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A experiência brasileira na

implementação da cobrança
pelo uso dos recursos hídricos
(Seminário sobre Gestão de Recursos Hídricos - CERH/PA)

Marco Antônio Amorim


Belém-PA, 3 de outubro de 2013
Desafio da Gestão das Águas

• os usos são múltiplos, por vezes, competitivos; Conflitos:


• recurso hídrico é insumo de processos produtivos; instalados
• desenvolvimento depende de recursos hídricos. ou potencias
crescimento populacional intensificação atividades produtivas

acarretam problemas relacionados a água


quantitativos qualitativos
(escassez) (poluição)

com conflitos e limitação de usos (atuais e futuros)

MUDANÇA DE CONCEITO EM RELAÇÃO A ÁGUA:


de renovável e abundante para limitado e escasso

ÁGUA PASSA ADQUIRIR MAIOR VALOR

necessidade de instrumentos de regulação


(comando-controle e econômicos)
SURGEM AS POLÍTICAS DE RECURSOS HÍDRICOS
(1 nacional, 26 estaduais, 1 distrital)

resultado de um desejo da sociedade em ter modelo de gestão das águas


democrático, descentralizado e participativo
a cobrança pelo uso de recursos hídricos está prevista como instrumento de gestão
em todas estas políticas de recursos hídricos
ÁGUA:
É UM BEM PÚBLICO
BASE LEGAL DA COBRANÇA
LEI Nº 9.433/97
Dispõem sobre Política de Recursos Hídricos e Sistema de
Gerenciamento de Recursos Hídricos.
Fundamentos da Política:
i. a água é um bem de domínio público;
ii. a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;
alguém pagará a conta
LEI Nº 9.433/97

Objetivos da cobrança:

i.reconhecer a água como bem econômico e dar ao usuário uma


indicação de seu real valor;
ii.incentivar a racionalização do uso da água;
iii.obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e
intervenções contemplados nos planos de recursos hídricos.

Os recursos são aplicados prioritariamente na bacia hidrográfica de


origem.
LEI Nº 9.433/97
Responsabilidades dos CBHs:
•sugerir ao CNRH os valores a serem cobrados pelo uso
de recursos hídricos;
•aprovar e acompanhar execução do plano de recursos
hídricos da bacia.

CBH PARTICIPA DA DEFINIÇÃO “DE


QUEM COBRAR”, “COMO COBRAR”,
“QUANTO COBRAR” E “COMO APLICAR
RECURSOS ARRECADADOS”
Entes do SINGREH Competências Relacionadas à Cobrança
Estabelecer critérios gerais para a Cobrança (Resolução CNRH nº 48/05);
CNRH e CERH
Definir valores a serem cobrados (com base na sugestão dos CBHs);
Aprovar plano de recursos hídricos;
Comitês de Propor ao Conselho usos de pouca expressão (isentos de Outorga, e consequentemente,
Bacias Hidrográficas da Cobrança);
Estabelecer os mecanismos de cobrança e sugerir os valores a serem cobrados;
Implementar a Cobrança em articulação com os CBHs;
ANA e Órgãos Gestores
Subsidiar definição do Conselho;
Estaduais
Efetuar a Cobrança;
Analisar projetos e obras a serem financiados com recursos da Cobrança;
Administração os recursos arrecadados;
Agências
Elaborar o Plano de Recursos Hídricos;
de Água
Propor ao CBH: i) os valores a serem Cobrados e ii) o plano de aplicação dos recursos
arrecadados com a Cobrança.
ESTÁGIO DA IMPLEMENTAÇÃO

DA COBRANÇA NO PAÍS
LEI Nº 9.984/00
Estabeleceu a cobrança das UHEs de todo o País (via compensação financeira: Leis
nos 7.990/89 e 9.648/98):

Cobrança das UHEs: correspondente a


0,75% do valor da energia produzida de
176 UHEs
(arrecadação de aprox. 180 milhões/ano)
COBRANÇA CBHs INTERESTADUAIS
em R$ milhões
2012
Início
Cobrado Arrecadado
Cobrança
CEIVAP
em águas
mar/03 10,07 10,31
de domínio
COMITÊS PCJ*
da União jan/06 18,18 18,06
CBHSF
jul/10 21,81 21,50
CBH-DOCE
nov/11 9,20 3,44
TOTAL 59,25 53,31
*Inclui MDP.
Repasse e Desembolso dos Recursos Arrecadados com
a Cobrança Domínio da União, até 2012
Repasse
+ Desembolso Desembolso
Bacia CBH Agência
Rendimento (R$ milhões) (%)
(R$ milhões)

Paraíba do Sul 110,86 33,31 30%

Piracicaba,
Jundiaí, 129,83 65,42 50%
Capivari (PCJ)

