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Interpretação

Bíblica
introdução à hermenêutica
Paulo César Araújo - 2022
Roteiro da aula

• Por que devemos estudar a Bíblia?


• Os resultados do bom estudo bíblico
• Os perigos do estudo bíblico
• As limitações do estudo bíblico
• Exegese e Hermenêutica
• Princípios do intérprete
• A metodologia deste curso
Por que devemos estudar
a Bíblia?
Por que devemos
estudar a Bíblia?
Porque estamos lidando com a Palavra da
verdade (2Tm 2.15), a Escritura inspirada
por Deus (2Tm 3.16), a Palavra que tem
poder de salvar almas (Tg 1.21). O livro
mais importante do mundo merece ser
bem interpretado. Se não fizermos isso,
corremos o risco de torcermos as palavras
de Deus ou de sermos enganados por
falsos mestres (2Co 4.2; 2Pe 3.16).
Por que devemos
estudar a Bíblia?
Precisamos dar o nosso melhor para nos
tornarmos intérpretes aprovados por
Deus. Aprendamos a manejar bem a Bíblia
(2Tm 2.15) e a examiná-la com o rigor
que ela merece (At 17.11). Deus está
conosco nessa tarefa; ele orienta o
intérprete (2Tm 2.7). Pois sem o Espírito
de Deus é impossível entender coisas
espirituais (1Co 2.14).
Os resultados do Bom
estudo bíblico
Os Resultados do
bom estudo bíblico
Teremos mais fé. Os livros bíblicos foram
escritos para reforçar a nossa convicção
(Lc 1.4). Portanto, quem se debruça na
Palavra de Deus possuiu mais condições
de crescer na fé que foi gerada pela
própria Palavra (Rm 10.17).
Os Resultados do
bom estudo bíblico
Teremos mais o que dizer. Sem estudo
bíblico não saberemos o que falar na hora
da pregação. Será difícil se esmerar no
ensino porque as pessoas não vão querer
ouvir a exposição do nosso despreparo.
Podemos nos convencer que para se
esmerar no ensino é necessário esmero no
estudo (Rm 12.7).
Os Resultados do
bom estudo bíblico
Teremos a certeza de ensinar a sã
doutrina. Através do estudo teológico
honesto e cuidadoso podemos ter a
segurança de que estamos aprendendo e
comunicando a verdade de Deus. O bom
manejo das Escrituras nos alimenta da
boa doutrina que devemos comunicar
(1Tm 4.6; Tt 2.1).
Os Resultados do
bom estudo bíblico
Teremos mais condições de prosseguir. A
Bíblia afirma que o nosso progresso
precisa ser visto pelos irmãos (1Tm 4.15).
O estudo bíblico é uma disciplina que nos
ajuda a crescer no conhecimento. Todo
aprendizado lança o fundamento para o
desenvolvimento de novos estudos. Indo
adiante o nosso crescimento será
inevitável.
Os Resultados do
bom estudo bíblico
Teremos mais influência do Espírito Santo
sobre nós. A Bíblia foi produzida pelo
impacto do Espírito na vida de homens de
Deus (2Pe 1.20-21). Se tivermos contato
constante e profundo com o produto do
Espírito certamente seremos mais
influenciados pelo mesmo, pois a Palavra
de Deus é a espada do Espírito (Ef 6.17).
Os perigos do
estudo bíblico
Os perigos do estudo
bíblico
Perder a fé. O estudo bíblico pode ser
prejudicial à fé caso seja feito com as
pressupostos ou intenções erradas.
Alguns, por muito estudar, começam a se
achar mais inteligentes que os escritores
inspirados, e acabam minando a
autoridade da Palavra de Deus. Esse é o
caminho para o ateísmo.
Os perigos do estudo
bíblico
Ser inútil. Os nossos estudos bíblicos
devem nos levar ao ensino, evangelização
e, sobretudo, à obediência. De nada
adianta estudar a Bíblia e não temer o
Deus da Bíblia, ou crescer em
conhecimento sagrado e não compartilhar
isso com ninguém. “A quem muito foi
dado, muito será cobrado” (Lc 12.48).
Os perigos do estudo
bíblico
Ficar orgulhoso. Esse é o perigo que mais
assedia o estudante da Bíblia. O saber
produz orgulho se não for norteado pelo
amor edificante (1Co 8.1). Na verdade,
todo conhecimento não vale nada sem
amor (1Co 13.2). Servir a igreja e
distanciar-se das discussões são ações
indispensáveis contra o orgulho (1Tm 1.3-
4; 2Tm 2.23-26; Tt 3.6).
Os perigos do estudo
bíblico
Querer ser original demais. Há estudantes
de teologia que se sentem na liberdade
de ensinar algo novo. Para isso,
costumam amar os textos difíceis e
assuntos polêmicos da Bíblia. Vale
lembrar que isso é postura de herege (2Pe
3.16-17). O bom pregador é aquele que
desperta lembranças, e não o que ensina
novidade (2Pe 1.12-13).
As limitações do
estudo bíblico
As limitações do
estudo bíblico
Há coisas que jamais iremos saber porque
Deus não nos quis revelar (Dt 29.29; Mt
24.36; At 1.7). O estudo bíblico não é
disciplina para curiosos, mas para quem
deseja conhecer a Deus e sua vontade. A
Bíblia não contém tudo o que gostaríamos
de saber, mas tudo o que precisamos
saber.
Exegese e Hermenêutica
Exegese e Hermenêutica
Chegou a hora de esclarecer alguns
termos técnicos. O que é exegese? O que
é hermenêutica? Segundo minha
pesquisa, a primeira palavra e seus
cognatos aparecem trinta e cinco vezes
no Novo Testamento; a segunda, consta
treze ocorrências. Estamos falando de
palavras bíblicas. As definições a seguir
irão nos ajudar a compreendê-las.
Exegese e hermenêutica

