• Antes de mais nada, é importante ter em vista que cada área do
conhecimento, e os textos que produzem, possuem suas próprias normas e costumes. O que vale, por exemplo, para um artigo científico da área de Engenharia pode não valer para uma redação de vestibular. • Iremos enfatizar aqui o modelo de texto cobrado nos exames nacionais. De início, a não ser que o exame especifique o contrário, os títulos têm sido opcionais. Um mau título pode ser prejudicial, mas um bom título pode ser o diferencial. Por isso, o conselho é utilizá-lo depois de escolher bem! Estrutura: título
• Dito isso, de modo geral, um bom título deve procurar:
• A) Apresentar o tema; • B) Apresentar o seu ponto de vista; • C) Não ser muito longo, nem muito curto; • D) Não ser muito genérico, nem muito específico. Estrutura: título
Sobre o item A): esse é o mais simples de se conseguir. Trata-se de deixar
claro para o seu leitor o tema central do seu texto. Um título como “Um problema sério” não evidencia o tema do texto, seja qual ele for. Vamos trabalhar aqui, como exemplo, com o tema do feminicídio. Assim, um título que deixe esse tema claro não precisa, necessariamente, utilizar o termo “feminicídio”, mas deve expressar sem dúvidas de que o tema é esse. Estrutura: título
Sobre o item B): isso é o desejável, na medida do possível. Quando o leitor
começa a ler um texto, a primeira coisa que lê é o título; este já deve adiantar para o leitor qual o posicionamento dele sobre o tema em questão. Um título como “A questão do feminicídio” é aberto o suficiente para não sabermos, a princípio, como o autor do texto irá argumentar: pode ser contra o feminicídio ou a favor (o que seria um problema, pois constituiria atentado aos direitos humanos numa redação). Estrutura: título
Sobre os itens C) e D): sob o critério da concisão, ou seja, da exatidão, os dois
itens nos mostram que devemos procurar um equilíbrio quando propomos um título. Um título como “O feminicídio” é curto e pouco específico; já um título como “Os efeitos psicológicos do medo do feminicídio e os seus respectivos impactos na formação e educação da mulher na grade curricular das escolas públicas”, em uma redação de vestibular, é demasiadamente longo e detalhado. Um meio-termo viável poderia ser “A escola como ferramenta para o combate ao feminicídio”, se a linha argumentativa for a defesa da escola para a solução do problema. Estrutura: introdução
• A despeito do nome “introdução”, o que caracterizará, formalmente, a
introdução, será algo mais do que apenas introduzir o assunto. A introdução deve conter um tópico frasal que apresente, de forma clara, o ponto de vista do autor e o problema a ser debatido. • Para entendermos isso melhor, é importante ter em vista que todo texto argumentativo procura resolver um problema. Fazendo uma analogia com o vôlei, podemos entender a redação como tendo três momentos; o saque, os passes e levantamentos e os cortes. O saque é o momento da introdução, em que ficará claro o caminho que você vai seguir, sua estratégia. Estrutura: introdução
• A introdução, então, precisa cativar o leitor, convencendo-o da
necessidade do seu problema ser enfrentado e discutido. No tema que tomamos de exemplo aqui, em algum momento da introdução, poderíamos dizer o seguinte: “A despeito da persistência da questão em novelas e noticiários, o Brasil ainda apresenta índices bastante altos de feminicídio, violando os direitos humanos das mulheres no país, como o direito à vida e à segurança.” • A partir daí, pode-se argumentar, no desenvolvimento, as repercussões dessas violações, quais as causas, no que consiste o direito à vida e o direito à segurança, o modo talvez insuficiente ou inadequado por que a questão é tratada pelo governo e pelos meios de comunicação etc. Estrutura: desenvolvimento
• Na nossa analogia esportiva, os passes e levantamentos de uma disputa
por pontos encaminham e desenvolvem o que a introdução projetou no saque. Os passes e levantamentos preparam a jogada para o corte (na conclusão), que tentará resolver a jogada e garantir o ponto. É muito importante enxergar essa continuidade entre introdução -> desenvolvimento -> conclusão para produzir um texto coeso e coerente. Estrutura: desenvolvimento
• Quando começamos a produzir textos argumentativos, é normal achar
que o desenvolvimento é o lugar “para se falar do assunto”. E isso não é de todo errado, mas precisamos conceituá-lo como o lugar adequado para apresentar e desenvolver argumentos, daí o nome “desenvolvimento”. É no desenvolvimento que serão apresentados dados, fatos, informações fidedignas que irão auxiliá-lo a elucidar a questão para o seu leitor e preparar as soluções da conclusão. Estrutura: desenvolvimento
• Tome cuidado para não confundir ponto de vista, opinião e fato. Em um
texto argumentativo, você apresenta um ponto de vista, necessariamente, sobre uma questão, isto é, uma posição em relação a alguma coisa. Você deve, no texto argumentativo, defender sua posição com fatos e não com opiniões: são os fatos que darão credibilidade ao seu texto, mesmo se o leitor tiver um ponto de vista contrário! Estrutura: desenvolvimento
• Costuma-se recomendar que se apresente um argumento por parágrafo.
Isso não é uma regra fixa, mas é útil tê-la em mente para não sobrecarregar o texto com argumentos. É desejável que se explique e deixe bem especificado tudo que se escreva em um texto. Poderíamos, por exemplo, escrever dois parágrafos de desenvolvimento: um que abordasse a importância dos direitos humanos para as sociedades contemporâneas, o outro que argumentasse que o tema não é devidamente debatido nas escolas, pois estão cada vez mais voltadas para vestibulares e conhecimentos técnicos... Estrutura: conclusão
• A conclusão não é apenas o fim do texto, é o clímax, como num filme, de
um texto, pois tudo que foi construído até aqui foi para ser resolvido na conclusão. Sim, tendo em vista que o texto argumentativo procura resolver um problema, a conclusão vai ser exatamente onde se encontram, mais objetivamente, as soluções para o problema em discussão. Não é, então, apenas uma síntese do que foi dito antes! Estrutura: conclusão
• Algo fundamental aqui é entender que as soluções devem ter um caráter
bastante prático. Mesmo que sejam soluções apenas parciais, elas precisam, necessariamente, ser práticas, isto é, influenciar na realidade concreta, e não apenas na mente e nos desejos dos envolvidos. • Assim como com os argumentos no desenvolvimento, as soluções também devem ser bastante explicadas e contextualizadas; uma ou duas são o suficiente. Estrutura: conclusão • Vejam a diferença entre um exemplo não prático e um exemplo prático: • Não prático: “Sabendo da importância dos direitos humanos, os homens devem se conscientizar para não matarem mais as mulheres e tratá-las com respeito e dignidade” [palavra-chave: conscientizar] • Prático: “O Ministério da Educação (MEC), em conjunto com as secretarias estaduais e municipais de educação, deve incluir o tema em livros didáticos de diferentes disciplinas, além de promover dinâmicas educativas com pais e alunos, mediadas por assistentes sociais, psicólogos e professores. Tais iniciativas fortalecem comportamentos respeitosos nos alunos desde a infância e podem, a longo prazo, reverter os índices de feminicídio no país” [palavras-chave: inclusão em livros didáticos; dinâmicas educativas] Estrutura: conclusão
• O segundo exemplo, além de mais detalhado, está focado em ações
práticas para resolver o problema. Você pode argumentar que elas chegam no mesmo lugar (diminuir o feminicídio por uma mudança de mentalidade), mas o segundo exemplo mostra quais as ações práticas que serão tomadas para chegar lá e detalha-as melhor, em comparação com o primeiro exemplo.