Durkheim Aula Teoria e Método

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Seminário:O suicídio

Èmile Durkheim

Ministério da Educação Universidade Federal do Piauí


Pró-reitoria de Ensino de Pós-graduação
Centro de Ciências Humanas e Letras
Coordenação do Prog. De Pós-graduação em Políticas Públicas

Disciplina: Teoria e Método de Pesquisa em Ciências Humanas


Professora Doutora: Solange Maria Teixeira
Alunas: Carmem Letícia; Lucile Moura e Kellyane Nascimento
Èmile durkheim

David Èmile Durkheim nasceu em Epinal França em


1858 e faleceu em Paris em 1917. Foi um sociólogo,
antropólogo, cientista político, psicólogo social e filósofo
francês.

Algumas de suas obras: Da divisão do trabalho social;


As regras do método sociólogico e o suicídio.
O Suicídio foi publicado em 1897;

O suicídio
Durkheim aplica o método sociológico (viabilidade) como
uma ciência social que explica o suicídio;

Objeto de estudo da sociologia;

As taxas de suicídio com base em fatos sociais –


fenômenos sociais. Ex: crise econômica.
Um fato
social que • Taxa de
pode ser Os grupos suicídio –
explicado de suicídio coletivo
pela
sociologia
O suicídio não tem uma
causa individual – as
particularidades individuais
não são determinantes;
O suicídio
Mas sim uma causa social
e então tenta compreender
definindo este fenômeno.
O QUE É
SUICÍDIO
O Suicídio deve ser compreendido como toda
a morte que resulta direta ou indiretamente de
um ato positivo ou negativo realizado pela
própria vitima e que ele sabia que ela
produziria esse resultado (Introdução, pág
14).
• OU SEJA, O INDIVÍDUO SABE QUE IRÁ
ACONTECER NO FINAL.
O suicídio
Livro I intitulado “os fatores extra-sociais” o
suicídio é explicado por fatores: psicopáticos,
hereditários, climáticos e de imitação;

está
dividido Livro II consiste um estudo das causas e os tipos de
suicídio;
em 3
livros
Livro III O suicídio como fenômeno social.
Livro I -
Os fatores
extra- O suicídio e os estados
O suicídio e os estados
psicológicos normais: a
sociais. psicopatológicos;
raça e a hereditariedade;

Influência
sobre as Os fatores cósmicos; A imitação.
taxas de
suicídio.
O suicídio
e os
fatores Loucura –
psicopátic monomania
o
O suicídio e
os
psicológicos
normais:
Semelhança e
raça e Filiação
hereditaried
ade
O suicídio
e os
fatores Clima e
climáticos Temperatura
O suicídio
ea
Imitação Imitação -
contágio
Livro II - O fenômeno suicídio, depende e resulta necessariamente

Causas de causas sociais e pontua-se como um fato coletivo.

Sociais e Para constituir os tipos sociais de suicídio, não é preciso


classificar diretamente com suas características prévias,

tipos
e sim classificando as causas que os produzem.

Sociais
Durkheim analisou as condições sociais que dependem
e posterior a isso fez a separação das classes, para
assim constatar que cada dessas classes corresponderá a
um tipo de suicídio.
Não podemos afirmar que existe uma causa específica do suicídio, uma vez que só pode
haver tipos diferentes de suicídio na medida em que as causas as quais estão ligadas
sejam diferentes.

Mas podemos constituir os tipos sociais de suicídio da respectiva forma:

Sem classifica-los Classificando as


diretamente de causas que os
acordo com suas produzem. Sem se
características preocupar em que
previamente se diferenciam
descritas. entre si.
Constatações de Durkheim

• As causas do suicídio envolve :

Estado
Religião Nação
Civil
Condições Sociais ao Suicídio

religião
O Suicídio entre protestantes é maior do que entre os católicos, devido aos
mecanismos de interação serem diferentes

ESTADO CIVIL

O Suicídio ocorre com mais frequência entre os solteiros, a quem falta o


sentimento de família.
NAÇÃO

O índice diminui no período de guerras quando o espírito de nacionalidade


se exacerba.
Tipos de
suicídio
Suicídio
Altruísta
Suicídio Suicídio
Egoísta Anômico