§ “A primeira tarefa do intérprete chama-se exegese. A exegese é o


estudo cuidadoso e sistemático da Escritura para descobrir o
significado original, o significado pretendido. A exegese é
basicamente uma tarefa histórica. E a tentativa de escutar a
Palavra do mesmo modo que os destinatários originais devem tê-la
ouvido; descobrir qual era a intenção original das palavras da
Bíblia.” (FEE e STUART, 2011, p. 31).
Exegese e hermenêutica

§ “Embora a palavra ‘hermenêutica’ geralmente se aplique a todo o


campo da interpretação, inclusive a exegese, também é usada no
sentido mais específico, que é o de procurar a relevância
contemporânea dos textos antigos. Neste livro, o termo será usado
exclusivamente nesta última acepção — fazer as perguntas acerca
do significado da Bíblia ‘aqui e atualmente’ — embora saibamos
que esse não seja o significado mais comum do termo.” (FEE;
STUART, 2011, p. 37).
Exegese Hermenêutica
Exegese: o que o Hermenêutica: o
texto significou que o texto significa
Exegese e hermenêutica

§ “A palavra ‘hermenêutica’ deriva do vocábulo grego que significa ‘interpretar’. A


definição tradicional da palavra é ‘ciência que define os princípios ou métodos para a
interpretação do significado dado por um autor específico’. Essa definição, todavia,
tem sido desafiada, e a tendência hoje em muitos círculos é restringir o termo à elu-
cidação do significado atual de um texto e não à intenção original. Esse é o assunto
dos dois apêndices, nos quais argumento que procurar o significado original é algo
legítimo e até necessário, e a hermenêutica admite ambos: o que o texto significava e
o que significa. Eu me oporia até mesmo a prática atual de usar a ‘exegese’ para o
estudo do significado do texto e a ‘hermenêutica’ para a sua significação para o
presente. De preferência, hermenêutica é o termo geral, ao passo que exegese e
‘contextualização’ (a comunicação transcultural do significado de um texto para hoje)
são dois aspectos de uma tarefa mais ampla.” (OSBORNE, 2009, p. 25).
Hermenêutica

Exegese
Hermenêutica: a
ciência da
interpretação

Exegese:
estudo para
entender o
que o texto
significou
Excurso: Curiosidade

§ A palavra hermenêutica tem sua


origem no ministério de Hermes,
deus da mitologia grega. Vamos
assistir o vídeo a seguir para
entender a função de Hermes e,
em certo sentido, a função da
hermenêutica:
https://youtu.be/tm2G5dpZD10
princípios
do intérprete
princípios do intérprete

§ A Escritura não pode falhar (Jo 10.35);

§ A Escritura explica a Escritura;

§ Creio para compreender;

§ Aplica-te totalmente ao texto; aplica-o totalmente a ti;

§ Buscai o significado original, e todas essas relevantes aplicações


serão adicionadas a você;
princípios do intérprete

§ Os pecados do intérprete são dois: orgulho e preguiça;

§ Textos fáceis explicam os textos mais difíceis;

§ A Escritura possui um contexto original;

§ A Escritura pode ser compreendida (Ef 3.4; Dt 29.29; Jo 20.30-31);

§ Não ultrapasse o que está escrito (1Co 4.6).


A metodologia do nosso
curso
A metodologia do
nosso curso
É impossível interpretar a Bíblia sem
adotar um método para essa tarefa.
Mesmo que você diga que não tem um
método, você tem, apenas não sabe
defini-lo. Os métodos são variados, mas
nós precisamos nos apropriar de um que
dê primazia à Bíblia e que realmente sirva
para expandir nossos conhecimentos.
A metodologia do
nosso curso
Tendo isso em vista, a proposta do livro
“Do texto à paráfrase” nos chama
atenção. “O propósito deste trabalho é
ensinar o estudo da Bíblia por si mesmo e
obter resultados verdadeiros. Sem
desvalorizar os estudos feitos por outros,
esta obra incentiva o estudante a começar
pela Bíblia.” (BOST; PESTANA, 1992, p.
4).
A metodologia do
nosso curso
O método Bost-Pestana consiste em
cinco etapas de estudo denominadas de:
texto, contexto, palavras, ideias e
paráfrase. Ao longo do curso vamos
explicar e utilizar os princípios de cada
etapa.
Referências

§ BOST, Bryan Jay; PESTANA, Álvaro César. Do Texto à Paráfrase: Como


estudar a Bíblia. São Paulo: Editora Vida Cristã, 1992.
§ FEE, Gordon; STUART, Douglas. Entendes o que lês? Um guia para entender
a Bíblia com auxílio da exegese e da Hermenêutica. 3ª ed. São Paulo: Vida
Nova, 2011.
§ OSBORNE, Grant R. A Espiral Hermenêutica: uma nova abordagem à
interpretação bíblica. São Paulo: Vida Nova, 2009.
§ PESTANA, Álvaro César. Princípios Proverbiais de Interpretação da Bíblia.
Brasil: Escola de Teologia em Casa, 2013.
§ Biblia Sagrada. Traduzida por João Ferreira de Almeida. Edição Revista e
Atualizada no Brasil, 3a ed. (Nova Almeida Atualizada). Barueri, SP. SBB, 2017.
Interpretação
Bíblica
Analisando o texto
Paulo César Araújo - 2022
Roteiro da aula

• Escolha o texto
• Delimite o texto
• Trabalhe com várias versões
• Identifique o tipo do texto
• Descubra a estrutura
Escolha o texto
Escolha o texto
Essa tarefa não é tão simples quanto se
pensa. Muitos obreiros que pregam
regularmente têm dificuldade em decidir
qual passagem selecionar para estudar e
pregar. Essa indecisão pode causar
ansiedade e atrapalhar o tempo que
deveria ser dedicado para construção do
sermão.
Escolha o texto
Há pelo menos quatro fatores que nos
ajudam a escolher bem o texto que
iremos estudar para ensinar: as dores e
desejos da audiência, as notícias das
mídias, as nossas leituras e reflexões,
datas e eventos especiais, séries de
estudos bíblicos. É possível e até
aconselhável considerar mais de um
desses fatores para seleção do texto.
Escolha o texto
“Uma escolha de texto sem considerar a
necessidade dos ouvintes pode tornar o
sermão pouco interessante” (BAUSELLS,
2022, p. 80). Portanto, é muito
importante saber identificar quais são os
assuntos que a nossa audiência precisa
ouvir e aprender. O ministério de
visitação e os estudos bíblicos em
pequenos grupos podem sinalizar muita
coisa.
• Como superar o medo da morte?

