Você está na página 1de 25

INTERPRETAÇÃO

JURÍDICA
UNINASSAU
Tony Fernando Galvão
Etimologia: do grego, hermeneia, e do latim, interpretare,
interpretar é explicar o sentido de alguma coisa, de alguma
visão ou oráculo.

A Semântica: interpretar é o ato de explicar o sentido de algo; é a


revelação do significado de alguma atitude ou forma de

INTERPRE
expressão (verbal, artística).

Definição: é o processo de cunho prático e racional realizado

TAÇÃO pelo trabalho de decodificação humana (o intérprete).

DO Finalidade da interpretação do Direito: 1. revelar a


finalidade, o próprio sentido do Direito; 2. delimitar o alcance

DIREITO da norma jurídica.

In claris cessat interpretatio (na clareza, cessa a interpretação.


A norma jurídica (obscura, ambígua, defeituosa, e, até, clara)
está sujeita à interpretação. Aliás, a própria averiguação da
clareza já é uma interpretação.
“ Interpretar uma expressão de Direito não é simplesmente tornar claro o
respectivo dizer, abstratamente falando; é, sobretudo, revelar o sentido
apropriado para a vida real, e conduzente a uma decisão reta.”

CARLOS MAXIMILIANO
CRITÉRIOS
COERÊNCIA (BUSCA DO SENTIDO CORRETO): Sistema hierárquico
de normas; Conteúdos normativos.

CONSENSO (BUSCA DO SENTIDO FUNCIONAL): Respaldo social.

JUSTIÇA (BUSCA DO SENTIDO JUSTO): Objetivos axiológicos do


direito.

Em função desses critérios, podemos falar em métodos lógico-sistemático,


sociológico e histórico e teleológico-axiológico”. (Tércio Sampaio Ferraz)
QUESTÕES LÉXICAS: QUESTÕES DE
CONEXÃO DA PALAVRAS NAS SENTENÇAS.
(INTERPRETAÇÃO GRAMATICAL).

INTERPRE QUESTÕES LÓGICAS: QUESTÕES DE


CONEXÃO DE UMA EXPRESSÃO COM

TAÇÃO OUTRAS EXPRESSÕES DENTRO DE UM


CONTEXTO. (INTERPRETAÇÃO LÓGICA).

QUESTÕES SISTEMÁTICAS: QUESTÕES DE


CONEXÃO DAS SENTENÇAS NUM TODO
ORGÂNICO, ESTRUTURAL, PRESSUPONDO
A UNIDADE DO SISTEMA JURÍDICO.
(INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA)
CF/88
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
§ 3º As vedações do inciso VI, "a” (imunidade recíproca), e do parágrafo anterior não se
aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades
econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja
contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o
promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel.
Art. 151. É vedado à União:
I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique
distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em
detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o
equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País;
PROBLEMAS
Linguagem comum e linguagem jurídica
Sentido técnico e sentido vulgar
Atividade argumentativa dos advogados (favorável ao seu cliente)
versus Interpretação doutrinária (válida para todos)
Busca do sentido válido para a comunicação normativa (autoridade,
legitimidade, justiça)

Captar a mensagem normativa, dentro da


comunicação, como um dever-ser vinculante para
o agir humano.
FUNÇÃO SIMBÓLICA DA
LÍNGUA
Signos, símbolos, língua, fala, comunicação
Ambiguidade (qualidades diversas) e vagueza
(campo de referência)
Funções pragmáticas da linguagem
O discurso jurídico deve fornecer razões para
agir (ação significativa)
A interpretação cria as condições para a decisão
OUTRAS Interpretação autentica (enunciado normativo) e

QUESTÕE
interpretação doutrinária
Vontade da lei (objetivista) ou vontade do legislador
S (subjetivista)?
INTERPRETAÇ
ÃO E Uso competente da língua
Interpretação e paráfrase
VIOLÊNCIA Código forte e código fraco
SIMBÓLICA
O legislador não cria normas impossíveis de serem executadas
Razoabilidade de seus comandos
Coerência entre meios é fins
As regras estão sistematicamente relacionadas
LEGISLAD A vontade do legislador é completa
OR O legislador é rigorosamente preciso