Tipos de
Suicídio

O suicídio é uma decisão íntima, tomada a partir de um fenômeno


social.
• Suicídio Egoísta- Decorre de uma excessiva individualidade e pela falta de integração do sujeito
nos grupos sociais (família, amigos, comunidade);

• Suicídio Altruísta- Acontece quando o individuo em nome de uma causa ou princípio comete o
ato, existe uma baixa individualização;

• Suicídio Anômico- Causada por desequilíbrios de origem financeira e ou processos de


transformações sociais ao qual se inserem.
Formas Cada suicida confere a seu ato uma marca pessoal

individuais que expressa seu temperamento, as condições


especiais em que ele se encontra, e que, por
conseguinte, não pode ser explicada pelas suas
dos causas sociais e gerais do fenômeno.

diferentes Só podemos identificar as características mais gerais


e mais notáveis, sem que tenhamos sequer um

tipos de critério objetivo para efetuar essa relação. Além do


mais, para vinculá-la às respectivas causas de que
parecem derivar poderíamos apenas proceder
suicídio dedutivamente.
O caráter intelectual desses tipos de suicídios não é fácil de explicar,
quando lembramos que o suicídio egoísta é necessariamente
acompanhado por um grande desenvolvimento da ciência e da
inteligência racional.

O suicídio altruísta, ao contrário, por ter como origem um


sentimento violento, sempre é acompanhado de uma certa
demonstração de energia.

Enfim, há um terceiro tipo de suicidas que se opõem tanto aos


primeiros, na medida em que seu ato é essencialmente passional,
como aos segundos, na medida em que a paixão que os inspira e que
domina a cena final é de natureza totalmente diferente.
Livro III –
Do suicídio
Nesse capítulo o autor faz
considerações sobre o tema, sob a Anomia: ausência de regra. Que
ótica de outros fenômenos sociais Causa conflito e gera a

como
e sobre os remédios contra os desintregração da sociedade.
diferentes tipos de suicídio.

fenômeno “O bem-estar ou a felicidade do

social em
indivíduo somente é possível se
houver um equilíbrio entre suas
expectativas , suas exigências e os
meios socialmente acordadas”.

geral Pág. XXVII.


O elemento • Regra relativa à observação do fato social:

social do O fato social é dotado de exterioridade;


suicídio e a Adotar caracteres exteriores mais objetivos, critérios
relação com as objetivos e não subjetivos e individuais.

regras do • “As condições individuais de que, a priori, poderíamos supor que o


método suicídio depende de dois tipos. Há, em primeiro lugar, a situação
externa em que se encontra o agente. Os homens que se matam ora
sociológico. experimentam desgostos de família ou frustrações de amor-próprio,
ora sofreram miséria ou doença, ora ainda se condenam por alguma
falta moral, etc.”p.382.
O elemento social do suicídio e a relação com as regras do método
sociológico.
A busca pela causalidade:
“Os mais diversos acontecimentos da vida e até os mais contraditórios
podem servir igualmente de pretexto para o suicídio. Portanto, nenhum
deles é sua causa específica. Poderemos pelo menos atribuir essa
causalidade às características que são comuns de todos? Mas, haverá essas
características?”p. 382.
A ação dos fatores cósmicos não foram identificadas.
“Deixando de lado o indivíduo, buscamos na natureza das próprias sociedades as causas das
disposição que cada uma delas tem para o suicídio ”p. 383.

Assim, conseguiu-se chegar a algumas causalidades e tipificar o suicídio.