• Por que os ímpios prosperam e eu não?

• Por que sofremos tanto nessa vida?

• Como perdoar quem me ofendeu?

• Como vencer os desejos da carne?

• Por que Deus não atende minha oração?

• Como controlar a ansiedade?


Escolha o texto
As notícias das mídias ficam na cabeça do
povo. Por isso precisamos estar atentos
ao que circula nos jornais e nas redes
sociais. Uma frase atribuída a Karl Barth
diz: “Todo pregador deve ter a Bíblia
numa mão e o jornal na outra”. O que
acontece no mundo pode nos indicar qual
assunto e texto devemos escolher para
ensinar.
Escolha o texto
As nossas leituras e reflexões a partir
das informações que consumimos
podem despertar bons pensamentos e
ideias em nós. Se estamos pensando ou
estudando constantemente sobre um
assunto ou livro bíblico, por qual motivo
não deveríamos falar daquilo que nos
impacta? Muitas vezes um mero insight
lança o fundamento do sermão.
Escolha o texto
Outra alternativa de grande valor consiste
em selecionar uma série de textos bíblicos
para estudar e pregar durante semanas
ou meses. A série pode ser temática ou
literária. Essa alternativa ajuda o pregador
a se aprofundar em um só assunto ou
livro bíblico. Assim a igreja tem condições
de aprender melhor sobre o assunto
pregado em sequência.
Escolha o texto
Não podemos perder a oportunidade de
se aproveitar as datas comemorativas
cristãs ou seculares. Se as pessoas estão
pensando nessas coisas, precisamos
considerá-las para que a nossa pregação
faça conexão com aquilo que as pessoas
pensam. Não é aconselhável preparar
um sermão sem antes checar o
calendário.
Delimite o texto
Delimite o texto
Alguns pregadores apresentam
dificuldades no exercício de delimitação
do texto escolhido. Na prática, eles
pregam somente parte de uma unidade
literária ou consideram apenas metade da
história. Esse problema pode causar falha
na compreensão e comunicação da
Palavra de Deus.
Delimite o texto
Para fazer uma boa delimitação, ou seja,
para definir onde um texto começa e
termina, inicialmente é necessário
desconsiderar a divisão de capítulos e
versículos. Além da mesma não fazer
parte do texto original, ela foi mal feita
em muitas passagens (1Co 12.31-13.13;
Cl 3.18-4.1; Sl 42-43; Ef 1.4-5; Gl 5.22-
23). Ignorar em primeira instância os
subtítulos também faz bem.
Delimite o texto
Um caminho melhor é apostar na divisão
de parágrafos e seções do texto. Os
capítulos e versículos servem apenas para
nos ajudar a encontrar as passagens; mais
nada. Contudo, se nos apegarmos aos
parágrafos e seções teremos mais
possibilidades de entender os livros
bíblicos.
Trabalhe com várias versões
Trabalhe com várias
versões
A Bíblia não foi escrita originalmente em
português. O que você tem na mão é uma
das dezenas de traduções que existem em
na nossa língua. Cada tradução tem a sua
qualidade e característica. Por isso,
devemos consultar várias versões bíblicas
para descobrir como cada uma delas
apresenta o texto bíblico.
Guia para realização da atividade 2
ficará disponível no Google sala de
aula.
Identifique o tipo do texto
Identifique o tipo do texto
Existem vários tipos de textos ou gêneros
literários: narrativos, jurídicos, poéticos,
sapienciais, proféticos, epistolares,
discursivos, parabólicos, apocalípticos.
Além dos gêneros mencionados, na Bíblia
há citações, alusões, provérbios, diálogos,
metáforas e outros recursos da
linguagem.
Identifique o tipo do texto
Dificilmente um livro bíblico tem apenas
um tipo de texto. Geralmente os gêneros
literários se misturam dentro de um livro.
Por exemplo, Êxodo tem narração (1-14),
legislação (21-24) e poesia (15). O livro de
Atos é uma obra narrativa, mas contém
uma carta em seu corpo (At 15.23-29).
Como identificar todas essas variedades?
Identifique o tipo do texto
A diagramação do texto de muitas Bíblias
indica algumas mudanças do tipo dos
textos como nos casos de poesia, prosa,
diálogo (Jn 1-4). O contexto costuma
ajudar (Lc 1.67-79; 18.1-8). Os subtítulos
podem ser seus amigos em alguns casos
(Dt 1.1-4.43; Pv 22.17-24.22; Sl 119). As
referências cruzadas sinalizam
desenvolvimentos temáticos, citações e
alusões (Jo 3.14).
Descubra a estrutura
Descubra a estrutura
O texto que você escolheu para ensinar
tem uma estrutura, uma organização. Por
isso, ideias e cenas precisam ser
identificadas para compreendermos o
raciocínio do autor. Isso não é difícil de
fazer. Através de leituras repetidas
seremos capazes de enxergar a estrutura
dos textos e o fluxo das ideias. Preste
atenção aos verbos e conjunções.
Descubra a estrutura
Salmo 117: “Louvem o Senhor, todos os
gentios; que todos os povos o louvem!
Porque grande é a sua misericórdia para
conosco, e a fidelidade do Senhor dura
para sempre. Aleluia!” A estrutura desse
salmo é bem simples: chamada para o
louvor; o motivo do louvor; chamada para
o louvor.
Descubra a estrutura
Romanos 12.1-2: “Portanto, irmãos, pelas
misericórdias de Deus, peço que
ofereçam o seu corpo como sacrifício
vivo, santo e agradável a Deus. Este é o
culto racional de vocês. E não vivam
conforme os padrões deste mundo, mas
deixem que Deus os transforme pela
renovação da mente, para que possam
experimentar qual é a boa, agradável e
perfeita vontade de Deus.”
Descubra a estrutura
A estrutura dos textos narrativos da Bíblia
pode ser percebida pelo movimento ou
cenas da história. Por isso, preste muita
atenção na ação dos personagens e tenha
cuidado para não confundir a palavra do
narrador com as vozes dos personagens.
Greidanus (2006, p. 246) elaborou este
quadro para nos ajudar a capturar os
movimentos narrativos:
Conclusão

