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Contextualização

histórico-literária
Unidade 1
Contextualização histórico-literária

O Sermão era uma forma literária que tinha uma


força enorme. Os oradores concentravam em si
todas as atenções. A eles cabia a tarefa de educar e
seduzir as almas. Um destes “príncipes da palavra”
era o Padre António Vieira.
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O BARROCO

Tempo marcado por um sentimento de decadência motivado pela perda da


grandeza política e económica alcançada em anos anteriores.

 O desastre de Alcácer Quibir e a consequente perda da independência


nacional ajudam a explicar o clima de desânimo que invade a cultura
portuguesa da época.

 Com o movimento da Restauração, a antiga esperança messiânica é projetada


na figura de D. João IV.

Surgem textos que concretizam de forma exemplar o


paradigma do panegírico barroco – hiperbólico,
engenhoso, excessivo, lúdico – e a sobrevalorização do
ornato estilístico.
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As escolas dirigidas pela Companhia de Jesus fazem parte das instituições


culturais que mais profundamente determinaram a identidade do ambiente
cultural desta época.

O sistema de ensino aplicado nestas escolas treinava os educandos em


técnicas de argumentação e de domínio da palavra - a retórica.

Literatura de dimensão pragmática, com o objetivo


de denunciar e corrigir, e como instrumento de
divulgação de ideais religiosos.

Valorização do DELEITE como forma


de captação e persuasão do destinatário.
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PADRE ANTÓNIO VIEIRA E A SUA OBRA

No século XVII, o catolicismo sofre um duro golpe com o aparecimento do


protestantismo. A igreja católica está, por isso, empenhada em recuperar fiéis e o
púlpito era o lugar perfeito para conduzir o rebanho, para o educar, doutrinar e
iluminar.

 Arte de falar em público.

 Objetivos: docere, delectare e movere (ensinar, deleitar e


convencer).

Instruir, mas também encantar e sensibilizar, persuadindo o


público/auditório a adotar determinados comportamentos.
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Padre António Vieira, brilhante orador, para além de missionário e pregador,


foi também epistológrafo, diplomata e um grande defensor dos direitos
humanos.

 Os sermões de Vieira são textos de natureza


claramente argumentativa, em que o discurso
sagrado se constituía também como espetáculo
teatral; atingiram várias classes sociais;
debruçaram-se sobre realidades distintas em
diferentes locais do mundo; provocaram
reações muito diversificadas, em auditórios
variados.
Padre António Vieira
(1608-1697)
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O sermão

Sendo um género discursivo de teor religioso, cujo objetivo é convencer


alguém de algo, pretende-se alertar o auditório para a necessidade de
corrigir os comportamentos incorretos ou inadequados, que podem
conduzir à corrupção moral.

"Argumentar" consiste em defender uma determinada


posição/tese, intencionalmente, visando convencer ou
persuadir o seu interlocutor, através da apresentação de
asserções/ argumentos que sustentam essa tese.
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 O sermão ocupava um lugar


privilegiado no século XVII,
possibilitando a abordagem de
questões políticas e sociais a par
de questões morais e religiosas.

 Vieira pretendia seduzir e persuadir o auditório, servindo-se de um discurso


alegórico, mas claro e objetivo, de modo a que fosse entendido e motivasse a
emenda dos homens.
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SERMÃO DE SANTO ANTÓNIO

 Discurso religioso, com caráter exortativo,


que representa uma alegoria moral e política.
Vieira utiliza o esquema alegórico como meio
de satirizar e caricaturar o poder dos brancos
maranhenses: constrói como auditório fictício
os peixes, para dirigir, indiretamente, uma
forte crítica social aos colonos, condenando o
seu comportamento, com o objetivo de o
Santo António pregando aos
alterar. Peixes, c.1580, Paolo Veronese.
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Estrutura do Sermão de Santo António

Cap. I - Conceito Predicável: “Vos estis sal terrae” – “Vós sois o sal da terra”
EXÓRDIO

É um processo retórico que consiste na interpretação de um passo da


Sagrada Escritura, com base em associações de ideias devidamente
fundamentadas por uma autoridade teológica.

 Definição do assunto do sermão.


Importância da palavra dos pregadores na preservação da
moralidade e da integridade dos homens.
Elogio a Santo António como modelo a seguir.
Invocação à Virgem (pedindo que lhe dê inspiração).
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Cap. II e III - EXPOSIÇÃO E CONFIRMAÇÃO

Cap. II – Louvores aos peixes em geral


 Ouvem e não falam; revelam obediência, ordem, quietação e atenção.

Cap. III – Louvores aos peixes em particular


 Peixe de Tobias, Rémora, Torpedo e Quatro-olhos.

Cap. IV e V - EXPOSIÇÃO E CONFIRMAÇÃO

Cap. IV – Repreensões aos peixes em geral


 Comem-se uns aos outros, sendo que os maiores comem os mais
pequenos (homens que se exploram uns aos outros).
 Ignorantes, cegos e vaidosos.

Cap. V – Repreensões aos peixes em particular


 Roncadores, Pegadores, Voadores e Polvo.
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Cap. VI - PERORAÇÃO

 Exortação/apelo aos ouvintes para porem em prática os ensinamentos ouvidos.

 Comparação do orador com os Peixes, assumindo-se como pecador.

 Pedido de louvor a Deus.

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