato – Florença como centro artístico
Jan van Eyck
1390 - 1441

O casal Arnolfini

Anjos cantando
nza
Le Vogue – releitura
2008
Trinzale

1400-
renascimento
italiano

Sandálias plataforma,
Usado pelas mulheres

Coazzoni

Cabelo dividido ao meio


Seguido de uma trança longa
Coberta por fitas e redes
Usavam óleos para tornar os
Cabelos lisos e alinhados
Padrões
de
beleza
1500 – Cinquecento – Ápice do renascimento na Itália – Portugal e espanha
expandem territórios e norte europeu com importantes portos e trocas mercadológicas

Balzo

Silhueta
ampla
Período moderno

Partlet
Vestido
Na Inglaterra
Blusa destacável Era Tudors 1558 - 1603

Vestido
Na Inglaterra
Era Elizabeth 1558-1603

Formato de coração
Ceruse venesiano
(carbonato de chumbo branco + vinagre)

Base esbranquiçada / pele de porcelana

Neste período o principal inimigo da


Inglaterra era a Espanha
Patriotismo

https://tudorbrasil.com/2014/10/20/espiritos-de-saturno-o-ceruse-veneziano/
Era da imitação
Século XVIII

Todas as classes sociais


Se vestiam assim
A era do pó facial
Chapéu de três bicos
- Ceruse também no pescoço e colo
- Blush feito com um tecido tingido especialmente para isso
- Boca vermelha
- Sombrancelhas altas feitas com lápis ou postiço de pele de rato
- “Mouches” pintas feitas para cobrir cicatrizes ou pontos de sífilis
Goya
Revolução Francesa
Cientificismo e os autômatos

Pierre Jacquet-Droz (1721-1790)


Relojoeiro e obcecado por autômatos

Ada Lovelace–primeira programadora da história.


Emergência da computação digital
Processo de
Modernização

Belle Epoche
Ferro
Vidro
Luz

Século XIX

Alta
Magra
Elegante
Cintura fina
Quadris largos

Energia elétrica
chega às cidades
Ideal de beleza inventado:

Charles Gibson era ilustrador

Cottage Loaf
Mucha
Dândis

Le flanêur

Beau Brummel - 1815


A uma passantes – Charles Baudelaire - 1857

A rua em derredor era um ruído incomum, 


longa, magra, de luto e na dor majestosa, 
Uma mulher passou e com a mão faustosa 
Erguendo, balançando o festão e o debrum;
Nobre e ágil, tendo a perna assim de estátua exata. 
Eu bebia perdido em minha crispação 
No seu olhar, céu que germina o furacão, 
A doçura que embala o frenesi que mata.
Um relâmpago e após a noite! — Aérea beldade, 
E cujo olhar me fez renascer de repente, 
Só te verei um dia e já na eternidade?
Bem longe, tarde, além, jamais provavelmente! 
Não sabes aonde vou, eu não sei aonde vais, 
Tu que eu teria amado — e o sabias demais!
Belle Epoche – fim século XIX – I Guerra
1914 – 1918 – primeira guerra mundial

1915
Século XX
Anos 20

Ideal de corpo feminino nos anos 20

Baixinha
Pouco curvilínea
Sem cintura
Pouco busto
Torço em formato de caixote
Ênfase no quadril
Modernidade – vida nas cidades – linhas retas
Chapéu cloche
Ideal de beleza e maquiagem
Na década de
1930

Século XX
Anos 30
Greta Garbo - Suiça, erradicada nos EUA, Marlene Dietrich
Foi a primeira a fazer a sombrancelha Alemã – erradicada nos EUA
Fina e alta Cantora e atriz

https://www.youtube.com/watch?v=ANqGm-MiqQs
Surrealistas
Dadaistas

“In difficult Times fashion is Always ultrageous”


Costas de fora e calças pijama

Banho de sol

Coleções “Resort” – calças se tornam aceitáveis


as apenas para esporte ou “resort”
Bonnie e Clyde
A moda e a guerra 1939 - 1945
Ideal de corpo feminino
na década de 40:

Forte
Ombros largos
Cintura firme
Seios firmes e
empinados
Quadris modelados
Pernas definidas

Uniformes
Segundo ideal de
Corpo na segunda
Guerra mundial:

Pequeno
Curvilíneo
Atraente
Ideal de beleza:

Sombrancelhas desehadas
Blush
Boca vermelha e grande
Regras de vestimenta

Meias de nylon ao invés de seda


Os cabelos não entravam no racionamento

Rolos da vitória
Ideal de corpo feminino nos anos 50
Formato ampulheta

Ombros estreitos e curvados

Busto largo e empinado

Cintura apertada

Quadris voluptuosos
O que fazer se não tivesse este corpo naturalmente?

