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DIREITO DO

CONSUMIDOR
Direito Econômico

Professora Maristela Denise Marques de Souza


maristelamsouza@yahoo.com.br
Sociedade de Consumo

A massificação do comércio, da economia


capitalista, caracterizada pelo incessante
"bombardeio" da publicidade de produtos
supérfluos passam a ser cada vez mais
imprescindíveis e necessários, o que se
denomina de consumo massificado,
caracterizado pela abstração e
impessoalidade.
Sociedade de Consumo
Com o advento do Código de Defesa do
Consumidor - Lei 8.078/90 - o Estado passou
a intervir nas relações jurídicas entre
consumidores e fornecedores, efetivando,
ainda que com atraso o disposto no artigo 48
ADCT, estabelecendo uma nova categoria de
direitos, saindo do conceito tradicional e
singular do sujeito de direitos (modelo
individualista), passando para um novo perfil
jurídico - dos sujeitos de direitos (modelo
coletivo - pluralista).
Código de Defesa do Consumidor
Lei 8.078/90
DIREITO DO CONSUMIDOR

Artigo 1º CDC – Lei 8.078/1990 – “conjunto


sistemático e logicamente ordenado de
normas jurídicas, guiadas por uma ideia
básica; no caso do CDC (Lei 8.078/90), esta
ideia é a proteção (ou tutela) de um grupo
específico de indivíduos, uma coletividade de
pessoas, de agentes econômicos, os
consumidores”.
Princípios – Artigo 4º CDC
• Transparência e boa-fé
• Vulnerabilidade
• Liberdade de escolha
• Intervenção estatal
• Igualdade formal e material
• Informação: transparência e
veracidade
• Confiança e segurança
• Adequação e continuidade
Direitos Básicos – Artigo 6º CDC
• Proteção da vida, saúde e segurança
• Educação do Consumidor – formal
(ensino público e privado) e informal
(fornecedores e associações civis e
órgãos públicos)
• Informação sobre produtos e serviços
(dever de informar)
• Publicidade abusiva e enganosa,
práticas comerciais condenáveis
Direitos Básicos – Artigo 6º CDC

• Cláusulas contratuais abusivas


• Prevenção e reparação de danos
individuais e coletivos, acesso à justiça
• Inversão do ônus da prova: alegações
verossímeis ou hipossuficiência
• Prestação de serviços públicos
Elementos da Relação de Consumo
Sujeitos
CONSUMIDOR: Consumidor é toda pessoa
física ou jurídica que adquire ou utiliza
produto ou serviço como destinatário final.
Art. 2° CDC

TEORIAS:
•Finalista
•Maximalista
•Finalista Aprofundada ou Mitigada (STJ)
Elementos da Relação de Consumo
Sujeitos
FORNECEDOR: Fornecedor é toda pessoa
física ou jurídica, pública ou privada, nacional
ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem
atividade de produção, montagem, criação,
construção, transformação, importação,
exportação, distribuição ou comercialização
de produtos ou prestação de serviços. Art.
3° CDC
Profissionalismo, habitualidade e
lucratividade
Elementos da Relação de Consumo
Objetos
Produto é qualquer bem imóvel ou móvel,
material ou imaterial, mais acertado seria
adotarmos a nomenclatura de bens (duráveis
e não duráveis) por ser conceito jurídico mais
abrangente que produtos. – Art. 3º, § 1º CDC
Para os efeitos do CDC, produto é qualquer
objeto de interesse em dada relação de
consumo, e destinado a satisfazer uma
necessidade do adquirente, como
destinatário final (consumidor).
Elementos da Relação de Consumo
Objetos
Serviços - atividade, benefícios ou
satisfações oferecidas à venda ao consumidor
O serviço está definido no artigo 3º, § 2º do
CDC, como sendo “qualquer atividade
fornecida no mercado de consumo, mediante
remuneração, inclusive de natureza bancária,
financeira, de crédito e securitária, salvo as
decorrentes das relações de caráter
trabalhista”.
Elementos da Relação de Consumo
Objetos
São igualmente considerados prestadores de
serviços o trabalhador autônomo (dirige a sua
própria atividade) e as instituições
financeiras, como prestadoras de serviços aos
correntistas.

