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Aula 10
c) uma falsa simplicidade para explicar o vínculo que une os nomes às coisas.
Cap. Natureza do Signo Linguístico
“O signo linguístico une não uma coisa e uma palavra, mas um conceito e uma imagem
acústica.
Assim, Esta não pronunciamos
quando é o som material, coisa puramente
ou apenas pensamos física, mas a“árvore”,
na palavra impressão
(empreinte) psíquica desse som, a representação que dele nos dá o testemunho de
essa imagem acústica “árvore” relaciona-se a um conceito, isto é, a uma
nossos sentidos; tal imagem é sensorial e, se chegamos a chamá-la "material", é
ideia que
somente neste sentido, e porfazemos
oposiçãodoaoque sejatermo
outro uma da
árvore.
associação, o conceito,
geralmente mais abstrata” (SAUSSURE, 2006, p. 80).
Cap. Natureza do Signo Linguístico
Se considerarmos o circuito da fala, no qual dois falantes conversam, perceberemos
que, ao pensar em dizer uma determinada palavra, mesmo antes de pronunciá-la,
suscita-se no cérebro do falante uma determinada imagem acústica, que Saussure
denomina de “fenômeno inteiramente psíquico”, e este corresponde a um dado
conceito. Com isso, vê-se que ambas as faces do signo (conceito e imagem acústica) são
psíquicas. Obviamente que para o circuito da fala ser completo há de haver também o
processo físico, no qual as ondas sonoras se propagam da boca de um falante ao ouvido
do outro.
psíquico
físico
fisiológico
Cap. Natureza do Signo Linguístico
Arbitrário = Imotivado
(não há nada na natureza que motive a relação entre significante e significado)
Características do Signo Linguístico
Arbitrariedade
“A palavra arbitrário requer também uma observação. Não deve dar a ideia de que o
significado dependa da livre escolha do que fala (ver-se-á, mais adiante, que não está ao
alcance do indivíduo trocar coisa alguma num signo, uma vez esteja ele estabelecido num
grupo linguístico); queremos dizer que o significante é imotivado, isto é, arbitrário em
relação ao significado, com o qual não tem nenhum laço natural na realidade”
(SAUSSURE, 2006, p. 83).
O signo é social:
fruto de convenção, fruto do trabalho da coletividade.
Signo Linguístico
Objeções à arbitrariedade e os contra-argumentos de Saussure
Onomatopeias
Contra o argumento das onomatopeias: Saussure lembra que elas variam de língua para
língua. Se em português consideramos que o som emitido pelos cães corresponde à
onomatopeia “auau”, não é o que é considerado na língua inglesa ou na alemã.
Signo Linguístico
Objeções à arbitrariedade e os contra-argumentos de Saussure
Exclamações
Argumentos das exclamações: estas teriam sua origem ditada pela natureza. Por
exemplo, tropeçar em uma pedra e emitir sons como “ai!”, “ui” etc.
Contra o argumento das exclamações: Saussure mostra que, tal como as onomatopeias,
elas também variam de cultura para cultura. Ademais, como exclamação (interjeições),
lançamos mão ainda de palavras como diabo ou palavrões, que variam não somente de
sociedade para sociedade, como de faixa etária, de grupo social, por exemplo.
Signo Linguístico
Ainda sobre a arbitrariedade...
Saussure irá explicar em outro capítulo, a saber, “Mecanismo da língua”, que: “O
princípio fundamental da arbitrariedade do signo não impede de distinguir, em cada
língua, o que é radicalmente arbitrário, vale dizer, imotivado, daquilo que só o é
relativamente” (SAUSSURE, 2006, p. 152).
Caranguejada Caranguejo
Cuscuzada Cuscuz
Feijoada Feijão
Arbitrariedade Arbitrariedade
Relativa Absoluta
Características do Signo Linguístico
Linearidade do Significante
“O significante, sendo de natureza auditiva, desenvolve-se no tempo, unicamente, e tem
as características que toma do tempo: a) representa uma extensão, e b) essa extensão é
mensurável numa só dimensão: é uma linha” (SAUSSURE, 2006, p. 84).
“Este princípio é evidente, mas parece que sempre se negligenciou enunciá-lo, sem dúvida
porque foi considerado demasiadamente simples; todavia, ele é fundamental e suas
consequências são incalculáveis; sua importância é igual à da primeira lei. Todo
mecanismo da língua depende dele. Por oposição aos significantes visuais (sinais
marítimos etc.), que podem oferecer complicações simultâneas em várias dimensões, os
significantes acústicos dispõem apenas da linha do tempo; seus elementos se apresentam
um após outro; formam uma cadeia. Esse caráter aparece imediatamente quando os
representamos pela escrita e substituímos a sucessão do tempo pela linha espacial dos
signos gráficos” (SAUSSURE, 2006, p. 84).
O Valor do Signo Linguístico
Saussure quer demonstrar que o signo linguístico é definido numa rede de relações
contrastivas. Diferenças e contrastes são fatores responsáveis pelo valor do signo
linguístico. O valor não está, pois, contido no signo mesmo, mas é dado na relação
estabelecida com os outros signos.
bonito x lindo
O valor de ambas constrói-se na relação entre elas, de modo a compreendermos que se
estabelece uma gradação da beleza, que vai, digamos, de uma beleza na justa medida
(bonito) à exacerbação da beleza (lindo). Entretanto, seguindo Saussure, se na língua não
existisse uma dessas palavras, o valor de uma iria para outra, ou seja, caso a palavra
"lindo" não existisse em português, a palavra “bonito” teria de contemplar os dois
diferentes graus de beleza.
O Valor do Signo Linguístico
Trocando em miúdos, o signo saussuriano é relacional, isto é, um signo pressupõe sua
relação com outros, já que seu valor não é dado por uma realidade que lhe seja
independente, ou por uma exterioridade, mas pela relação.
Em outras palavras, o valor linguístico não está apenas na dependência do laço arbitrário
entre significante e significado, antes depende da relação entre um signo e outro signo. Isso
torna possível que, numa dada língua, uma mesma palavra possa exprimir ideias bastante
diferentes, sem que os falantes passem a considerá-la como duas palavras distintas.
Em: "adotar uma moda" e "adotar uma criança", embora o significante e o significado de
"adotar" sejam os mesmos, o valor da palavra não está nela mesma, mas depende da
relação contraída com as outras palavras em cada uma das frases.
Universidade Estadual de Alagoas
Curso de Letras – Campus I