Como bem destacou Bost e Pestana (1992),


todo pregador deve dar primazia à Bíblia na sua
vida de estudos. Há livros excelentes, porém a
Escritura deve ocupar lugar de honra no meio
deles. Por este motivo, o primeiro passo do
nosso método procurou aproximar você do
texto bíblico antes de levá-lo às ferramentas
teológicas, que serão consultadas nas próximas
etapas do nosso curso.
Referências

§ BOST, Bryan Jay; PESTANA, Álvaro César. Do Texto à Paráfrase: Como


estudar a Bíblia. São Paulo: Editora Vida Cristã, 1992.
§ BAUSELLS, Adrien. A Jornada da Pregação: do texto ao púlpito. Rio de
Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2022.
§ GREIDANUS, Sidney. O pregador contemporâneo e o texto antigo:
interpretando e pregando literatura bíblica. São Paulo: Cultura Cristã, 2006.
§ MyBible.2022. Disponível em:
https://apps.apple.com/br/app/mybible/id1166291877. Acesso em: 06 de
Outubro de 2022.
§ Biblia Sagrada. Traduzida por João Ferreira de Almeida. Edição Revista e
Atualizada no Brasil, 3a ed. (Nova Almeida Atualizada). Barueri, SP. SBB, 2017.
Interpretação
Bíblica
Destrinchando o contexto
Paulo César Araújo - 2022
Roteiro da aula

• A importância do contexto
• Tipos de contexto
• O método indutivo
A importância do contexto
A importância do
contexto
Jacques Derrida, filósofo francês do
século XX, foi o pai do desconstrutivismo.
Esse modo de pensar prega uma
desconstrução de todo significado,
verdade, tradição ou consenso. Quando
aplicada aos textos, essa filosofia causa
resultados desastrosos, pois mata o
significado e a lição objetiva que poderia
ser aprendida dos livros.
A importância do
contexto
Sendo assim, não há uma interpretação
certa para os textos, mas várias
interpretações as quais o leitor pode
desconstruir e construir. O texto deixa de
possuir um significado original ou
pretendido pelo autor. Na prática, os
leitores interpretam os textos decidindo
qual significado atribuir aos mesmos.
“‘Existe um significado neste texto?’ não é
uma indagação inútil, especialmente se
‘texto’ agora se aplica a tudo, de obras
escritas até nossas histórias individuais, além
da própria realidade. Existe um significado
para a vida, ou cada um de nós tem de
inventar um? As decisões sobre significado,
sobre como interpretar um texto, são
inextricáveis das questões sobre o que é ser
humano. O destino da hermenêutica e o da
humanidade andam juntos, em ascensão e
declínio.” (VANHOOZER, 2004, p. 28).
A importância do
contexto
Infelizmente, a moda da desconstrução
tem contaminado a hermenêutica da
igreja. Muitos não perseguem o
significado original porque não foram
ensinados a se relacionar com texto dessa
maneira. O que se sente ou se acha se
tornou guia interpretativo. Mataram o
autor e o texto. Nasceram as muitas
interpretações.
A importância do
contexto
Mas a simples observação do contexto faz
raiar a esperança e perdoa uma multidão
de pecados. A palavra “contexto” é uma
óbvia referência àquilo que está com o
texto escolhido para ler. Trata-se do
“ambiente da passagem bíblica” (BOST;
PESTANA, 1992, p. 32). No contexto
mora o significado das frases e palavras.
A importância do
contexto
Os versículos bíblicos não são como
biscoito da sorte. Todos eles foram
escritos dentro de uma linha de
pensamento. Por isto não podemos ler um
versículo sem considerar tudo aquilo que
envolve o texto seleto. Respeitando esse
princípio, naturalmente a Bíblia fala por
ela mesma expressando sua mensagem.
https://youtube.com/shorts/HVYy5SBddVA?feature=share
Tipos de contexto
Tipos de contexto
Existem ao menos oito tipos de contextos
diferentes que acabam se completando. O
intérprete que trabalha com todos os
tipos terá mais possibilidades de entender
o texto alvo da leitura.
Tipos de contexto
Tipos de contexto
O contexto imediato é a porção textual
que envolve o versículo que isolamos
para ler. Quase sempre são os versículos
que estão em cima e embaixo. O
contexto anterior é todo conteúdo do
livro que antecede o texto escolhido
para estudar. O contexto posterior faz o
caminho inverso ao anterior. O contexto
do livro considera a obra como um todo.
Tipos de contexto
O contexto do autor engloba a vida e o
pensamento do escritor, assim como o
momento histórico da redação do livro. O
contexto do leitor considera a situação do
destinatário original. O contexto da
aliança discute as dispensações nos
testamentos. O contexto da Bíblia dá base
para explicar como o texto escolhido se
encaixa na grande história da redenção.
Tipos de contexto