Remuneração - direta e indireta


Responsabilidade Civil do Fornecedor

Responsabilidade objetiva dos fornecedores


de produtos e serviços, por vício do produto e
do serviço ou pelo fato do produto e do
serviço – acidente de consumo.

Responsabilidade solidária entre os


fornecedores de produtos e serviços –
Artigos. 7º, parágrafo único, 18 e 25, §§ 1º e
2º CDC
Vício do Produto
O fornecedor de produtos responde pelos
vícios de qualidade ou quantidade que os
tornem impróprios ou inadequados ao
consumo a que se destinam ou lhes
diminuam o valor, assim como por aqueles
decorrentes da disparidade, com a indicações
constantes do recipiente, da embalagem,
rotulagem ou mensagem publicitária,
respeitadas as variações decorrentes de sua
natureza, podendo o consumidor exigir a
substituição das partes viciadas.
Vício do Serviço
O fornecedor de serviços responde pelos
vícios de qualidade que os tornem impróprios
ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim
como por aqueles decorrentes da disparidade
com as indicações constantes da oferta ou
mensagem publicitária.
São impróprios os serviços que se mostrem
inadequados para os fins que razoavelmente
deles se esperam, bem como aqueles que
não atendam as normas regulamentares de
prestabilidade.
Fato do Produto

O fornecedor responde pela reparação dos


danos causados aos consumidores por
defeitos decorrentes de projeto, fabricação,
construção, montagem, fórmulas,
manipulação, apresentação ou
acondicionamento de seus produtos, bem
como por informações insuficientes ou
inadequadas sobre sua utilização e riscos.
Fato do Produto e do Serviço
O produto e serviço é defeituoso quando não
oferece a segurança que dele legitimamente
se espera, levando-se em consideração as
circunstâncias relevantes, entre as quais:
       I - sua apresentação (produtos) ou modo
de seu fornecimento (serviços)
     II - o uso e os riscos (produtos) ou o
resultado e os riscos (serviços) que
razoavelmente dele se esperam;
         III - a época em que foi colocado em
circulação (produtos) ou fornecido (serviços).
.
Decadência
O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de
fácil constatação caduca em:
• trinta dias, tratando-se de fornecimento de
serviço e de produtos não duráveis;
•noventa dias, tratando-se de fornecimento
de serviço e de produtos duráveis.
Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir
da entrega efetiva do produto ou do término da
execução dos serviços, no vício oculto quando este
ficar evidenciado.
Prescrição

