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PARA AULA 02/07/2021( HIST.

BR)
Aula 10 – BRASIL IMPÉRIO – Primeiro Reinado (1822-1831)
O Reconhecimento da Independência

O primeiro país a reconhecer oficialmente a independência do Brasil foram os


Estados Unidos da América, no ano de 1824. O reconhecimento deu-se obedecendo
os princípios da Doutrina Monroe, que pregava e defendia a não intervenção da
Europa - através da Santa Aliança- nos assuntos americanos.
No ano de 1825 foi a vez de Portugal reconhecer a independência de sua antiga
colônia. A Inglaterra atuou como mediadora entre o Brasil e Portugal. Em troca do
reconhecimento, Portugal exigiu uma indenização de dois milhões de libras, que
auxiliariam o Reino lusitano a saldar parte de suas dívidas com os britânicos. Como
o Brasil não possuía este montante, a Inglaterra tratou de emprestar. Assim, o
dinheiro exigido por Portugal nem saiu da Inglaterra e, de quebra, o Brasil tornou-se
seu dependente financeiro. Graças à mediação inglesa no reconhecimento de nossa
independência, esta obteve importantes regalias comerciais com a assinatura de um
tratado, no ano de 1827. O acordo garantia tarifas alfandegárias preferenciais aos
produtos ingleses, o que prejudicou o desenvolvimento econômico brasileiro.
O novo acordo estabelecia a extinção do tráfico negreiro - clausula que não foi
concretizada. Assim, o Brasil continuava a ser um exportador de produtos primários,
importador de produtos manufaturados e dependente financeiramente da Inglaterra.
A história do Brasil Império pode ser dividida em três
fases políticas:
Primeiro Reinado – 1822 a 1831

No âmbito da política interna, o primeiro conflito entre d. Pedro I e a


elite brasileira ficou por conta da elaboração da Constituição brasileira.
Apesar de a convocação da Assembleia ter ocorrido no mês de junho de
1822, os trabalhos começaram apenas em maio de 1823, liderados por
Antônio Carlos Andrada, irmão de José Bonifácio.
O caráter liberal do projeto, que defendia o Poder Legislativo, tornava
o papel do imperador apenas decorativo, retirando de D. Pedro I a força
absoluta na administração pública.
A CONSTITUIÇÃO DA MANDIOCA

Inspirada em alguns princípios iluministas, a nova Constituição


defendia o liberalismo econômico e a soberania nacional, deixando claro,
em seus 272 artigos, um sentimento de xenofobismo em relação aos
portugueses. Além disso, o projeto era antidemocrata e delegava o direito de
voto aos latifundiários detentores de certa quantidade de alqueires de
mandioca, garantindo a participação no pleito a poucos brasileiros, o que
prejudicou os comerciantes lusitanos e a maioria da população. Esse projeto
constitucional ficou conhecido como “Constituição da Mandioca”.
Não aceitando a limitação ao seu poder, D. Pedro I ordenou o fechamento da
Assembleia Legislativa e a prisão de inúmeros deputados, entre os quais estavam os
irmãos Andradas (José Bonifácio, Martin Francisco e Antônio Carlos).
Os argumentos utilizados pelo monarca para justificar sua atitude arbitrária
foram as tentativas de limitação do seu poder no projeto constitucional, além das
críticas realizadas pelos deputados do Partido Brasileiro aos portugueses e ao
imperador nos jornais de oposição (A Sentinela e Tamoio).
Nota-se que a pretensão da elite brasileira em implementar uma ordem política
liberal encontrou em D. Pedro I um obstáculo. Desse modo, a Constituição da
Mandioca nunca foi colocada em prática, fazendo-se necessário um novo projeto
constitucional, que acabou sendo organizado de acordo com os interesses de
D.Pedro I, legalizando suas tendências centralizadoras.
A CONSTITUIÇÃO DE 1824
Devido ao grande incômodo gerado pelo fechamento da Assembleia
Constituinte, D. Pedro I convocou um conselho para que seus membros, um
total de 10 pessoas, pudessem redigir uma nova Constituição, que foi
finalizada em 40 dias. Baseada, em muitos pontos, na Constituição da
Mandioca, a nova Carta apresentava duas características que a diferenciava
da antiga.
Em primeiro lugar, o voto não seria mais determinado pelo número de
alqueires de mandioca, mas pela renda dos cidadãos (voto censitário),
evitando uma possível participação popular, e, ao mesmo tempo, garantindo
a presença dos portugueses no pleito eleitoral.
O segundo destaque da Constituição de 1824 foi a criação de um quarto
poder: o Poder Moderador, que se colocava acima dos outros três poderes e
tinha o princípio político de equilibrá-los, com a função prática, porém, de
controlá-los.
O novo projeto outorgado por D. Pedro I dava a ele o controle desse poder e,
consequentemente, o total comando da nação.
O catolicismo foi considerado religião oficial (apesar da
liberdade de culto), e o imperador cumpriria o papel de chefe
da Igreja no Brasil, através do Regime de Padroado.
O país foi dividido em províncias e o Judiciário, exercido
por juízes e tribunais, estaria subordinado ao Supremo
Tribunal de Justiça, nomeado pelo imperador.
Deve-se considerar que não há consenso em torno do
estatuto do governo de d. Pedro I. Setores da historiografia
divergem em considerá-lo absolutista ou somente autoritário.
Já o Conselho de Estado, que assessorava o imperador, era um
órgão consultivo, composto de membros de destaque na
sociedade, que tinham um elevado poder econômico.
Contexto histórico e o processo de independência
Após o Dia do Fico, D. Pedro tomou uma série de medidas que
desagradaram a metrópole, pois preparavam caminho para a
independência do Brasil.
D. Pedro convocou uma Assembleia Constituinte, organizou a
Marinha de Guerra e obrigou as tropas de Portugal a voltarem para o
reino.
Determinou também que nenhuma lei de Portugal seria colocada em
vigor sem o "cumpra-se", ou seja, sem a sua aprovação.
Além disso, o futuro imperador do Brasil conclamava o povo a lutar
pela independência.
José Bonifácio de Andrada e Silva, conselheiro do príncipe D. Pedro,
esteve no centro dos acontecimentos até a Proclamação da Independência.
Como as Cortes de Lisboa partiram para o confronto direto, insistindo em
reduzir o poder do príncipe, José Bonifácio e o Apostolado, casa
maçônica que reunia importantes fazendeiros e políticos, com o apoio dos
democratas, pressionaram D. Pedro a proclamar a independência da
América Portuguesa.
O príncipe fez uma rápida viagem a Minas Gerais e a São Paulo para
acalmar setores da sociedade, que estavam preocupados com os últimos
acontecimentos, pois acreditavam que tudo isto poderia ocasionar uma
desestabilização social no país. Durante a viagem, D. Pedro recebeu uma
nova carta de Portugal, que anulava a Assembleia Constituinte e exigia a
volta imediata dele para a metrópole.
 
