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Produção Mecânica I

Professor: Rafael Franco Abreu.


Lima, roscas e serras.
Limar
• Quando você abre uma lata de sardinha com um abridor comum,
precisa tomar cuidado para não se cortar com os cantos e
rebarbas que se formam nesse processo de corte.
• Qualquer processo de corte tem como resultado mais ou menos a
mesma coisa: arestas, rebarbas, cantos vivos que, se não forem
retirados, poderão ocasionar acidentes, prejudicar o alinhamento,
o assentamento, o esquadrejamento da peça quando for
necessário fazer a traçagem e/ou a usinagem posterior. Como
resolver esse problema?
• Quando a empresa conta com um bom profissional, isso fica fácil,
pois existe uma operação que permite eliminar esses excessos de
material, mesmo que eles estejam em locais que uma máquina
não pode alcançar. É um processo predominantemente manual,
mas que eventualmente pode ser realizado com a ajuda de uma
máquina.
• Apesar do uso das máquinas-ferramenta garantir qualidade e
produtividade na fabricação de peças em grandes lotes,
existem ainda operações manuais que precisam ser
executadas em circunstâncias nas quais a máquina não é
adequada. É o caso da limagem, realizada pelo ferramenteiro
ou pelo ajustador e usada para reparação de máquinas,
ajustes diversos e trabalhos de usinagem na ferramentaria
para a confecção de gabaritos, lâminas, matrizes, guias,
chavetas.
• Como você já sabe, sempre que se realiza uma operação de
corte qualquer, o resultado quase inevitável é o aparecimento
de rebarbas que precisam ser retiradas. A limagem é a
operação que retira essa camada extra e indesejável de
material. Para isso, usa-se uma ferramenta chamada lima.
• A lima é uma ferramenta de aço temperado. Em suas faces
existem dentes cortantes que podem ser fresados ou
picados. O grau de dureza da lima varia entre 50 e 60 HRC.
A lima pode ser classificada por meio de várias características. Essas
informações estão resumidas no quadro a seguir:
Lima para Madeira
• Temos também um tipo de lima normalmente de aço
carbono, utilizada em madeira, que chamamos de “grosa”.

• Os diferentes tipos de picados determinam com sua escolha


a rugosidade da superfície da peça a ser trabalhada.
Limas Agulha
• Quanto ao picado e ao formato elas são semelhantes às
limas comuns:
Limas Rotativas
• Para trabalhar metal duro, pedra, vidro e matrizes em geral, e em
ferramentaria para a fabricação de ferramentas, moldes e matrizes em
geral, são usadas limas diamantadas, ou seja, elas apresentam o corpo
de metal recoberto de pó de diamante fixado por meio de um
aglutinante.
• Para simplificar a usinagem manual de ajustagem, rebarbamento e
polimento, usam-se as limas rotativas ou fresas-lima, cujos dentes
cortantes são semelhantes aos das limas comuns. São acopladas a um
eixo flexível e acionadas por meio de um pequeno motor. Apresentam
formatos variados, como mostra a ilustração a seguir.
Serrar Manual
• Serra manual é uma ferramenta manual composta
de um arco de aço ao carbono, onde deve ser
montada uma lâmina de aço rápido ou aço ao
carbono, dentada e temperada.
É utilizada para cortar material, abrir fendas e iniciar ou abrir
rasgos.
A lâmina de serra é caracterizada pelo comprimento, que
comumente mede 8”, 10” ou 12”, pela largura da lâmina, que
geralmente mede 1/2”, pelo número de dentes por polegada,
que em geral é de:

•1- 18 dentes por polegada, usada em materiais macios;


•2- 24 dentes por polegada, usada em materiais duros;
•3- 32 dentes por polegada, usada em materiais muito
duros e de pouca espessura.
A lâmina deve ser escolhida de acordo com:
1- O tipo de material da peça
2- A espessura do material que não deve ser menor que 2
passos de dentes.

Ângulos dos dentes da serra:

•Alfa = 38º

•Beta = 50º

•Gama = 2º
Roscar
• Todo mundo já viu uma rosca: ela está nas porcas e parafusos em
brinquedos, utensílios, máquinas. A operação que produz os
filetes de que a rosca é composta chama-se roscamento. O
roscamento produz uma rosca com formato e dimensões
normalizados.
• A rosca é uma saliência (filete) de seção uniforme (triangular,
quadrada, etc.), que se desenvolve com uma inclinação constante
em torno de uma superfície cilíndrica.
• Como a rosca pode ser interna (na porca) ou externa (no
parafuso), o roscamento também é chamado de interno ou
externo.
Sentido e direção do filete
O filete da rosca pode ter dois sentidos:

•Sentido à direita (olhando de frente, o filete é ascendente da


direita para esquerda).
Sentido e direção do filete
• Sentido à esquerda (o filete é ascendente da esquerda para
a direita).
Abertura de roscas internas
• Para abrir roscas internas utilizamos “machos”, que são
ferramentas de corte, construídos de aço especial, com
rosca similar a um parafuso com três ou quatro ranhuras
longitudinais.
• O macho de desbaste, n.º 1, corta cerca de 55% do material
a ser cortado.
• O macho de pré-acabamento, n.º 2, corta mais 25% do
material a ser cortado.
• O macho de acabamento, n.º 3, corta os 20% restantes do
material, conferindo à rosca o seu perfil final.
A figura a seguir ilustra o que foi dito.

