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Universidade do Estado do Amazonas

Escola Superior de Tecnologia

Disciplina: Elementos de Máquinas

Aula 1

1
Objetivos gerais da disciplina Elementos de Máquinas

O objetivo desta disciplina é oferecer os


conhecimentos fundamentais sobre os esforços
atuantes em componentes mecânicos.
Além disto, desenvolver a capacidade na solução dos
problemas relacionados aos elementos de construção
de máquinas, e assim poder dimensionar, selecionar,
projetar elementos de máquinas, levando em
consideração as exigências das Normas Técnicas no
que se refere aos limites estabelecidos para os
deslocamentos e tensões admissíveis do material.
2
Bibliografia indicada:

Elementos de Máquinas – Sarkis MELCONIAN, Editora ERICA Ltda, S.P.

FAIRES, V.M. Elementos Orgânicos de Máquinas. Rio de Janeiro: SEDAGRA,


Ao Livro Técnico S.A, 1966.

HALL Jr, Allen S.; HOLOWENKO, Alfred R.; LAUGHLIN, Herman G. Elementos
Orgânicos de Máquinas. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico S.A, 1968.

NIEMANN, G. Elementos de Máquinas. vols. I, II e III, 3 ed. São Paulo: Edgard


Blücher Ltda., 1984.

JUVINALL, R.C. and MARSHEK, K.M. Fundamentals of Machine Component


Design. 2 ed. John Wiley & Sons, 1983.

3
Conteudo da Disciplina Elementos de Máquinas

4
CONCEITOS INTRODUTÓRIOS A PROJETOS

Nos dias de hoje, o termo “projeto” é utilizado com uma certa


freqüência por inúmeras pessoas, empresas e instituições dos mais
variados tipos.

QUAL É O CONCEITO DE PROJETO?


Uma das melhores definições de projeto é a qual diz que:

“Um conjunto de atividades ou ações planejadas para serem


executadas com responsabilidade, a fim de alcançar determinados
objetivos, dentro de uma abrangência definida, num prazo de tempo
limitado e com recursos específicos para criar algo novo.
TIPOS DE PROJETO
Existe uma grande variedade de projetos que é classificada em
três áreas:
a) prestação de serviços,
b) indústria
c) infra-estrutura.
Projetos da área de prestações de serviços:
Projetos de engenharia: são projetos de serviços associados à
elaboração de um conjunto de documentos, constituído de especificações,
lista de materiais e desenho de detalhes. Esses indicam, esclarecem e
justificam todos os critérios de dimensionamento, hipóteses de cálculos
técnicos, de execução e custos de uma utilidade física (unidade ou
sistema).
As palavras chave desta etapa são: Descrever, Definir, Desenvolver,
Testar, Analisar e Validar.

Aqui é onde se começa a detalhar o produto com desenhos, fabricando as


primeiras peças, progredindo ao teste do protótipo, até o lote piloto,
terminando com a especificação completa da “plataforma” do produto.
PROJETO DE ELEMENTOS DE MÂQUINAS

Une todos os conhecimentos de:

– Resistência de materiais

– Metrologia (ajustes e tolerâncias)

– Mecanismos

– Desenho de Maquinas

– Processos de fabricação

– Materiais de engenharia,etc
Máquina

E um conjunto de mecanismos, e os mecanismos são constituídos de


peças entendidas como elementos fisicamente separáveis do conjunto.

Em última análise, projetar uma máquina é projetar suas peças.

O projeto leva ao desenho de detalhes. Estes contém:

1) Forma da peça

2) Dimensões (cota) tamanho

3) Tolerância, (dimensionais, geométricas)

4) Acabamentos superficiais

5) Materiais e seus tratamentos

6) Informações complementares 8
PROJETO DO CONJUNTO MECÂNICO

A descrição técnica para a produção de uma máquina ou


estrutura é dada por:

• Conjunto de desenhos

• Todas as informações necessárias para a execução da máquina


ou estrutura

Tanto os desenhos de conjuntos mecânicos como o de


seus componentes estabelecidas segundo normas da

•Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)

•NBR 10582/88.
A forma da peça é definida pela sua função e determinada por:

A) Método empírico - A roda em forma de círculo

B) Método analítico - O dente da engrenagem em forma de envolvente do


círculo.

