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Parte 8: Exposições Médicas em Radioterapia

Módulo 3 – Otimização da Proteção para Exposições Médicas

Aula 4: Considerações sobre Projeto de Equipamento

Dr. Luiz Antonio Ribeiro da Rosa - Pós-Graduação Lato Sensu - Radioproteção e Segurança de Fontes de Radiação
Objetivos

• Entender as considerações de projeto para equipamentos de


radioterapia.
• Entender os requisitos de segurança radiológica para
aceleradores lineares.
• Entender o conceito de barreiras primárias e secundárias.
• Aprender a calcular a espessura da barreira necessária para o
projeto da sala de teleterapia.
• Aprender as regras para transferência de fonte radioativa.

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Questões de Segurança Radiológica Relativas ao
Acelerador Linear

• Feixes com energia mais elevada (6-21 MV) requerem maior


espessura de blindagem.
• Os feixes devem ser monitorados, uma vez que podem mudar
devido a variações elétricas.
• A variação posicional do alvo, o filtro de achatamento, a folha
de espalhamento podem resultar na produção de um feixe
inadequado.
• Produção de nêutrons para feixes de fótons de alta energia.

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Considerações de Projeto
• Os equipamentos utilizados em exposições médicas devem
ser concebidos de forma que

 A falha de um único componente do sistema deve ser


prontamente detectada, ​de modo que qualquer
exposição médica não planejada do paciente seja
minimizada e

 A incidência de erro humano na entrega da exposição


médica não planejada ser minimizada.

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Prevenção de Falhas e Erros Humanos

• Levando em conta as informações fornecidas pelos fornecedores,


identificar falhas possíveis do equipamento e os erros humanos que
possam resultar em exposições médicas não planejadas;

• Tomar todas as medidas razoáveis ​para evitar falhas e erros, incluindo


a seleção de pessoal devidamente qualificado, o estabelecimento de
procedimentos adequados para a garantia da qualidade, a calibração e
a operação correta dos equipamentos terapêuticos e a disponibilidade
de procedimentos de treinamento apropriado e de retreinamento
periódico para o pessoal responsável pela operação, calibração e
manutenção dos equipamentos de tratamento, incluindo os aspectos
de segurança e de proteção.

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Planos de Resposta à Emergência

Tomar todas as medidas razoáveis ​para minimizar as consequências


de falhas e de erros que podem ocorrer, e

Desenvolver planos de contingência adequados para responder a


eventos que podem ocorrer

Exibir planos com destaque

E realizar periodicamente exercícios práticos.

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Segurança Liga/Desliga da Fontes

• O mecanismo de controle deve ser do tipo "falha na


segurança". Isto significa que a fonte irá retornar para a posição
fora de operação, em caso de:

 Final da exposição normal.

 Qualquer situação que fuja à normalidade.

 Qualquer interrupção da força mantenedora do mecanismo


de controle de feixe na posição de operação, por exemplo
falha de energia elétrica ou o fornecimento de ar
comprimido.

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Falha na Retração da Fonte – Emergência

• O pino mecânico conectado a frente da gaveta da fonte fica


visível quando feixe está em operação.

• A falha de retração da fonte é indentificada pela luz vermelha


acesa indicadora de feixe em operação e pelo alarme sonoro na
entrada da sala de tratamento.

• Os procedimentos devem estar disponíveis no console de


operação do irradiador.

Não desligue o equipamento ou pressione o botão de emergência.

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Retração Manual da Fonte para a Posição Fora de Operação

Barra T utilizada para empurrar a Técnico bem treinado!


fonte 60Co para posição fora de
operação em unidades Theratron.
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Normas de Manutenção (IEC e ISSO)

• Garantir com relação ao gerador de radiação e às fontes seladas

 O equipamento deve obedecer às normas aplicáveis ​da International


Electro technical Commission (IEC) e da ISO ou normas nacionais
equivalentes.

 As especificações de desempenho e as instruções de operação e


manutenção, bem como as instruções de proteção e segurança,
devem ser fornecidas em um idioma compreensível pelos usuários
do equipamento e em conformidade com a normas IEC ou ISO.