• Os machos precisam ser usados em ordem de numeração


(1º, 2º e 3º). Somente o 3º nos dá a medida exata da rosca.

• Os jogos de machos de roscas para tubos geralmente são


de dois machos para roscas paralelas e um único macho
quando se trata de roscas cônicas.
Relação de diâmetros das roscas
d=D–P
Onde:
d = diâmetro do furo
D = diâmetro nominal da rosca
P = Passo
Características dos machos
• Sistema de roscas (whitworth, UNC, métrica, etc.).

• Aplicação (conforme o material e espessura da peça).

• Passo ou número de filetes por polegada.

• Diâmetro externo (diâmetro nominal).

• Diâmetro da espiga (conforme profundidade do furo).

• Sentido da rosca (esquerda ou direita).


Tabela de furação para abertura de roscas – Rosca métrica normal

Diâmetro Passo Broca Diâmetro Passo Broca


Nominal mm mm Nominal mm mm

1,6 0,35 1,25 20 2,5 17,5


1,8 0,35 1,45 22 2,5 19,5
2 0,4 1,6 24 3 21
2,2 0,45 1,75 27 3 24
2,5 0,45 2,05 30 3,5 26,5
3 0,5 3,5 33 3,5 29,5
3,5 0,6 2,9 36 4 32
4 0,7 4,3 39 4 35
5 0,8 4,2 42 4,5 37,5
6 1 5 45 4,5 40,5
8 1,25 6,75 48 5 43
10 1,5 8,5 52 5 47
12 1,75 10,25 56 5,5 50,5
14 2 12 60 5,5 54,5
16 2 14 64 6 58
18 2,5 15,5 68 6 62
Tabela de furação para abertura de roscas – Rosca sistema americano
NC Normal – NF fina
Número de fios Brocas Número de fios Brocas
Diâmetro Diâmetro
Nominal Nominal
em em
NC NF Polegada mm NC NF Polegada mm
Polegada Polegada

12 - 31/64 12,2
1/16 64 - 3/64 1,2 9/16
- 18 33/64 12,9
11 - 17/32 13,5
3/32 48 - 5/64 1,85 5/8
- 18 37/64 14,5
11 - 19/32 15,1
1/8 40 - 3/32 2,54 11/16
- 16 5/8 15,8
32 - 1/8 3,2 10 - 21/32 16,5
5/32 3/4
- 36 1/8 3,25 - 16 11/16 17,4
24 - 9/64 3,7 9 - 49/64 19,4
3/16 7/8
- 32 5/32 4 - 14 13/16 20,4
24 - 11/64 4,5 8 - 7/8 22,2
7/32 1
- 28 3/16 4,65 - 14 15/16 23,5
20 - 13/64 5,1 7 - 63/64 25
1/4 1 1/8
- 28 7/32 5,4 - 12 1 3/64 26,5
18 - 1/4 6,5 7 - 1 7/64 28,2
5/16 1 1/4
- 24 17/64 6,9 - 12 1 11/64 29,5
16 - 5/16 7,9 6 - 1 13/64 31
3/8 1 3/8
- 24 21/64 8,5 - 12 1 19/64 33
14 - 23/64 9,3 6 - 1 11/32 34
7/16 1 1/2
- 20 25/64 9,8 - 12 1 27/64 36
13 - 27/64 10,5
1/2
- 20 29/64 11,4
Tabela de furação para abertura de roscas – Sistema inglês
BSW Whitworth grossa - BSF Whitworth fina
Número de fios Brocas Número de fios Brocas
Diâmetro Diâmetro
Nominal Nominal
em BSW BSF Polegada mm em BSW BSF Polegada mm
Polegada Polegada

12 - 27/64 10,6
1/16 60 - 3/64 1,17 1/2
- 16 7/16 11,1
12 - 31/64 12,2
3/32 48 - 5/64 1,85 9/16
- 16 1/2 12,7
11 - 17/32 13,5
1/8 40 - 3/32 2,54 5/8
- 14 9/16 14,1
11 - 19/32 15,1
5/32 32 - 1/8 3,2 11/16
- 14 5/8 15,7
10 - 21/32 16,5
3/16 24 - 9/64 3,7 3/4
- 12 43/64 17
9 - 49/64 19,4
7/32 24 - 11/64 4,5 7/8
- 11 25/32 20
20 - 13/64 5,1 8 - 7/8 22,2
1/4 1
- 26 7/32 5,4 - 10 29/32 22,9
7 - 63/64 25
9/32 26 - 1/4 6,2 1 1/8
- 9 1 1/64 25,8
18 - 1/4 6,5 7 - 1 7/64 28,2
5/16 1 1/4
- 22 17/64 6,8 - 9 1 9/64 29
16 - 5/16 8 6 - 1 13/64 31
3/8 1 3/8
- 20 21/64 8,3 - 8 1 1/4 31,8
14 - 23/64 9,3 6 - 1 11/32 34
7/16 1 1/2
- 18 25/64 9,7 - 8 1 3/8 35
Tabela de furação para abertura de roscas – Rosca americana para
tubos N.P.T. cônica – N.P.S. paralela