De qualquer forma, o projetista, para desenhar a sua peça a partir do


conhecimento de sua função, deve se valer de:

a) sua experiência anterior ( do indivíduo )


b) dados da firma – memórias de cálculos, desenhos, etc.
c) catálogos, manuais
d) literatura – livros – revistas técnicas
e) informações de usuários
f) concorrentes e similares
O tamanho das peças (cotas) são definidos pelos chamados “critérios de
dimensionamento”. 10
Critérios a ter em conta nos Projetos de Maquina

1. Critério da Resistência

2. Critério da deformação ou critério da rigidez e/ ou


flexibilidade

3. Critério da Corrosão e / ou Desgaste

4. Critério de Choques e/ ou Vibrações

5. Critério do Processo de Fabricação

6. Critério baseado em Considerações Econômicas

7. Considerações Gerais

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1 – CRITÉRIO DA RESISTÊNCIA

É o critério pelo qual as dimensões da peça são determinadas, de modo


que a mesma não apresente ruptura. Analogamente, pode-se determinar as
dimensões da peça de modo a:

•não apresentar escoamento.


•não apresentar ruptura por fadiga.

Comprovação da resistência:

Ruptura simples Tensão de tração


Escoamento
Ruptura por fadiga
Material dúctil, aspecto da fratura

Exemplo de peças tracionadas:


•as correias
•os cabos de aço

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FALHA POR FADIGA

O comportamento das peças de máquina é inteiramente


diferente quando estão sujeitas a carregamento que varia
com o tempo, em que causa tensão de natureza cíclica:
alternada, variada ou repetida.

 min Tensão mínima


 max  Tensão máxima
   min
 a  max
2
 f   max   min

 max   min
m 
2
 f
a 
2

O elemento de máquina pode falhar sob a ação de uma tensão muito menor que a
equivalente à sua resistência estática. A característica mais distinguível dessas
falhas é denominada falha por fadiga.

Estima-se que cerca de 90% das rupturas das peças em serviço ocorrem por
fadiga.
2 - CRITÉRIO DA DEFORMAÇÃO OU CRITÉRIO DA RIGIDEZ E/ OU
FLEXIBILIDADE

Além da resistência, a maioria das peças de máquinas precisam


apresentar características de deformabilidade.
Em alguns casos limitando a um valor máximo admissível

(ex.: rigidez de eixos de transmissão) e em outros casos pela imposição


da deformação ( ex.: molas helicoidais).

λ = Deformação devido aplicação de carga “P” 14


Conhecer as propriedades dos materiais

•Quais materiais conhecemos??

•Qual a importância de suas


propriedades, da resistência??

•Qual importância da dureza??


Exemplo de serra tico-tico

Cada peça tem uma função

Devemos projetar com o


melhor material para cada
função
3 – CRITÉRIO DA CORROSÃO E / OU DESGASTE

Certas peças são passíveis de ação corrosivas ( meio agressivo


quimicamente, temperaturas elevadas) e precisam ser dimensionadas com
certa margem de segurança, prevendo sobre material ( material além do
mínimo calculado).

Exemplos: tampas, molas,


parafusos.

Outras peças estão sujeitas a atrito e conseqüentemente desgaste.


Devem ser dimensionadas prevendo “consumo de material pelo desgaste”.

Exemplos: engrenagens,
mancais, lonas de freio) .

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4 - CRITÉRIO DE CHOQUES E/ OU VIBRAÇÕES

Tantos os choques mecânicos como as vibrações


podem ocasionar a ruína de uma peça.