“Se a mulher se mata muito menos do que o homem, é porque ela é muito menos do que o homem, é
porque ela é muito menos engajada do que ele na vida coletiva’”p. 384.
“Cada grupo social tem por
esse ato, realmente, uma
inclinação coletiva que lhe é
Se o suicídio tem um própria e da qual derivam as
elemento social em inclinações individuais, e não
que consiste esse que procede destas últimas. O
que a constitui são as
elemento social? Que correntes do egoísmo, de
termina por gerar altruísmo ou de anomia que
uma tendência afetam a sociedade
coletiva. Quais as A resposta: considerada, com as
relações sociais com tendências à melancolia
apática, á renúncia ativa ou à
os outros fatos sociais lassidão exasperada que são
e por que meios é suas consequências . São
possível agir sobre essas tendências da
ela? coletividade que, penetrando
os indivíduos, os determinam
a se matar”. P.385.
Quételet – teoria do homem médio (e as regras do método
sociológico – o fato social possui generalidade e superioridade)
Há em cada sociedade um tipo determinado determinado, que a generalidade dos indivíduos reproduz mais
ou menos exatamente, e de só a minoria tende a se afastar sob influência de causas perturbadoras. TIPO
MÉDIO.
Obtido quase exatamente tirando-se a média aritmética dos tipos individuais.
Parece ser simples, mas, só pode ser considerada como uma explicação se permitir que se compreenda
pro que razão o tipo médio.
Durkeheim se utiliza o fato de Quételet se basear nas repetições que ocorrem junto as maiorias para
questionar esse método. Portanto, uma observação inexata
“A energia que o instinto de conservação mantém na média dos homens o exclui radicalemte; o homem
médio não se mata. Mas, então, se a propensão a se matar é uma raridade, uma anomalia, ela é
completamente estranha ao tipo médio e, por conseguinte deste último, mesmo que profundo, longe de nos
ajudar a compreender a razão o número de suicídios é constante para uma mesma sociedade, sequer pode
explicar por que razão há suicídios”. P.388.
Quételet – teoria do homem médio (e as regras do método
sociológico – o fato social possui generalidade e superioridade)

A regularidade dos dados estatísticos se repete até mesmo em fatos que estão fora da média.
É necessário admitir que essa regularidade resulta de uma força ou um grupo de forças coletivas
Essa força só pode advir de uma realidade sui generis, ou seja, exterior e superior ao indivíduo:
a sociedade.
As regras do método sociológico – o fato social como uma coisa natural e se
natural é, como natural tem que ser estudado.
“Os indivíduos que compõem uma sociedade mudam de um ano para outro; no entanto o número
de suicidas é o mesmo, enquanto a própria sociedade não muda”. Dar o exemplo de Paris. p.394.

“As causas que fixam assim o contingente de mortes voluntárias para uma sociedade ou uma
determinada parte da sociedade devem, portanto, ser independente dos indivíduos, pois
conservam a mesma intensidade sejam quais forem os indivíduos particulares sobre os quais se
exerce sua ação”. P. 395.

Sendo assim, uma coisa que acontece. Um fato social.


“Não só há suicídios todos os anos, como via de regra, a cada ano há tantos suicídios quantos
no ano precedente”. P. 396.

Estudar a sociedade igual se estuda as ciências naturais.

˜Tanto elas são coisas sui generis e não entidades verbais, que podemos medi-las,
comparar sua grandeza relativa, como fazemos com a intensidade de correntes
elétricas ou de focos luminosos”. P. 398.
As regras do método sociológico em O Suicídio – observação e hipótese

“A observação, portanto, confirma a hipótese. Por um lado, a regularidade dos dados


estatísticos implica que há tendências coletivas, exteriores aos indivíduos; por outro,
em número considerável der casos importantes, podemos constatar diretamente essa
exterioridade”. P. 410.

A Exterioridade não teria nada de surpreendente. Considerando a hetereogeneidade de


indivíduos e da sociedade. Onde a sociedade é superior ao indivíduo e se impõe a esse.

Não é verdadeira a tese segundo a qual o indiví duo é a pedra angular de toda a realidade
social, Isso porque os fatos sociais, embora tendo como substrato o agregado formado pelas
consciê ncias individuais reunidas, transbordam cada uma dessas consci ê ncias tomadas
isoladamente.

O suicí dio, por sua vez, é um fato social que, na qualidade de forç a coletiva, transcende e se
impõ e aos indiví duos
As regras do método sociológico em O Suicídio – observação e hipótese

“A observação, portanto, confirma a hipótese. Por um lado, a regularidade dos dados


estatísticos implica que há tendências coletivas, exteriores aos indivíduos; por outro,
em número considerável der casos importantes, podemos constatar diretamente essa
exterioridade”. P. 410.

A Exterioridade não teria nada de surpreendente. Considerando a hetereogeneidade


de indivíduos e da sociedade. Onde a sociedade é superior ao indivíduo e se impõe a
esse.