Prescreve em cinco anos a pretensão à


reparação pelos danos causados por fato do
produto ou do serviço, iniciando-se a
contagem do prazo a partir do conhecimento
do dano e de sua autoria.
Desconsideração da Personalidade
Jurídica
• Abuso de direito, excesso de poder,
infração da lei, fato ou ato ilícito ou
violação dos estatutos ou contrato social.
• Falência, estado de insolvência,
encerramento ou inatividade da pessoa
jurídica provocados por má administração.
• Quando a personalidade for obstáculo ao
ressarcimento de prejuízos causados aos
consumidores.
Práticas Comerciais
Oferta
Regime Jurídico Vinculante da Oferta: Toda
informação ou publicidade, suficientemente
precisa, veiculada por qualquer forma ou
meio de comunicação com relação a
produtos e serviços oferecidos ou
apresentados, obriga o fornecedor que a
fizer veicular ou dela se utilizar e integra o
contrato que vier a ser celebrado.
Práticas Comerciais
Oferta
Princípios da Informação: A oferta e
apresentação de produtos ou serviços
devem assegurar informações corretas,
claras, precisas, ostensivas e em língua
portuguesa sobre suas características,
qualidades, quantidade, composição, preço,
garantia, prazos de validade e origem, entre
outros dados, bem como sobre os riscos que
apresentam à saúde e segurança dos
consumidores.
Práticas Comerciais
Oferta
Recusa pelo fornecedor ao cumprimento à oferta,
apresentação ou publicidade, o consumidor poderá:
I - exigir o cumprimento forçado da
obrigação, ou;
II - aceitar outro produto ou prestação de
serviço equivalente, ou;
III - rescindir o contrato, com restituição de
quantia eventualmente antecipada,
atualizada, e a perdas e danos.
Práticas Comerciais
Publicidade Enganosa
É enganosa qualquer modalidade de
informação ou comunicação de caráter
publicitário, inteira ou parcialmente falsa,
ou, por qualquer outro modo, mesmo por
omissão, capaz de induzir em erro o
consumidor a respeito da natureza,
características, qualidade, quantidade,
propriedades, origem, preço e quaisquer
outros dados sobre produtos e serviços.
Práticas Comerciais
Publicidade Abusiva
É abusiva, dentre outras a publicidade
discriminatória de qualquer natureza, a que
incite à violência, explore o medo ou a
superstição, se aproveite da deficiência de
julgamento e experiência da criança,
desrespeita valores ambientais, ou que seja
capaz de induzir o consumidor a se
comportar de forma prejudicial ou perigosa à
sua saúde ou segurança.
Práticas Comerciais
Abusivas
Rol exemplificativo do artigo 39 do CDC:
•Venda ou operação casada
•Recusa de atendimento às demandas
•Enviar ou entregar produtos e serviços sem
solicitação prévia (amostras grátis)
•Prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do
consumidor
•Exigir vantagem manifestamente excessiva
•Executar serviços sem prévio orçamento
Práticas Comerciais
Abusivas
Rol exemplificativo do artigo 39 do CDC:
•Repassar informação depreciativa
•Colocar no mercado de consumo produtos e
serviços em desacordo com as normas técnicas
•Recusar a venda de bens e serviços
•Elevar sem justa causa o preço de produtos e
serviços
•Exigir vantagem manifestamente excessiva
•Executar serviços sem prévio orçamento
Práticas Comerciais
Cobrança de Dívidas
Na cobrança de débitos, o consumidor
inadimplente não será exposto a ridículo,
nem será submetido a qualquer tipo de
constrangimento ou ameaça. Tipo Penal
artigo 71 CDC.
 O consumidor cobrado em quantia indevida
tem direito à repetição do indébito, por valor
igual ao dobro do que pagou em excesso,
acrescido de correção monetária e juros
legais, salvo hipótese de engano justificável.
Bancos de Dados e Cadastro de
Consumidores
O consumidor, terá acesso às informações
existentes em cadastros, fichas, registros e dados
pessoais e de consumo arquivados sobre ele.
Os cadastros e dados de consumidores devem ser
objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem de
fácil compreensão, informações negativas não
poderá ser superior a cinco anos.
O consumidor, sempre que encontrar inexatidão
nos seus dados e cadastros, poderá exigir sua
imediata correção, prazo para retificação cinco dias
úteis.
Proteção Contratual
• Os contratos que regulam as relações de
consumo não obrigarão os consumidores,
se não lhes for dada a oportunidade de
tomar conhecimento prévio de seu
conteúdo, ou se os respectivos
instrumentos forem redigidos de modo a
dificultar a compreensão de seu sentido e
alcance.
• As cláusulas contratuais serão
interpretadas de maneira mais favorável
ao consumidor.
Proteção Contratual
• As declarações de vontade constantes de
escritos particulares, recibos e pré-contratos
relativos às relações de consumo vinculam o
fornecedor, ensejando inclusive execução