Aplicação: Atos 11.26; Cl 2.9; Jo 13.7


O método indutivo
O método indutivo
Para entender bem um texto é necessário
aprender a fazer as perguntas certas.
Assim as respostas vão aparecendo. Essa
é a proposta do método indutivo. Ao
menos seis perguntas nos ajudam nessa
missão: Quem está falando? Para quem
foi dito? Por quê falou? Como foi dito?
Quando foi dito? Onde foi dito?
O método indutivo
Quem está falando? Toda Escritura é
inspirada por Deus, mas não é em todo
versículo que Deus fala diretamente com
as pessoas. Para não criar confusão
procure saber quem está falando em cada
trecho (Mt 4.9; 28.13; At 24.5).
O método indutivo
Para quem foi dito? Você não é o receptor
primário da mensagem bíblica. O texto
escrito ou mandamento dado foi
transmitido para alguém no passado
antes de ser lido por você (Mt 23.28; At
8.22). A partir do que foi falado para os
antigos podemos entender o que Deus
comunica para nós nos dias de hoje.
O método indutivo
Por quê foi dito? Essa pergunta nos ajuda
a investigar o motivo que levou o autor
bíblico a registrar o que escreveu (Mt
19.21; At 15.19-20).
O método indutivo
Como foi dito? Esse questionamento visa
descobrir qual recurso da linguagem foi
utilizado pelo autor para comunicar sua
mensagem. Parábola? Narração? Poesia?
Profecia? Epístola? Discurso? Diálogo?
Na aula anterior apresentamos alguns
indicativos que podem nos ajudar nessa
descoberta (Lc 1.67; 18.1).
O método indutivo
Quando foi dito? É muito importante
descobrir em qual momento histórico
foram proferidas as frases bíblicas que
estamos estudando. Em especial, não
esqueça das alianças (Lv 19.27; Mc 1.44).
O método indutivo
Onde foi dito? Por vezes é fundamental
saber onde o autor estava quando
escreveu o livro ou em que lugar o
personagem bíblico estava quando se
expressou (Sl 3.5; Fp 4.4).
Atividade em grupos

Grupo 1: Discutam a respeito do significado


de Provérbios 5.15 à luz do contexto. O que
é beber água da sua própria cisterna? Qual o
mandamento que esse texto incentiva?

Grupo 2: Considerando o contexto, discutam


sobre o significado de 1Tessalonicenses
5.22. Em que sentido devemos nos abster de
toda forma de mal?
Conclusão

A Bíblia interpreta a própria Bíblia. Não é


preciso inventar nem dizer o que você
acha. O contexto estabelece o sentido do
texto. Deixe a Bíblia falar!
Referências

§ BOST, Bryan Jay; PESTANA, Álvaro César. Do Texto à Paráfrase: Como


estudar a Bíblia. São Paulo: Editora Vida Cristã, 1992.
§ Desconstrução. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Disponível em: https://pt.
https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Desconstrução. Acesso em: 25 out. 2022.
§ VANHOOZER, Kevin J. Há um significado neste texto? Interpretação bíblica:
os enfoques contemporâneos. São Paulo: Editora Vida, 2005.
§ Biblia Sagrada. Traduzida por João Ferreira de Almeida. Edição Revista e
Atualizada no Brasil, 3a ed. (Nova Almeida Atualizada). Barueri, SP. SBB, 2017.
Interpretação
Bíblica
Estudando as palavras
Paulo César Araújo - 2022
Roteiro da aula

• A importância do estudo das palavras


• Como estudar as palavras
• Quais palavras estudar?
A importância do estudo
das palavras
A importância do
estudo das palavras
No universo das palavras, às vezes, o
sentido bíblico difere do moderno. Tome
como exemplo o vocábulo “piedade”.
Esse termo costumeiramente é usado
como sinônimo de compaixão, mas no
Novo Testamento significa religiosidade
ou temor a Deus.
A importância do
estudo das palavras
O mesmo efeito acontece com as palavras
“batismo” e “sacrifício”. Na Bíblia, batismo
não é apenas uma cerimônia de iniciação
em um grupo, mas literalmente imersão
em água. Sacrifício não é o mesmo que
fazer uma atividade custosa ou exaustiva,
mas o abatimento de animais para causas
religiosas.
A importância do
estudo das palavras
Outra razão para estudar as palavras é a
diferença de tradução. Às vezes nos
deparamos com palavras muito ricas que
podem ser traduzidas de vários modos no
mesmo contexto. Por exemplo, veja como
a palavra “moderação” em Filipenses 4.5
aparece nas variadas versões.
A importância do
estudo das palavras
As palavras também mudam de contexto
para contexto. Veja o exemplo do
vocábulo “carne” que aparece na Bíblia
significando parte do corpo humano (Lc
24.39), todo corpo (Jo 1.14), raça humana
(Rm 1.3) ou nossa natureza cheia do
pecado (Rm 7.5,18,25).
A importância do
estudo das palavras
Algumas palavras têm significado
alinhados a uma história particular. Esse
é o caso da palavra amor que só pode ser
bem compreendida quando se aprende o
evangelho. Sacerdócio e reino também
são palavras ligadas a uma história
específica (Ex 19.1-6; 1Pe 2.9-10).
A importância do
estudo das palavras
As palavras também mudam de contexto
para contexto. Veja o exemplo do
vocábulo “carne” que aparece na Bíblia
significando parte do corpo humano (Lc
24.39), todo corpo (Jo 1.14), raça humana
(Rm 1.3) ou nossa natureza cheia do
pecado (Rm 7.5,18,25).
A importância do
estudo das palavras
Há ainda “palavras fantasmas” que não
existem no grego mas ganham espaço na
tradução em português (1Co 16.2).
Existem também termos transliterados e
palavras impossíveis de traduzir com
apenas uma palavra em nossa língua (At
15.3). O estudo das palavras nos livra de
muitas arapucas.
As palavras têm poder. Veja o vídeo a seguir:

