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A tragédia grega como instituição social

Estudo remoto. Filosofia/Estética. Semana 18 (postagem em 10.08)


Profa. Leila Rosa – 2ª Série de Ensino Médio
Seed/PR - Guarapuava
A tragédia grega como instituição social/Semana18
“(…) “(…) é preciso
é preciso referir
referir a kátharsisa
a kátharsis
A tragédia é para além da arte, sua importância é também duasa duas experiências
experiências simultâneas
simultâneas e
social e jurídico; e contraditórias:aa reflexidade
contraditórias: reflexidade
Embora a filosofia tenha seu nascimento praticamente na metatrágica, que
metatrágica, que supõesupõeum um
espectador
espectador bomentendedor
bom entendedorque
mesma época das adaptações míticas por meio das nãoque não é inteiramente
é inteiramente possuído por
tragédias, os atenienses por meio das tragédias seuspossuído
afetos, epor seus afetos, e o de
o pressentimento
(espetáculos), propiciava o contato do cidadão com as umpressentimento
mundo cuja de leiumterrível
mundo e
cuja lei terrível
sedutora está bem e sedutora
distanteestáda
questões da “polis’. As narrativas trágicas de Sófocles, bem
moral distante
didática dada moral didática
cidade” LORAUX
Eurípides, Ésquilo e Aristófanes desvelava as tramas da cidade” 
humanas, como assassinatos, incestos, torturas, parricídios,
etc.
O espetáculo trágico além de exercer o papel
agregador/democrático entre os habitantes de Atenas,
também é o espaço de contestação, de purgação
(Katharsis).
A tragédia grega como instituição social/Semana18

Os trágicos não se contentam em


opor um deus a outro [...] O
universo divino é, no seu conjunto,
apresentando como conflitual.
VERNANT. VIDAL-NAQUET

“(…) o povo ateniense podia prescindir dos


esclarecimentos dos “pensadores” para
compreender o curso dos acontecimentos e a
ordenação do mundo: indo ao teatro durante as
grandes dionisíacas, distribuindo-se pelos
degraus do semicírculo escavado no flanco da
Acrópole, ele aprendia mais do que dando
ouvido às especulações dos adeptos do logos. E
de maneira muito mais agradável.” SAUTET
A tragédia grega como instituição social/Semana18
Dentre as várias perspectivas encenadas pelas tragédias surge a VONTADE.
A partir das observações de VERNANT E VIDAL-NAQUET, constata-se que no tempo arcaico e
clássico a vontade não consiste em um traço natural, “vontade não é um dado da natureza
humana”.
A vontade é uma construção difícil, complexa, inacabada e múltipla. O modo do grego antigo julgar
e decidir não pode ser correlacionado ao modo em que entendemos a VONTADE a partir da
modernidade.
Ésquilo, considerado pai da tragédia, coloca seus heróis no jogo da ação/decisão. O heróis diante de
uma situação descrita como aporia (situação sem solução). Do herói de Ésquilo não é imputável a
escolha, que é contingente.
...se a necessidade lhes impõe a opção por
Vontade: se apresenta como uma ou por outra das duas decisões, a
poder de decisão, posição do decisão devia permanecer, em si mesma
agente. A vontade se contingente. É tomada, com efeito, ao fim
manifesta em atos, este de um debate interior, de uma deliberação
imputáveis ao agente, por refletida que enraízam a escolha final na
sua vez autônomo. alma da personagem.
Ésquilo 525 a.C
VERNANT E VIDAL-NAQUET
A tragédia grega como instituição social/Semana18
O herói de Ésquilo esboça a VONTADE. A partir daí tem-se um modelo da ação humana, promovida por um agente
autônomo e que se responsabiliza por sua decisão. A vontade, nesse sentido, se manifesta no e pelo desenvolvimento da
tragédia.
O agente é levado à DELIBERAÇÃO.

Deliberação
Podemos ter razões de tipos diferentes para agir desta ou daquela maneira. São essas
razões que influenciam a escolha das acções. Mas nem sempre é fácil escolher a acção
apropriada. De facto, por vezes as razões são complexas, de tipos diferentes e pesam a
favor de acções contrárias. Não há um método para determinar qual delas tem mais peso
nos diversos casos. E também não é possível saber com segurança em que casos as razões
morais podem ser suplantadas por outros tipos de razões. Na falta de um método, temos
então de pensar arduamente antes de agir. Ao pensamento que considera e avalia razões
práticas chamamos “deliberação”. Quando resulta deste tipo de pensamento, uma acção é
realizada deliberadamente. Há no entanto acções que, por serem tão habituais, quase não
exigem, ou não exigem de todo, qualquer deliberação. Geralmente, o processo de
deliberação atende a três tipos de razões: técnicas, prudenciais e morais.
https://criticanarede.com/deliberar.html Ésquilo 525 a.C
A tragédia grega como instituição social/Semana18
Entretanto, a ação, o agir entre os gregos não pode ser comparado à concepção contemporânea. Pois de um modo ou de
outro o herói, até mesmo em Ésquilo age sob uma certa coerção divina - dos deuses.
O julgamento humano parece sempre indeciso, mesmo dilacerado sob duas possibilidades o agente trágico vê-se sob a
sua responsabilidade e sob o tabuleiro dos deuses. O agente possui a vontade, entretanto, é indeciso e vago. Além do
aspecto inconciliável entre a vontade humana e a o poder/vontade dos deuses.

"Esquilo sentiu o mundo não como um


jogo de forças anárquicas, mas como
uma ordem que compete ao homem,
ajudado pelos deuses, compreender e
regular“ [...] VERNANT. VIDAL-NAQUET
Mas a lógica da tragédia consiste em "jogar nos dois
tabuleiros", em deslizar de um sentido para outro,
tomando, é claro, consciência de sua posição, mas sem
jamais renunciar a um deles. Lógica ambígua, poder-se-ia
dizer. Mas não se trata mais, como no mito, de uma
ambiguidade ingênua que ainda não questiona a si mesma.

file:///C:/Users/Adm/Downloads/8178-Texto%20do%20artigo-24109-1-10-
20170808.pdf
Ésquilo 525 a.C
A tragédia grega como instituição social/Semana18

https://youtu.be/SQGxmZFOlII Youtube

A "Oréstia", de Ésquilo, que gira em torno da maldição dos Átridas,


formada por "Agamemnon", "As Coéforas" e "As Eumêmines", é
sem dúvida o mais importante documento de toda a História do
teatro, não só pelo alcance de seu conteúdo e pela beleza de sua
forma, mas por ilustrar em si o nascimento do teatro. Foi Ésquilo
que, introduzindo o segundo ator, criou o conflito dramático em
cena. Não foi fácil; no "Agamemnon", cada personagem só dialoga
com o chefe do coro, que ainda arca com a maior parte do ônus da
transmissão do conteúdo. Em "As Coéforas" já temos os
importantes diálogos entre pares de atores, e na peça final Ésquilo
chega a fazer uso de um terceiro ator, que fora introduzido por
Sófocles.

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