específica.
• Direito de arrependimento ou prazo de
reflexão:
O consumidor pode desistir do contrato, no prazo
de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato
de recebimento do produto ou serviço, sempre
que a contratação ocorrer fora do
estabelecimento comercial.
Proteção Contratual
• A garantia contratual é complementar à legal e
será conferida mediante termo escrito.
• São nulas de pleno direito, entre outras, as
cláusulas contratuais relativas ao fornecimento
de produtos e serviços – Rol exemplificativo do
artigo 51 CDC.
• A nulidade de uma cláusula contratual abusiva
não invalida o contrato, exceto quando de sua
ausência, apesar dos esforços de integração,
decorrer ônus excessivo a qualquer das partes.
• Revisão Contratual por onerosidade
excessiva/prestações desproporcionais: artigo
6º. V CDC.
Proteção Contratual
• Na outorga de crédito ou financiamento o
consumidor deve ser informado:
   I - preço do produto ou serviço em moeda
corrente nacional;
   II - montante dos juros de mora e da taxa
efetiva anual de juros;
  III - acréscimos legalmente previstos;
 IV - número e periodicidade das prestações;
V - soma total a pagar, com e sem
financiamento.
Proteção Contratual
• As multas de mora decorrentes do
inadimplemento de obrigações no seu
termo não poderão ser superiores a dois
por cento do valor da prestação.
•  É assegurado ao consumidor a liquidação
antecipada do débito, total ou
parcialmente, mediante redução
proporcional dos juros e demais
acréscimos.       
Proteção Contratual
• Nos contratos de compra e venda de
móveis ou imóveis mediante pagamento
em prestações, bem como nas alienações
fiduciárias em garantia, consideram-se
nulas de pleno direito as cláusulas que
estabeleçam a perda total das prestações
pagas em benefício do credor que, em
razão do inadimplemento, pleitear a
resolução do contrato e a retomada do
produto alienado.
•  
Contratos de Adesão
Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham
sido aprovadas pela autoridade competente ou
estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de
produtos ou serviços, sem que o consumidor possa
discutir ou modificar substancialmente seu
conteúdo. 
Os contratos de adesão escritos serão redigidos em
termos claros e com caracteres ostensivos e legíveis,
cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo
doze, de modo a facilitar sua compreensão pelo
consumidor.
(Redação dada pela nº 11.785, de 2008)
Atividades Empresariais e o CDC
• Atividades securitárias - SUSEP é o órgão
responsável pelo controle e fiscalização
dos mercados de seguro, previdência
privada aberta, capitalização e resseguro.
Autarquia Federal - Ministério da Fazenda.
• Atividades de planos de previdência
privada fechada – Lei 12.154/2009 -
Superintendência Nacional de Previdência
Complementar - PREVIC – Autarquia
Federal - Ministério da Previdência Social.
Atividades Empresariais e o CDC
• Atividades de transportes aéreos – ANAC -
Agência Nacional de Aviação Civil – Lei
11.182/2005 - Autarquia Federal -
Ministério da Defesa.
• Atividades de planos de saúde - ANS
Agência Nacional de Saúde Suplementar -
– Lei 9.661/2000 - Autarquia Federal -
Ministério da Saúde. Lei 9.656/98 e MP
2.177-44/2001.
• Atividades financeiras e bancárias - –
BACEN – Banco Central do Brasil – Lei
4.595/1964 - Autarquia Federal -
Atividades Empresariais e o CDC
• Atividades financeiras e bancárias - –
BACEN – Banco Central do Brasil – Lei
4.595/1964 - Autarquia Federal -
Ministério da Fazenda.
• O artigo 17 da Lei 4.595, de 31 de dezembro de
1964, o Conselho Monetário Nacional e o Banco
Central não detêm competência para
regulamentar e supervisionar as atividades das
administradoras de cartões de crédito, por não
serem consideradas instituições financeiras,
salvo quando emitidas e administradas por
essas.
Atividades Empresariais e o CDC

• Atividades de Consórcios de bens móveis e


imóveis – Lei 11.795/2008 – A
normatização, coordenação, supervisão,
fiscalização e controle das atividades do
sistema de consórcios serão realizados
pelo Banco Central do Brasil – BACEN.
Prestação de Serviços Públicos e o CDC
Não estão inseridas na aplicação do CDC, os tributos
em geral (taxas, contribuições de melhoria e
impostos de qualquer natureza) pois inserem-se nas
relações de natureza tributária (fisco e contribuinte
e não consumidor). No entanto as tarifas, espécie
de tributo, estão inseridas no contexto de serviços
para efeitos de consumo, também denominado de
preço público, advêm da prestação de serviços
públicos mediante concessão ou permissão à
iniciativa privada, pelas empresas públicas e
sociedades de economia mista.

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