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Música de Câmara A – Seminário Profa.

Alice Belém

Música de Câmara do
Século XX (1900-1950)
Breve contexto histórico
• Grande desenvolvimento tecnológico, industrial e científico durante o sec.
XX: engenharia, matemática, física, biologia, medicina, astronomia,
química, psicologia, ciências sociais

• I e II Guerra Mundiais

• Mudanças na sociedade, no pensamento humano, nas artes

• Linearidade x Unidade Estilística: Barroco Classicismo Romantismo


Diversos estilos
Algumas tendências Desconstrução das ideias tradicionais de beleza, usando
ao invés disso formas e cores para alcançar significado
da arte do século (Ex. Abstracionismo, cubismo)
-À esquerda: Kandinsky: Composição VII (1923)
XX:
- À direita: Picasso: Três músicos (1921)
Artes influenciada pelas Grandes
Guerras Mundiais:
I. Artes representam novas atitudes
diante do mundo diante da guerra e sua
crueldade (Futurismo, dadaísmo);
representam o irracional e o subconsciente
(Surrealismo)
II. Conceito ampliado de arte: artes
multimídia; trabalhos que utilizam não só a
pintura, mas objetos do cotidiano
ressignificados através da obra de arte,
fotografia, vídeo, filmes; happenigs,
performances; body art; experimentalismo
Acima: M.Duchamp – Roda de Biclicleta (1913)
Meio: G.Sansoni - Sobrevoando o Coliseo em espiral
(1930)
Abaixo: S.Dali – Os elefantes (1948)
Breve percurso estilístico da música do
século XX (1900-1950)
Fim do século
XIX: Pós Romantismo germânico – Impressionismo francês –
G.Mahler, R.Strauss C.Debussy e M.Ravel

1900-1945: 1945-1999: Ampliação das


reações ao século técnicas e materiais. De 1945 a
XIX e à Expressionismo: 2ª Escola de Viena 1950:
acontecimentos Serialismo
do início do Futurismo: L. Russolo, G. Antheil
Música indeterminada
século XX Ecos da Música romântica:
Rachmaninoff Música concreta
Neoclassicismo: I.Stravinsky,
S.Prokofiev, P.Hindemith
Inspirações nacionalistas: Martinu,
Bartók
Tendências da música de câmara do
século XX
• Diversidade de técnicas composicionais, estilos e gêneros
• Compositores exploram limites da harmonia, ritmo, notação, tonalidades,
mistura de gêneros populares (ex.: ragtime, jazz) e classico e de técnicas
de performance
• Música de Câmara foi uma espécie de “laboratório” onde os compositores
experimentaram técnicas composicionais e idéias utilizadas em formações
orquestrais ou solo
• Formações tradicionais
• Novas formações instrumentais
• Formações livres
Formações camerísticas tradicionais
• O que muda?
- Novos tratamentos para as formações standard através de:

1) Novas organizações de altura: Anton Webern – 5 Lieder op.3 (1907-8) op.4 (1908-9)
2) Releitura de estilos (ex. estilo clássico): Sergei Prokofiev – Sonata para Flauta e
Piano op. 94 (1943) ou Maurice Ravel – Trio para violino, cello, piano (1914)
3) Inovações na forma e na concepção de temporalidade : Claude Debussy – Sonata
para violino e piano em Sol menor(1916)
4) Novas linguagens para formações tradicionais: Bartók- Quarteto de Cordas no.1,
Sz.40, opus 7 (1909) e Shostakovich – Quartetos de cordas 1,2,3,4 (1938-1949)
Novas formações instrumentais
• O que muda?
1) Busca por novas combinações timbrísticas: Debussy – Sonata para
flauta, viola e harpa (1915); Béla Bartok- Contrastes para violino,
clarinete e piano (1938); Olivier Messiaen - Quarteto para o fim do
tempo, para clarinete, violino, cello e piano (1940)
2) Novas combinações timbrísticas + uso de narrativas literárias: Arnold
Schoenberg – Pierrot Lunaire op.21,flauta, clarinete, violino, cello, piano,
voz (1912); Igor Stravinsky – História do Soldado, violino, contrabaixo,
clarinete, fagote, trompete, trombone, percussão, narrador (1918)
3) Uso da percussão: Béla Bartok- Sonata para 2 pianos e percussão
(1937)
Novas formações instrumentais
• O que muda?
4) Releitura de estilos (ex. barroco): Virgil Thompson - Sonata da chiesa
(1926), para clarinete, trompa, trompete, trombone, viola

5) Mistura de gêneros : Igor Stravinsky – Ragtime para 11 instrumentos (1917)

6) Estabelecimento de novos agrupamentos como standard: John Cage:


Quartetos de percussão – 1st, 2nd, 3rd Construction (1939-1942)

7) Mescla de tradições ocidental + oriental: John Cage/Lou Harrison- Double


Music (1941), para quarteto de percussão
Formações livres
• Instrumentação não especificada

• Número de performance indefinido

• Possibilidades de arranjo e transcrição

Exemplos: John Cage: Sonata for Two Voices (1933),


Composition for 3 Voices (1934), Quartet – 4 instrumentos de
percussão (1935)
Um caminho para a interpretação da
música de câmara do século XX
• Continuum composicional: é importante entender a música do século XX
como continuidade do repertório dos séculos anteriores.
• Tendo isso em mente, podemos partir de parâmetros já conhecidos ao nos
deparar com obra do século XX:
- Procure elementos para analisar a estrutura da peça;
- Identifique recursos composicionais como sequência ou repetição, padrões
escalares ou de acordes;
- Examine texturas, gestos, linhas, conteúdo expressivo
- Procure contextualizar os recursos musicais utilizados pelo compositor em
relação aos acontecimentos mundiais da época e identificar estilo ou
linguagem empregados na composição.
Referências bibliográficas:
BURGE, David. Twentieth-Century Piano Music. New York, Schirmer Books, 1990.
CALLA, James Mc. Twentieth-Century Chamber Music, 2nd edition. New York, London: Routledge, 2003.
CARDASSI, Luciane. O Piano do Desassossego: Técnicas Estendidas na Música de Felipe Almeida Ribeiro.
Música Hodie, [S.l.], v. 11, n. 2, dez. 2012. ISSN 2317-6776. Disponível em: <
http://www.revistas.ufg.br/index.php/musica/article/view/21797/12843>. Acesso em: 01 Set. 2020.
LA MOTTE-Helga de; RILLING, Lydia; SCHRÖDER, Julia. Dokumente zur Musik des 20.Jahrhunderts.
Laaber, Laaber Verlag, 2011.
LESTER, Joel. Enfoques analíticos de la música del siglo XX. Madrid: Edicínoes Akal, 2005.
NASCIMENTO, G.: ZILLE, J.A.B: CANESSO, R. A música dos séculos 20 e 21. Barbacena: Ed.UEMG, 2014.
RADICE, Mark. Chamber Music: an essential history. Ann Arbor: University of Michigan Press, 2012.

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