Você está na página 1de 50

PREVISÕES SOBRE EXTRAÇÃO

DE CALDO
 
1º CONGRESSO BRASILEIRO
AGRO-INDUSTRIAL
RIBEIRÃO PRETO
1. HOJE JÁ FOI FUTURO
Há trinta anos as Usinas apresentavam os seguintes
equipamentos e processos para a extração de caldo de cana-
de-açúcar:
 
- moendas com 3 rolos, a maioria tipo Fulton
- muitas acionadas a motor a vapor
- conjuntos compostos por 4 e 6 ternos, alguns precedidos
de rolos esmagadores
- alimentação do 1º terno com esteira metálica
- transportador metálico acionado por motor a vapor gêmeo
- preparo de cana com 2 jogos de facas acionados por uma
única turbina
- frisos grandes (3” – 55º) com chevrons e messchaerts
- embebição simples com água fria
- cana armazenada e alimentada em feixes amarrados por
meio de ponte rolante
O resultado, além da baixa capacidade de moagem, pode
ser visto nos valores medidos pelo Laboratório Volante da
Copersucar.

Safra 73 Safra 75
min max méd min max méd

Cana pol 12,4 17,8 15,2 13,4 18,0 15,3


fibra 10,1 13,0 11,8 10,3 14,6 12,0
I.P. 34 81 56 40 80 60
Bagaço pol 2,9 8,4 5,2 3,3 7,0 4,6
umidade 45,8 52,0 49,0 47,5 53,0 49,0
Neste panorama, duas pessoas traçaram o caminho para um
futuro próximo alcançado nos dias de hoje.
Não apenas como homenagem, mas para registro na história
açucareira do Brasil, os nomes de Pierre Chenu e Deon Hullet
merecem ser lembrados.

Foram recomendadas as melhorias a seguir:


- preparo de cana com desfibrador horizontal
- alimentação do 1º terno com Donnelly
- instalação do rolo de pressão (4º rolo)
- uso de embebição composta com colocação de água quente
somente no último terno e retorno direto do caldo sem coar
- frisos de 2” ou menores com ângulo de 35º em todos os rolos,
sem chevron
- faces dos frisos com rugosidade artificial (picotes e
chapiscos) obtida com eletrodos.
No percurso até nossos dias outros avanços foram sendo
incorporadas, como:
- moagem sem depósito de cana
- descarga por tombamento lateral
- mesas alimentadoras com melhor limpeza de cana
- desenvolvimento de eletrodos especiais
- materiais dos rolos mais adequados
- uso de Donnelly em todos os ternos
- maior eficiência na embebição.
 
O futuro chegou e toda essa técnica se sedimentou a ponto de
as extrações e os altos valores de moagem alcançados não
provocarem estranheza nos mais jovens.
Dizer que os resultados das moagens são recordes mundiais
não é suficiente, pois a distância é tão grande que os técnicos
estrangeiros mal conseguem visualizar.
Para demonstrar estas conquistas basta analisar o quadro de
desenvolvimento de uma de nossas Usinas:
2. EXTRAÇÃO DE CALDO ATUAL
 
3. EXTRAÇÃO DE CALDO FUTURO
 
O futuro virá orientado por quatro objetivos fundamentais:
1 - Reduzir custos de manutenção
2 - Promover um processo uniforme e contínuo nas
quantidades desejadas
3 - Conseguir e assegurar uma extração limite
4 - Aumentar os ganhos energéticos
1 - Matéria Prima
As quatro metas em conjunto definirão a cana futura,
que deverá:
- ter teor de fibra que atenda a necessidade
energética da usina, porém sem excesso que
provoque uma maior perda de açúcar no bagaço
- ter propriedades morfológicas (pits, isoporização,
dimensões, forma, etc) constantes e apropriadas
para a moagem
- ser isenta de contaminantes minerais e vegetais.
Este desenvolvimento deve ser, cada vez mais,
responsabilidade da lavoura
2 - Equipamentos
 