No primeiro caso, principalmente em peças com


material pouco dúctil (ferro fundido)

No segundo, quando própria de vibração da peça


coincidir com a fonte excitadora.

Nestes casos, a dimensão da peça poderá ser


determinada por métodos analíticos ou experimentais.

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5 – CRITÉRIO DO PROCESSO DE FABRICAÇÃO

Quais processos conhecemos e quais suas característica que influenciam


no projeto da máquina ???

O processo está intimamente ligado com a escala de produção como nos


mostra o exemplo:

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Qual a função desse projeto?
Que elementos identificamos?
Responsabilidades de um projetista
 Conhecimentos especializados sobre ajustes e tolerâncias

Que significa Ф40H7 ???

Exemplo de tolerância geral


O deslizamento do bloco em “V” na base do
Exemplo calço regulável depende

de Calço Regulável
• da precisão do paralelismo e do
perpendicularismo das superfícies
• tolerâncias nas dimensões, ajuste, etc
Desenho mecânico

• Uma máquina é formada por um ou mais conjuntos


mecânicos, subconjuntos e peças simples
• No conjunto mecânico, cada peça tem uma função e
ocupa determinada posição.

A descrição fornecida pelo conjunto de desenhos deve incluir:

• Representação gráfica completa da forma de cada peça (descrição


da forma)
• Dimensões de cada peça (descrição do tamanho)
• Especificações de material, tratamento térmico, tipo de acabamento
etc;
• Uma descrição das relações de cada parte ou peça com as demais
(montagem)
Desenho de conjunto

• É o desenho da máquina, dispositivos ou estrutura, com suas


partes montadas.
• As peças são representadas nas mesmas posições que ocupam
no conjunto mecânico
• A numeração das peças segue o sentido horário

Exemplo
O desenho de conjunto para montagem pode ser
representado em perspectiva isométrica
Outra maneira de representar é através do desenho de perspectiva
não montada chamado perspectiva explodida
Exemplo
Desenho de
conjunto
6 – CRITÉRIO BASEADO EM CONSIDERAÇÕES ECONÔMICAS

Por esse critério as dimensões são definidas fora do campo de


visão estritamente técnico. Devem levar em conta:

A – Padronização

B - Diminuição de número de peças

C - Diminuição no custo de manutenção

D – Custo de produção.

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7 – CONSIDERAÇÕES GERAIS

Mediante o avanço tecnológico e atualizações de


cálculos, baseados em produtos de linha tais como:

Rolamentos, Correias, Acoplamentos, etc., e a grande


variedade de produtos disponíveis no mercado, o roteiro
de cálculo será baseado no critério adotado pelo próprio
fabricante para a obtenção precisa dos resultados.

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Conceitos físico - mecânicos para o projeto
Torção

Quando sofre a ação de um torque (Mt) em uma das


extremidades, e um contra-torque (Mt`) na
extremidade oposta
Conceitos físico - mecânicos para o projeto

No caso de eixos de máquinas, o torque é definido


através do produto entre a carga tangencial (Ft), e o
raio de secção transversal do eixo

Onde:
Mt - torque (Nm)
Ft - força tangencial (N)
r - raio de secção transversal (m).
Conceitos físico - mecânicos para o projeto

Potência
A potência atuante em um eixo é definida através do
produto entre o torque atuante e a velocidade
angular
Conceitos físico - mecânicos para o projeto

Torque do motor
Rendimento de transmissão de potencia
A potencia de entrada é dissipada em parte como forma de
energia transformada em calor, sendo a outra parte como
potencia geradora de trabalho.

Então temos: Onde


Ne = Potencia de entrada
Ne = Nu + Nd Nu = Potencia útil
Nd = potencia dissipada
Características fundamentais das
transmissões mecânicas

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Elementos fundamentais das maquinas e
acionamentos industriais.

