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PR

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

CAMPUS DE CURITIBA

DEPARTAMENTO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

E DE MATERIAIS - PPGEM

LEANDRO ANDRADE PEGORARO

DESENVOLVIMENTO DE FATORES DE
CARACTERIZAÇÃO PARA TOXICIDADE HUMANA
EM AVALIAÇÃO DO IMPACTO DO CICLO DE VIDA
NO BRASIL

CURITIBA

FEVEREIRO – 2008
LEANDRO ANDRADE PEGORARO

DESENVOLVIMENTO DE FATORES DE
CARACTERIZAÇÃO PARA TOXICIDADE HUMANA
EM AVALIAÇÃO DO IMPACTO DO CICLO DE VIDA
NO BRASIL

Dissertação apresentada como requisito parcial


à obtenção do título de Mestre em Engenharia,
do Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Mecânica e de Materiais, Área de
Concentração em Engenharia de Manufatura,
do Departamento de Pesquisa e Pós-
Graduação, do Campus de Curitiba, da
UTFPR.

Orientador: Profª. Cássia Maria Lie Ugaya,


Drª.

CURITIBA

FEVEREIRO – 2008
TERMO DE APROVAÇÃO

LEANDRO ANDRADE PEGORARO

DESENVOLVIMENTO DE FATORES DE
CARACTERIZAÇÃO PARA TOXICIDADE HUMANA
EM AVALIAÇÃO DO IMPACTO DO CICLO DE VIDA
NO BRASIL

Esta Dissertação foi julgada para a obtenção do título de mestre em engenharia,


área de concentração em engenharia de manufatura, e aprovada em sua forma final
pelo Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica e de Materiais.

_________________________________
Prof. Neri Volpato, Ph.D.
Coordenador de Curso

Banca Examinadora
______________________________ ______________________________
Prof. Cássia Maria Lie Ugaya, Drª. Prof. Sebastião Roberto Soares, Dr.
(UTFPR) (UFSC)

______________________________ ______________________________
Prof. Júlio César R. Azevedo, Dr. Prof. Milton Borsato, Dr. Eng.
(UTFPR) (UTFPR)

Curitiba, 21 de Fevereiro de 2008


iii

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da UTFPR – Campus Curitiba

P376d Pegoraro, Leandro Andrade


Desenvolvimento de fatores de caracterização para toxicidade humana em
avaliação do impacto do ciclo de vida no Brasil / Leandro Andrade Pegoraro.
Curitiba. UTFPR, 2008
XV, 87 f. : il. ; 30 cm

Orientadora: Profª. Drª. Cássia Maria Lie Ugaya


Dissertação (Mestrado) Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Pro-
grama de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica e de Materiais. Curitiba,
2008
Bibliografia: F. 79 – 87

1. Meio ambiente – Pesquisa. 2. Ciclo de vida. I. Ugaya, Cássia Maria


Lie, orient. III. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Programa de
Pós-Graduação em Engenharia Mecânica e de Materiais. III. Título.

CDD: 333.7072
iv

Dedico todo o esforço aqui depositado


aos meus pais queridos que eu tanto amo
Angelo e Dirce.
v

AGRADECIMENTOS

A Deus pela sua presença intensa na minha vida.

A minha orientadora Professora Cássia Maria Lie Ugaya por toda paciência,
dedicação, exemplo e pela confiança no meu trabalho.

Aos amigos e companheiros de mestrado Rafael e André pela amizade e


convivência durante esse período no mestrado, bem como aos professores,
colaboradores e demais colegas do PPGEM e a Instituição UTFPR.

Aos amigos Natalício Ferreira Leite do TECPAR e Professora Lívia Mari Assis
da UTFPR por toda ajuda prestada.

As amigas Raffaella e Ana Lang pelo incentivo, sincera amizade e ajuda.

Aos amigos Liliane, Ivandro, Cid, Rúbia, Salgado, Carla, Yara e Roso do
Laboratório de Metrologia e Qualidade da UTFPR pelos ótimos momentos de
convivência.

A todo pessoal do Grupo de ACV da UTFPR.

A todos os amigos do TECPAR, em especial ao Alexandre, Éder, Lorena e


Amanda pelo apoio, preocupação e amizade.

A toda Família Pegoraro em especial aos meus pais: Angelo e Dirce, meus
irmãos: Gustavo, Adriana, Ana Paula e Thiago, aos pequenos: Gabriel, Paola e
Tales, à Tia Aleni, Tio Vitto, Tia Keka, às primas: Fabíola, Flávia, Fernanda e
Fabiana, pela ótima estrutura familiar, preocupação, torcida e apoio incondicional
que sempre me deram.

A todos os meus demais amigos e amigas, os quais eu não listarei para não
correr o risco de esquecer de ninguém.

Ao pesquisador da Embrapa Meio Ambiente Lourival Costa Paraíba pelo


fornecimento de material de pesquisa.
vi

Todo pedido é atendido por Deus por que ele é graça em


pessoa, toda graça, sempre graça, mais isso para nada serve se
a gente ficar de braços cruzados, porque Deus atende em forma
de Aliança e não de quebra-galho.
(Frei Ovídio Zanini)
vii

PEGORARO, Leandro Andrade. Desenvolvimento de Fatores de Caracterização


para Toxicidade Humana em Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida No Brasil,
2008, Dissertação (Mestrado em Engenharia) - Programa de Pós-graduação em
Engenharia Mecânica e de Materiais, Universidade Tecnológica Federal do Paraná,
Curitiba, 103p.
RESUMO

A Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) é uma metodologia empregada para avaliar o


desempenho ambiental de um dado produto, processo e ou atividade econômica,
pois considera uma grande quantidade de aspectos ambientais desde a extração
dos recursos naturais até o retorno dos mesmos ao meio ambiente. A fase de
Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida (AICV) na ACV é uma das mais importantes
para a interpretação dos resultados da ACV. É realizada mediante o uso de métodos
de avaliação (ou caracterização), os quais consideram os impactos ambientais
globais e ou relativos a regiões específicas, a exemplo da Europa, EUA e Japão. Por
isso, estes modelos não refletem necessariamente a situação do Brasil. Neste
contexto, o objetivo deste trabalho foi desenvolver um método para o cálculo de
fatores de caracterização a serem utilizados na AICV realizada no Brasil. Este
modelo proposto contemplou a categoria de impacto Toxicidade Humana que está
ligada a potencialidade cancerígena e não cancerígena das substâncias químicas
relacionadas a todo o ciclo de vida de um determinado produto, processo e ou
atividade. O modelo desenvolvido contou com a determinação de fatores de
caracterização, calculados com base no modelo Suíço IMPACT 2002, o qual foi
adotado como referencial metodológico. No cálculo dos fatores de caracterização
foram descritas: a maneira de calcular o destino ambiental dos poluentes nos
compartimentos ambientais solo, ar, água e vegetação; as rotas de exposição (ar,
água e alimentos) as frações de ingresso e dose de efeito (testes toxicológicos).
Para verificar a viabilidade do modelo, foram obtidos os fatores de caracterização
para uma substância cancerígena (hexaclorobenzeno) e outra não cancerígena
(naftaleno) em uma situação fictícia, contudo, utilizando dados mais próximos
possíveis à realidade brasileira. O modelo mostrou a viabilidade do desenvolvimento
de fatores de caracterização para outras substâncias químicas para o Brasil.
Palavras-chave: Avaliação do Impacto, Ciclo de Vida, Toxicidade Humana.
viii

PEGORARO, Leandro Andrade. Desenvolvimento de Fatores de Caracterização


para Toxicidade Humana em Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida No Brasil,
2008, Dissertação (Mestrado em Engenharia) - Programa de Pós-graduação em
Engenharia Mecânica e de Materiais, Universidade Tecnológica Federal do Paraná,
Curitiba, 103p.

ABSTRACT

The Life Cycle Assessment (LCA) is a tool used to evaluate the environmental
performance of a given product, process or economic activity, since it considers
various environmental aspects from the extraction of natural resources to return the
same to the environment. The stage for the Life Cycle Impact Assessment (LCIA) in
the LCA is one of the most important for the interpretation of the results of the LCA. It
is done through the use of evaluation methods (or characterization), which consider
environmental impacts and global or relating to specific regions, like in Europe, USA
and Japan. Therefore, these models do not necessarily reflect the situation in Brazil.
In this context, the objective of this study was to develop a method for the calculation
of factors to be used in characterization LCIA held in Brazil. This proposed model
included the category of Human Toxicity impact, which takes into account the
potential carcinogenic and non-carcinogenic chemicals related to the entire life cycle
of a product, process, or activity. The model developed included the determination of
characterization factors, calculated based on the Swiss model IMPACT 2002, which
was adopted as methodological reference in this work. In the calculation of the
characterization factors were described: a way to calculate the environmental fate of
pollutants in environmental compartments soil, air, water and vegetation; the intake
fractions; the exposure route (production and consumption of food) and dose-effect.
To check the validity of the model were obtained from the characterization factors for
carcinogenic and non-carcinogenic for a situation in a fictitious, however, using data
closer to reality Brazilian possible. This model showed the feasibility of developing
the characterization factors for other substances to Brazil, however, demanding a
large amount of data to be collected.
Keywords: Impact Assessment, Life Cycle, Human Toxicity
ix

SUMÁRIO

RESUMO.......................................................................................................................... vii
ABSTRACT...................................................................................................................... viii
LISTA DE FIGURAS........................................................................................................ xi
LISTA DE TABELAS........................................................................................................ xii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS........................................................................... xiv

1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 1
1.1 Justificativa......................................................................................................... 5
1.2 Objetivo Geral..................................................................................................... 11
Objetivos específicos.......................................................................................... 11
1.3 Estrutura da Dissertação.................................................................................... 11

2 MÉTODOS DE CARACTERIZAÇÃO PARA A FASE DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO


DO CICLO DE VIDA (AICV)..................................................................................... 13
2.1 Categorias de Impacto........................................................................................ 20
2.2 Características de Alguns Métodos de AICV...................................................... 22
2.3 Toxicidade Humana............................................................................................ 24
2.4 Destino Ambiental dos Poluentes entre os Compartimentos Ambientais........... 29
2.5 Ingresso e Exposição a substâncias químicas................................................... 30
Coeficiente de partição octanol - água Kow........................................................ 33
2.6 Efeito................................................................................................................... 34

3 METODOLOGIA............................................................................................................ 35
3.1 Pesquisa da produção agrícola e de criação, abate de animais, consumo e
comercialização de alimentos e no Brasil........................................................... 37
3.2 Modelagem do destino ambiental no contexto Brasileiro................................... 37
x

3.3 Definição da natureza dos compartimentos ambientais no contexto Brasileiro


para aplicação nos cálculos de fugacidade......................................................... 44
3.4 Estrutura da Metodologia para Exposição Humana........................................... 45
Taxas de ingresso direto.................................................................................... 48
Taxas de ingresso indireto................................................................................. 49
Bioacumulação na cadeia alimentar humana..................................................... 52
3.5 Cálculo da Fração de Ingresso para os poluentes Hexaclorobenzeno e
Naftaleno.......................................................................................................... 55
3.6 Determinação dos Fatores de caracterização de acordo com a proposta do
método IMPact Assessment of Chemical Toxics (IMPACT 2002)...................... 55
Toxicidade humana (cancerígenos e não cancerígenos)................................... 55

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES................................................................................ 59
4.1 Resultado da pesquisa da produção agrícola, criação e abate de animais,
consumo e comercialização de alimentos no Brasil............................................ 59
4.2 Modelagem do destino ambiental utilizando o conceito de fugacidade nível I... 64
4.3 Exposição Humana............................................................................................. 68
4.4 Cálculo dos Fatores de Caracterização.............................................................. 73

5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES...................................................................... 77

REFERÊNCIAS................................................................................................................ 79
xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 – Fases de uma ACV................................................................................. 2


Figura 1.2 – Regiões Hidrográficas do Brasil.............................................................. 8
Figura 1.3 – Biomas Brasileiros.................................................................................. 9
Figura 1.4 – Mapa Geopolítico Brasileiro.................................................................... 10
Figura 2.1 – Estruturação de trabalho da AICV integrando as categorias de ponto
médio e ponto final (dano)......................................................................... 17
Figura 2.2 - Ilustração das rotas de exposição humana............................................. 32
Figura 3.1 - Etapas da metodologia para o cálculo dos fatores de caracterização 36
com base no método IMPACT 2002..........................................................
xii

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Classificação de acordo com os pontos fortes e fracos dos métodos de
avaliação de impacto conforme 9 critérios escolhidos de forma geral e
ordenados de modo que o modelo sugerido mostre as inter-relações
entre os critérios avaliados........................................................................... 18
Tabela 2.2 - Exemplos de categorias de impacto em alguns métodos de AICV........... 21
Tabela 2.3 - Características de alguns métodos para a AICV....................................... 22
Tabela 2.4 - Caminhos ou rotas de exposição a poluentes que os seres humanos
estão sujeitos................................................................................................ 31