RACIONA
L
ATITUDE FORMAL: ESTABELECIMENTO DE
RECOMENDAÇÕES GERAIS PRÉVIAS À
OCORRÊNCIA DE CONFLITOS – Princípio da
prevalência do especial sobre o geral, o princípio
RESOLUÇÃO de que a lei não tem expressões supérfluas, o
princípio de que , se o legislador não distinguir,
DE não cabe ao interprete fazê-lo.
INCOMPATIBI ATITUDE PRÁTICA: CORRESPONDE A
LIDADES RECOMENDAÇÕES QUE EMERGEM DAS
LÓGICAS PRÓPRIAS SITUAÇÕES CONFLITIVAS.
ATITUDE DIPLOMÁTICA: EXIGE UMA
CERTA DOSE DE INVENTIVIDADE DO
INTÉRPRETE, COMO É A PROPOSTA DA
BOA-FÉ.
CONDIÇÕES HISTÓRICAS E
SOCIOLÓGICAS

Controle de vaguidade por


Controle de ambigüidade por interpretação denotativa: Diante
interpretação conotativa: pode ser de um conjunto de fatos
feita de modo que o significado da experimentados e delimitados por
palavra ou da sentença prescritiva sua função, seja possível decidir
seja mais claramente definido por com um sim ou não, ou talvez, se o
meio de uma descrição formulada conjunto de fatos constitui ou não
em outros termos. Vg. Mulher uma referência que corresponde á
honesta. palavra ou á sentença. Vg.
depósito
INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA
E AXIOLÓGICA

“As normas devem ser aplicadas atendendo, fundamentalmente, ao seu espírito e á


sua finalidade.(...) procura revelar o fim da norma, o valor ou bem jurídico visado
pelo ordenamento com a edição de dado preceito.”( Luís Roberto Barroso)

Art. 5°, LINDB: ‘Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se
dirige e as exigências do bem comum.’ (Exigência teleológica).
INTERPRETAÇÃO QUANTO À
EXTENSÃO
Especificadora ou declarativa. Art. 930 do C.C., Art. 930. No caso do inciso II do
art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o autor do dano
ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado.

Interpretação restritiva: o sentido da norma é limitado pelo interprete, não


obstante a amplitude da sua expressão literal. Ex. Normas que reduzem os direitos e
garantias fundamentais, Leis fiscais e normas de exceção.

Interpretação extensiva: Amplia o sentido e o alcance apresentado pelo que dispõe


literalmente o texto da norma jurídica. A NORMA DISSE MENOS DO QUE
QUERIA. Ex. Estender os direitos do Art. 5º. às pessoas jurídicas.
"... a grande diferença entre interpretação e
integração, portanto, está em que, na primeira, o
INTERPRET intérprete visa a estabelecer as premissas para o
AÇÃO E processo de aplicação através do recurso à
argumentação retórica, aos dados históricos e às
INTEGRAÇÃ valorizações éticas e políticas, tudo dentro do
sentido possível do texto; já na integração o
O DO aplicador se vale dos argumentos de ordem lógica,
DIREITO como a analogia e o argumento a contrario,
operando fora da possibilidade expressiva do texto
da norma." (Ricardo Lobo Torres)
MODOS DE INTEGRAÇÃO DO DIREITO
INSTRUMENTOS INSTRUMENTOS
QUASE-LÓGICOS INSTITUCIONAIS
São aqueles que exigem São aqueles que buscam
alguma forma de apoio na concepção de
procedimento analítico. instituição.