Traduzir para idioma local se necessário.

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Requisitos de Projeto para Geradores de Radiação em Radioterapia

• Assegure que

 Os geradores de radiação e instalações radiativas possuam


condições adequadas para a seleção, indicação confiável e
confirmação dos parâmetros de operação tais como.

 Tipo de radiação
 Energia
 Distância de tratamento (SSD)
 Tamanho de campo, orientação do feixe, tempo de
tratamento e determinação da dose.

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Requisitos de Projeto para Geradores de Radiação em Radioterapia

• Assegure que

 A instalação radiativa utilizando a fonte de radiação seja à


prova de falhas no sentido de que a fonte será
automaticamente blindada em caso de uma interrupção da
energia e continuará blindada até que o mecanismo de
controle do feixe seja reativado pelo painel de controle.

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Requisitos de Projeto para Geradores de Radiação em Radioterapia

• Tenha pelo menos dois sistemas independentes de segurança


que lhe permitam terminar a irradiação; e

• Tenha à disposição sistemas de segurança ou outros meios


projetados para evitar o uso clínico da máquina em condições
que não as selecionadas no painel de controle.

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Características de Segurança

• Áreas de Acesso Controlado


 Sala de controle
 Área de manuseio de
produtos

• Áreas de Acesso Restrito


Autorizado
 Sala do equipamento

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Características de Segurança

• Indicadores luminosos de
presença de radiação
 Entrada da sala do
irradiador
 Na entrada do labirinto

• Cronometragem dos processos

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Características de Segurança

• Portões e portas não autorizadas


 Detector de pressão
 Detector com célula foto-elétrica

• Existência de botões de desligamento de emergência.

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Observações

Quando o acelerador linear está desligado não há


radiação sendo emitida pelo equipamento.

Materiais radioativos não são utilizados para produzir


feixes de elétrons.
Teleterapia

O que foi irradiado não se torna radioativo.


Teleterapia com fótons e elétrons.

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Projeto de Salas de Teleterapia

Projeto de sala de
teleterapia

 Unidades de 60Co

 Aceleradores
lineares

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Vantagens de salas de tratamento com grandes dimensões

• A distância é uma blindagem eficiente.

• Possibilidade de realizar tratamentos especiais como TBI.

• Necessidade de espaço para o armazenamento de acessórios


e equipamentos de imobilização do paciente.

• Permite a instalação futura de irradiadores maiores e


geradores de feixes de maior energia – Possibilidade de
aumento da espessura da blindagem.

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Considerações de Projeto: Radioterapia com Feixe Externo

• Localização da unidade de tratamento.


 Direção do feixe primário
 Localização do operador
 Áreas vizinhas – baixa ocupação

• Custos
 Pode ser reduzido se o projeto é bom
 É interessante fazê-lo maior de modo a
permitir futuras expansões.

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Critérios de Projeto: Feixe Externo
Área de Tratamento

• Sinais indicativos claros são necessários no caminho que


conduz às unidades de tratamento.

• As salas de espera precisam estar localizadas de modo a


tornar improvável que pacientes, acompanhantes e visitantes
entrem nas áreas de tratamento acidentalmente.

• As áreas de troca dos pacientes devem estar localizadas de


modo a tornar improvável que estes entrem nas áreas de
tratamento acidentalmente.

• As portas das salas de tratamento devem estar dotadas de


intertravamento de segurança (Porta aberta – sem feixe) e
sinais luminosos de feixe em operação.

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Projeto de Salas para Aceleradores Lineares de Alta Energia

As portas das salas de tratamento


contendo aceleradores lineares de
As paredes de concreto podem ter alta energia podem ter 4
espessuras de 2 m. A espessura do teto polegadas de chumbo de
pode chegar a 2,7 m. espessura para blindar os raios x
e 6 polegadas de espessura de
polietileno para absorver o
nêutrons.
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Parâmetros de Blindagem
• Três fontes de radiação são consideradas no cálculo da
blindagem da sala de tratamento.