“Em resumo, como a sociedade faz o indivíduo em grande parte, ela o faz na mesma
medida, a sua imagem”. P 417.
Relações do suicídio com outros fenômenos sociais
A relações com os fatos morais e imorais.

Deve-se considera-lo um fato criminógico?

Durkheim critica o método utilizado para responder essa pergunta: formulação de


uma concepção do ideal moral e o exame se o suicídio é ou não contrário a esse
ideal moral.(Método dedutivo).

“Uma dedução sem controle é sempre suspeita e, além do mais, no caso, ela tem
como ponto de partida um simples postulado da sensibilidade individual, pois cada
um concebe à sua maneira esse ideal moral que se coloca como axioma”. P. 421.
Relações do suicídio com outros fenômenos sociais
A relações com os fatos morais e imorais.

Deve-se considera-lo um fato criminógico?

Durkheim define como irá responder tal pergunta:

“Primeiro pesquisa na história como, de fato, os povos apreciaram o suicídio


moralmente; tentaremos em seguida determinar quais foram as razões dessa
apreciação. Então, só nos restará ver se e em que medida essas razões têm raízes na
natureza de nossas sociedade atuais”. P. 422.

Aplicação: O método sociológico: regra relativa à administração da prova


O método de variações concomitantes – instrumento da sociologia.
Como refrear o suicídio?
O que é anormal ---- é imoral --- suicídio é um fenômeno de patologia social.

Uma taxa moderada de suicí dios nada tem de mó rbido, por outro acredita que a taxa atual entre os
povos europeus constitui um forte indí cio de um estado patoló gico.

Medidas:
Aplicadas ao suicídio egoísta e o suicídio anô mico – típicos suicídios das sociedades
modernas:

Repressivas,
eficá cia restrita em relaçã o à contençã o ou diminuiçã o do número de mortes voluntá rias.

Educação como reformadora do estado moral da sociedade. Costuma-se atribuir um poder


que esta não tem. Para Durkheim apenas um espelho da sociedade.

Suicídio altruísta e o suicídio fatalista sã o mais comuns nas sociedades tradicionais.
Como refrear o suicídio?
Instituições que podem ajudar:

sociedade polí tica:

que por sua organizaç ão considera muito distante dos indiví duos

comunidades religiosas
que socializam retirando-lhes a liberdade de pensar

famí lia (que geralmente se reduz ao par conjuga

divisão do trabalho no mundo moderno,

esse ente profissional como o único meio capaz de preencher essa funç ão, uma vez que ela
constitui um espaço moral com forç a suficiente para intermediar as relações entre o Estado e os
indiví duos ( A COORPORAÇÃO).
Como refrear o suicídio?
A COORPORAÇÃO:

“De sua definição decorre ela ser capaz de desempenhar esse papel. Uma
vez que é composta por indivíduos que se dedicam aos mesmos trabalhos
e cujos interesses são solidários ou até idênticos, não há terreno mais
propício à formação de ideias e de sentimentos sociais”. P. 495.

Coorporações trabalhando de forma livre, mas sujeitas à ação do Estado.


Consideração Final
Ao falar sobre como organizar e legitimar as corporações Durkheim
finaliza:

“São jogos de imaginação, sempre muito distantes da complexidade dos


fatos para poderem servir muito à prática; a realidade social não é
simples e ainda é muito mal conhecida para poder ser antecipada nos
detalhes. Só o contato direto com as coisas pode dar aos ensinamentos da
ciência a determinação que lhes falta. Uma vez estabelecida à existência
do mal, em que ele consiste e de que depende, quando se conhecem, por
conseguinte, as características gerais do remédio e o ponto em que ele
deve aplicado, o essencial não é se fixar de antemão um plano que prevê
tudo, é pôr resolutamente mãos à obra”. P. 513.
Referência Bibliográfica
DURKHEIM, E. O Suicídio. São Paulo: Martin Claret, 2003

DURKHEIM, E. As regras do método sociológico. São Paulo: Editora


Nacional, 1990.

Anotações de Aula: O método em Durkheim (24/03/2022 -


24/03/2022): Disciplina: Teoria e Método de Pesquisa em Ciências
Humanas
Professora Doutora: Solange Maria Teixeira

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