“quase porque não Emanam da concepção de


obedecem estritamente ao certa instituição: normas
rigor da lógica formal” consuetudinárias, justiça
e ordenamento jurídico
ANALOGIA COSTUMES

INDUÇÃO AMPLIADORA EQUIDADE

INTERPRETAÇÃO PRINCÍPIOS GERAIS DO


EXTENSIVA DIREITO
DISTINÇÃO
INDUÇÃO AMPLIFICADORA: sugere um processo mais amplo, porque não
encontrando regra jurídica que regulamente caso semelhante, ao julgador se permite
extrair filosoficamente (por dedução ou indução) o axioma predominantemente de
um conjunto de regras ou de um instituto, ou disciplinadoras de um instituto
semelhante. V.g. Estatutos sociais – Princípio da maioria.
INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA: partimos de uma norma e a estendemos a casos
que estão compreendidos implicitamente em sua letra ou explicitamente em seu
espírito. Entre as três modalidades é a que possuiu a decodificação mais presa a
codificação que acompanha a norma.
O Código Civil Napoleônico já traria a regulação de todos os fatos sociais, bastando a
interpretação para melhor solucionar o conflito surgido na prática, ou seja, para melhor
encaixar o caso concreto à norma jurídica. A lei é a única fonte do Direito; é o
próprio Direito.
Raciocínio silogístico
Sequência de linhas interpretativas: 1º) gramatical; 2º) lógica: 3º) sistemática.

ESCOLA DA EXEGESE
ESCOLA HISTÓRICA
Ao se constatar, na prática, que a lei não dá conta de tudo, a Escola
Histórica, principalmente, Saleilles, entendia necessária, ao lado dos
métodos indicados pela Escola da Exegese, a interpretação histórico-
evolutiva.
A lei depois de editada, desprende-se do legislador, de modo que é
possível interpreta-la, fazendo o resgate do cenário histórico que
motivou sua “entrada” no ordenamento jurídico, como, também,
buscando a intenção do legislador, se, ao tempo da elaboração da lei,
deparasse com certas situações da vida social que lhe foram posteriores.
É uma interpretação que estende a lei para adequá-la à realidade social.
Passa, portanto, pelo âmbito da lei.
Séc. XIX, Gény, França.

A lei só tem uma intenção (a originária, ou


ESCOLA seja, a que motivou a “entrada” da lei no
ordenamento jurídico) que deve ser respeitada.
DA LIVRE O magistrado deve se voltar ao trabalho de
PESQUISA pesquisa para alcançar a solução para o caso
concreto.
Há uma liberdade de pesquisa, desde que a
leitura, a interpretação alcançada esteja dentro
do que prevê o ordenamento jurídico.
ESCOLA DO DIREITO LIVRE
Por uma compreensão sociológica do Direito.
Exigência de um Direito Justo.
A Escola do Direito Livre prega que o juiz pode
se valer da equidade não só diante de uma
lacuna, mas toda vez que lhe parecer,
cientificamente, inexistir uma lei apropriada a
um caso.
ABORDAGEM INTERPRETATIVA DO
DIREITO (DWORKIN)
Toda a vez que se
interpreta judicialmente Interpretação construtiva:
Atribuição de um valor
deve-se construir uma transforma seu objeto no
ou propósito para o
teoria para dizer o que é melhor quer ele poderia
direito
o direito (o melhor que vir a ser.
ele poderia vir a ser)

Direito como
Restringir ou justificar o integridade: concepção
poder governamental coerente de justiça e
equidade.
COMPREE Preocupação compreensiva, no sentido de
situar o artigo na lei e em todo o
NSÃO ordenamento jurídico.

ATUAL Valorização do elemento teleológico ou


finalístico, na busca da finalidade social da
DO lei no seu todo (interpretação teleológica).

PROBLEM Entendimento de que nenhuma interpretação,


A sozinha, diz o que o Direito significa.

HERMENÊ Tendência atual de valorização da


UTICO interpretação histórico-evolutiva.
Interpretação gramatical ou filológica: revelação do sentido das
palavras empregadas no texto, bem como da sintaxe e pontuação.
Interpretação lógico-sistemática: Significa a contextualização
dessa lei ou dispositivo no contexto normativo.
Interpretação histórico-evolutiva: resgate do cenário histórico que
motivou a “entrada” da lei na ordem jurídica, e, ainda, da intenção
do legislador, caso estivesse frente às situações da vida social
TIPOLOGI posteriores à edição daquela lei.

A Interpretação teleológica: busca-se a finalidade social da lei no


seu todo, ou seja, qual é o fim a que ela se destina no ordenamento
jurídico.

Você também pode gostar