ACIONAMENTO = MOTOR + TRANSMISSÃO


transmissão

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Exemplo de um acionamento industrial

Motor elétrico Elevador


(Máquina motor) (Máquina movida)

Redutor da Redutor da
primeira etapa, segunda etapa,
com árvores com árvores
ortogonais, em paralelos, em
posição vertical e posição horizontal
montagem frontal e montagem
inferior na apóie-
piso
37
Alguns tipos de transmissões de potência.

Transmissões elétricas.
Transmissões hidráulicas.
Transmissões pneumáticas.
Transmissões mecânicas.
Transmissões combinadas.

38
TRANSMISSÕES MECÂNICAS

São aqueles mecanismos que se empregam para


transmitir a energia mecânica da máquina motriz
até os órgãos de trabalho da máquina movida,
com transformação de velocidade, força ou
momento; e às vezes com transformação do
caráter e a lei de movimento

39
Exemplo:
Transmissão em aerogeradores

Acionamento Gerador (Máquina


movida)

Roda Multiplicador de um aerogerador de 1.5 MW


(Máquina motor)
Variedades das transmissões mecânicas

Apesar das diferentes opções de


transmissões que existem, na
atualidade as transmissões
mecânicas seguem sendo as de
maior emprego na indústria
mecânica.

41
Transmissões mecânicas

Transmitem
energia e
facilitam a
transformação
do caráter do
Mecanismo
movimento
Mecanismo
Biela-Manivela
(rotação e
Came-Seguidor.
translação).

Mecanismo
Pinhão-Cremalheira
42
Transmissões Mecânicas

Mecanismo
Biela-Manivela.

Transmite
energia e
transforma dos
movimentos de
rotação e
translação.

43
Transmissões Mecânicas

Engrenagens em um Redutor de Velocidade.

Transmite energia e
facilita a
transformação da
velocidade de
rotação e os
momentos torsores.
A tendência atual é substituir nas
transmissões mecânicas el movimiento
básico de traslación pelo de rotação!!!!!!!!!

• Perdas de tempo nos percursos em


vazio.
• Cargas inerciais que limitam as
velocidades.

45
Classificação das transmissões mecánicas

TRANSMISSÕES MECANICAS COM


MOVIMENTO DE ROTAÇÃO

POR ATRITO POR ENGRENAGEM

CONTATO ENLACE CONTACTO ENLACE


DIRETO FLEXÍVEL DIRECTO FLEXÍVEL

TRANSMISSÕES POR TRANSMISSÕES POR


FRICÇÃO. ENGRANAGEM

TRANSMISSÕES POR TRANSMISSÕES POR CADEIAS E


CORREIAS E CABOS CORREIAS DENTADAS
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Transmissões por Engrenagens

De eixos paralelos

De eixos cruzados

De eixos que se cortam

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Características de algumas transmissões mecânicas

Parâmetros Transmissões mecânicas


típicos Correias Correntes Engranagens
Planas Trapecial Rolos Cilíndricos Sem-fim

Eficiência para 0.97 0.96 0.98 0.99 0.8 -0.9


uma etapa
Máxima razão de 8 -15 10-15
transmissão 5 com 20
tensores
Potencia máxima 2 000 1000 a 3 500 50 000 200
transmissível 1500
[kW]
Velocidade 25-50 25-30 15 10 - 25 10
periférica máxima
[m/s]
Durabilidade 5 000 5 000 15 000 40 000 48
aproximada [h]
Geralidades das transmissões mecánicas

1. No grupo de transmissões por enlace flexível, as mais


rápidas são as transmissões por correias e polias.

2. As que transmitem major potencia são as


transmissões por correntes.

3. As transmissões por fricção são mais silenciosas e


suaves que as de engrenagens.

4. As transmissões por engrenagens são muito


compactas, têm grande capacidade de carga e muito
boa durabilidade.