https: //youtu.be/fF07ufxpdjU
Como estudar as palavras
Como estudar as
palavras
Nesta seção vamos estudar as palavras
com auxílio dos recursos do aplicativo
MyBible. Priorizaremos o contato com a
concordância eletrônica e os dados do
dicionário Strong.
Como estudar as
palavras
Depois de ter acesso aos dados,
precisamos anotar e organizar as
informações deduzidas do conteúdo
bíblico. Respeitando essa etapa, o
trabalho de produção textual será mais
fácil de fazer.
Quais palavras estudar?
Quais palavras estudar?
Para fazer melhor uso do nosso tempo,
precisamos selecionar um número
limitado de palavras para estudar. Essa
decisão nos faz focar nos termos mais
importantes do texto. Mas como
descobrir quais são as palavras mais
importantes? Esse segmento procura
responder essa pergunta.
Quais palavras estudar?
Os termos doutrinários ou teologicamente
importantes merecem nosso tempo de
estudo. Fé, redenção, evangelho, graça,
comunhão, são alguns exemplos. As
palavras eticamente importantes também
precisam de análise mais acurada, como
os vocábulos humildade, domínio próprio
e soberba.
Quais palavras estudar?
As palavras difíceis de entender não
podem passar despercebidas, assim como
as palavras-chave do texto ou livro em
questão. Os termos difíceis variam de
leitor para leitor, mas as palavras-chave
estão claras no texto por causa do seu
uso frequente, por exemplo, “alegria” em
Filipenses e “amor” em 1João.
Atividade em Classe
Referências

§ BOST, Bryan Jay; PESTANA, Álvaro César. Do Texto à Paráfrase: Como


estudar a Bíblia. São Paulo: Editora Vida Cristã, 1992.
§ Biblia Sagrada. Traduzida por João Ferreira de Almeida. Edição Revista e
Atualizada no Brasil, 3a ed. (Nova Almeida Atualizada). Barueri, SP. SBB, 2017.

§ MyBible.2022. Disponível em:


https://apps.apple.com/br/app/mybible/id1166291877. Acesso em: 15 de
Novembro de 2022..
Interpretação
Bíblica
Trabalhando com as ideias
Paulo César Araújo - 2022
Roteiro da aula

• Motivos para trabalhar com as ideias


• Como trabalhar com as ideias
Motivos para trabalhar
Com as ideias
Motivos para trabalhar
com as ideias
O alvo dessa etapa de estudos bíblicos
consiste em pesquisar, explicar e
desenvolver as ideias, doutrinas ou
assuntos que estão no texto. A seguir
serão apresentados sete bons motivos
para realizarmos esse trabalho.
Motivos para trabalhar
com as ideias
O estudo das ideias do texto nos conduz a
deixar a Bíblia interpretar a própria Bíblia.
Os principais temas da Escritura podem
ser interpretados, equilibrados, ilustrados,
contrastados e expandidos pelo próprio
conteúdo bíblico. A inspiração, utilidade e
harmonia da Bíblia facilita esse processo
(Jo 10.35; Rm 15.4; 2Tm 3.16-17).
Motivos para trabalhar
com as ideias
Nessa etapa dos estudos também temos
condições de ir além das palavras. Ideias,
temas e doutrinas não se prendem a um
vocabulário restrito. Tome como exemplo o
estudo do termo “batismo” que em seus
cognatos não captura as expressões
“nascer da água e do espírito” e “lavar
regenerador e renovador do Espírito Santo”.
Motivos para trabalhar
com as ideias
Capturar os conceitos centrais do texto é
outro exercício fundamental. Todo texto
possui vários temas, mas precisamos
identificar os principais para focalizar
nosso tempo. Em Romanos 1.18-32, por
exemplo, a ideia protagonista é a perdição
do ser humano e sua justa condenação. A
homossexualidade é tema coadjuvante.
Motivos para trabalhar
com as ideias
Também será possível perceber com clareza
a interligação dos temas bíblicos. Por
exemplo, a esperança cristã se liga à volta
de Cristo (1Ts 4.13-18) e à fé (Hb 11.1). O
arrependimento humano é o desejo de Deus
(2Pe 3.9) e uma condição para obter o
cancelamento dos pecados (At 3.19).
Motivos para trabalhar
com as ideias
O estudo das ideias também nos permite
enxergar os desenvolvimentos teológicos
de cada escritor inspirado. É possível
sondar a escatologia realizada de João, a
justificação pela fé de Paulo, a teologia do
sofrimento de Jó, o aliancismo de Moisés,
o raciocínio deuteronomista dos profetas,
o ideal restaurador do cronista.
Motivos para trabalhar
com as ideias
Ser capaz de sistematizar o ensino bíblico
sobre qualquer assunto é um dos frutos
mais motivadores do estudo das ideias.
Assim saberemos, não de forma definitiva
mas provisória, o que a Bíblia diz sobre o
tema que estamos estudando. Assim
teremos condições de apreciar um texto
dentro do quadro global do assunto.
Motivos para trabalhar
com as ideias
Por fim, todo o processo acaba nos
incentivando a checar veracidade dos
nossos pressupostos. Desta feita, o
conhecimento bíblico vai moldando
nossas crenças à luz do conhecimento
sagrado estudado e aplicado. Assim, as
nossas opiniões antigas se firmam ou
mudam.
Como trabalhar com as ideias