Tabela 3.1 - Propriedades físicas e químicas do Hexaclorobenzeno e Naftaleno......... 43


Tabela 3.2 - Parâmetros físicos...................................................................................... 43
Tabela 3.3 - Dimensões do cenário ambiental adotado para o cálculo da fugacidade
das substâncias químicas avaliadas num contexto Brasileiro 45
Tabela 3.4 - Valores médios de ingestão de alimento, água, solo, inalação de ar e
conteúdo de gordura na carne por espécie animal...................................... 50
Tabela 3.5 - Parâmetros de exposição para o Brasil para aplicação nas Equações de
cálculo do ingresso humano......................................................................... 52

Tabela 4.1 - Produção, importação, exportação, e uso interno, segundo os principais


produtos das lavouras temporárias, permanentes e leguminosas
(Produção Exposta) - Brasil 2005................................................................ 60
Tabela 4.2 - Produção, importação, exportação, e uso interno, segundo os principais
produtos das lavouras temporárias, permanentes e produção de cereais,
leguminosas e oleaginosas (Produção Não Exposta) - Brasil
2005.............................................................................................................. 61
Tabela 4.3 - Dados de produção, importação, exportação e disponibilidade interna e
per capita de carnes, ovos, leite e peixe de água doce no Brasil em
2005.............................................................................................................. 62
Tabela 4.4 - Produção, importação, exportação, e uso interno de carnes, ovos, peixe
xiii

de água doce e leite e derivados - Brasil 2005............................................ 63


Tabela 4.5 - Quantidade identificada de animais de criação no Brasil em 2005........... 64
Tabela 4.6 - Cálculo da capacidade de fugacidade (Z) em cada compartimento
ambiental...................................................................................................... 65
Tabela 4.7 - Resultados dos cálculos de fugacidade nível I, concentração e
quantidade de cada poluente em cada compartimento ambiental............... 66

Tabela 4.8 - Distribuição percentual (%) do hexaclorobenzeno e naftaleno nos


compartimentos ambientais aplicando-se o conceito de fugacidade nível
I..................................................................................................................... 67

Tabela 4.9 - Fatores de Biotransferência dos contaminantes hexaclorobenzeno e


naftaleno para os substratos ou rotas de exposição (e).............................. 68
Tabela 4.10 - Fatores de Bioacumulação (BAFn,e) do compartimento (n) para o
substrato ou rota de exposição (e), para os contaminantes
hexaclorobenzeno e naftaleno..................................................................... 69
Tabela 4.11 - Resultados dos cálculos das taxas de ingresso diretos dos meios ou
compartimentos ambientais (n).................................................................... 70
Tabela 4.12 - Resultados dos cálculos das taxas de ingresso indiretos dos meios ou
compartimentos ambientais (n) a partir das rotas ou substratos de
exposição (e)................................................................................................ 71
Tabela 4.13 - Concentração dos contaminantes hexaclorobenzeno e naftaleno em
kg m-3 nos compartimentos ambientais considerados................................. 72
Tabela 4.14 - Resultados dos cálculos do Ingresso Humano Cumulativo dos
contaminantes hexaclorobenzeno e naftaleno pela inalação e ingestão
direta e indireta dos compartimentos ambientais ar, água, solo, produção
exposta, e produção não exposta (vegetação)............................................ 72
Tabela 4.15 - Resultados dos cálculos das Frações de Ingresso (iF) para os
contaminantes hexaclorobenzeno e naftaleno, para serem utilizados no
cálculo dos fatores de caracterização.......................................................... 73
Tabela 4.16 - Fatores de caracterização calculados e parâmetros utilizados................. 74
xiv

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ρcaule - Densidade do caule (em kg m-3)

ρfolha - Densidade da folha (em kg m-3)

ρraiz - Densidade da raiz (em kg m-3)

ρsolo - Densidade do solo (kg m-3)

ρn - Densidade do meio (n) (kg mn -3)

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas


ACV - Avaliação de Ciclo de Vida
ADI - Acceptable Daily Intakes (Ingresso Diário Aceitável).
AICV - Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida
BAFne - Fator de Bioacumulação (ou Bioconcentração) do compartimento (n)
para o substrato (e) (kgn kge-1)
BTF - Fator de Biotransferência
Ce - Concentração no substrato de exposição (kg kgn-1)
Cn - Concentração ambiental no meio ou compartimento (n) (kg m-3)
DALY - Disability-Adjusted Life Years (Anos de Vida Perdidos Ajustados por
Incapacidade)
DBO - Demanda Bioquímica de Oxigênio
DQO - Demanda Química de Oxigênio
e - Substrato ou rota de exposição
ED10h - Dose de Efeito 10%
EPS - Environmental Priority Strategies in product design
f - Fugacidade do poluente no compartimento (Pa).
F - Fração de ingestão do meio, que pode ser eventualmente ingerido.
(adimensional)
GWP - Global Warming Potential (Potencial de Aquecimento Global)
xv

H - Constante de Henry (Pa m3 mol-1)

HDF - Human Damage Factor (Fator de Dano Humano)

HTP - Human Toxicity Potential (Potencial de Toxicidade Humana)

I - Ingresso Humano Cumulativo

Ia,inalação - Ingresso Humano Cumulaitvo através da inalação

Itotal - Ingresso Humano Cumulativo Total para cada substância

Iw,s,prod.exp.,prod.ñ- - Ingresso Humano Cumulaitvo através da ingestão


exp.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

ICV - Análise de Inventário do Ciclo de Vida

iF - Fração de ingresso

IMPACT 2002 - IMPact Assessment of Chemical Toxics


IRe - Taxa de produção do substrato de exposição (kge ano-1)
IRn - Taxa de ingresso humano equivalente

IRn,direto - Taxa de ingresso direto do meio em mn3 ano-1

IRn,indireto - Taxa de ingresso indireto, via um substrato, ou rota de exposição (e)

IRn’ - Taxa de ingresso ou inalação individual da espécie animal

IRw,direto - Taxa de ingestão direta de água da população

Kow - Partition coefficient octanol-water (coeficiente de partição octanol-água)

LC50 - Lethal Concentration (Concentração Letal)

LIME - Life-cycle Impact assessment Method based on Endpoint Modeling

LOAEL - Low Observed Adverse Effect Levels (Baixo nível de efeito adverso
observado)
LUCAS - LCIA method Used for a Canadian-Specific Context
MCTs - Maximum Tolerable Concentrations (Concentração máxima tolerável)
NOAEL - No Observed Adverse Effect Levels (Nível de efeito adverso não
observado)
NOECs - No Observed Effect Concentration (Nenhuma concentração de efeito
xvi

observada)
OECD - Organization for Economic Co-operation and Development
OMNIITOX - Operational Models aNd Information tools for Industrial applications of
eco/TOXicological impact assessments (Modelos operacionais e
ferramentas de Informação para aplicações Industriais de avaliações de
impactos eco/toxicológicos)
PDF - Potentially Disappeared Fraction of Species (Fração de Espécie
Potencialmente Desaparecida)
PNECs - Predicted No-Effect Concentrations (Nenhum efeito de concentração
prognosticado)
PRn - Quantidade do meio (n) tirada do ambiente (kgn ano-1)
Q - Quantidade (mol)
R - Constante dos gases (8,314 Pa m3 mol-1 K-1)
Semissão, - Taxa de emissão do poluente no ano (kgemitido)
SETAC - Sociedade de Química Ambiental e Toxicológica
T - Temperatura ambiente (°C)
TD50 - Dose Tóxica 50%
TRACI - Tool for the Reduction and Assessment of chemical and Other
Environmental Impacts
TRI - Toxic Release Inventory (Inventário de Emissões Tóxicas dos Estados
Unidos)
UNEP - United Nations Environment Programme
V - Volume (m3)
voc - Conteúdo volumétrico de carbono orgânico do solo
YLL - Years of Life Lost (Anos de vida perdidos devido a morte prematura)
Z - Capacidade de fugacidade (mol m-3 Pa-1)
ZC - Capacidade de fugacidade do caule (mol m-3 Pa-1)
ZF - Capacidade de fugacidade da folha (mol m-3 Pa-1)
ZR - Capacidade de fugacidade da raiz (mol m-3 Pa-1)
Capítulo 1 Introdução
1

1 INTRODUÇÃO

No Projeto para o Meio Ambiente1, assim como no desenvolvimento de rótulos


e declarações ambientais devem ser considerados todos os aspectos relevantes do
ciclo de vida do produto (ABNT, 2002), fato que demonstra a importância da
metodologia de Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) para as indústrias brasileiras de
manufatura e serviços.
A ACV é uma metodologia empregada para avaliar o desempenho ambiental de
produtos e serviços, pois considera os aspectos ambientais relacionados à extração
da matéria-prima, aos processos de manufatura, uso e descarte dos bens (LO et al.,
2005). Segundo TUKKER (2000) e LO et al. (2005) a ACV tende a ser holística,
sistemática, e multidisciplinar. Isso quer dizer que a ACV considera um sistema
completo, de forma ordenada e aborda diversas áreas do conhecimento.
Conforme JINCHENG et al. (2001), a ACV é o método mais eficiente de
avaliação para impactos ambientais causados por produtos.
Na metodologia de ACV o desempenho ambiental (aspectos ambientais e
impactos potenciais) associada a um produto, processo e ou serviço é avaliada
mediante quatro fases, como mostrado na Figura 1.1 (ABNT, 2001) bem como na
descrição a seguir:
• Definição de Objetivo e Escopo, os quais são detalhados na norma ISO 14041
(ABNT, 2004a);
• Uma compilação de um inventário de entradas e saídas pertinentes a um sistema
de produto2 (Análise de Inventário - ISO 14041) (ABNT, 2004a);
• Uma avaliação dos impactos ambientais potenciais associados a essas entradas e
saídas (Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida – AICV) ISO 14042 (ABNT, 2004b);
e,

1
Projeto para o Meio Ambiente ou Design for Environment (DfE) é uma ferramenta da Ecologia
Industrial e deve examinar todo o ciclo de vida do produto para propor alterações no projeto de forma
a minimizar o impacto ambiental do produto desde sua fabricação até seu descarte (FRANCISCO Jr.,
GIANNETI & ALMEIDA, 2006).
2
Sistema de produto é definido como o conjunto de unidades de processo, conectadas material e
energeticamente, que realiza uma ou mais funções definidas (ABNT, 2001).
Capítulo 1 Introdução
2

• Uma interpretação dos resultados das fases de análise de inventário e de


avaliação de impactos em relação ao objetivo e nível de detalhes do estudo
(Interpretação do Ciclo de Vida) ISO 14043 (ISO, 2000).

Estrutura da avaliação do ciclo de vida

Definição
de Objetivo
e Escopo Aplicações diretas:

- Desenvolvimento e melhoria
do produto
Análise de - Planejamento estratégico
Interpretação
Inventário - Elaboração de políticas
(ICV) públicas
- Marketing
- Outras

Avaliação do
Impacto
(AICV)

Figura 1.1 – Fases de uma ACV (ABNT, 2001)

Conforme apresentado na Figura 1.1 (ABNT, 2001) a ACV pode ajudar na


identificação de oportunidades para melhorar os aspectos ambientais dos produtos
em vários pontos de seu ciclo de vida; Na tomada de decisões na indústria,
organizações governamentais ou não-governamentais (por exemplo, planejamento
estratégico, definição de objetivo de prioridades, projeto ou re-projeto de produtos e
processos).
A ACV pode ajudar também na seleção de indicadores pertinentes de
desempenho ambiental, incluindo técnicas de medição; e, no marketing (por
exemplo, uma declaração ambiental, um programa de rotulagem ecológica ou uma
declaração ambiental do produto) (ABNT, 2001).
Capítulo 1 Introdução
3

De acordo com SUPPEN & ABITIA (2005), a fase de Avaliação do Impacto do


Ciclo de Vida (AICV) num estudo de ACV, é uma das etapas mais importantes para
a interpretação dos resultados obtidos nesse estudo. Nesta fase é necessário avaliar
a importância relativa dos diferentes aspectos ambientais (por exemplo: emissões,
consumo de recursos, geração de resíduos), e mesmo que com dependência de
características próprias das regiões geográficas onde eles ocorrem, podem ter
maiores ou menores efeitos sobre a saúde humana e sobre os ecossistemas
(SUPPEN & ABITIA, 2005).
A importância relativa de cada aspecto ambiental que foi identificado na fase
Análise de Inventário do Ciclo de Vida (ICV), ou seja, a avaliação do impacto
ambiental relacionado ao ciclo de vida de um determinado processo, produto ou
serviço, é realizada mediante o uso de métodos de avaliação. Estes métodos foram
criados com base em modelos de caracterização que utilizam fatores de
caracterização pré-definidos para cada categoria de impacto (exemplos de
categorias de impacto são: mudança climática, toxicidade humana, ecotoxicidade,
consumo de recursos, diminuição da camada de ozônio, acidificação, entre outras)
(SUPPEN & ABITIA, 2005).
Um fator de caracterização é um fator derivado de um modelo de
caracterização, e é aplicado para converter os resultados da análise de inventário
(ICV) a uma unidade comum do indicador de categoria de impacto (ABNT, 2004b), e
pode ser relacionado a uma substância de referência.
As ACVs no mundo todo, inclusive no Brasil, têm sido realizadas utilizando se
uma infinidade de métodos para a avaliação dos impactos do ciclo de vida de
produtos.
KONING et al. (2002) com base no critério “reconhecimento internacional” (que
também é uma recomendação da ABNT (2004b)), apresentaram um ranking com
dez métodos amplamente utilizados na fase de avaliação de impactos relacionados
a emissões tóxicas em ACV. Com relação a esta classificação dos métodos de
caracterização em ACV, os autores apresentaram os seguintes métodos e suas
respectivas colocações: IMPACT 2002 (1a.), USES-LCA (2a.), Eco-indicator 99 (3a.),
Globox (4a.), EDIP-characterisation (5a.), CalTOX (6a.), Ecosense (7a.), Fh-IUCT$
(8a.), EPS (9a.) e Ecopoints (10a.).
Capítulo 1 Introdução
4