49
Funções do projeto de elementos de maquinas.

A função fundamental do projeto consiste na criação de um produto


(elementos de máquinas) que respondam às necessidades da
economia, que brindem o maior efeito econômico e respondam com
alta eficiência aos indicadores técnicos, econômicos e de exploração.

Requerimentos básicos para o projeto do Elementos de Maquina

As principais demandas exigem a construção de máquinas que


reúnam, entre outros, os seguintes requisitos:

 Grande durabilidade (Resistência).


 Reparáveis (Intercambiabilidade de seus elementos).
 Fácil tecnologia.
 Mínimo peso, volume e custo.
 Cômoda exploração.
50
 Adequada estética.
Propriedades dos materiais:
a) Homogêneos: considera-se que têm as mesmas propriedades em todos os
pontos em uma direção (madeira, concreto).

b) Isótropos: As mesmas propriedades em todos os pontos e todas as


direções. Metais

Homogêneo

1 A1 = A3 = B1 = B 3
4 2
A 3 1 A2 = A4 = B 2 = B 4
4 2
B 3 Isótropo

A1 = A2 = A3 = A4 = B 1 = B 2 = B3 = B4

51
Comportamento dos materiais

Corpo de
prova de um
material
DUCTIL FRÁGIL dúctil após
ruptura.

Comportamento dúctil.
Todos os materiais que permitam grandes deformações plásticas antes da
ruptura têm um comportamento dúctil. (exemplos: cobre, aço macio e
alumínio)

Comportamento frágil.
Os materiais que fraturam após uma pequena deformação plástica tem um
comportamento frágil (exemplo: aços de alta resistência, ferros fundidos).
Também existem materiais que fraturam sem deformação plástica,
apresentando um comportamento do tipo frágil, como é o caso do vidro 52
a
da pedra
Comportamento dúctil.

(Linha O-P) Região linear elástica:


Ocorre durante a fase inicial do ensaio,
em que  é proporcional a 
Atinge-se a certa altura a tensão limite
de proporcionalidade SP, a partir da
qual deixa de haver proporcionalidade
A área triangular situada abaixo do
diagrama, desde zero até SP é
designada por módulo de resiliência, e
representa a capacidade física do
material em absorver energia sem
deformações permanentes

Nesta região, quando a carga é retirada, o corpo de prova retorna ás suas


dimensões iniciais. A inclinação da reta O-P é definida pelo módulo de
elasticidade E.

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(Linha E-F) Domínio plástico:
Continuando a carregar o
material para além do ponto E, a
curva desvia acentuadamente da
linearidade. Entra-se então no
domínio plástico

(Ponto Y) Tensão de escoamento ou cedência: -Yield Stress- S Y ou Y ou Re):


E a habilidade do material resistir a uma deformação plástica e caracteriza o
inicio desta deformação.
Em alguns materiais, tais como aços macios, a tensão de escorregamento é
marcada por um ponto definido.
Em outros materiais onde o limite de proporcionalidade é menos acentuado,
é comum definir a tensão de escorregamento como a tensão necessária para
produzir uma pequena quantidade de deformação permanente (0,2%). 54
(Ponto U) Tensão máxima
(Ultimate or Tensile stress)(SU ou
U ou Rm):
E a maior tensão nominal que o
material pode suportar antes da
ruptura. E calculada dividindo a
carga máxima (Fmax) pela área
inicial do corpo de prova (Ao).

(Ponto F) Tensão de ruptura (Fracture stress)(S F ou f):

Alguns materiais apresentam uma curva decrescente após atingirem a tensão


máxima, ou seja, a partir do ponto U a carga decresce dando-se finalmente a
ruptura no ponto F.
Esta zona de U a F também é designada por zona de estricção e caracteriza-se
pelo fato de a deformação deixar de ser uniforme ao longo do corpo de prova
e concentrar-se numa determinada zona, ou seja, na zona de estrangulamento
da seção transversal do corpo de prova. O corpo de prova vai finalmente
romper por esta seção mais reduzida.
55
Comportamento frágil.