Primeira fase
Como trabalhar com
as ideias
Esse trabalho é feito em duas etapas que
precisam ser desenvolvidas na ordem
disposta: (1) colecionar e relacionar
referências bíblicas por meio da memória,
referências cruzadas e concordância
bíblica; (2) consultar obras de apoio como
dicionários, enciclopédias, comentários,
artigos e livros temáticos.
Como trabalhar com
as ideias
A pergunta-chave para fazer uma boa
primeira etapa é: “que outros versículos
bíblicos tratam deste mesmo assunto
que estou estudando?” Essa questão
desafia nossa memória e capacidade de
pesquisa.
Como trabalhar com
as ideias
Usar a memória pode ser difícil,
principalmente para o principiante. Mas
precisamos insistir nesse exercício. A
memória é fruto do interesse. É possível
aprimorar nossa memória através da
leitura, estudo e participação atenta às
aulas e sermões bíblicos. Entretanto, nada
é mais eficaz do que ensinar a Bíblia.
“Usar a memória no estudo das idéias pode gerar alguns dos
estudos mais originais e criativos de que se tem notícia,
incentivando o estudante a meditar e refletir sobre a Palavra de
Deus e produzindo todo tipo de bons frutos para a vida
espiritual dele. É trabalho independente, que garante, em
muitos casos, a honestidade dos resultados obtidos. Finalmente,
será também um trabalho compensador, pois o estudante vai
notar que os textos que ele colecionou mediante a sua memória,
também serão sugeridos por outras ferramentas e por outros
estudiosos da Sagrada Escritura. Nisto ele verá a confirmação
dos seus esforços e a autenticação de suas conclusões.” (BOST;
PESTANA, 1992, p.84).
Como trabalhar com
as ideias
Mas a nossa memória é limitada. Por isso
precisamos da concordância e de um
bom sistema de referências cruzadas. O
MyBible porta essas duas ferramentas.
Preciso elogiar a lista de referências
cruzadas da Bíblia Thompson, pela
abundância de informações, e do Novo
Testamento Grego, pelos paralelos com
a língua original.
Atividade

Exercitando a memória: estudo da palavra oração


Atividade

Consulta das referências cruzadas: estudo da palavra oração


Como trabalhar com as ideias

Segunda fase
Como trabalhar com
as ideias
É bom ou ruim consultar dicionários e
comentários bíblicos? Há dois extremos
para responder a essa pergunta. O
primeiro: “devemos confiar nos
dicionaristas e comentaristas porque eles
são especialistas na Bíblia enquanto nós
não somos ninguém na fila do pão.”
Como trabalhar com
as ideias
O segundo: “não devemos ler
comentários e dicionários porque
precisamos nos envolver diretamente
com a Palavra de Deus, sem depender
de terceiros que, por sinal, podem nos
doutrinar”. Essas duas respostas não são
adequadas.
Como trabalhar com
as ideias
Não é sábio desprezar o trabalho dos
especialistas no texto bíblico. De igual
modo, também não é saudável deixar de
exercitar sua própria capacidade
interpretativa. Uma boa solução para esse
dilema consiste em ler tais materiais
somente após se relacionar com o texto
de forma direta e independente.
Como trabalhar com
as ideias
Estude a Bíblia por si mesmo; depois
veja o que os outros dizem.As
impressões dos eruditos bíblicos são
valiosas mas as suas também são. Você
é uma pessoa comum na fila do pão. É
verdade. Mas não trate os dicionaristas e
comentaristas como os donos da
padaria.
“A maior tentação do estudante da Escritura é uma voz que parece
sair dos comentários para dizer: ‘tudo isto te darei, se prostrado,
me consultares’. O estudante raciocina: ‘Se o comentarista já fez
todo trabalho, porque devo eu ficar aqui inventando a roda?’ O
ponto é que ninguém deve ficar ‘prostrado’ perante um
comentário bíblico. Este tipo de livro é uma obra humana; apesar
de baseada na Palavra de Deus ela continua sendo obra humana.
Devemos ler e consultar comentários ‘de pé’, baseados nos
estudos já realizados. De fato, nenhum bom comentarista ensina a
subordinação cega, mas incentiva o estudo independente. O bom
comentário bíblico diz: ‘Ergue-te, que eu também sou homem’.”
(BOST; PESTANA, 1992, p.84).
Como trabalhar com
as ideias
Precisamos procurar os melhores
comentários e dicionários para nos ajudar.
Existem dicionários com diferentes
ênfases. Podemos mencionar as ênfases
geográfica, histórica, arqueológica e
teológica. Mas no estudo das ideias, a
última opção será de maior serventia.
Como trabalhar com
as ideias
No caso dos comentários há ao menos
os exegéticos, expositivos e devocionais.
Cada tipo tem a sua qualidade. O
estudante da Bíblia deve consultar o tipo
de comentário que mais vai lhe servir.
Um conselho aos principiantes: comece
lendo os comentários de irmãos fiéis à sã
doutrina.
Atividade

Consulta de dicionário: palavra oração


Atividade

Consulta de comentário
Referências

§ BOST, Bryan Jay; PESTANA, Álvaro César. Do Texto à Paráfrase: Como


estudar a Bíblia. São Paulo: Editora Vida Cristã, 1992.
§ Biblia Sagrada. Traduzida por João Ferreira de Almeida. Edição Revista e
Atualizada no Brasil, 3a ed. (Nova Almeida Atualizada). Barueri, SP. SBB, 2017.