Broca Broca
Diâmetro Número N. P. T. N. P. S.
Nominal de
em Polegada fios
Polegada mm Polegada mm

1/8 27 - 8,5 11/32 8,8


1/4 18 7/16 11,2 7/16 11,2
3/8 18 37/64 14,5 37/64 14,7
1/2 14 45/64 18 23/32 18,3
3/4 14 29/32 23 59/64 23,5
1 11 1/2 1 9/64 29 1 5/32 29,5
1 1/4 11 1/2 1 31/64 38 1 1/2 38,1
1 1/4 11 1/2 1 47/64 44 1 3/4 44,5
2 11 1/2 2 13/64 56 2 7/32 56,4
Tabela de furação para abertura de roscas – Rosca inglesa para tubos
BSPT cônica – BSP paralela

Broca Broca
Diâmetro Número BSPT BSP
Nominal de
em Polegada fios
Polegada mm Polegada mm

1/8 28 21/64 8,3 - 8,8


1/4 19 7/16 11 15/32 11,8
3/8 19 37/64 14,5 39/64 15,3
1/2 14 45/64 18 3/4 19
3/4 14 59/64 23,5 31/32 24,5
1 11 1 5/32 29,5 1 13/64 30,5
1 1/4 11 1 31/64 38 1 35/64 39,3
1 1/2 11 1 47/64 44 1 49/64 45
1 3/4 11 1 31/32 50 2 1/64 51,1
2 11 2 13/64 56 2 1/4 57
• Para realizar o roscamento interno manualmente, utiliza-se o desandador. Seu
comprimento varia de acordo com o diâmetro do macho.

• Para furos com diâmetro menor que 5 mm, deve-se usar um desandador muito leve para
que se possa “sentir” melhor as “reações” do metal. Deve-se também retirar e limpar
freqüentemente o macho.

• Para furos de difícil acesso, onde não for possível uso de desandador, utiliza-se uma
extensão chamada de desandador T.
Abertura de roscas externas
• Toda porca quer um parafuso. A operação que produz o
parafuso é o roscamento externo, que consiste em obter
filetes na superfície externa de peças cilíndricas. Serve
também para a abertura de roscas externas em tubos.

• Para abrirmos roscas externas necessitamos de uma


ferramenta chamada “cossinete” ou “tarraxa”.
Cossinetes
• São ferramentas de corte construídas de aço especial, com
rosca temperada e retificada, semelhante a uma porca, com
cortes radiais dispostos convenientemente em torno de um
furo central. Os cossinetes possuem quatro ou mais furos,
que formam as suas partes cortantes e permitem a saída do
cavaco. Geralmente possuem um corte no sentido da
espessura, que permite regular a profundidade de corte. O
cossinete é utilizado para abrir roscas externas em peças
cilíndricas, tais como: parafusos, tubos, etc.
Características dos cossinetes
Os cossinetes se caracterizam pelos seguintes elementos:

•Sistema de roscas.
•Passo ou n.º de filetes por polegada
•Diâmetro nominal da rosca
•Sentido da rosca

A escolha do cossinete está vinculada a essas características.


Para realizar o roscamento externo manualmente, utiliza-se o
porta-cossinete. Seu comprimento varia de acordo com o
diâmetro do cossinete.
O roscamento externo manual, como já foi dito, consiste em
abrir rosca na superfície externa de peças cilíndricas com o
uso de uma ferramenta chamada de cossinete, por meio de um
movimento circular alternativo (vaivém). Essa operação
consiste das seguintes etapas:
1- Preparação do material: deve-se conferir o diâmetro do
material a ser roscado. O diâmetro ideal para essa operação é
obtido aplicando-se a fórmula a seguir:
Para facilitar o início da operação, a ponta da peça cilíndrica
deve ser chanfrada.

2- Marcação do comprimento da rosca.

3- Seleção do cossinete considerando o diâmetro do material e


o passo (ou número de filetes) da rosca.

4- Seleção e montagem do porta-cossinete, considerando o


diâmetro externo do cossinete.
5- Fixação da peça usando um mordente em forma de “V” para
evitar que a peça gire.

6- Abertura da rosca: iniciar a rosca girando o cossinete no


sentido horário, fazendo pressão. Após a abertura de dois ou
três filetes, continuar com movimentos alternativos: a cada
volta, voltar no sentido anti-horário para a quebra do cavaco.
Para facilitar a operação, deve-se aplicar fluido de corte.
7- Verificação da rosca com um calibrador de rosca. Para isso,
retira-se o cossinete, girando-o no sentido anti-horário. Em
seguida, limpa-se a rosca com um pincel para retirar os
cavacos. Repassar se necessário.
Atividades
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