Para os materiais com


comportamento frágil, não existe
diferença entre Tenção de ruptura
e a Tensão final (u = f), além de
que a deformação até á ruptura é
muito menor do que nos materiais
dúctiles.

A figura mostra que a ruptura se dá numa superfície perpendicular


ao carregamento. Pode-se concluir daí que a ruptura dos materiais
frágeis se deve a tensões normais.

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Ensaio de tração em produtos acabados.

A melhor maneira para se determinar as propriedades mecânicas de um metal é


ensaiar um corpo de prova retirado da peça.

Importância da utilização de corpos de provas.

1- Facilidade de adaptação na máquina de ensaios.

2- Permite sempre a ruptura do material.

3- Permite o fácil cálculo das propriedades mecânicas.

4- Permite a comparação dos alongamentos e estricções.

5- Ausência de irregularidades nos corpos de provas que perderiam


afetar os resultados.

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Em materiais soldados. Pode-se retirar corpos de prova com a solda no meio,
mas o único valor que é registrado é a carga de ruptura.
Caso a solda seja mais resistente que o metal-base, usa-se nos projetos as
propriedades do metal base. Caso contrario usa-se as propriedades do material
da solda.

As chapas são geralmente ensaiadas por tração, retirando-se corpos de prova


padronizados.
Algumas chapas finas, entretanto podem ser ensaiadas diretamente, como por
exemplo, fitas de aço para embalagem.

Os tubos que podem ser fixados nas garras da máquina são ensaiados
diretamente. Para esses produtos, são inseridos mandris de aço mas
extremidades dos tubos.

As peças fundidas são em geral feitas juntamente com um tarugo fundido


anexo. Deste pode-se retirar o corpo de prova circular para o ensaio. Caso
contrario retira-se o corpo de prova da própria peça.
58
Cálculo de tensão admissível.
No dimensionamento de componentes mecânicos e peças a tensão atuante
() deve ser inferior à tensão admissível (ADM ou []), ou seja:

  []
A Tensão atuante deve ser determinada em cada caso, baseando-se nos
cálculos de resistência dos materiais (Disciplinas: Mecânica dos Sólidos I
e II).

A Tensão admissível é o máximo valor de tensão que o componente suporta


sem que haja a falha, considerando-se uma certa margem de segurança. A
tensão admissível é definida dividindo-se a tensão limite de falha pelo fator
de segurança (FS):

[] = lim
FS
59
Sabe-se que a tensão limite de falha:

Em materiais dúcteis submetidos a esforços


constantes é o limite de escoamento (Y).

Em materiais frágeis como ferro fundido, cerâmicos e


concretos, a tensão limite de falha é o limite de
resistência à tração ou tensão última (r).

Em componentes mecânicos submetidos a esforços


cíclicos, ou fadiga, a tensão limite de falha é o limite
de resistência à fadiga (SN), para a vida (N) desejada

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O Fator de Segurança (FS) deve ser determinado através de normas, com base
em projetos existentes, em indicações tabeladas em livros e/ou revistas
especializadas e, principalmente, na experiência do projetista. Os seguintes
fatores têm grande influência no valor do FS:
Material da Peça – Dúctil, frágil, homogêneo, especificações bem conhecidas,
etc.
Esforços atuantes na peça – Constante, variável, modo de aplicação bem
conhecida, sobrecargas possíveis, etc.

Perigo de vida.

Risco de dano do equipamento.

