Toda teoria pressupõe uma visão de mundo. As teorias
econômicas, sociais e políticas, supõe uma visão sobre os seres humanos. A visão de mundo de Adam Smith tem por base a ideia de que os seres humanos são egoístas por natureza. Ele supõe essa natureza humana egoísta, assim como outros filósofos que vieram antes dele. Por exemplo, cada um à sua maneira, Maquiavel (XV), Hobbes (XVI) e Locke (XVII). Liberalismo econômico • Essa natureza egoísta está relacionada ao modo como o liberalismo econômico entende a ação humana no mercado. Precisamos lembrar que Smith e Locke são europeus e estão assistindo a expansão do comércio e do capitalismo. Locke administrava colônias na África. Há um otimismo no século XVIII (século das Luzes) com a produção da riqueza e a expansão do comércio. Liberalismo econômico • Pergunta Adam Smith: por que o padeiro acorda as 4:30 da madrugada para produzir o pão que comemos? Será que ele está pensando no bem comum? Ele responde: o padeiro faz isso exclusivamente pensando nos seus interesses particulares e o faz com base na sua capacidade de calcular os custos (trabalho, insumos) e benefícios de sua ação. Liberalismo econômico • Deste modo, ele conclui que a competição entre os padeiros (cada um perseguindo seus interesses privados) tem como resultado mais produção e, portanto, leva ao bem comum, pois os consumidores pagarão menos. Preço é oferta e demanda. Mão invisível. • Os problemas começam a aparecer quando examinamos a ideia de base desta teoria, a ideia de que agimos com base em cálculo custo e benefício e um cálculo maximizador dos benefícios, como se o ambiente em que estamos não importasse muito. Por que? Liberalismo econômico • 1) Esta teoria atribui a todas as pessoas essa capacidade de cálculo maximizador. • 2) Ela pressupõe que a lista de bens no mercado é finita, pois do contrário como fazer o tal cálculo maximizador. • 3) Ela supõe que as informações são claras e acessíveis a todos. • Em resumo, ela atribui a todos os agentes as mesmas características e supõe que todas as pessoas já possuem “propriedade”. Como isso na prática afeta nossa vida? • Como é a situação das habitações no Brasil e na Holanda? • O que tem acontecido no comércio mundial? • As organizações sociais aplicam essa teoria? O que aconteceria se a escola ou os hospitais seguissem essa lógica de ação? • Como pensar a socialização das crianças a luz desta teoria? • O que aconteceria com as famílias se elas seguissem essa lógica de ação? • Privatizar as UBS significaria o quê para as classes populares brasileiras? Conclusão • É claro que há a capacidade de cálculo como um tipo de ação que deve ser considerada na análise da vida social. No entanto, a vida social é mais complexa e sofisticada e é por isso que estudaremos, em seguida, outras teorias que nos ajudarão a pensar o comportamento social. Liberalismo Econômico • Porque na realidade social as coisas não se passam assim. As pessoas não vivem num vazio social, pelo contrário, elas estão sempre amarradas a determinadas relações, que são relações de poder, morais, afetivas, as quais muitas vezes tem um peso explicativo nas nossas ações muito maior do que nossas capacidades de cálculo individual. Além disso, mesmo nossas ações no mercado (que é uma criação social, ou seja, é de fato parte da nossa vida social) não se pautam exclusivamente em cálculo custo benefício. Exemplifico: consumo de itens de luxo continuam a acontecer durante a pandemia, o custo é alto e o benefício(nem sempre claro aliás) é exclusivo de quem tem poder econômico. Liberalismo Econômico A questão central do liberalismo econômico é que se tivermos uma ampliação da competição pela produção, fatalmente produziremos mais, porque cada um perseguindo seus interesses particulares resultará nisso. O problema é que os pressupostos igualam as capacidades das pessoas, quando na verdade elas se encontram em situações sociais muito diferenciadas. Como um camponês vai competir com o agronegócio? Liberalismo Econômico • Questões relacionadas ao meio ambiente. Os recursos naturais, no século XVII e XVIII, não eram considerados coisas problemáticas. A aplicação da lógica mercantil ao meio ambiente nos mostra como a competição dos agentes econômicos, sem freios de qualquer natureza e sob a lógica de maximização dos ganhos dificilmente pode ser vista atualmente como produtora de bem comum em qualquer situação, porque a complexidade dos bens afetados não dizem respeito unilateralmente aos valores mercantis. Quais limites podemos imaginar à atividade econômica predatória?