§ MyBible.2022. Disponível em:


https://apps.apple.com/br/app/mybible/id1166291877. Acesso em: 15 de
Novembro de 2022..
Interpretação
Bíblica
Elaborando paráfrase
Paulo César Araújo - 2022
Roteiro da aula

• A importância da paráfrase
• Como elaborar paráfrases
• Exemplos de paráfrases
A importância da paráfrase
A importância da
paráfrase
A última etapa do nosso estudo bíblico
pode ser denominada de paráfrase.
Parafrasear é explicar nas suas próprias
palavras o significado original do texto.
Para este fim, podemos nos apropriar de
ilustrações, comparações e outros
recursos para deixar a mensagem
compreensível e relevante ao público.
Cl 4:5-6: "Portai-vos com sabedoria para com os que são de
fora; aproveitai as oportunidades. A vossa palavra seja sempre
agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis
responder a cada um.“

Vocês precisam se comportar de modo adequado quando estão


com as pessoas que não fazem parte da igreja. Pois o bom
comportamento de vocês abre oportunidades para evangelizar.
Prestem atenção ao modo como vocês se comunicam com esse
público. Que suas conversas sejam amistosas e agradáveis, para
que vocês tenham a resposta certa para cada pessoa.
A importância da
paráfrase
Na última etapa do nosso método temos a
oportunidade de verificar se entendemos
o texto bíblico que acabamos de estudar.
Somente quem consegue fazer uma
paráfrase entendeu bem o texto. Ela é
certificação de compreensão. O bom
estudo bíblico nunca produz um resultado
obscuro, mas claro o suficiente para ser
comunicado com facilidade.
A importância da
paráfrase
Elaborar paráfrase é uma atividade útil
para resumir e organizar ideias coletadas
nas etapas anteriores do estudo bíblico.
Antes de parafrasear o texto, o estudante
da Bíblia encontra muitos fatos, ideias e
insights que precisam ganhar lugar em
uma série de paráfrases que dão luz ao
sermão, aula, artigo, livro.
A importância da
paráfrase
A paráfrase também é importante para
tornar a mensagem bíblica compreensível
aos homens de hoje. O povo de Deus
continua precisando ouvir a leitura e a
explicação do texto (Ne 8.8). Para explicar
a palavra de Deus, use a linguagem do
povo e tom de conversa. Tente ser o mais
simples possível.
A importância da
paráfrase
No exercício de paráfrase também há
lugar para ilustrar a verdade. Às vezes a
nossa explicação do texto não é suficiente
para fazer algumas pessoas entender o
que queremos dizer. São nesses
momentos em que as ilustrações se
tornam essenciais ao pregador.
A importância da
paráfrase
Por fim, a paráfrase é uma atividade que
leva o pregador a construir aplicações
práticas inteligentes e imprevisíveis. Esse
é o alvo final do processo de estudo
bíblico. A nossa audiência deseja ouvir
pregações e aulas que serão aplicáveis à
sua vida diária. A elaboração de paráfrases
nos ajuda a chegar nesse alvo.
MyBible: Consulta de traduções de equivalência
dinâmica e paráfrases
Como elaborar paráfrases
Como elaborar
paráfrases
Antes de tudo, a paráfrase é fruto de uma
boa exegese. A pesquisa bíblica diligente
facilita essa atividade. Todo aquele que
não consegue parafrasear ou faz isso mal
feito, não entendeu o texto, e precisa
voltar a estudá-lo. “O segredo de uma boa
paráfrase é um bom estudo” (BOST;
PESTANA, 1992, p. 100).
Como elaborar
paráfrases
O grande perigo de se trabalhar com
paráfrases é o de abandonar a ideia
original. Por isso, na hora de transpor o
significado antigo para atualidade, o
estudante precisa preservar as ideias
dos escritores inspirados. Parafrasear é
elucidar, não alterar.
Como elaborar
paráfrases
Em seguida, explicações claras de termos
e frases precisam aparecer conforme a
necessidade. A linguagem erudita das
nossas versões e os termos técnicos da
teologia são os principais elementos que
precisam de tradução. Na verdade, toda
frase ou palavra que não pode ser
entendida por todos merece explicação.
Como elaborar
paráfrases
Durante a elaboração da paráfrase
precisamos avaliar e refletir sobre as
conclusões prévias que temos acerca
dos textos em análise. O segredo para o
sucesso desse exercício é a humildade
para aprender. Esse é o caminho para
correção e sustentação das nossas
opiniões.
Como elaborar
paráfrases
A aplicação do texto para os dias de hoje
garante a relevância do sermão/aula que
estamos construindo. Pregação não é aula
de história e nem um concurso de
inteligência, mas o alimento espiritual de
almas famintas por Deus e sua lei. As
perguntas a seguir nos ajudarão a sermos
mais práticos.
Esta passagem me fala de algum pecado que devo abandonar?

Há nela alguma promessa de que devo me apropriar?

Há nela exemplos que devo seguir?

Há nela advertências que devo considerar?

O que ela me ensina acerca do Pai, do Filho e do Espírito Santo?

Há nela quaisquer outras lições?

O que devo fazer acerca dessas lições?


Como elaborar
paráfrases
Para concluir, nossa paráfrase precisa
ser organizada e resumida. Nem tudo
que estudamos precisa ser falado.
Somente o principal deve fazer parte do
nosso esboço ou redação. Revise o texto
e guarde seu texto em um lugar seguro,
pois ele pode servir de base para
estudos futuros.
Exemplos de paráfrases
Exemplos de
paráfrases
Neste segmento apresentaremos alguns
sermões escritos. Vamos tentar observar
os frutos das cinco etapas do estudo
bíblico nos textos que serão expostos.
Referências

§ BOST, Bryan Jay; PESTANA, Álvaro César. Do Texto à Paráfrase: Como


estudar a Bíblia. São Paulo: Editora Vida Cristã, 1992.
§ Biblia Sagrada. Traduzida por João Ferreira de Almeida. Edição Revista e
Atualizada no Brasil, 3a ed. (Nova Almeida Atualizada). Barueri, SP. SBB, 2017.

§ MyBible.2022. Disponível em:


https://apps.apple.com/br/app/mybible/id1166291877. Acesso em: 15 de
Novembro de 2022..

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