CINTAS!
Porque o formato ponteagudo?

Uma teoria

E se não pudesse tê-los naturalmente?


Sutiãs infláveis
Tradu
çã
são ga o: Menina
rotas s
glamu magrelas í co n e de
rosas não n :
u d re y Hepbur s p e quenos
A e i o
u l h eres com s
M

Tradu
çã
que n o: Boas no
ão tem tíc
sex ap ias para ga
peal rotas
Ideal de beleza dos anos 50
Elizabeth Taylor

Suzie Parker
O interesse em formas novas e futurísticas sobem para a cabeça

Conforme se aproxima da década de 60 as formas ficam cada vez mais altos


Masculino sem muitas alterações
Moda su
bu rbana
Por autor

Contracultura
Ideal de beleza nos anos 60

Alta
Desengonçada
Seios pequenos
Rosto infantil
Quadris estreitos
Pernas longas e finas
Top-down
Button-up
Beleza e maquiagem na década de 60
Cartela de Cores
Es

Escapismo e novas tendências


Padrão de Beleza
Corpo esbelto
Estilo casual Terninhos Gipsy

Pequeno

Seios naturais

Cintura alongada

Quadris estreitos

Natural

Sem corsets

Sem cintas

E muito frequentemente...

Sem sutiã
Ícones
AMPLO E SOLTO
sta l gi a
No
p o r
Twiggy
Cabelo
&
maquiagem
Gloria Steinem e Dorothy Pitman Hughes
DISCO
1975 - 1978
c

Jordon
Releitura atual
Nada era demais
Rendas
Brilho
Vinil
Acessórios
Penas
maquiagens
IDEAL DE CORPO FEMININO NOS ANOS 80

- Alta
- Ombros largos
- Pernas longas
- Abdômen tonificado
- Quadris estreitos
Novos românticos
Durand Durand Culture Club Cindy Lauper

+ Processo de globalização e a
Difusão da imagem

Prince Madona
Corpo ideal da década de 90:

Magra

Com ossos à mostra

Quadris estreitos
100 years of Drag Queen Fashion – Vanity Fair
“In the beginning of the twentieth century art largely abandoned one of its key
- if not the key - functions - portraying the human being.

Virada do milênio Instead, most artists turned to other subjects, such as abstraction, industrial objects
and materials (Duchamp, minimalists), media images (pop art), the figure of artist
herself or himself (performance and video art), or, most recently, data (net art).

And when the artists did focus on the human figure (for instance, Picasso or De Kooning),
often it was just an excuse to investigate the possibilities of painting, or the conditions
of representation in general. Whose few (Kokoschka, Giocometti, Bacon) who went on
to depict a human figure in order to register al the heaviness of "human condition,"
registered just that -- the dark site of this condition, rather than the whole range of
human states.

It is the beginning of the new century, and after the end of Cold War, the exhaustion of
post-modernism, and the invention of the Web, we want to feel optimistic.
(And if you still feel alienated or simply moody, you are hopelessly behind the times –
so just take Prozac and join the global party!)

We want to imagine ourselves anew. If visual art, hopelessly stuck in recycling its recent
history over and over, can no longer help us, where can we turn to?

Enter fashion. Fashion is everything contemporary art is not: it is concerned with beauty;
it is well aware of its history over many centuries, rather than just recent decades;
it is more semiotically layered than the most complex Photoshop composite you ever
worked on; and it has one ever present constraint (and only constraints can lead to great art)
the human figure. This constraint gives the art of fashion its vitality, its optimism and its
inventiveness. And while cinema, along with fashion, also can be called the art of a human
figure, its representations are too realist, limited to life as it actually exists. In contrast,
fashion, or at least its "avant-garde" wing, asks a more playful, more optimistic question –
what else a human being could have been? What would have happened if Darvinian
evolution took a few steps differently? So we don't have to wait until scientists start slicing
our DNA to re-invent ourselves - because fashion continuously spins out new definitions
of the human.” (Lev Manovich)
Swallowable parfum – Lucy Mcrae
bibliografia
http://worldhistoryconnected.press.uillinois.edu/9.2/forum_kimball.html

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