Você está na página 1de 11

Liberalismo econômico

• Adam Smith (1723 – 1790)

Toda teoria pressupõe uma visão de mundo. As teorias


econômicas, sociais e políticas, supõe uma visão sobre
os seres humanos. A visão de mundo de Adam Smith
tem por base a ideia de que os seres humanos são
egoístas por natureza. Ele supõe essa natureza humana
egoísta, assim como outros filósofos que vieram antes
dele. Por exemplo, cada um à sua maneira, Maquiavel
(XV), Hobbes (XVI) e Locke (XVII).
Liberalismo econômico
• Essa natureza egoísta está relacionada ao
modo como o liberalismo econômico entende
a ação humana no mercado. Precisamos
lembrar que Smith e Locke são europeus e
estão assistindo a expansão do comércio e do
capitalismo. Locke administrava colônias na
África. Há um otimismo no século XVIII (século
das Luzes) com a produção da riqueza e a
expansão do comércio.
Liberalismo econômico
• Pergunta Adam Smith: por que o padeiro
acorda as 4:30 da madrugada para produzir o
pão que comemos? Será que ele está
pensando no bem comum? Ele responde: o
padeiro faz isso exclusivamente pensando nos
seus interesses particulares e o faz com base
na sua capacidade de calcular os custos
(trabalho, insumos) e benefícios de sua ação.
Liberalismo econômico
• Deste modo, ele conclui que a competição entre os
padeiros (cada um perseguindo seus interesses privados)
tem como resultado mais produção e, portanto, leva ao
bem comum, pois os consumidores pagarão menos. Preço
é oferta e demanda. Mão invisível.
• Os problemas começam a aparecer quando examinamos a
ideia de base desta teoria, a ideia de que agimos com base
em cálculo custo e benefício e um cálculo maximizador
dos benefícios, como se o ambiente em que estamos não
importasse muito. Por que?
Liberalismo econômico
• 1) Esta teoria atribui a todas as pessoas essa
capacidade de cálculo maximizador.
• 2) Ela pressupõe que a lista de bens no mercado é
finita, pois do contrário como fazer o tal cálculo
maximizador.
• 3) Ela supõe que as informações são claras e acessíveis
a todos.
• Em resumo, ela atribui a todos os agentes as mesmas
características e supõe que todas as pessoas já
possuem “propriedade”.
Como isso na prática afeta nossa vida?
• Como é a situação das habitações no Brasil e na Holanda?
• O que tem acontecido no comércio mundial?
• As organizações sociais aplicam essa teoria? O que
aconteceria se a escola ou os hospitais seguissem essa
lógica de ação?
• Como pensar a socialização das crianças a luz desta teoria?
• O que aconteceria com as famílias se elas seguissem essa
lógica de ação?
• Privatizar as UBS significaria o quê para as classes populares
brasileiras?
Conclusão
• É claro que há a capacidade de cálculo como
um tipo de ação que deve ser considerada na
análise da vida social. No entanto, a vida social
é mais complexa e sofisticada e é por isso que
estudaremos, em seguida, outras teorias que
nos ajudarão a pensar o comportamento
social.
Liberalismo Econômico
• Porque na realidade social as coisas não se passam assim. As
pessoas não vivem num vazio social, pelo contrário, elas estão
sempre amarradas a determinadas relações, que são relações
de poder, morais, afetivas, as quais muitas vezes tem um peso
explicativo nas nossas ações muito maior do que nossas
capacidades de cálculo individual. Além disso, mesmo nossas
ações no mercado (que é uma criação social, ou seja, é de fato
parte da nossa vida social) não se pautam exclusivamente em
cálculo custo benefício. Exemplifico: consumo de itens de luxo
continuam a acontecer durante a pandemia, o custo é alto e o
benefício(nem sempre claro aliás) é exclusivo de quem tem
poder econômico.
Liberalismo Econômico
A questão central do liberalismo econômico é
que se tivermos uma ampliação da competição
pela produção, fatalmente produziremos mais,
porque cada um perseguindo seus interesses
particulares resultará nisso. O problema é que
os pressupostos igualam as capacidades das
pessoas, quando na verdade elas se encontram
em situações sociais muito diferenciadas. Como
um camponês vai competir com o agronegócio?
Liberalismo Econômico
• Questões relacionadas ao meio ambiente. Os recursos
naturais, no século XVII e XVIII, não eram considerados
coisas problemáticas. A aplicação da lógica mercantil ao
meio ambiente nos mostra como a competição dos
agentes econômicos, sem freios de qualquer natureza e
sob a lógica de maximização dos ganhos dificilmente
pode ser vista atualmente como produtora de bem
comum em qualquer situação, porque a complexidade
dos bens afetados não dizem respeito unilateralmente
aos valores mercantis. Quais limites podemos imaginar à
atividade econômica predatória?

Você também pode gostar