O critério “reconhecimento internacional” significa neste caso que os modelos


de caracterização utilizados por esses métodos, foram baseados sobre um acordo
internacional, ou aprovados por um corpo de competência internacional (UNEP,
WHO, OECD, EU, EPA)3 (KONING et al., 2002). Isso sinaliza que alguns critérios
devem ser checados antes da escolha de um determinado método de avaliação de
impacto.
Em virtude disso, nos estudos brasileiros de ACV seria mais coerente o uso de
fatores nacionais, e não os encontrados nos métodos acima listados, pois muitos
desses fatores foram calculados utilizando-se dados regionais de origem européia e
ou norte americana.
Para tornar as ACVs realizadas no Brasil mais próximas à realidade, este
trabalho propõe o desenvolvimento de fatores de caracterização que contemplem a
realidade brasileira. Contudo, é importante notar que no Brasil muito pouco se tem
feito em relação ao desenvolvimento de metodologias de avaliação de impacto em
ACV. Sendo assim, este trabalho deseja contribuir com o avanço da AICV no Brasil,
tomando por base as premissas iniciais adotadas em países precursores em
metodologias de avaliação de impacto, tal como na Europa.
Esses fatores serão calculados com base nos modelos de caracterização de
alguns métodos já existentes, e que foram previamente estudados.
Conforme citado em HUIJBREGTS et al. (2005) os métodos desenvolvidos na
Europa, Japão e EUA, onde a ACV já está de certa forma estabelecida e os métodos
já passaram por várias atualizações, os fatores de caracterização para toxicidade
humana, levam em conta: a persistência ambiental (destino), a acumulação na
cadeia alimentar (exposição), e a toxicidade (efeito) de uma substância química.
Destino, exposição e efeito são estimados com base em modelagem. Os resultados
desta modelagem são os então chamados modelos multimeios ou
multicompartimentos e são utilizados para avaliar possíveis danos inerentes à
toxicidade humana e ecotoxicidade em avaliação de risco e similarmente em AICV.
Por outro lado, na linha de avaliação de impacto de lançamento de substâncias
tóxicas no ambiente, KONING et al. (2002) relataram que as substâncias são

3
United Nations Environment Programme (UNEP), World Health Organization (WHO), Organization
for Economic Co-operation and Development (OECD), European Union (EU), Environmental
Protection Agency – United States (EPA)
Capítulo 1 Introdução
5

caracterizadas pela sua massa emitida dividida pelo critério de efeito. Os critérios de
efeito são tipicamente resultados diretos ou derivados de testes de toxicidade para
ecotoxicidade ou toxicidade humana a exemplo de (LC50) – Lethal Concentration
(Concentração Letal) na qual morre 50% da população de organismo alvo, (ADI) –
Acceptable Daily Intakes (Ingresso Diário Aceitável).
Esses métodos são então baseados em volumes críticos, portanto mais
simplificados, pois não levam em conta o destino ambiental e a exposição, e
assumem que esses são equivalentes para todas as substâncias tóxicas.
Diante das duas propostas de métodos de avaliação de impacto, ou seja,
considerar ou não o destino ambiental e a exposição, o método desenvolvido e
proposto neste trabalho, contemplou então o destino ambiental e a exposição, bem
como o efeito na saúde humana das substâncias químicas avaliadas.
A decisão em contemplar o destino ambiental e a exposição, bem como o efeito
das substâncias tóxicas na saúde humana no desenvolvimento de fatores de
caracterização nacionais para o Brasil, também foi fundamentada sob o aspecto da
sofisticação em AICV, uma vez que, os métodos baseados em volumes críticos,
neste contexto, tendem a obsolescência devido a sua relativa simplicidade.

1.1 Justificativa

O Brasil é o maior país da América do Sul e ocupa quase metade da superfície


do continente. É o quinto maior país do mundo. Sua superfície total é de
8.514.876,599 km2 (IBGE, 2006) e uma população de 187.569.084 habitantes (IBGE
2007a). A maior parte da população vive junto ao litoral, em grandes metrópoles,
como São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Salvador.
A localização de 92 % das terras do País entre os dois trópicos, aliadas às
relativas baixas altitudes do relevo, explica a predominância de climas quentes, com
temperaturas médias anuais acima dos 20º C. Ocorrem no País os seguintes tipos
de clima: equatorial, tropical, tropical de altitude, tropical atlântico, semi-árido e sub-
tropical (IBGE, 2006).
O Brasil tem uma economia diversificada e possui uma matriz energética
distinta dos países desenvolvidos, suas plantas industriais são compostas de
diversas origens tecnológicas. Por isso se faz presente à necessidade da construção
Capítulo 1 Introdução
6

de um banco de dados para a realização da Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) que


contemple as especificidades brasileiras (MAGALHÃES, 2005).
De acordo com SILVA & KULAY (2005) a construção de um banco de dados
brasileiro de inventário para ACV está em andamento num projeto do Instituto
Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), o qual operará este banco
de dados.
Neste contexto, SILVA & KULAY (2006) ressaltaram que os bancos de dados
devem ter um caráter regional, uma vez que seus elementos podem diferir
significativamente de região para região.
Similarmente, essa diferenciação de condições regionais também deve ser
considerada para a fase de avaliação de impacto, uma vez que, na maioria dos
métodos de Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida (AICV), os problemas
ambientais, bem como os bancos de dados são focados em dados regionais da
Europa (GOEDKOOP, 2005a). Por isso não é aconselhável o uso indiscriminado
destes métodos de AICV para estudos de ACV feitos no Brasil (SILVA & KULAY,
2006).
GOEDKOOP (2005a) citou que em países da América Latina, é razoável
esperar que talvez haja outras categorias de impacto mais importantes relacionadas
aos sistemas de produto.
O mesmo autor sugeriu uma lista com algumas categorias importantes (não
obrigatórias) para a América Latina como um todo. GOEDKOOP (2005a) citou
também que as categorias de impacto seguintes precisarão ser melhor estudadas e
se possível e pertinente, outras precisarão ser acrescentadas à lista:
- Mudanças no uso do solo devido a sistemas de produção, especialmente
relativa à gestão de floresta e, por exemplo, plantações;
- Efeitos de salinização devido à irrigação e a drenagem de minérios;
- Erosão;
- Extração de água de rios e solos;
- Diminuição da qualidade de solos devido à falta de fertilização; na realidade
este é o inverso do problema da Eutrofização na Europa;
- Os impactos de substâncias orgânicas de degradação rápida em água (alta
DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio ou DQO - Demanda Química de
Oxigênio). Tradicionalmente não são levados em conta DBO e DQO em ACVs
Capítulo 1 Introdução
7

européias, pois a presença de substâncias químicas nos efluentes são bem


controladas.
Neste contexto ambiental, SOUZA, SOARES & SOUSA (2007), citaram que de
acordo com as condições ambientais brasileiras, pelo menos onze categorias de
impacto poderiam ser propostas para o Brasil. São elas: Mudança climática;
Diminuição da camada de ozônio; Diminuição de recursos abióticos; Acidificação;
Eutrofização; Formação de oxidantes fotoquímicos; Ecotoxicidade; Toxicidade
humana; Consumo de água; Uso do solo; e Disposição de resíduos.
Contudo, e devido à importância do tema de Toxicologia, a categoria de
impacto Toxicidade Humana foi escolhida para ser estudada neste trabalho. Esta
escolha foi fundamentada e baseada no fato da existência de vários efeitos
causados por exposição ás substâncias químicas, tal como o câncer. Neste sentido,
percebeu-se a necessidade do desenvolvimento de uma ferramenta que auxilie os
projetistas ou engenheiros de produto, na tomada de decisões durante as etapas de
projeto e desenvolvimento de seus produtos. Essas decisões podem ser quanto à
substituição, inclusão ou exclusão de materiais que apresentem algum potencial
tóxico, durante alguma etapa do ciclo de vida de um determinado produto. O
potencial tóxico de um determinado material pode estar ligado à presença de uma
determinada substância química, que, por exemplo, pode ser classificada como
capaz de gerar potenciais efeitos cancerígenos. Ou então durante a disposição final
deste produto, tal como numa incineração deste material na qual possa ocorrer a
formação de novos poluentes ainda mais tóxicos.
No que tange o desenvolvimento de métodos para a AICV, GOEDKOOP
(2005b) citou que o desenvolvimento de um método para o mundo inteiro é mais fácil
de usar. Porém, dividindo-se as regiões em partes menores têm-se resultados mais
precisos. A divisão pode ser:
- De acordo com o estado de desenvolvimento: Países Europeus da
Organization for Economic Co-operation and Development (OECD), Outros
países da OECD; e Países não OECD;
- De acordo com as características do ecossistema: Biomas e Zonas
temperadas, e;
- De acordo com a disponibilidade de estudos da região: colaboração com
projetos em outros países.
Capítulo 1 Introdução
8

GOEDKOOP (2005b) ressaltou ainda algumas diferenças regionais importantes


para a avaliação dos impactos. O destino ambiental é determinado pelo clima,
propriedades do solo, proximidade do mar, etc. A exposição é determinada pela
dieta (alimento), condições sanitárias (água tratada), densidade populacional e
proximidades das fontes. As diferenças entre países da União Européia e países
não OECD podem ser muito significativas para algumas categorias de impactos.
Com base no exposto acima, analisando-se as alternativas de como considerar
um método para o Brasil, quatro possibilidades foram então levantadas:
- Dividir o Brasil em Regiões Hidrográficas (Figura 1.2);
- Dividir o Brasil em Biomas (Figura 1.3);
- Dividir o Brasil em Regiões (divisão geográfica política) (Figura 1.4), ou;
- Considerá-lo de forma única (Extensão territorial total do Brasil).
Esta última possibilidade foi então adotada, isso, devido à constatação após
uma pesquisa inicial que evidenciou a indisponibilidade de diversos dados, tais
como: emissões de poluentes, produção e comercialização de alimentos, população
local, e água servida a população, entre outros, necessários ao cálculo dos fatores
de caracterização para cada uma das áreas divididas.
Inicialmente, percebeu-se a falta de um inventário nacional de emissões de
substâncias químicas no meio ambiente, ou seja, uma estimativa das quantidades
de poluentes presentes nos meios ou compartimentos ambientais brasileiros, a
exemplo do solo, ar, água, entre outros.

Figura 1.2 – Regiões Hidrográficas do Brasil


Fonte: (REDE DAS ÁGUAS, 2004).
Capítulo 1 Introdução
9

Além do acima exposto, referente à escolha pela divisão em regiões


hidrográficas e biomas, a maior dificuldade seria a disponibilidade de dados da
quantidade de alimentos produzidos e consumidos nestas regiões, bem como o
aspecto da alocação de habitantes por bioma ou região hidrográfica.

