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Sophia de Mello Breyner Andresen

Sophia de Mello Breyner Andresen


nasceu no Porto a 6 de Novembro de 1919
(e faleceu, em Lisboa, a 2 de Julho de
2004). Frequentou o curso de Filologia
Clássica, na Faculdade de Letras da
Universidade de Lisboa (1936-39), no qual
aprofundou a sua admiração pela
civilização e cultura gregas - aliás,
referências muito presentes na sua obra.

Em 1944 - ano em que fez 25 anos - publicou o


primeiro volume poético, intitulado «Poesia». Dois
anos mais tarde, casa-se com Francisco Sousa
Tavares, advogado, jornalista e político. Foi mãe de
cinco filhos: Maria, uma missionária laica, Isabel
Sofia, professora universitária de Letras, Miguel,
um advogado e jornalista de renome, Francisco
Xavier, pintor e ceramista e Sofia, terapeuta
ocupacional.

Sophia e os seus cinco filhos


O reconhecimento da
influência do activismo político do
marido é descrito, em forma de
dedicatória, no volume «Contos
exemplares» (1962) - "Para o
Francisco, que me ensinou a
coragem e a alegria do combate
desigual".

Sophia teve uma actuação


cívica relevante antes e depois do
25 de Abril, na oposição ao regime
de Salazar e na defesa das liberdades: foi co-fundadora da Comissão
Nacional de Socorro aos Presos Políticos, presidente da Assembleia-
geral da Associação Portuguesa de Escritores e, após a Revolução,
deputada à Assembleia Constituinte.

Foi agraciada com várias distinções literárias: Prémio Camões


(1999), Prémio Max Jacob de Poesia (2001) e Prémio Rainha Sofia de
Poesia Ibero-Americana (2003).

Embora seja mais conhecida do grande público como autora de


contos infantis - incluídos nos currículos escolares -, a sua obra é
extensa e diversificada. Vai da poesia à da ficção, passando pelo
ensaio, textos para teatro e tradução.
Sophia de Mello Breyner, 1964 “ É uma fotografia, já exposta com os carrinhos do Miguel
(Sousa Tavares) no parapeito da janela.

Estátua de Sophia no Parque dos


Poetas em Oeiras, Lisboa.
O contacto com a Natureza marcou profundamente a obra de
Sophia. Para a poeta era um exemplo de liberdade, beleza, perfeição
e de mistério e é largamente citada na sua obra, quer pelas alusões à
terra (árvores, pássaros, o luar), quer pelas referências ao mar
(praia, conchas, ondas).

ATLÂNTICO
Mar
Metade da minha alma é feita de maresia.

Esta foi a casa, na praia da Granja,


onde Sophia passou férias e escreveu
alguns dos seus livros infantis.

“A Granja é o sítio do mundo que eu mais gosto. Há aqui qualquer alimento secreto”
Desenho a grafite de Carlos Botelho

“A POESIA ESTÁ NA RUA” (Palavra de ordem


lançada por Sophia no 1º de Maio de 1974)

Pintura de Maria Helena Vieira da Silva


“ Minha querida filha, minha rica,
chegaram aqui os seus versos,
guardei um livro para mim que li e
reli. Acho tudo tão lindo, dormi
com o livrinho debaixo do meu
travesseiro. Fiquei tão
emocionada! (...) Não sei que mais
hei-de dizer. Custou -me tanto a
habituar -me à ideia de ter uma
filha Poeta, não esperava nada que
isso me acontecesse mas agora já
sei como é, já compreendo tudo.
(...)", escrevia a mãe de Sophia
de Mello Breyner
Andresen no dia 2 de
Agosto de 1944, numa
carta enviada à
filha a propósito da
publicação de
"Poesia", o seu
primeiro livro . “

Esta é uma das cartas que fazem parte do espólio da escritora (1919-
2004), doado pela família à Biblioteca Nacional de Portugal (BNP).
SOPHIA

Da lusitana antiga fidalguia


um dizer claro e justo e franco
uma concreta e certa geometria
uma estética do branco
debruado de azul.

Sua escrita é de nau e singradura


e há nela o mar o mapa a maravilha.

Sophia lê-se como quem procura


a ilha sempre mais ao sul.

Manuel Alegre

Sinónimo absoluto de poesia

Dizemos «Sophia» como se esta palavra fosse sinónimo


absoluto de poesia.
Dizemos «Sophia» e a nossa memória enche-se do som que
as palavras têm.
Dizemos «Sophia» e de repente o ar é límpido, as águas
transparentes, há sempre uma casa na falésia e o sol faz
rebentar o calor na cal das paredes.
Dizemos «Sophia» e todas as flores e todos os peixes têm
nome, e as crianças tornam-se mais ricas quando os
encontram. Dizemos «Sophia» e não precisamos de dizer
mais nada.

Alice Vieira
Obras:
Infanto-Juvenil
Teatro

Obra poética de Sophia reunida


num único tomo.
É composto por cinco contos -- "História da Gata Borralheira",
"O Silêncio", "A Casa do Mar", "Saga" e "Vila d'Arcos" -- que nos
transportam para o universo da infância. Cada um deles tem uma
harmonia própria que vive de alargadas descrições, de personagens
encantadas e de metáforas expressivas.

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