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O Coxo da Porta Formosa

E Pedro e João subiam juntos ao templo à hora da oração, a nona.E era trazido um
homem que desde o ventre de sua mãe era coxo, o qual todos os dias punham
à porta do templo, chamada formosa, para pedir esmola aos que entravam.Atos 3:1-2

Essa é uma passagem Bíblica bem conhecida e é difícil ouvir coisas novas sobre ela
porque em uma primeira vista já transmite algo tão glorioso que por si só basta: nem
alegorias, nem entrelinhas, nem contexto histórico seriam capazes de acrescentar
informações mais valiosas que a cura de um coxo através da fé no Nome de Jesus. E
foi exatamente a objetividade de Lucas ao descrever a cura do coxo que me instigou
na busca sobre : quem era esse coxo e o que significava a tal porta formosa? Como
disse anteriormente, o desconhecimento dessas informações não diminui o poder da
mensagem. Porém, o aprofundamento nos detalhes nos proporciona maravilhamento
quanto ao agir de Deus: Ele é perfeito e faz com que todas as coisas, de fato, contribuam
para o bem dos que O amam (Romanos 8:28). Assim, com a presença de Deus entre
seu povo, um simples encontro no meio da rua, a caminho de algum lugar, possibilita
acontecimentos extraordinários. Foi o que aconteceu com o coxo da porta formosa.

A Porta Formosa – Dados históricos

No capitulo três do livro de Neemias é descrita a reconstrução das doze portas do


templo de Jerusalém, mas a porta formosa não aparece, pelo menos com esse nome.
A menção a essa porta, só aparece no livro de Atos dos apóstolos. O historiador Flávio
Josefo, relaciona formosa como sendo a mesma “porta de Jafa” ou “porta Velha” no
exterior do templo, uma pré porta de acesso ao pátio das mulheres. Os árabes chamam-
na de “ Bab el Jalil (porta do Amigo); abre-se para oeste, em direção ao porto da
Cidade de Jafa. É a mais conhecida e movimentada de todas, devido ao constante fluxo
de turistas de todos os lugares do mundo.

Atualmente as portas de Jerusalém são em número de oito e não mais doze. O que teria
acontecido as outras quatro portas? Eu jamais teria observado esse importante fato se
não fosse o relato sobre a porta formosa em Atos dos Apóstolos. As portas que não
mais existem são: porta de Efraim, Mifcade, dos Cavalos e porta Oriental (dourada
ou da compaixão). Pelo menos sobre esta última há explicação concreta: se encontra
lacrada, Jesus entrou por ela assentado em um burrinho ao ser aclamado pela multidão
como Rei e Messias. (Mateus 21). Os judeus aguardam a chegada do Messias entrando
por esta porta.

Ez 44.2 – “E disse-me o Senhor: Esta porta estará fechada, não se abrirá; ninguém
entrará por ela, porque o Senhor Deus de Israel entrou por ela; por isso estará fechada”.

Deus tem o controle e o domínio sobre todas as coisas. Jerusalém terrestre é uma
analogia a Jerusalém celestial: (Apocalipse 21:2:)” Vi também a cidade santa, a nova
Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o
seu esposo.” E se antes tinha doze portas e hoje somente oito, tem algum sentido.
Considerei importante fazer essas observações, mas para não fugir ao tema, voltemos
para a porta formosa.

A porta Velha mesma formosa (Neemias 3.6) - “Jeoiada, filho de Paséia; e Mesulão,
filho de Besodéias; restauraram a porta velha, estes a emadeiraram, e levantaram as
suas portas com as suas fechaduras e os seus ferrolhos”. Segundo a tradição,
esta porta simbolizava a tradição e a história falada dos hebreus, o tesouro antigo,
acerca das gerações de sua origem.

O Coxo
Seu nome não é mencionado, Atos 4:22 diz que ele tinha 40 anos quando encontrou
Pedro e João na porta formosa, a deficiência era de nascença. Há quem diga que ele
não estava exatamente na porta formosa, mas a caminho dela quando encontra os
apóstolos. Não comungo dessa interpretação. Mas a caminho, sendo carregado, ou já
assentado no lugar de sempre, o importante foi que aquele seria um dia diferente:

“E Pedro e João subiam juntos ao templo à hora da oração, a nona. E era trazido um
homem que desde o ventre de sua mãe era coxo, o qual todos os dias punham
à porta do templo, chamada formosa, para pedir esmola aos que entravam. O qual,
vendo a Pedro e a João que iam entrando no templo, pediu que lhe dessem uma esmola.
E Pedro, com João, fitando os olhos nele, disse: Olha para nós. E olhou para eles,
esperando receber deles alguma coisa. E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro; mas
o que tenho isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda. E,
tomando-o pela mão direita, o levantou, e logo os seus pés e artelhos se firmaram. E,
saltando ele, pôs-se em pé, e andou, e entrou com eles no templo, andando, e saltando,
e louvando a Deus.” Atos 3:1-8

Eram três horas da tarde, de grande fluxo de pessoas no templo. Imagino que
o coxo tinha vários pontos de esmolar pela cidade e pessoas com quem dividia o
apurado como forma de retribuir o favor de carregá-lo de um lado para outro. Afinal,
um homem de 40 anos, deveria pesar consideravelmente. Certamente já havia
encontrado Pedro e João outras vezes e pedido moedas. Os apóstolos reparavam nele,
mas ele não fazia pausa alguma para conhecer melhor o que tinham para falar.
O coxo já estava acostumado com o ser levado, sustentado e sobreviver de forma tão
dificultosa. Quando se acostuma com o mal, ele até se torna aceitável e deixa de
incomodar. Isso acontece constantemente e é a causa de não se procurar por mudanças.
A porta formosa estava repleta de mendigos, que por algum motivo, esperavam
caridade dos religiosos, do lado de fora do templo, porque se achavam indignos, de
frequentar o interior do local. Ou o mundo os tinha convencido disso.
Algo que me chama bastante atenção nesse milagre é o fato de que imediatamente após
ser curado, o homem entra no templo e segue com os discípulos até o pórtico de
Salomão, um lugar que ele só imaginava como era, mas nunca tinha estado. Quanta
alegria, quantos louvores não deve ter saído dos lábios daquele que era coxo e também
dos que o viam! Agora ele sabia que existia algo muito mais precioso que o ouro ou a
prata que ajuntava em seus depósitos e que às vezes lhe faltava.

Considerações Finais

Querido leitor, quero destacar algo que também me chama a atenção nessa história: “E
Pedro, com João, fitando os olhos nele, disse: Olha para nós. E olhou para eles,
esperando receber deles alguma coisa”. (Atos 3:4,5). Os discípulos se abaixaram para
olhar nos olhos daquele coxo, um ato de amor e compaixão que talvez ninguém tenha
ousado fazer antes. O coxo pedia e as pessoas davam, jogavam moedas em suas mãos,
sua cesta e prosseguiam seus caminhos. O coxo era “o coxo” e sua condição era
insignificante aos olhos de muitos. Mas vem Pedro e João, enviados de Deus, falando
em Nome de Jesus e dizendo: “Eu me importo com você, desço até sua miséria para te
resgatar porque você é precioso para mim, te comprei pelo mais alto preço”. Oh glória!
Quem é que resgata o pobre da lama, do calabouço? Quem olha nos olhos e sente todo
drama, dor ? Somente Jesus!

Assim, a porta formosa a partir do relato de Atos 3, representa porta de entrada para
o Reino celestial, para o conhecimento da Verdade Salvífica, para a grandeza do Nome
de Jesus

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