Figura 1.3 – Biomas Brasileiros


Fonte: (IBGE, 2004)

Entretanto, a opção pela divisão geopolítica, de acordo com SOUZA &


SOARES (2006), pode ser usada como uma resolução de escala espacial,
principalmente pelo fato de que há muita informação disponível para os estados que
pertencem a essas macro regiões.
Por outro lado, ainda há poucos valores disponíveis referentes a emissões,
sendo que alguns dados são disponíveis somente para algumas grandes áreas
metropolitanas, a exemplo de São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba (SOUZA &
SOARES, 2006). Ainda de acordo com os mesmos autores, algumas regiões como a
Norte e Nordeste não têm dados disponíveis de emissões de poluentes, necessários
à caracterização dos impactos ambientais.
Capítulo 1 Introdução
10

Figura 1.4 – Mapa Geopolítico Brasileiro


Fonte: (IBGE, 2004)

Considerando os aspectos citados acima, o presente trabalho tem um caráter


nacional, uma vez que poderá contribuir metodologicamente para o desenvolvimento
de novos produtos que considerem as questões de impactos ambientais em todo o
ciclo de vida de produtos, processos e serviços.
Segundo DONAIRE (1999) o posicionamento das empresas brasileiras perante
as questões ambientas ainda não está claro, pois em algumas empresas prevalece a
idéia de que providências referentes aos aspectos ambientais trazem consigo
aumento de despesas, enquanto que outras transformam restrições e ameaças
ambientais em oportunidade de negócio.
Com base no exposto acima, o encorajamento para que as empresas apliquem
a AICV no desenvolvimento de novos produtos, ou na comparação de produtos já
existentes poderá advir de fatores externos ou internos. Os fatores externos podem
ser os relacionados à concorrência entre diferentes marcas e a legislação. Já os
fatores internos podem estar relacionados à melhoria da qualidade dos produtos, a
redução de custos e o senso de responsabilidade social e ambiental.
Contudo, para que as empresas brasileiras possam realizar estudos de
avaliação de impacto em ACV, se faz necessária a existência de um banco de dados
brasileiro de inventário, e conseqüentemente, métodos de avaliação de impacto que
contemplem as especificidades do Brasil.
Capítulo 1 Introdução
11

Assim, para a concretização deste trabalho, são apontados os objetivos a


seguir.

1.2 Objetivo Geral

Verificar a viabilidade de adequação de uma metodologia de obtenção de


fatores de caracterização para toxicidade humana para o Brasil.

Objetivos específicos

• Estudar os métodos utilizados em avaliação do impacto do ciclo de vida


existentes e os mais comumente usados;
• Diferenciar os métodos estudados de acordo com o tipo de abordagem dos
impactos para a categoria toxicidade humana;
• Coletar os dados necessários para os cálculos dos fatores de
caracterização para as substâncias químicas selecionadas;
• Desenvolver fatores de caracterização nacionais para toxicidade humana
para duas substâncias orgânicas, uma cancerígena e outra não cancerígena.

1.3 Estrutura da Dissertação

Quanto à estrutura da dissertação, no Capítulo 1 foi apresentada uma parte


introdutória sobre a metodologia da Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), bem como a
maneira pela qual ela é dividida. Um foco principal foi dado à fase de Avaliação do
Impacto do Ciclo de Vida (AICV), relatando a problemática do uso de métodos de
avaliação que foram idealizados com bases regionais, tal como da Europa, Estados
Unidos e Japão. E por fim a justificativa do desenvolvimento do trabalho e seus
objetivos.
O Capítulo 2 apresenta uma revisão da literatura sobre os métodos utilizados
em AICV, suas diferentes abordagens, as categorias de impacto consideradas, suas
características principais, com foco na categoria Toxicidade Humana.
Capítulo 1 Introdução
12

O Capítulo 3 descreve a metodologia utilizada no desenvolvimento da


pesquisa, as equações, os formatos, e dados regionais necessários para o cálculo
dos fatores de caracterização brasileiros.
O Capítulo 4 apresenta os resultados dos dados coletados, das aplicações das
equações e os valores finais dos fatores de caracterização, calculados para duas
substâncias orgânicas classificadas como cancerígena e não cancerígena.
As conclusões e recomendações para trabalhos futuros encontram-se no
Capítulo 5.
Capítulo 2 Métodos de Caracterização para a Fase de Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida (AICV) 13

2 MÉTODOS DE CARACTERIZAÇÃO PARA A FASE DE AVALIAÇÃO


DO IMPACTO DO CICLO DE VIDA (AICV)

O propósito da Avaliação de Impacto na ACV (AICV) é o de averiguar os


impactos ambientais decorrentes da atividade humana no ciclo de vida do produto,
processo ou atividade. Segundo a SETAC (1993), essa etapa consiste em um
processo técnico, quantitativo e/ou qualitativo para identificar, caracterizar e avaliar
os efeitos ambientais dos aspectos selecionados na análise do inventário.
De acordo com CURRAN (1996), em 1969, num dos primeiros estudos de
Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) realizado, foi percebido que uma avaliação de
impacto seria bastante desejável, em virtude da grande quantidade de dados gerada
durante a etapa anterior. Nesse primeiro trabalho, um conjunto de fatores subjetivos
foi desenvolvido e aplicado, porém, devido à subjetividade da análise, a mesma não
foi aceita pela comunidade científica. A avaliação de impacto foi então
descontinuada após alguns anos, porque não havia dados suficientes para
desenvolver um conjunto de fatores cientificamente fundamentados.
Desde a retomada do uso da ACV na década de 90, têm ocorrido discussões
sobre o aumento da confiabilidade da metodologia de Avaliação do Impacto do Ciclo
de Vida (AICV) (EPA, 2002). Particularmente em novembro de 1998, em Bruxelas,
houve o seminário ‘Life Cycle Impact Assessment Sophistication’, em que foi
apontada a necessidade do aumento de sofisticação em AICV, mesmo ainda
reconhecendo o conflito que isto poderia ter em termos de compreensão e caráter
holístico da AICV, bem como o aumento da necessidade de dados na fase de
Inventário do Ciclo de Vida (ICV) (BARE et al., 2000).
Foi nesta época que a Sociedade de Química Ambiental e Toxicológica
(SETAC) formou os grupos de trabalho que determinam o estado da arte da AICV
(UDO DE HAES et al., 1999).
Em 2000, a ISO lançou a norma internacional ISO 14042 sobre a Avaliação do
Impacto do Ciclo de Vida, que foi traduzida para o português pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas em 2004 (ABNT, 2004b). Com a padronização dos
conceitos nela existente, a AICV passou a ser mais uniformizada nos estudos de
ACV.
Capítulo 2 Métodos de Caracterização para a Fase de Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida (AICV) 14

Os métodos de Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida (AICV) visam conectar,


até onde possível, e desejado, cada resultado da Análise de Inventário do Ciclo de
Vida (ICV) ao seu potencial dano ambiental, utilizando para isso, os caminhos
ambientais (JOLLIET et al., 2003a). Esses caminhos ambientais consistem de
processos ambientais ligados, e eles expressam a cadeia casual de efeitos
subseqüentes originados de uma emissão ou extração (JOLLIET et al., 2004).
JOLLIET et al. (2003a, 2003b e 2004) citaram que, seguindo o formato da ISO
14042 (ABNT, 2004a), os resultados do ICV são classificados dentro das categorias
de impacto, cada uma com seu indicador de categoria, o qual representa a
quantidade do impacto potencial, e pode estar localizado em qualquer ponto entre os
resultados do ICV e o ponto final da categoria (onde o efeito ambiental acontece) na
cadeia de causa efeito. Neste contexto, dois principais tipos de métodos têm sido
desenvolvidos para a fase de AICV:
a) Métodos clássicos de Avaliação de Impacto (por exemplo: O Handbook
Holandês: GUINÉE et al., 2001, EDIP: HAUSCHILD & WENZEL, 1998 e adaptações
adicionais, TRACI: BARE et al., 2003) que limitam-se à modelagem quantitativa,
antes do fim do caminho do impacto e ligam os resultados do ICV às então definidas
categorias de impacto de ponto médio (midpoint). São exemplos destas categorias a
diminuição da camada de ozônio e acidificação, entre outras. Porém, a diminuição
da camada de ozônio, como expressada por um indicador de categoria de ponto
médio (potencial de diminuição de ozônio), é uma preocupação ambiental de si
mesma, mas, por outro lado, a grande preocupação final, são normalmente os danos
subseqüentes aos humanos, plantas e animais.
As categorias de ponto médio representam as preocupações ambientais que os
vários fluxos identificados nos resultados do ICV contribuem, envolvendo processos
comuns ou similares (a exemplo da acidificação e radiação ionizante). Essas
categorias são chamadas de “ponto médio” porque a categoria selecionada ou os
dados tabulados não são usados para fazer a ligação ao dano (JOLLIET et al.,
2003a).
Para JOLLIET et al. (2003a), na prática, o desenvolvimento histórico das
categorias de ponto médio é o resultado da interação entre descobertas científicas e
processos sociais.
Capítulo 2 Métodos de Caracterização para a Fase de Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida (AICV) 15

Este fato é explicado por JOLLIET et al. (2003a), citando o exemplo do tema de
acidificação, o qual foi desenvolvido em 1960, quando o aumento da combustão de
gases induziu substancialmente a mudanças na acidez de corpos d’ água e solo.
Nessa mesma linha de raciocínio, os mesmos autores citaram também o exemplo
das questões relacionadas à diminuição da camada de ozônio estratosférico, as
quais foram desenvolvidas em 1970 quando essa diminuição foi detectada e
explicada. Diante destes dois fatos, logo em seguida, ocorreram diversos debates
públicos do problema (JOLLIET et al., 2003a). Nesse contexto, de acordo com
JOLLIET et al. (2003a), as categorias de ponto médio podem parecer menos
significantes se o problema correspondente é solucionado ou se há uma mudança
no interesse público.
A categoria de ponto médio possui seu indicador de ponto médio
correspondente, que é a representação quantificada desta categoria. O indicador
pode representar o estado da qualidade de um objeto ou um importante processo na
natureza, mas isso pode também ser limitado a um índice que é útil para a
determinação sucessiva de um estado de qualidade. Os indicadores de ponto médio
atualmente utilizados são de dois diferentes tipos (JOLLIET et al., 2003a):
Tipo1: São baseados em processos comuns de impacto e empacotam os fluxos
de substâncias ou mudanças físicas dos resultados do ICV até um certo ponto
intermediário, donde a ligação às varias categorias de danos é em princípio possível
(exemplos deste tipo são os indicadores de ponto médio para a diminuição da
camada de ozônio e para a mudança climática).
Tipo 2: Agregam os fluxos de substâncias ou mudanças físicas a partir dos
resultados do ICV com processos de impactos não-similares, mas os quais
endereçam explicitamente uma categoria de dano (um exemplo para o Tipo 2 é o
indicador para toxicidade humana, o qual agrega diferentes fluxos de substâncias
que são conhecidas como causadoras de doenças e mortes prematuras de
humanos: o destino, exposição e efeito destes fluxos de substâncias podem ser
tratados similarmente, mas os processos ambientais e tipos de doenças geralmente
diferem de uma substância química para outra). Ou seja, dentre as várias
substâncias identificadas, apenas algumas podem apresentar capacidade de gerar
câncer e as demais podem ser responsáveis por outros tipos de doenças.
Capítulo 2 Métodos de Caracterização para a Fase de Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida (AICV) 16

b) Métodos de Danos Orientados (por exemplo: Eco-indicator 99:


GOEDKOOP & SPRIENSMA 2001, EPS: STEEN 1999a e 1999b) os quais apontam
para resultados de ACV que são mais facilmente interpretados para ponderação
posterior, através da modelagem da cadeia de causa-efeito até os danos ambientais
à saúde humana, ao meio ambiente natural e aos recursos naturais. Estes podem
ser expressos, por exemplo, em prejuízos à saúde humana ou ameaça de extinção
de espécies, permitindo uma redução no número de pontos finais considerados se
comparados aos diferentes pontos médios. Eles podem, porém, conduzir a altas
incertezas (JOLLIET et al., 2004).
Como exemplo, no Eco-indicator 99, o indicador (unidade de dano) que
expressa os prejuízos a saúde humana é o (DALY) Disability-Adjusted Life Years -
Anos de Vida Perdidos Ajustados por Incapacidade. O indicador que expressa os
danos à qualidade do ecossistema é o (PDF) Potentially Disappeared Fraction of
Species - Fração de Espécie Potencialmente Desaparecida, (PDF.m2.ano) e
finalmente, para os prejuízos aos recursos, a energia excedente (MJ - Mega Joule)
por quilograma (kg) de material extraído é o indicador (GOEDKOOP & SPRIENSMA
2001).
Embora os usuários possam escolher para trabalhar com uma ou outra
abordagem (nível de ponto médio ou de dano), uma tendência recente em diferentes
iniciativas no desenvolvimento de métodos de AICV abriu novas possibilidades para
reconciliar estas duas abordagens (JOLLIET et al., 2003a e 2004).
A conciliação é realizada em acordo com a estrutura da ISO e leva em conta as
vantagens de ambas as abordagens, pelo agrupamento das categorias similares de
ponto final num conjunto estruturado de categorias de dano. Ao mesmo tempo, este
mantém o conceito de categorias de ponto médio, cada categoria de ponto médio
relativa a uma ou várias categorias de dano (JOLLIET et al., 2003a).
Como citado por JOLLIET et al. (2004) alguns métodos deste tipo já estão
disponíveis, a exemplo dos métodos: IMPACT 2002+ (JOLLIET et al., 2003b) e do
método japonês LIME (ITSUBO & INABA 2003), ou logo serão finalizados, como o
método proposto por HEIJUNGS et al. (2003).
As categorias de ponto médio, apresentadas na Figura 2.1, dão uma visão
inicial dos impactos mais significantes, porém não são obrigatórias. Ambas podem
ser simplificadas ou complementadas (JOLLIET et al., 2003a). Possivelmente,
Capítulo 2 Métodos de Caracterização para a Fase de Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida (AICV) 17

algumas categorias de ponto médio causam efeitos desprezíveis ao nível da


categoria de dano selecionada, isso devido a um impacto em longo prazo. Existe
também a possibilidade da combinação de certas categorias de impacto de ponto
médio (JOLLIET et al., 2003a).
Atualmente as informações disponíveis entre os níveis de ponto médio e dano,
indicadas pelas flechas pontilhadas (na Figura 2.1), são particularmente incertas de
acordo com as análises preliminares (JOLLIET et al., 2003a).