2.1 - Recepção e alimentação de cana

2.2 - Preparo de cana


 
2.3 - Alimentação da Moenda
2.4 - Moagem
O custo da manutenção, das horas paradas e da perda
de extração impulsionará novos desenvolvimentos e
soluções.
Alguns exemplos:
- a solda nos flancos inalterada durante toda a safra
- mancais normais, bem vedados, com lubrificação permanente
e vida ilimitada, isento de manutenção após cada safra
- os heróicos e arqueológicos luva/palito terão seu fim
- o desgaste de bagaceiras, pentes e rolos serão diminuídos, e
monitorados
- a umidade do bagaço será monitorada
- apesar da qualidade mecânica e do rendimento do acionamento
turbinas/redutores fechados, já disponíveis, outros acionamentos
se desenvolverão. Como exemplo temos o motor elétrico e o
motor hidráulico
2.5 - Difusão

1 - Diminuição dos custos de manutenção


2 - Processo uniforme e contínuo com quantidade limitada

3 - Assegurar uma máxima extração


4 - Otimização dos ganhos energéticos

encontraremos no processo de difusão a solução ideal.


2.6 - Instrumentação
Não temos processo industrial mais automático que a moagem:

 
1ª) Cana preparada com 80/85% Open Cell uniformemente
alimentada, que é conseguido com facas, desfibrador e shute
Donnelly.

2ª) Estando as moendas com sua geometria correta durante toda a


safra, apenas será necessário manter a pressão hidráulica sobre
os rolos superiores e monitorar a sua oscilação.

3ª) A água de embebição, assim como a sua temperatura, será


medida e registrada. No processo de retorno do caldo não há
necessidade de intervenção.
 
4ª) Bagaço final – será necessário o desenvolvimento de aparelhos
que meçam sua quantidade e umidade, fundamentais para o
processo energético da usina.
2.7 - Pessoal

Deveremos ter avanços na qualificação da mão-de-obra em


todos os níveis, fato que incluirá:
- atração dos melhores técnicos
- complementação de formação com conhecimentos específicos
- treinamento sistemático e contínuo
EXTRAÇÃO DE CALDO COM DIFUSOR

Dados Básicos:
- Capacidade: 62,5 TFH
- Cana: 15% Pol e 12,5% Fibra
- Embebição: 35% Cana – 275% Fibra
- Open Cell: 90 / 92%
- Umidade: 51%
- Pol%bagaço: 1,0%
- Extração: 98,3%
- Perda de açúcar no bagaço: 2,6 Kg/TC
- Potências Instaladas:
 
 
1. Recepção de Cana:
 
- 2 Hilos 250 CV
- 2 Mesas Alimentadoras 390 CV
- Separador de Palha 20 CV
- Transportador de Cana 75 CV
 
Total 735 CV
2. Preparo de Cana:
 
- Nivelador: 1.000 CV
- Picador: 1.500 CV
- Alimentador: 750 CV
- Desfibrador: 3.150 CV
 
Total 6.400 CV Elétrico
3. Alimentação de Cana:
 
- Transportador de Cana Desfibrada: 40 CV
- Alimentador: 30 CV
- Retorno I: 15 CV
- Retorno II: 10 CV
- Eletroímã: 25 CV
 
Total 120 CV
4. Difusão:
 
- Difusor: 180 CV
- Rosca Afofadora: 240 CV
- Bombeamento: 530 CV
- Descarregador: 60 CV
 
Total 1.010 CV
 
 
5. Desaguamento do Bagaço:
 
- Transportador de Saída: 30 CV
- Transportador para Rolo Desaguador: 30 CV
- Transportador para Moenda: 30 CV
- Rolo Desaguador: 100 CV
- Moenda Desaguadora: 1.200 CV
25 CV

Total 1.200 CV - Vapor/Elétrico


215 CV - Elétrico
 
6. Manutenção:
 
- Ponte Rolante: 100 CV Elétrico
7. Resumo:
 
7.1. Potências Instaladas:
 
- Recepção de Cana: 735 CV Elétrico
- Preparo de Cana: 6.400 CV Vapor/Elétrico
- Alimentação de Cana: 120 CV Elétrico
- Difusão: 1.010 CV Elétrico
- Desaguamento do Bagaço: 215 CV Elétrico
1.200 CV Vapor/Elétrico
- Manutenção: 100 CV Elétrico
 