São Francisco 54,24 12,07 22%

Doce 2,80 0,7 25%

escolhidas ainda é
pelos CBHs muito baixo
COBRANÇA CBHs ESTADUAIS
em R$ milhões
CBHs Estaduais (de 2012
Início
aproximadamente 170) Cobrado Arrecadado
RIO DE JANEIRO
Médio Paraíba do Sul jan/04 1,11 1,19
Piabanha jan/04 0,75 0,75
Dois Rios jan/04 0,66 0,66
Baixo Paraíba do Sul jan/04 0,20 0,18
Baía de Guanabara mar/04 3,91 3,95
Baía da Ilha Grande mar/04 0,26 0,27
Guandu mar/04 21,86 22,02
Itabapoana mar/04 0,05 0,05
Cobrança Lagos São João mar/04 1,61 1,65
Macaé e Rio das Ostras mar/04 1,07 1,07
em águas Total RJ 31,48 31,80
SÃO PAULO
de domínio PCJ (paulista)
Paraíba do Sul
jan/07
jan/04
17,14
3,18
17,68
3,04

estadual Sorocaba e Médio Tietê


Baixada Santista
ago/10
jan/12
7,90
8,91
6,88
8,80
Total SP 37,13 36,40
MINAS GERAIS
PJ mar/10 0,11 0,10
das Velhas mar/10 9,17 7,56
Araguari mar/10 6,00 5,56
Piranga jan/12 2,22 2,22
Piracicaba jan/12 5,95 5,58
Santo Antônio jan/12 1,04 0,98
Suaçuí jan/12 0,45 0,43
Caratinga jan/12 0,51 0,50
Manhuaçu jan/12 0,50 0,51
Total MG 25,95 23,44
TOTAL ESTADOS 94,56 91,64
COBRANÇA TOTAL NO PAÍS

COBRANÇA NO PAÍS, em R$ milhões


2012 DESDE INÍCIO DA COBRANÇA
Domínio
Cobrado Arrecadado Cobrado Arrecadado
UNIÃO 59,25 53,31 276,24 261,31
RJ 31,48 31,80 160,24 122,43
SP 37,13 36,40 137,28 129,62
MG 25,95 23,44 54,66 49,65
TOTAL NO PAÍS 153,81 144,96 628,42 563,00
Valortotal = Valorcap + Valorcons + Valorlanç
Já discutem correção Não adotou parcela
monetária dos valores consumo

Preços unitários (PPUs) cobrados pelo uso da água (domínio União):

Preços
Tipo Uso
(PPU) 2011/12 2013 2014 2015
desde/03 desde/06 desde/10

Captação de PPUcap
água bruta
0,01 0,01 0,01 0,018 0,021 0,024 0,03
(em R$/m3)

Consumo de PPUcons
água bruta
0,02 0,02 0,02 - - - -
(em R$/m3)
Lançamento de PPUlanç
carga orgânica 0,07 0,10 0,07 0,10 0,12 0,15 0,16
(DBO) (em R$/Kg)

Transposição de PPUtransp
água
- 0,015 0,015 0,022 0,027 0,031 0,04
(em R$/m3)
Setor agropecuário:
•no PBS, paga 20 vezes menos que demais setores;
•no PCJ, paga de 2 a 20 vezes menos que os demais usuários.
•no São Francisco e no Doce, para 40 vezes menos que os demais usuários.
Preços unitários (PPUs) cobrados pelo uso da água (domínio União):

Preços
Tipo Uso
(PPU)
Geral Agropecuária
desde/10 desde/10

Captação de PPUcap
água bruta
0,01 0,00025
(em R$/m ) 3

Consumo de PPUcons
água bruta
0,02 0,00050
(em R$/m ) 3

Lançamento de PPUlanç
carga orgânica
0,07 -
(em R$/Kg)
No São Francisco, o setor agropecuário paga 40 vezes menos que os demais usuários.

1 m3
=
1.000 litros
(Bacia PBS)
Projeto de recuperação hidroambiental na
Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco
DESAFIOS
DESAFIOS

em relação aos mecanismos/valores:


implementar a cobrança em outras bacias;
adotar fórmulas (equações) simples;
aumentar os valores e adotar correção inflacionária.

em relação à aplicação dos recursos arrecadados:


maior agilidade no desembolso;
 alavancar recursos de outras fontes para investimento na bacia;
reembolso dos recursos (empréstimos);
acesso dos recursos pelo setor privado com fins lucrativos.
EFETIVAR A GESTÃO INTEGRADA:
Gestão da Bacia do Rio Gurupi

(entre três diferentes legislações e órgãos


gestores: União, PA e MA)
com: i) planejamento unificado; ii) cobrança
implementada em toda bacia
(fórmulas/valores harmonizados); iii)
agência de água única (ganho de escala); iv)
regulamentos harmonizados (casar os
recursos); v) mais recursos para
recuperação da bacia.
Globo Rural - Saiba como é o sistema de cobrança da água em áreas irrigadas glob
o.tv.mp4
Cobrança pelo Uso de Recursos Hídricos:

1. Não é um imposto nem taxa;


2. É um preço pela utilização de um bem público, fixado a partir de um pacto entre
os usuários de água, sociedade civil e poder público no âmbito do CBH;
3. Utilizado como instrumento de gestão: para internalização dos custos ambientais
e para uso racional da água;
4. Arrecadação não fica com os órgãos gestores;
5. Todo recurso arrecadado retorna à bacia e é empregado conforme decisão dos
CBHs, seguindo o plano da bacia, e operacionalizado pela agência de água.

uma política pública diferenciada das demais


+ informações: www.ana.gov.br/cobranca
Obrigado!
Marco Antônio Mota Amorim
Especialista em Recursos Hídricos
marco.amorim@ana.gov.br | (+55) (61) 2109-5554

www.ana.gov.br

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