Figura 2.1 – Estruturação de trabalho da AICV integrando as categorias de


ponto médio e ponto final (dano) (JOLLIET et al., 2003a)

Estudando os métodos de avaliação de impacto, KONING et al. (2002),


elaboraram uma classificação de alguns métodos que avaliam os lançamentos
tóxicos em ACV. A Tabela 2.1 é uma síntese das posições de classificação de cada
Capítulo 2 Métodos de Caracterização para a Fase de Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida (AICV) 18

método estudado, de acordo com os critérios avaliados. A inclusão dos critérios foi
definida com base nos dados disponíveis nas literaturas pesquisadas, bem como
critérios que os autores julgaram de importância e coerentes com o estudo.

Tabela 2.1 – Classificação de acordo com os pontos fortes e fracos dos métodos de avaliação de impacto
conforme 9 critérios escolhidos de forma geral e ordenados de modo que o modelo sugerido mostre as inter-
relações entre os critérios avaliados

Métodos Avaliados

Eco-Indicator 99
characterisation

IMPACT 2002
Critério

USES-LCA

Ecosense
Ecopoints

GLOBOX
Fh-IUCT

CalTOX
EDIP-

EPS
Esforço de dados: significa o esforço necessário para 2 3 4 5 6 7 9 8 10
reunir todos os dados para prosseguir com o modelo
1
(demanda e disponibilidade dos dados).

Compreensividade ou amplitude: significa o número 1 2 3 7 6 5 10 9 8 4


de substâncias (aspectos ambientais) que podem ser
simuladas.

Escolha de valores: significa que a escolha de um 2 1 3 6 5 4 9 8 7 10


indicador de categoria de impacto pode determinar o
resultado do modelo de caracterização.

Parâmetros de incerteza: é a incerteza do dado de 1 2 3 6 5 7 10 8 9 4


saída do modelo de caracterização associado com o dado
de entrada.
Amigável ao Usuário: significa a quantia de dinheiro
que tem que ser gasta para usar o modelo, o tempo
necessário para entender o funcionamento do modelo e o 1 2 3 5 4 9 8 6 10 7
tempo para abastecer o modelo com os dados
necessários.

Modelo de Incerteza: reflete a precisão do modelo 10 8 9 7 6 5 4 3 2 1


como determinado em estudos de avaliação.

Relevância ambiental: é de acordo com a ISO 14042, o 10 9 8 6 7 5 4 3 2 1


grau de ligação entre o indicador de categoria de impacto e
o ponto final da categoria de impacto.

Reconhecimento: significa que o modelo de 10 5 8 2 6 4 3 7 1 9


caracterização é baseado sobre um acordo internacional
ou aprovado por um corpo internacional.
Transparência: significa que o usuário pode facilmente
inspecionar ou verificar a operação dos algoritmos, o 3 4 6 2 1 10 7 5 9 8
código de implementação, a entrada dos dados brutos,
resultados intermediários, etc.
NOTA: 1 é a melhor colocação. O resultado obtido nessa classificação é exclusivamente para lançamentos tóxicos em ACV,
FONTE: Adaptado de KONING et al. (2002).
Capítulo 2 Métodos de Caracterização para a Fase de Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida (AICV) 19

Os resultados apresentados na Tabela 2.1 mostram que em geral um alto


escore ligado aos critérios de “esforço de dados”, “compreensividade”, “escolha de
valores”, “parâmetros de incerteza”, “amigável ao usuário” é acompanhado de um
baixo escore ligado a “modelo de incerteza” e “relevância ambiental”. O inverso
também é verdadeiro (como indicado pela flecha dupla na tabela). Os autores
citaram que isto não foi uma surpresa porque estas regras foram definidas por eles
mesmos, em linha com a literatura sobre estes assuntos. O parâmetro comum atrás
da contagem sobre estes critérios é a profundidade da análise do modelo.
Segundo os mesmos autores, os outros dois critérios “reconhecimento” e
“transparência” demonstram não ter conexão com outros parâmetros. Isso já era
esperado, pois a “profundidade da análise”, “reconhecimento” e “transparência” são
definidos como características primárias dos modelos.
A profundidade da análise não foi definida como um critério, porque de certo
modo, ela determina a relevância ambiental e influencia o esforço de dados,
parâmetros de incertezas, modelos de incerteza, compreensividade de sua análise,
e incorporação de escolha de valores no seu resultado (KONING et al., 2002).
Conforme citado por KONING et al. (2002), o método EPS-system não se
ajustou completamente ao esquema de classificação proposto, uma vez que a sua
abordagem, que é baseada no princípio da “disponibilidade para pagar”, é muito
diferente das dos demais métodos. O que tornou muito difícil à classificação de
acordo com os nove critérios definidos.
Os participantes do grupo que elaborou a classificação dos métodos de
avaliação de impacto (Tabela 2.1) identificaram como os mais importantes critérios
para a aceitação do método para uso pelo projeto OMNIITOX – Operational Models
aNd Information tools for Industrial applications of eco/TOXicological impact
assessments (Modelos operacionais e ferramentas de Informação para aplicações
Industriais de avaliações de impactos eco/toxicológicos) a transparência e o
reconhecimento do método.
Neste contexto, ao analisar a Tabela 2.1, também é possível identificar que
para o critério transparência, os métodos que obtiveram os três piores escores
foram: GLOBOX (10a colocação), IMPACT 2002 (9a colocação) e o EPS (em 8º).
Como não há transparência nestes modelos, é muito difícil trabalhar com eles.
Porém, de acordo com KONING et al. (2002), a disponibilidade de documentação
Capítulo 2 Métodos de Caracterização para a Fase de Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida (AICV) 20

pública dos métodos GLOBOX e IMPACT 2002 seria logo disponibilizada. E,


portanto é válido notar que esses métodos obtiveram baixas colocações sobre o
critério transparência, devido a atual ausência dessas documentações na época do
estudo. Essa deficiência poderá ser suprida para análises futuras, o que não
desqualifica os métodos para o uso em ACV.
Em específico para o método IMPACT 2002, após a avaliação de KONING et
al. (2002), diversos documentos referentes a este modelo já foram disponibilizados,
a exemplo de: JOLLIET et al. (2003a); HUMBERT, et al.(2003); MARGNI (2003);
HUMBERT et al. (2005a); (HUMBERT, et al., 2005b); (PENNINGTON, et al., 2005);
(HUMBERT et al. (2006); e algumas planilhas em Excel® contendo os fatores de
caracterização. O que atualmente, resultaria numa melhor colocação para o método
IMPACT 2002.
Assim, somente o método EPS é excluído devido à falta de transparência,
mesmo porque o método IMPACT 2002 obteve a melhor colocação sob o outro
critério mais importante para a análise, o reconhecimento.
Nesse critério, os métodos que obtiveram as três piores colocações foram:
Ecopoints, EPS e Fh-IUCT, 10a, 9a e 8a, respectivamente.

2.1 Categorias de Impacto

Na Tabela 2.2 são apresentadas as categorias de impacto consideradas em


alguns métodos de avaliação de impacto ambiental. É importante notar que algumas
categorias de impacto são igualmente consideradas na maioria dos métodos
avaliados, como a mudança climática, a acidificação e a eutrofização, enquanto
outras são limitadas a alguns métodos, como incômodos, desertificação e uso de
água.
Capítulo 2 Métodos de Caracterização para a Fase de Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida (AICV) 21

Tabela 2.2 - Exemplos de categorias de impacto em alguns métodos de AICV

(Handbook-LCA)
Ecoindicator 99

IMPACT 2002+
TRACI (2002)

LIME (2003)
EPS (2000)

CML 2001

EDIP 97
LUCAS
(2001)
Área de
Categoria de Impacto
proteção

Incômodo severo, Incômodo (doença ligeira)


Toxicidade humana (5)
Cancerígenos
Não-cancerígenos
Saúde humana

Contaminação atmosférica urbana


Efeitos respiratórios
Material particulado
Mudança climática
Destruição da camada de ozônio
Oxidação fotoquímica (Nox e VOCs)
Radiação ionizante
Ruído
Odor (malcheirosos) água; ar
Ecotoxicidade: aquática de água doce; de
Qualidade do ecossistema

sedimento de água doce; aquática de água (1) (2)


do mar; de sedimento marinho; e, terrestre
Acidificação
Eutrofização (4)
Uso e ocupação do solo (3)
Dessecação (grupo de problemas ambientais
relacionados a falta de água devido a
extração de água subterrânea e a provisão de
água potável)
Diminuição de recursos (abióticos) e
(bióticos)
Recursos
Uso de

Extração de minerais
Extração ou uso de combustíveis fósseis ou
não renováveis
Uso da água
Resíduos Resíduos
Calor Liberação de calor
Cultura Mudanças em valores de recreação cultural
Acidentes Acidentes
NOTA: NOx – Óxidos de nitrogênio e VOCs – Compostos orgânicos voláteis. (1) No Eco-indicator 99
consideram-se efeitos causados por emissões ecotóxicas no ar, água e solos industrial e agrícola. (2) No
IMPACT 2002+ a categoria de impacto ecotoxicidade é somente dividida em aquática e terrestre. (3) No LIME
os impactos do uso do solo são divididos em competição do uso; perda de função de suporte a vida; e, perda de
biodiversidade. (4) No método LUCAS (TOFFOLETTO et al., 2007) são consideradas duas categorias de
impacto relacionadas à eutrofização (Terrestre e Aquática). (5) O EDIP 97 diferencia entre toxicidade humana
decorrente de poluentes atmosféricos, na água e no solo.
Fonte: Complementado de PEGORARO et al., (2007).
Capítulo 2 Métodos de Caracterização para a Fase de Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida (AICV) 22

2.2 Características de Alguns Métodos de AICV

A Tabela 2.3 foi elaborada resumindo-se algumas características de métodos


diferentes utilizados para a avaliação de impactos ambientas em estudos de ACV.

Tabela 2.3 - Características de alguns métodos para a AICV


MÉTODOS PARA A FASE DA AICV
Características

1 2 3 4 5 6
EPS – Eco-indicator 99 CML 2001 TRACI - Tool for the LUCAS – A new LIME – Life-cycle
(Environmental (Handbook on Life Reduction and LCIA method Used Impact assessment
Priority Strategies in Cycle Assessment) Assessment of chemical for a Canadian- Method based on
product design) - and Other Environmental Specific Context Endpoint Modeling
Versão 2000 Impacts
EPS - Versão 2000 (GOEDKOOP e (GUINÉE et al., 2001) EPA (2002) (versão 1.0 – (TOFFOLETTO, et (ITSUBO & INABA,
Ref.

(STEEN, 1999a e SPRIENSMA, de junho de 2002) al., 2007) 2003)


1999b) 2001).