Estas notícias, chegaram as mãos de D. Pedro quando este estava em
viagem de Santos para São Paulo. Próximo ao riacho do Ipiranga,
levantou a espada e gritou: "Independência ou Morte!". Este fato
histórico ocorreu no dia 7 de setembro de 1822 e marcou a
Independência do Brasil. No mês de dezembro de 1822, D. Pedro foi
declarado imperador do Brasil.

Desse modo, a nova Constituição, com o Poder Moderador


personificado em d. Pedro I, e o voto censitário beneficiando os
portugueses, representou, novamente, a ausência de uma planificação
democrática para a nação.
ORGANOGRAMA DO BRASIL IMPÉRIO
CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR

Muitos setores da sociedade


ficaram insatisfeitos com a
Constituição de 1824, o que levou
os grupos da elite do Partido
Brasileiro a exercerem uma
considerável pressão sobre D.
Pedro I para que ele diminuísse a
centralização do poder presente
em seu projeto.
O foco mais intenso de
resistência à política de D. Pedro
I ocorreu no Nordeste, através da
Confederação do Equador.
A oposição nordestina ao governo sediado no Rio de Janeiro já vinha
ocorrendo desde 1817, com a Revolução Pernambucana. A tradição
federalista e republicana da região não havia desaparecido e, com o
fechamento da Assembleia Constituinte em 1823, esse sentimento voltou à
tona.
Os liberais de Pernambuco, inflamados pelas palavras publicadas nos
jornais de oposição, como a Guarita de Pernambuco, Sentinela da
Liberdade e Tífis Pernambucano, este publicado por frei Caneca,
acabaram por levar a população a incentivar um possível levante contra o
governo imperial.

A oposição acirrou-se ao extremo quando foi nomeado para presidente


da província um político da confiança de d. Pedro I, Francisco Pais
Barreto.

Em 2 de julho de 1824, os políticos da região criaram uma república


independente no Nordeste, conhecida como Confederação do Equador.
Atendendo à separação de Pernambuco, juntaram-se à rebelião as
províncias do Ceará, do Rio Grande do Norte e da Paraíba. Após ser criada
a república, os revoltosos utilizaram a Constituição colombiana como base
do governo provisório. Entre os líderes do movimento, pode-se citar o
papel fundamental de frei Caneca, Paes de Andrade e o antigo líder da
Conjuração Baiana, Cipriano Barata.
CONSEQUÊNCIAS:

A reação do governo central foi conduzida sob a liderança


de Francisco de Lima e Silva e com a ajuda de mercenários
ingleses, que derrotaram o movimento em poucos dias.
Após a vitória das forças imperiais, 16 revoltosos foram
condenados ao enforcamento, entre eles o próprio frei Caneca,
que teve sua pena modificada para o fuzilamento, pois
nenhum carrasco se dispôs a executar o frei carmelita.
Entre as consequências da Confederação do Equador,
destaca-se o aumento da dívida externa brasileira, fruto dos
gastos com a reação imperial a tal movimento e do desgaste
político do imperador, devido à forte repressão ao movimento
revoltoso.

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