Características:
- O fator de segurança expressa a incerteza existente no projeto. Ele deve
refletir as incertezas dos modelos utilizados, das teorias de falhas usadas, das
propriedades mecânicas dos materiais, etc.
- O Fator de segurança é expresso como uma razão entre grandezas de
mesma natureza, sendo portanto adimensional.
- O fator de segurança será sempre maior ou igual à unidade. Fator de
segurança inferior a um significa a existência da falha 61
A determinação do FS pode ser auxiliada através da
utilização de sub-fatores a, b,c d, ou seja:
FS = a . b .c . d
a: Relação de elasticidade ............. a  1,5 a 2,0 para aços. a = u
y
b: Fator que considera o esforço atuante:
b = 1,0 – Carga constante;
b = 1,5 a 2,0 – Carga variável sem reversão;
b = 2,0 a 3,0 – Carga variável com reversão.

c: Fator que considera o modo de aplicação da carga:


c = 1,0 – Carga constante, gradualmente aplicada;
c = 2,0 – Carga constante, subitamente aplicada;
c > 2,0 – Choque.

d: Margem de segurança
d ˜1,5 a 2,0 - Materiais dúcteis;
d ˜2,0 a 3,0 - Materiais frágeis.
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Exemplos de Fatores de Segurança:

CORRENTES:...................FS ˜ 1,1 a 1,5


CORREIAS:.......................FS ˜ 1,1 a 1,8
CABOS DE AÇO
Guindastes, Escavadeiras e Guinchos:...................... FS ˜ 5,0
Pontes Rolantes:......................................................... FS ˜ 6,0 a 8,0
Elevadores de baixas velocidades (Carga):................ FS ˜ 8,0 a 10,0
Elevadores de altas velocidades (Passageiros):......... FS ˜ 10,0 a 12,0
AVIAÇÃO COMERCIAL:... FS ˜ 1,1 a 1,3.
AVIAÇÃO MILITAR:.......... FS ˜ 1,1

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Pode-se usar o Fator de Segurança de duas maneiras distintas no
dimensionamento de componentes:

a) Estimar o FS no início e determinar a tensão ou força admissível.

Exemplo: Um cabo de aço 6x37 (plow steel), diâmetro ½”, tem uma
carga de ruptura mínima efetiva igual a 104100 N.
Este cabo será usado em uma ponte rolante. Será usado FS = 7,0. A
força admissível será: Fadm = 104100/7,0 = 14871,4 N.

b) Determinar o FS no final e verificar se está adequado.

Exemplo: A tensão atuante em um cabo de aço de um elevador de


passageiros é de 1550 MPa.
O limite de resistência do cabo de aço (retirado de catálogo do
fabricante) é igual a 3880 MPa. FS = 3880/1550 = 2,50. Um FS=2,50 é
adequado para esta aplicação.

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Exemplo final de determinação do FS:
Uma barra cilíndrica de uma roldana que atuará em uma ponte rolante deve
ser fabricada com aço ABNT 1055 (U = 725 MPa; Y =485 MPa). A roldana
eleva uma carga de aproximadamente 20 kN, gradualmente aplicada.
Estimativa do fator de segurança: FS = a.b.c.d

a = r = 725/485 = 1,49
y
b ˜ 2,0 – Carga variando de zero até um máximo.

c ˜ 1,5 – Carga gradualmente aplicada.

d ˜ 1,5 – Condições de funcionamento conhecidas; material dúctil.

FS = 1,49 x 2,0 x 1,5 x 1,5 = 6,7

FS = 6,7
65
Códigos de Projetos e Associações técnicas:
Algumas associações de engenharia e/ou agências governamentais
desenvolveram códigos de projetos e/ou normas de aplicações
específicas. Alguns destes códigos são recomendações, outras têm valor
legal. Exemplos destes organismos:

•Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT


•American Gear Manufacturers Association – AGMA – Normaliza
dimensionamento de engrenagens.
•American Iron and Steel Institut – AISI – Normaliza aços.
•American Society of Testing and Materials – ASTM – Normaliza
propriedades mecânicas e ensaios de materiais.
•American Welding Society – AWS – Normaliza procedimentos e
propriedades de juntas soldadas.
•International Standard Organization – ISO – Normas técnicas variadas.
•American Society of Mechanical Engineers – ASME – Vários códigos de
projetos, principalmente vasos de pressão.
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