A systematic approach The Eco-indicator Handbook on Life Tool for the Reduction and LUCAS – A new A New LCIA Method:
to environmental 99 A damage Cycle Assessment – Assessment of chemical LCIA method Used LIME has been
priority strategies in oriented method Operational Guide to and Other Environmental for a Canadian- Completed.
product development for Life Cycle the ISO Standards. Impacts (TRACI): User´s Specific. The
Estudo(s)

(EPS). Version 2000 – Impact Guide and System International Journal


General system Assessment. Documentation. of Life Cycle
characteristics Assessment. v. 12,
(STEEN, 1999a) e n. 2, p. 93-102,
Models and data of the (2007).
default method
(STEEN, 1999b).
Bengt Steen / Centre Mark Goedkoop e Jeroen B. Guinée Jane Bare, Teresa Laurence Toffoletto, Norihiro Itsubo e
Autor(es) / Empresa(s)

for Environmental Renilde (editor final) / Centre of Hoagland, Patrick Hofstetter Cécile Bulle, Julie Atsushi Inaba/
Assessment of Spriensma / Pré Environmental Science e David Pennington, (EPA) Godin, Catherine National Institute of
Products and Material Consultants B. V. (CML) da Universidade Environmental Protection Reid, e Louise Advanced Industrial
Systems (CPM) e Amersfoort, de Leiden, Holanda, Agency (Agência de Deschênes./CIRAIG Sciense and
Chalmers University of Holanda (Países em cooperação com Proteção Ambiental dos Interuniversity Technology (AIST)
Technology, Technical Baixos) inúmeros institutos na Estados Unidos). Reference Center Onagawa Tsukuba
Environmental área de avaliação do for the Life Cycle Ibaraki, Japan.
Planning. ciclo de vida. Assessment. École
Polytechnique de
Montreal, Canadá.
Este método foi Visa atender Tem como princípio É uma ferramenta que pode Os modelos de É um método
desenvolvido para principalmente as geral, prover um “livro ser usada para facilitar a caracterização de japonês de avaliação
encontrar os questões de receitas” com comparação ambiental de ponto médio foram do impacto do ciclo
requerimentos do relacionadas à diretrizes para produtos e processos baseados em 3 de vida, idealizado
cotidiano de um fase de conduzir passo a alternativos com o propósito métodos recentes para quantificar os
processo de “ponderação” (ou passo um estudo de de tomada de decisão aplicáveis a AICV - impactos ambientais
desenvolvimento de atribuição de ACV, como justificado ambiental interna. Foi Avaliação do induzidos pela
produto, no qual o peso) da ACV. pelos padrões da ISO planejado para auxiliar as Impacto do ciclo de ocorrência da carga
interesse ambiental é Sua principal para ACV. companhias, Vida (EDIP2003; ambiental no Japão.
Princípio

considerado entre característica é estabelecimentos federais, IMPACT 2002+ e Utiliza a abordagem


outros vários ser um método industriais e grupos de TRACI). de ponto final.
aspectos. É baseado voltado aos danos interesse público, em
na idéia de causados por executar uma vasta base de
“Willingness To Pay” produtos ou avaliação de impacto de
(WTP) processos, e não produtos na saúde humana
(“Disponibilidade para às diversas e dos impactos ambientais.
pagar”) por economia categorias de
ambiental, sendo uma impacto.
versão precoce da
“abordagem de dano”.
Continua.
Capítulo 2 Métodos de Caracterização para a Fase de Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida (AICV) 23

Tabela 2.3 - Características de alguns métodos para a AICV (continuação)


MÉTODOS PARA A FASE DA AICV
Características

1 2 3 4 5 6
EPS – Eco-indicator 99 CML 2001 TRACI - Tool for the LUCAS – A new LIME – Life-cycle
(Environmental (Handbook on Life Reduction and LCIA method Used Impact assessment
Priority Strategies in Cycle Assessment Assessment of chemical for a Canadian- Method based on
product design) - and Other Environmental Specific Context Endpoint Modeling
Versão 2000 Impacts
De acordo com o Devido ao grande Dá diretriz para dois O guia do usuário apresenta É fortemente É um método
estudo de (KONING et número de níveis de sofisticação informações úteis para baseado nos declaradamente com
al., 2002), o EPS tem categorias de em ACV: um nível auxílio no uso, e alerta resultados muita exatidão e
um bom modelo de impacto, o que simplificado e outro sobre as Limitações preliminares a partir com alto grau de
incerteza porque faz ocasiona uma detalhado. O nível associadas com as das recomendações transparência.
uso de muitos dados grande simplificado pode ser informações relativas à da SETAC.
empíricos sobre os quantidade de utilizado para fazer um metodologia do TRACI. A metodologia
impactos ambientais variáveis estudo de ACV rápido Apesar da não
Vantagens

apresenta um
de emissões de abstratas para e barato, se disponibilidade da análise atrativo e útil
substâncias. executar a etapa comparado com o de incerteza e variabilidade conjunto de fatores
de ponderação, o nível detalhado. O nesta versão do TRACI, os de caracterização
método propõe nível detalhado usuários são direcionados dependentes
não se ponderar concorda para a literatura específica localmente para 15
categorias de completamente com os para conduzirem as ecozonas terrestres
impacto, e sim os padrões da ISO. análises de incerteza e canadenses.
diferentes tipos variabilidade.
de danos Tem aplicação
causados por específica para o
estas categorias. Canadá.

No método EPS, A falta de Quando utilizado o EPA (2002) apontou várias Necessita estender O relatório que
ecossistema ou saúde categorias de nível simplificado para limitações tais como: a especificidade de explica o novo
ecológica, não são um impacto em o estudo de ACV, as - As categorias de impacto alguns fatores método em detalhes
objeto de proteção relação à diretrizes consideradas não são amplas, mas têm usados na foi escrito somente
(área de proteção), de qualidade do nesse nível, não sido selecionadas para modelagem da no idioma japonês,
tal forma que ecossistema, concordam representar muitos dos eutrofização. porém há um plano
produção do assim como completamente com os assuntos ambientais para a tradução para
ecossistema e mudança padrões da ISO. reconhecidos da atualidade. o inglês.
biodiversidade são os climática, São doze as categorias de
pontos finais das eutrofização/ impacto que são atualmente
categorias de impacto. acidificação modeladas.
Apresentando deste aquática e
modo uma visão aumento da - Não fornece estimativas
Limitações

antropocêntrica do radiação de risco atual. É


método (KONING et ultravioleta (UV) simplesmente uma
al., 2002). necessita ser ferramenta de separação
desenvolvida. A para permitir consideração
falta de dados e quantificação do potencial
confiáveis para para impactos.
normalização é o - Não foi planejado para
maior problema estudos de situações
para algumas acidentais (por exemplo:
categorias de derramamento de óleo). É
impacto. focado em operações
industriais normais.
- Nesta versão do TRACI
não estão disponíveis
análises de incerteza e
variabilidade.
Fonte: Elaborado pelo autor.

Na primeira coluna da Tabela 2.3 o método apresentado é o Environmental


Priority Strategies in product design (EPS) - Versão 2000. Por ser um método antigo,
Capítulo 2 Métodos de Caracterização para a Fase de Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida (AICV) 24

este é considerado como o precursor dos métodos que utilizam a abordagem de


dano para a avaliação dos impactos do ciclo de vida.
Na segunda coluna da Tabela 2.3 são apresentadas algumas características
do método Eco-indicator 99, o qual é classificado como um método de dano
orientado (categoria de ponto final).
Na terceira coluna da Tabela 2.3 o método descrito é o Handbook on Life Cycle
Assessment, o qual possui uma abordagem clássica de avaliação de impacto, a
abordagem de ponto médio (midpoint).
Na quarta coluna da Tabela 2.3 são apresentadas às características do método
Tool for the Reduction and Assessment of chemical and Other Environmental
Impacts (TRACI) da EPA (USA). É um método que utiliza algumas características de
outros métodos mais antigos, e tem como aspecto positivo à facilidade de obtenção
das informações, bem como a clareza na definição das limitações.
Na coluna 5 da Tabela 2.1 são apresentadas algumas informações sobre o
recente método para AICV, o LUCAS – A new LCIA method Used for a Canadian-
Specific Context, que similarmente ao TRACI, também foi baseado em outros
métodos, porém mais recentes.
O método descrito na coluna 6 da Tabela 2.3 é o LIME – Life-cycle Impact
assessment Method based on Endpoint Modeling, um método do Japão e com
material divulgado em japonês, fato esse que é uma limitação para o seu estudo
aprofundado devido ao desconhecimento do idioma.

2.3 Toxicidade Humana

De acordo com GUINÉE et al. (2001) a categoria de impacto toxicidade


humana cobre os impactos sobre a saúde humana (área de proteção), ocasionados
por substâncias tóxicas presentes no meio ambiente.
No relatório “Evaluation of environmental impacts in Life Cycle Assessment“,
que se originou das discussões ocorridas nos seminários de Bruxelas (de 29 a 30 de
novembro de 1998) e Brighton (de 25 a 26 de maio de 2000), a UNEP (2003) cita
que as categorias de impacto: Toxicidade Humana e Ecotoxicidade podem ser
consideradas como tendo uma dimensão regional. E, dependendo das
características do poluente e do meio onde este é emitido (compartimentos ou meios
Capítulo 2 Métodos de Caracterização para a Fase de Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida (AICV) 25

ambientais: solo; água ou ar), o destino da substância pode ser considerado


continental ou local.
Como citado no Capítulo 1, KONING et al. (2002) relataram que as substâncias
químicas são caracterizadas pela sua massa emitida dividida pelo critério de efeito,
os quais são tipicamente resultados diretos ou derivados de testes de toxicidade
humana a exemplo do Acceptable Daily Intakes (ADI - Ingresso Diário Aceitável).
Os métodos nos quais as substâncias a serem avaliadas são caracterizadas
pela suas massas emitidas, subdivididas pelos critérios de efeito (resultados diretos
ou derivados de testes de toxicidade humana), são chamados Métodos Baseados
em Volumes Críticos. Estes métodos não levam em conta o destino ambiental dos
poluentes no meio ambiente, ou seja, sua distribuição ambiental, nem a exposição
humana a esses poluentes através dos hábitos alimentares. Sendo assim, os
Métodos Baseados em Volumes Críticos assumem que o destino e exposição para
todas as substâncias tóxicas são equivalentes.
Segundo KONING et al. (2002) o método descrito por HEIJUNGS et al. (1992)
é um bom exemplo desta abordagem para a caracterização de substâncias tóxicas.
Referente ao método descrito por HEIJUNGS et al. (1992) em 1992, o Centro
de Ciência Ambiental da Universidade de Leiden na Holanda (CML), em colaboração
com a Organização Holandesa Aplicada a Pesquisa Científica (TNO) e a Agência de
Combustíveis e Matérias-Primas (Bureau B&G), representados por HEIJUNGS et al.
(1992) juntaram-se para produzir um guia e documento base sobre metodologia de
avaliação de impacto ambiental do ciclo de vida de produtos, o “Environmental life
cycle assessment of products. Guide and backgrounds” (GUINÉE, 2001).
HEIJUNGS et al. (1992) definiram então fatores de caracterização separados
para emissão de substâncias tóxicas para os compartimentos ambientais ar, água e
solo, como apresentado nas Equações 2.1, 2.2 e 2.3, respectivamente:

VI × W
HC =
ar
Eq. 2.1
Ar
V × ADI
ar

VI ×W
HC =
água
Eq. 2.2
Água
V × ADI
água
Capítulo 2 Métodos de Caracterização para a Fase de Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida (AICV) 26

M ×W × N Eq. 2.3
HC =
Solo
V × Cvalor
solo

Com:
HCAr, Água ,Solo Fator de caracterização para impactos toxicológicos humanos resultando a
partir de emissões para o ar, água e solo, respectivamente (kg massa do
corpo.kg-1 substância).
VIar, Inalação diária de ar por pessoa (20 m3 ar.dia-1.pessoa-1).
Var Volume de ar no mundo (3.1018 m3 ar).
VIágua Ingestão diária de água por pessoa (2 L água.dia-1.pessoa-1).
Vágua Volume de água no mundo (3,5.1018 L água).
Vsolo Volume de solo no mundo (2,7.1016 kg solo seco).
W População mundial da época (5.109 pessoas).
M kg massa do corpo.população
Cvalor É um molde padrão holandês para solo (kg substância.kg-1 solo).
N Fator de incerteza para o ADI.
ADI Ingresso Diário Aceitável da substância (kg substância.dia-1.kg-1massa do
corpo).

ADI é o Ingresso Diário Aceitável: para substâncias com um valor limiar (isto é,
uma concentração ambiental ou valor de ingresso abaixo do qual efeitos nocivos não
são observados em humanos, plantas ou animais) o ADI é o ingresso diário que
pode ser mantido a longo prazo sem efeitos adversos (VROM, 1989 citado por
GUINÉE et al. 2001).
Para substâncias sem tal limiar, ele é o ingresso diário resultante em um risco
de 1 caso extra de câncer por 1000 exposições de longo prazo (VROM, 1989 citado
por GUINÉE et al. 2001).
Os indicadores de resultado para estes meios podem ser somados sem
atribuição de peso para prover um único indicador de resultado médio-independente
para toxicidade humana, conforme a Equação 2.4.
Capítulo 2 Métodos de Caracterização para a Fase de Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida (AICV) 27

Toxicidade humana = ∑ ((HC Ar , i


) (HC
x mar , i + Água, i
) (HC
x mágua, i + Solo, i
x msolo, i )) Eq. 2.4
i

Com:
HCAr,i Fator de caracterização para impactos toxicológicos humanos resultando a partir
de emissões da substância (i) para o ar (kg massa do corpo.kg-1 substância).
HCÁgua,i Fator de caracterização para impactos toxicológicos humanos resultando a partir
de emissões da substância (i) para a água (kg massa do corpo.kg-1 substância).
HCSolo, i Fator de caracterização para impactos toxicológicos humanos resultando a partir
de emissões da substância (i) para o solo (kg massa do corpo. kg-1 substância).
mx,i São as emissões da substância (i) para o ar, água e solo.