- Total - Elétrico: 2.180 CV Elétrico
Vapor: 7.600 CV Vapor/Elétrico
 
9.780 CV
7.2. Potências Específicas:
 
- Preparo de Cana: 102,4 CV / TFH
- Difusão: 19,2 CV / TFH
- Moenda Desaguadora: 19,2 CV / TFH
 
- Total: 156,5 CV / TFH
EXTRAÇÃO DE CALDO COM MOENDA

Dados Básicos:
- Capacidade: 500 TCH
- Cana: 15% Pol e 12,5% Fibra
- Embebição: 275% Fibra (35% Cana)
- Open Cell: 80 / 85%
- Pol%bagaço: 1,60%
- Extração: 97,2%
- Perda de açúcar no bagaço: 4,2 Kg/TC
- Potências Instaladas:
 
1. Recepção de Cana:
 
- 2 Hilos 250 CV
- 2 Mesas Alimentadoras 390 CV
- Separador de Palha 20 CV
- Transportador de Cana 75 CV
 
Total 735 CV Elétrico
2. Preparo de Cana:
 
Consideramos a potência consumida como 80% da
instalada:
- Nivelador: 1.000 CV
- Picador: 1.500 CV
- Desfibrador Horizontal: 2.000 CV
- Tambor Alimentador: 30 CV Elétrico
 
Total 4.500 CV - Vapor/Elétrico
30 CV - Elétrico
3. Alimentação de Cana:
 
- Espalhador: 30 CV
- Separador Magnético: 25 CV
- Esteira de Cana Desfibrada: 40 CV
 
Total 95 CV Elétrico
4. Moagem:
 
- Moendas: 5.700 CV Vapor/Elétrico
- Esteira entre moendas: 150 CV Elétrico
- Embebição: 215 CV Elétrico
- Diversos: 110 CV Elétrico
 
Total 5.700 CV Vapor/Elétrico
475 CV Elétrico

5. Manutenção:
 
- Ponte Rolante: 100 CV Elétrico
6. Resumo:
 
6.1. Potência total instalada:
 
- Recepção de Cana: 735 CV Elétrico
- Preparo de Cana: 4.500 CV Vapor/Elétrico
30 CV Elétrico
- Alimentação de Cana: 95 CV Elétrico
- Moagem: 5.700 CV Vapor/Elétrico
475 CV Elétrico
- Manutenção: 100 CV Elétrico
 
- Total - Elétrico: 1.435 CV Elétrico
Vapor: 10.200 CV Vapor/Elétrico
 
11.635 CV
6.2. Potências Específicas:
 
- Preparo de Cana: 72 CV / TFH
- Moagem: 98,8 CV / TFH
 
- Total: 186,1 CV / TFH
Esquematicamente, temos:
Vapor
KgV/CV.h. Moenda
T
22/300 43/140 63/485 83/510 RA
RB
9,95 7,30 - - M
100% 73%
0,97 0,967 Total=0,938

9,34 6,19 5,10 4,60


T ^^^^ I
94% 62% 51% 46% R G T ^^^^^
M
R
M

0,98 0,97 0,98/0,975 0,958 0,96


Total=0,835
10,92 7,25 5,96 5,38 T R T
G
110% 73% 60% 54%
M B M
H M

0,98 0,97 0,98 0,958 0,80


Total=0,714
b–m
h–m
Q = b . h . v . d . 60 r – m/min
d – ton/m3
Q – ton/h
Esquema Massico

Embebição 35
B1 62,5 20% F B2 50 25% F
Cana 100 12,5% F
80% C 75% C
87,5% C
B3 27 48,5% F
51,5% C

Caldo1 72,5
Caldo2 12,5 Caldo3 23

Caldo misto extraído: 108


4. AMANHÃ SERÁ O FUTURO
 
Fica a tarefa para os jovens e daqui a 30 anos viremos
cobrar os resultados.
Com certeza teremos uma surpresa:
- todas as previsões terão sido superadas.
 
E, agora, sem muita certeza:
- nossos carros serão todos a álcool
- o açúcar será valorizado como produto energético,
fundamental para a alimentação, com seu preço à
altura com o fim dos subsídios e barreiras em todo o
comércio mundial.

Você também pode gostar