 Radiação primária (O feixe de raios-x)

 Radiação espalhada (pelo paciente)

 Radiação de fuga (Do cabeçote do irradiador)

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Cálculo de Blindagem

Isocentro

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Cálculo da Espessura da Barreira Primária
1. Estabelecer os valores de taxa de dose efetiva desejáveis para as
áreas ocupadas.

2. Estimar os valores de taxa de dose efetiva nas áreas ocupadas


como se não houvesse barreiras radiológicas.

3. Obter o fator de atenuação desejável para a blindagem


(espessura da barreira radiológica) de modo a reduzir o valor da
taxa de dose efetiva estimado no item 2 para o valor da taxa de
dose efetiva estabelecido no item 1.

Atenção – há casos em que a existência de nêutrons deve ser


considerada.

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Cálculo da Espessura da Barreira Primária
Dose Efetiva/ano = WUT/d2 Sv/ano

T – Fator de ocupação

W – Carga de trabalho

U – Fator de uso

d – Distância do ponto a ser protegido à fonte

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Cálculo da Espessura da Barreira Primária
T – Fator de ocupação

É a fração do tempo que uma determinada área que desejamos


proteger é ocupada por pacientes, trabalhadores ou membros do
público.

Varia de 1 (Áreas de trabalho) até 0,06 (banheiros e estacionamentos)

Exemplos de valores de T normalmente utilizados:

 Áreas de trabalho (Escritórios, sala da equipe médica, sala do físico


médico) – 1.
 Corredores – 0,25.

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Cálculo da Espessura da Barreira Primária
Carga de trabalho.

Clínica, Wclin

50 pacientes por dia, 3,3 Gy de dose no isocentro por paciente, 5 dias


de trabalho por semana, 52 semanas por ano.

Gy pac dia sem Gy


Wclin  3,3 x50 x5 x52  42900
pac dia sem ano ano

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Cálculo da Espessura da Barreira Primária
Carga de trabalho.

Física, Wfis

Gy
7100
ano

Total

Wtotal  Wclin  Wfis  5 x10 4 Gy / ano  103 Gy / sem

42900 Gy/ano 7100 Gy/ano 52 semanas


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Cálculo da Espessura da Barreira Primária

Barreiras radiológicas.

1. Barreira primária - Feixe primário.


2. Barreira secundária - Radiação espalhada e radiação de fuga.
3. Fator de uso U. Feixe primário – Teto (1/4), Lateral1 (1/4),
Chão (1/4) e Lateral2 (1/4). Barreiras secundárias, U=1.
4. Fator de ocupação T. Escritórios=1, corredores=1/4, salas de
espera=0,125.
5. HVL e TVL.
6. Fatores de transmissão – Bprim, Besp e Bf.
7. Materiais – Concreto (2,35g/cm3), concreto baritado
(3,2g/cm3), concreto de alta densidade (5g/cm3), aço
(7,9g/cm3) e chumbo (11,3g/cm3).

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Cálculo da Espessura da Barreira Primária

Cálculo da dose a 3 m do isocentro, considerando-se 2,5 Gy/paciente


no isocentro, U=1/4 e T=1. 30 pacientes por dia.

W=2,5x30x5x52=19500 Gy/ano (Em um caso real acrescentar Wfis )

Dose efetiva = WUT/d2 = 1,95x104 x0,25x1/9=542 Sv/ano

Fator de atenuação = Bprim =Hlim / WUT/d2=5x10-3 /542

Hlim = 5 mSv/ano

TVL = log (1/B) = 5,02

Espessura = TVL x Valor da TVL do material para a energia em questão

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Radiação Espalhada

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Radiação de Fuga

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Referências

• Basic Safety Standards


– Safety series No 115 IAEA publication
• Lecture Material of Lee Collins prepared for IAEA
• Lecture Material of Tomas Kron, Prepared for IAEA safety course
• Design and implementation of a radiotherapy programme: clinical, medical
physics, radiation protection and safety aspects - IAEA Tec Doc 1040
• ‘The Modern Technology of Radiation Oncology’
– Editor Jacob Van Dyk

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