GUINÉE et al. (2001) adotaram o conceito de compartimento, meio ou mídia


ambiental, usando três subdivisões básicas: ar, água e solo. Há ainda os chamados
(sub) compartimentos, que nada mais são que as divisões do ar, água e solo, que
estão em equilíbrio com o compartimento de qual eles são uma parte. Exemplos de
(sub) compartimentos são: aerossóis, matéria suspensa e a água presente nos
poros do solo.
Compartimentos ou (sub) compartimentos através dos quais os humanos são
expostos a substâncias tóxicas são referenciados como rotas de exposição GUINÉE
et al. (2001).
GUINÉE et al. (2001) relataram que uma variedade de métodos de
caracterização tem sido desenvolvido para a categoria de impacto toxicidade
humana, criando os fatores de caracterização que são geralmente chamados de
‘Potenciais de Toxicidade Humana’ (HTPs – Human Toxicity Potentials).
Conforme descrito por HEIJUNGS & WEGENER SLEESWIJK (2001) a fórmula
geral para calcular o HTP engloba três dimensões: destino, exposição/ingresso e
efeito. Contudo, GUINÉE et al. (2001) incluíram também uma quarta dimensão, eles
levaram em conta a transferência (Equação 2.5).

HTP i ,ecomp
= ∑ ∑ F
fcomp r
i ,ecomp , fcomp
× T i , fcomp ,r × I r × E i ,r Eq. 2.5

Com:
HTP i,ecomp Potencial de Toxicidade Humana, o fator de caracterização para
toxicidade humana da substância (i) emitida ao compartimento de
Capítulo 2 Métodos de Caracterização para a Fase de Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida (AICV) 28

emissão (ecomp). Em alguns métodos as contribuições via rotas de


exposição (r) não são somados, dando vários HTPs.
F i ,ecomp , fcomp Fator de destino representa o transporte intermeios da substância (i) a
partir do compartimento de emissão (ecomp) ao (sub)compartimento final
(fcomp), e degradação dentro do compartimento (ecomp); em alguns
métodos o transporte intermeios é indicado separadamente por fi, ecomp, fcomp
e (bio)degradação por (BIOi);
T i , fcomp,r Fator de transferência, a fração da substância (i) transferida do (fcomp) à
rota de exposição (r), isto é, ar, água para beber, peixe, plantas, carne,
leite, etc.;
I r Fator de ingresso representa o ingresso humano via rota de exposição (r),
assim, uma função de ingresso diário de ar, água para beber, peixe, etc.;
E i,r Fator de efeito representa o efeito tóxico do ingresso de uma substância
(i) via uma rota de exposição (r).

O HTP é freqüentemente definido relativo a uma substância de referência (refi).


Como na Equação 2.6:

∑ ∑ F i ,ecomp , fcomp
× T i , fcomp ,r × I r × E i ,r
HTPi,ecomp =
fcomp r
Eq. 2.6
∑ ∑ F
fcomp r
refi ,ecomp , fcomp
× T refi , fcomp,r × I r × E refi,r

Os símbolos são similares ao da primeira equação. O HTP usando uma


substância de referência é adimensional ou tem a unidade kg da substância de
referência . kg-1 da substância (i). A escolha da substância de referência é arbitrária.
GUINÉE et al. (2001) utilizam o 1,4 – diclorobenzeno (DCB) como referência (kg 1,4
– DCB eq./kg).
A descrição geral da fórmula de cálculo do HTP e as terminologias associadas
neste trabalho podem diferir das adotadas em trabalhos de outros autores.
Capítulo 2 Métodos de Caracterização para a Fase de Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida (AICV) 29

2.4 Destino Ambiental dos Poluentes entre os Compartimentos Ambientais

Com relação ao destino ambiental dos poluentes entre os compartimentos


ambientais, a modelagem ambiental multimeios proposta por MACKAY (1991) pode
ser aplicada, a mesma utiliza uma abordagem chamada fugacidade.
Segundo PARAÍBA & SAITO (2005) os modelos matemáticos podem contribuir
para prever o destino e a preferência ambiental de poluentes e podem sugerir quais
poluentes, e em quais compartimentos, devem ser sistematicamente observados em
programas de monitoramento do meio ambiente, tal como o de práticas agrícolas
que almejem ser economicamente e ambientalmente sustentáveis.
De acordo com MACKAY (1991) o conceito de fugacidade foi introduzido por G.
N. LEWIS em 1901. A fugacidade, representada por (f) (MACKAY, 1991) é medida
em unidades de pressão, e descreve a tendência de escape de um composto
químico orgânico em um compartimento, meio ou fase (MACKAY, 1991 citado por
PARAÍBA & SAITO, 2005).
Os mesmos autores citaram que os modelos de fugacidade permitem o cálculo
da distribuição total da massa de um poluente entre compartimentos e são
representados por um sistema linear de equações algébricas ou por um sistema
linear de equações diferenciais ordinárias.
O modelo de fugacidade apresenta os níveis (I, II, III e IV) (MACKAY et al.,
1992), e os mesmos são classificados em função da complexidade dos cálculos e
das hipóteses envolvidas na formulação de cada nível (PARAÍBA & SAITO, 2005).
O modelo de fugacidade nível I parte do princípio, no qual os valores da
fugacidade dos compartimentos são iguais e constantes para a avaliação das
concentrações. No modelo de fugacidade nível I os processos de transferências e
degradações são idealmente inexistentes (MACKAY et al., 1992).
No modelo nível II há a adição dos processos de reação (degradação),
advecção em cada um dos compartimentos (MACKAY, 1991; MACKAY et al., 1992;
PARAÍBA & SAITO, 2005 ).
O nível III admite que as fugacidades estão em equilíbrio estacionário e que
cada compartimento pode ter diferentes valores de fugacidades, as quais são
determinadas por um sistema linear de equações algébricas que descrevem as
Capítulo 2 Métodos de Caracterização para a Fase de Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida (AICV) 30

degradações, advecções, emissões e transferências (MACKAY, 1991; PARAÍBA &


SAITO, 2005 ).
O modelo de fugacidade nível IV descreve o comportamento não-estacionário
da distribuição de um poluente entre compartimentos e permite a observação de um
poluente cujas emissões e fugacidades variam com o tempo. Este tipo de modelo é
descrito por um sistema de equações diferenciais ordinárias ou por um sistema
dinâmico de controle (MACKAY, 1991; PARAÍBA et al., 1999; PARAÍBA & SAITO,
2005).

2.5 Ingresso e Exposição a substâncias químicas

De acordo com BENNETT et al. (2002b), os efeitos adversos potenciais a


humanos ocasionados por um poluente lançado no meio ambiente, dependem do
ingresso desse poluente em todos os indivíduos expostos.
O ingresso de poluentes no organismo humano depende do destino e
transporte da substância química no meio ambiente (incluindo ar, solo, vegetação,
água superficial, e sedimento) e da exposição humana. A exposição humana
acontece por meio de um amplo conjunto de caminhos ou rotas de exposição
(incluindo principalmente a inalação, ingestão, e a penetração dérmica).
Uma medida ideal destes múltiplos caminhos de fonte-para-ingresso foi
proposta por BENNETT et al. (2002a), essa terminologia ficou conhecida como
“fração de ingresso”. É uma medida que, ao mesmo tempo em que é concisa,
incorpora os conceitos de destino e transporte, bem como medidas de exposição
humana, dentro de uma métrica única.
De acordo com BENNETT et al. (2002b), a fração de ingresso (iF) é definida
como o aumento integrado do ingresso de um poluente, somados para todos os
indivíduos expostos, e ocorrendo em qualquer tempo, lançado por uma fonte
específica ou classe de fonte, por unidade de poluente emitido. Podem ser
considerados todos os Ingressos, através de inalação, ingestão, ou pela pele
(dérmico).
BENNETT et al. (2002b) calcularam as frações de ingresso (iF) para emissões
ao ar e lançamentos para a água superficial para um conjunto de 308 poluentes que
são atualmente usados e relacionados no Toxic Release Inventory (TRI – Inventário
Capítulo 2 Métodos de Caracterização para a Fase de Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida (AICV) 31

de Emissões Tóxicas dos Estados Unidos) (EPA, 2000) e para qual eles tinham os
dados de propriedades químicas, que compreendem os fatores de partição e taxas
de degradação. Esse conjunto de valores de iF calculado, fornece um recurso para
fazer escolhas ou comparações entre poluentes (BENNETT et al., 2002b).
Para o cálculo das iF, BENNETT et al. (2002b), usaram o modelo multimeios
CalTOX (CalTOX, 2001), que é um modelo baseado em fugacidade multimeios, o
qual inclui ar, três camadas de solo, vegetação, água superficial e sedimento. Os
mesmos autores citaram que alguns parâmetros chaves neste modelo são o uso de
uma fonte de volume uniforme no meio ou compartimento de lançamento, um único
compartimento atmosférico, parâmetros de paisagem uniforme, e densidade
uniforme da população.
No contexto da definição da (iF), tem-se também o que se chama de fração de
ingresso individual (iFi) que é definida como aquele componente de fração de
ingresso associado com o ingresso por um indivíduo específico. Assim, a fração de
ingresso pode ser representada como as frações de ingresso individuais somadas
em cima de todos os membros de uma população potencialmente exposta, incluindo
atuais e futuras gerações (BENNETT et al., 2002b).
Quando são usados modelos multimeios, deve-se considerar o ingresso
através de todas as rotas ou caminhos de exposição, especificando estas rotas, bem
como o meio ou compartimento ambiental para qual o poluente é lançado
(BENNETT et al., 2002b).
Na Tabela 2.4 são apresentados as principais rotas de exposição a que o ser
humano esta sujeito no meio ambiente.
Na Figura 2.2 as rotas de exposição podem ser melhor compreendidas.

Tabela 2.4 - Caminhos ou rotas de exposição a poluentes que os seres humanos estão sujeitos

Caminho ou rota de exposição

Inalação Inclui contato com o ar interno ou externo

Ingestão Consumo de água, ingestão acidental de solo, ingestão de frutas, vegetais, grãos, e
produtos animais, tais como carne (bovina, suína, de aves), ovos, leite e peixe.

Exposição Inclui o contato com água contaminada durante o banho e recreação, bem como o
dérmica contato com pó e solo residencial.

Fonte: Adaptado de BENNETT et al. (2002b).


Capítulo 2 Métodos de Caracterização para a Fase de Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida (AICV) 32

Figura 2.2 - Ilustração das rotas de exposição humana

As concentrações nas rotas de exposição (ou no caso de alimentos, tais como


carnes, leite, ovos e peixes podem ser chamados de substratos) podem diferir da
concentração nos compartimentos ambientais. Contudo, podem ser calculadas a
partir da concentração nestes compartimentos (ex. a concentração na vegetação
pode ser afetada pela água de irrigação) (BENNETT et al., 2002b).
O ingresso potencial é calculado da taxa de contato com o meio de exposição e
a concentração do poluente neste meio de exposição (ex. água da torneira, ar em
recinto fechado, etc.).
De acordo com EPA (1989, citado por BENNETT et al., 2002b) deve considerar
se a concentração no compartimento ambiental, a relação entre a concentração no
meio de exposição e a concentração neste compartimento ambiental, a taxa de
Capítulo 2 Métodos de Caracterização para a Fase de Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida (AICV) 33

ingresso, o peso do corpo, padrão de atividade, e duração da exposição (USEPA,


1989, citado por BENNETT et al., 2002).
Modelar as exposições (ingressos) via ingestão, por exemplo, de alimentos ou
substratos de exposição (ingresso indireto do contaminante presente no alimento),
requer muito mais dados do que para a inalação (ingresso direto do contaminante
presente no ar). Adicionalmente, a localização atual aonde as exposições ocorrem,
podem não ser as mesmas de onde o meio de exposição sofreu tal contaminação,
ou pode ser longo o tempo entre a contaminação do meio (por exemplo, comida,
água e solo) e o período em que a exposição ocorreu (MARGNI, 2003).
Conforme citou MARGNI (2003) em modelos de exposição atuais a
concentração do contaminante no alimento é estimado pela biotransferência do
contaminante a partir dos compartimentos ambientais para uma bioacumulação
química na cadeia alimentar.
De acordo com MARGNI (2003) quase todos os modelos de exposição via
alimentar referem-se à pesquisa de TRAVIS & ARMS (1988). Essa pesquisa foi
baseada em correlacionar o coeficiente de partição octanol-água (Kow, partition
coefficient octanol-water), para estimar a concentração de contaminantes em leite e
carne, combinado o uso de dados medidos quando disponíveis.

