Você está na página 1de 11

NARRATIVAS (AUTO)BIOGRÁFICAS SOBRE

FORMAÇÃO E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO


ENSINO DA LEITURA DE TEXTOS MULTIMODAIS
PARA ALUNOS DE LÍNGUA ESPANHOLA
Profa. Ms. Denise Pereira, da Silva – UEFS-
e-mail dpssilveira@uefs.br
Profa. Dra. Glaucia Maria Costa Trinchão –UEFS
e-mail - gaulisy@gmail.com
Profa. Ms. Suely dos Santos Souza UEFS
e-mail - suely0975@gmail.com
 
Eixo Temático: 4. Processos Educativos

Desde o período paleolítico a imagem se faz presente na história da humanidade,


são as pinturas rupestres a confirmação de tal afirmação. Logo, é possível afirmar
que, assim como a escrita, a imagem é um importante recurso para a comunicação
de ideias e sentimentos, para os registros de memória, de experiências, das
lembranças do passado, das ações do presente ou dos desejos para o futuro,
constituindo-se como uma das múltiplas formas de linguagem.
Segundo Costa e Amaral (2017, p. 63) esta ação de registrar nasce em resposta
“[...] a necessidade do homem de se comunicar [...]”, tendo surgido a partir do
momento que este se descobriu “[...] ser capaz de analisar, refletir, interpretar e
interferir na sua própria realidade [...]”.
Entendemos, então, que para compreender e interpretar estas mensagens, cujo
veículo é a imagem, se faz necessário um arcabouço de informações adquiridas por
meio de uma formação específica, a qual propiciará a compreensão e interpretação
da mensagem presente no texto imagético. Mas para tanto, é preciso educar o olhar,
educá-lo para perceber as relações entre os vários elementos que constituem um
texto, tais como: palavra e imagem, palavra e gesto, palavra e entonação, palavra e
tipografia, e os vários tipos de imagem, bem como, os vários elementos que a
formarão, como a filosofia dos que a criaram, o momento histórico que representa,
os aspectos sociais, econômicos, e educacionais, além da função que lhe é atribuída.
Vivemos na era do virtual, estamos envoltos por imagens do acordar ao dormir.
Diante de todas estas constatações é evidente que a imagem também se fará
presente no ambiente de ensino de línguas estrangeiras, seja nas avaliações, nos
exames, nos livros didáticos, nos chats, na publicidade, e em diversos instrumentos
e ferramentas de ensino.
Logo, questões pertinentes à formação do educador se desenham a partir de
questionamentos, que justificam este trabalho, tais como:
* Os futuros docentes, de língua estrangeira espanhola, das Universidades Públicas
do Estado da Bahia estão sendo formados e informados para trabalharem junto a
seus alunos com o multiletramento?
•De que maneira cada professor, graduado nestas Instituições, tem desenvolvido sua
prática docente no que tange a leitura de imagens?
•Há por parte destes docentes a consciência da possível ausência em seus currículos
de componentes formativos relacionados aos textos multimodais em língua
espanhola?
•Quais estratégias utilizam em sua prática docente para apresentar tal conteúdo a
seus discentes? Ensinam em suas aulas a análise imagética tomando como base a
intuição?
•Seria o empirismo o melhor caminho para interpretação de textos imagéticos?
Todos esses questionamentos suscitam a discussão que esse texto propõe na
intenção de problematizar a realidade da prática docente no que diz respeito a
leitura imagética, as discrepâncias, ou conivências, apresentadas pelos documentos
oficiais, e a efetiva prática em sala de aula.
Para tanto, entendemos que, o método das narrativas (auto)biográficas se
aplica perfeitamente a esse debate, visto que, segundo a Delory-Momberger (2016,
p. 136) “a temporalidade biográfica é uma dimensão constitutiva da experiência
humana, por meio da qual os homens dão forma ao que vivem”. Assim, o objetivo
desse trabalho é refletir, e/ou discutir, como se constituem estes professores que
transitam entre o texto verbal e o não verbal, dai nossa proposta de uma
investigação futura, e mais aprofundada.
Esse diálogo tem, portanto, a intenção de problematizar a ausência, ou presença,
de componentes curriculares no curso de Letras com Espanhol, que abordem o
tema da análise e interpretação de imagens, buscando identificar sua influencia
na prática pedagógica de seus egressos.
Como esta intenção de pesquisa está centrada no curso de Letras-Espanhol, faz-
se necessário demonstrar a presença e importância do ensino do espanhol no Brasil,
para tanto, pretendemos traçar um breve panorama histórico da presença e inclusão,
e por vezes exclusão, do espanhol nos currículos das escolas brasileiras.
Far-se-á, portanto, necessário: o estudos de documentos oficiais relacionados à
presença deste idioma em nossas escolas, bem como uma investigação dos
currículos dos cursos de formação de docentes de língua espanhola, com o objetivo
de identificar componentes curriculares que capacitem seus futuros professores no
trato com textos mistos, ou seja, verbal e não verbal, bem como ouvir os relatos dos
que já se encontram em sala de aula, sobre sua práxis docente no que concerne a
leitura e interpretação de textos multimodais que envolvam imagem.
Afinal, segundo Rojo, “Não basta mais a leitura do texto verbal escrito – é
preciso colocá-lo com um conjunto de signos de outras modalidades de linguagem
(imagem estática, imagem em movimento, som, fala) que o cercam, ou intercalam
ou impregnam (ROJO, 2012, p. 7)”.
A investigação derivada dessa problematização pretende analisar os dados
obtidos por meio de questionários semiestruturados, entrevistas e observações em
sala de aula. Com tal metodologia espera-se obter informações quanto as práticas
pedagógicas de professores, visando identificar na prática a presença, ou ausência,
de elementos que remontem a formação adquirida no curso de Letras com Espanhol.
Para tanto, usaremos o método da narrativa (auto)biográfica, atentos a
afirmação de Delory-Momberger (2016), a qual esclarece que em uma pesquisa
onde o método a ser usado seja a narrativa (auto)biográfica, deve-se usar o mínimo
possível de questões, pois, segundo a mesma, este método atua como uma “clínica
política” colocando o “ator” em contato consigo mesmo, no caso o nosso ator,
serão estes professores egressos do curso de Letras com Espanhol das
Universidades Estaduais da Bahia.
Dito isso, salientamos que caberá ao pesquisador uma escuta sensível, capaz de
perceber os lapsos de memórias, ou as narrativas que efetivamente se deram em sala
de aula, construídas ao longo dos anos pelo próprio narrador, ou ainda se a mesma é
fruto de uma construção coletiva, constituída a partir das inferências dos sujeitos
sociais que partilharam aqueles momentos rememorados pelo ator.
E, advogando a causa do ensino de métodos de leitura de imagens, será discutida,
também, a importância dos estudos sobre textos multimodais e multiletramento,
propondo uma reflexão sobre o papel do professor e a importância de práticas
pedagógicas que sejam significativas ao aluno. E para tanto, é preciso que esteja o
professor preparado para preparar. Bem como, se faz necessário que os conteúdos e
a escola ganhem uma (re)significação, a fim de fazer frente a uma série de fatores
que têm promovido o desinteresse e a evasão escolar.
Acreditamos que, o resultado de uma pesquisa com este teor, em muito contribuirá
na reflexão e construção de currículo para curso de Letras-Espanhol, no qual se
entenda o quão é fundamental a presença de componentes curriculares que discutam
estratégias e metodologias, visando interpretar as imagens presentes nos variados
tipos de texto, desde as que estão presentes em provas e exames, até as que se
encontram abundantemente nos livros didáticos.
Nossa proposta de pesquisa apesar de estar voltada, especificamente, para o curso
de Letras-Espanhol, não invalida que, também, outros cursos de língua estrangeira
venham a toma-la como base para reflexões e discussões sobre seus currículos.
REFERÊNCIAS

•BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Parâmetros Curriculares Nacionais. Ensino Médio. Linguagens,


Códigos e suas Tecnologias. Brasília, Secretaria de Educação Média e Tecnológica, 2000. Disponível em:
<htpp://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/14_24.pdf >. Acesso em: julho de 2016. 
•BRASIL. PCN Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. Brasília, Secretaria de Educação Média e Tecnológica, 2002.
Disponível em: <htpp://portal.mecgov.br/seb/arquivos/pdflinguagens02.pdf>. Acesso em: julho de 2016.
•BRASIL. Lei 11. 191 de 2005. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-
2006/2005/Lei/L11191.htm > Acesso em: abril de 2016. 
•BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. INEP. Matriz de Referência, 2009. Disponível em:
<htpp://portalmecgov.br/index.phpoption=comdocman&task=doc_downloard&gid=841&Itemid=>. Acesso em:
julho de 2016.
•COSTA, Ivoneide de França; ALVES, Maria da Conceição Amaral. Desenho e Imagem. In: Desenho,
concepções e teorias. Ed. Desenho Forma e Simbolismo. Feira de Santana: Bahia, 2017.

 
• FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 16 ed. São Paulo: Paz e
Terra, 2000. 
• JOLY, Martine. Introdução à análise da imagem. Ed: Papirus, 1994. 
• LAJOLO, Marisa, 1994- Das tábuas da lei à tela do computador: a leitura em seus discursos / Marisa
Lajolo e Regina Zilberman. 1ª. Ed.- São Paulo: Ática, 2009. 
• OLIVEIRA, M. N.; LIMA, E. A. de. Crenças de alunos sobre a leitura de textos multimodais. Diálogo das
Letras, Pau dos Ferros, v. 05, n. 02, p. 110-124, jul./dez. 2016. 
• PRINCÍPIOS DO MERCOSUL Disponível em: <htpp://www.mec.gov.br/mercosul>. Acesso em: nov./2019 
• ROJO, R.; MOURA, E. (Orgs.). Multiletramentos na escola. São Paulo: Parábola Editorial, 2012.  
Muito Obrigada!
Gracias!

Você também pode gostar