Coeficiente de partição octanol-água Kow

Conforme (MACKAY, 1991) o coeficiente de partição octanol-água (Kow) é um


parâmetro muito importante e freqüentemente usado na descrição do
comportamento de uma substância no ambiente. O octanol foi selecionado por
representar adequadamente o lipídio contido na biota. Por causa da mesma
proporção entre carbono e oxigênio, o octanol representa satisfatoriamente o
material orgânico contido em solos e sedimentos. Está prontamente disponível na
forma pura e é modestamente solúvel em água (0,58 g L-1). Já a água é bastante
solúvel em octanol (41 g L-1). Kow é definido em termos das concentrações de um
soluto em água e em octanol, é adimensional. Kow é a medida da hidrofobicidade,
isto é a tendência da substância “odiar” a água e pode ser visto como uma relação
de solubilidade em octanol e água.
Capítulo 2 Métodos de Caracterização para a Fase de Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida (AICV) 34

2.6 Efeito

Há uma ampla variação nos efeitos apresentados pelas substâncias químicas:


dioxinas, por exemplo, são mais tóxicas que nitratos (GUINÉE et al., 2001).
O efeito medido é freqüentemente fundamentado em bases toxicológicas,
assim como EC50, definido como a concentração na qual 50% dos organismos alvos
mostram um efeito. Fatores de extrapolação ou segurança podem ser aplicados para
converter os resultados a partir do laboratório para o campo, a partir de ratos para o
homem, e a partir de espécies únicas para o ecossistema. Produzindo, NOECs – No
Observed Effect Concentration (Nenhuma concentração de efeito observada), ADIs
– (Acceptable Daily Intakes (Ingresso diário aceitável), PNECs – Predicted No-Effect
Concentrations (Nenhum efeito de concentração prognosticado), MCTs – Maximum
Tolerable Concentrations (Concentração máxima tolerável), NOAELs – No Observed
Adverse Effect Levels (Nível de efeito adverso não observado). Os termos
“aceitável”, “tolerável” e “adverso” implicam que estas medidas são principalmente
baseadas em considerações de toxicologia (e não em considerações políticas ou
econômicas).
Capítulo 3 Metodologia 35

3 METODOLOGIA

O método adotado como referencial metodológico seguido nesta pesquisa foi o


método Suíço IMPact Assessment of Chemical Toxics (IMPACT 2002+) denominado
apenas IMPACT 2002, pois, neste caso, denota a exposição multicameios e destino
multimeios ou multicompartimentos ambientais somente para o caso da categoria de
impacto toxicidade humana, a qual é de interesse neste trabalho, e para a qual foi
calculado os fatores de caracterização para uma substância cancerígena (no caso o
hexaclorobenzeno) e uma substância não cancerígeno, representada pelo naftaleno.
O método IMPACT 2002 propõe uma possível implementação de uma
abordagem de ponto médio e ponto final, ligando os resultados da Análise do
Inventário do Ciclo de Vida (ICV) às 14 categorias de impacto, que por sua vez se
ligam às 4 áreas de proteção (saúde humana – para a toxicidade, qualidade dos
ecossistemas, mudança climática e recursos) (JOLLIET et al, 2003b).
Visando a adoção do método IMPACT 2002 como referencial para o
desenvolvimento dos fatores de caracterização para o contexto brasileiro, a
metodologia deste trabalho foi então estruturada em seis etapas, para que as fases
de desenvolvimento fossem melhor compreendidas. A Figura 3.1 exemplifica estas
fases.
O IMPACT 2002 considera que para os múltiplos caminhos de exposição, há
uma ligação entre a concentração de uma substância química na atmosfera, no solo,
na água superficial, ou na vegetação, com a inalação ou ingestão. Os caminhos de
ingestão incluem o consumo de água para beber, ingestão acidental de solo, e
ingresso de contaminantes a partir de produtos agrícolas (frutas, vegetais, grãos,
etc.), como também produtos animais, tais como: carne de boi, carne de porco,
carne de aves, ovos, peixes e leite (JOLLIET et al., 2003b).
Segundo os mesmos autores, em comparação as abordagens convencionais, a
transferência de contaminantes do alimento humano, não é baseada em pesquisas
de consumo, mas sim considerando os níveis de produção agrícola e de carne, que
são eventualmente ingeridos por humanos, independentemente do local que eles
vivem.
Capítulo 3 Metodologia 36

Pesquisa da Produção, Consumo e Ano Base


Comercialização Agrícola,
2005
de Carnes, Ovos, Leite e Peixes

Produção exposta a Produção não exposta a


deposição atmosférica deposição atmosférica

MODELAGEM DO DESTINO
AMBIENTAL DOS POLUENTES

Fugacidade
nível 1

CÁLCULO DA
EXPOSIÇÃO HUMANA

CÁLCULO DA
FRAÇÃO DE INGRESSO (iF)

FATORES DE
CARACTERIZAÇÃO

HTP HDF
(ponto médio) (dano)
(kgeq.hexaclorobenzeno kgi-1) (DALY kgemitido-1)

Figura 3.1 - Etapas da metodologia para o cálculo dos fatores de caracterização com base no
método IMPACT 2002
Capítulo 3 Metodologia 37

Neste contexto, adotando-se o ano de 2005 como base de referência, a


primeira etapa a ser realizada foi a pesquisa da produção agrícola e de animais com
a finalidade de fornecimento de carnes e demais produtos de consumo. Atenção
deve então ser dada à seguinte informação: a produção agrícola foi dividida de
acordo com as recomendações de MARGNI (2003), em produção exposta a
deposição atmosférica e não exposta a deposição atmosférica. Contudo, nas
próximas seções isto será retomado e melhor explicado.
A segunda etapa foi então a modelagem ambiental por meio do conceito de
fugacidade, que teve por objetivo estimar o destino ambiental dos poluentes entre os
compartimentos ambientais e as rotas de exposição.
A etapa seguinte consistiu na definição do cenário ambiental para as
especificidades brasileiras, pois este também foi necessário à finalização da etapa
anterior.
A quarta etapa contou com a estruturação da metodologia para a modelagem
da exposição humana aos compartimentos e através de alimentos contaminados.
Na quinta etapa foi o cálculo da fração de ingresso para os poluentes
selecionados.
Finalmente a sexta e última etapa foi a estruturação para a determinação dos
fatores de caracterização propriamente ditos.

3.1 Pesquisa da produção agrícola e de criação, abate de animais, consumo e


comercialização de alimentos no Brasil

Fez-se uma exaustiva pesquisa, coleta e tabulação dos dados disponíveis


referentes à produção, consumo e comercialização dos principais alimentos
provenientes da produção agrícola e pecuária no Brasil. Os resultados desta etapa
encontram-se no início do Capítulo 4.

3.2 Modelagem do destino ambiental no contexto Brasileiro

Para a modelagem do destino ambiental dos poluentes hexaclorobenzeno e


naftaleno no Brasil, conforme citado no Capítulo 2, foi utilizado o modelo de
fugacidade nível I.
Capítulo 3 Metodologia 38

O modelo de fugacidade nível I foi utilizado para simular a distribuição dos


poluentes hexaclorobenzeno e naftaleno entre os compartimentos de um sistema
ambiental hipotético, construído para o Brasil, constituído de ar, água, solo e plantas.
De acordo com PARAÍBA & SAITO (2005), o modelo de fugacidade nível I foi
recomendado pela Organization for Economic Cooperation and Development
(OECD, 1999) aos países membros como uma das estratégias de análise da
exposição ambiental às substâncias químicas.
A fugacidade de um poluente está relacionada com a concentração C (mol m-3)
por meio da capacidade de fugacidade Z (mol m-3 Pa-1) do compartimento para o
poluente. A concentração é dada pela Equação 3.1.

C =Z ⋅ f Eq. 3.1

Onde f (Pa) é a fugacidade do poluente no compartimento.


Em estado de equilíbrio de fugacidades (nível I), os compartimentos com altas
capacidades de fugacidade terão altas concentrações do poluente (MACKAY, 1991).

A capacidade de fugacidade do ar é definida pela Equação 3.2.

Z A
= 1 R ⋅ ( 273 + T ) Eq. 3.2

Onde R é a constante dos gases (8,314 Pa m3 mol-1 K-1), T é a temperatura


ambiente (°C) (MACKAY, 1991).

A capacidade de fugacidade da água é calculada pela Equação 3.3.

Z W
=1 H Eq. 3.3

Onde, H (Pa m3 mol-1) é a constante de Henry (MACKAY, 1991).

A capacidade de fugacidade do solo foi estimada pela Equação 3.4.


Capítulo 3 Metodologia 39

0,2 0,3 0,5.v oc .ρ solo .K oc


Z S
= + + Eq. 3.4
R(273 + T ) H H

Onde, voc é o conteúdo volumétrico de carbono orgânico do solo e ρsolo (kg m-3)
é a densidade do solo (MACKAY et al., 1992). Os valores 0,2, 0,3 e 0,5 na
expressão de Zs correspondem, respectivamente, ao conteúdo volumétrico de ar,
água e matéria sólida de um solo hipotético (PARAÍBA & SAITO, 2005).
De acordo com CalTOX (1993), as plantas geralmente têm contato com dois
compartimentos ambientais principais, ar e solo. A interação das plantas com esses
compartimentos ainda não é muito bem entendida para que se defina um método
preciso para estimar a captação de poluentes pelas plantas (CalTOX, 1993). A
transitoriedade das substâncias a partir do solo parece ser relativamente o menor
caminho para a acumulação destes compostos nas plantas (FIEDLER et al., 1991
citado por CalTOX, 1993). BACCI & GAGGI (1986) aplicaram a abordagem de
fugacidade na modelagem de destino ambiental de poluentes nas plantas e
encontraram que as concentrações dos poluentes na folhagem das plantas não são
diretamente dependentes da concentração destes compostos no solo, mais sim no
ar (CalTOX, 1993).
Baseado no exposto acima, e seguindo as recomendações de MARGNI (2003)
para realizar a modelagem do destino ambiental na vegetação, foi admitido que o
compartimento planta ou vegetação compreende a produção agrícola brasileira
(principais produtos agrícolas no País), e desta forma as florestas e matas não foram
consideradas no presente estudo.
Na modelagem de destino ambiental de poluentes na vegetação em Avaliação
do Impacto do Ciclo de Vida (AICV), conforme o método IMPACT 2002, a produção
agrícola brasileira foi dividida em dois tipos: exposta e não exposta, conforme prática
adotada em MARGNI (2003).
De acordo com McKONE (1993a) em citação de MARGNI (2003), a produção
exposta compreende a vegetação exposta à deposição atmosférica, similar à
folhagem e frutos no modelo de destino.
Capítulo 3 Metodologia 40

Conseqüentemente, o segundo tipo, não exposta, compreende as partes da


vegetação protegidas do contato direto com a atmosfera, como os caules e raízes
comestíveis.
Haja vista a complexidade e a subjetividade da modelagem ambiental na
vegetação, contudo, seguindo-se as recomendações descritas acima, a capacidade
de fugacidade do compartimento planta foi estimada admitindo-se que as plantas
são constituídas por: 10% de folhas (também frutos neste caso), que compreende
então a produção exposta à deposição atmosférica; 40% de raízes e 50% de caules,
que juntos compreendem a produção não exposta (PARAÍBA & SAITO, 2005).
Conseqüentemente, a capacidade de fugacidade na vegetação é dada pela
Equação 3.5.

Z P
= (0,1.Z folha )( )
(Pr od .Exposta ) + 0,4.Z raíz + 0,5.Z caule (Pr od .Não − Exposta ) Eq. 3.5

Estas capacidades de fugacidade são dadas pelas Equações 3.6 a 3.8.

0,2  0,78 0,02 ⋅ K ow  ρ folha


Z F
= +
R(273 + T )  H
+
H
⋅
 ρ água Eq. 3.6

 0,82 0,02 ⋅ K ow ⋅ Z S  ρ raiz


Z R
= + ⋅ Eq. 3.7
 H H  ρ água

 0,82 0,014 ⋅ K ow ⋅ ZW  ρ caule


Z C
=
 H
+
H
⋅
 ρ água
Eq. 3.8

Onde, ZF é a capacidade de fugacidade da folha, ZR é a capacidade de


fugacidade da raiz, ZC é a capacidade de fugacidade do caule e ρfolha, ρraiz, ρcaule (em
kg m-3) são a densidade da folha, da raiz e do caule, respectivamente (TRAPP &
McFARLANE, 1995; COUSINS & MACKAY, 2001, citados por PARAÍBA & SAITO,
2005). Os valores 0,78, 0,82 e 0,82 correspondem, respectivamente, ao conteúdo
volumétrico de água na folha, na raiz e no caule de uma planta hipotética. Os
valores 0,02, 0,02 e 0,014 correspondem, respectivamente, ao conteúdo volumétrico
Capítulo 3 Metodologia 41

de lipídio de folha, raiz e caule de uma planta hipotética. O valor 0,2 na expressão
de ZF corresponde ao conteúdo volumétrico de ar na folha de uma planta hipotética
(PARAÍBA & SAITO, 2005).
No modelo de fugacidade nível I, supõe-se que as fugacidades são iguais e
constantes em todos os compartimentos, ou seja, (fi = fj = f).
Com as relações entre as propriedades físicas e químicas e os valores de
capacidade de fugacidade (Z) estabelecidos, é possível então demonstrar como
estes valores podem ser usados para calcular a distribuição ambiental das
substâncias químicas avaliadas (MACKAY & PATERSON, 1981).
Se cada compartimento tem um volume definido Vi (m3) e capacidade de
fugacidade Zi (mol Pa-1 m-3), então a concentração Ci (mol m-3) em cada
compartimento é fZi, onde f é a fugacidade predominante de equilíbrio.
A quantidade Q (mol) de cada substância química em cada compartimento é
dada pela Equação 3.9.

Q = C ⋅V = f ⋅Z i ⋅V i
i i i
Eq. 3.9

A quantidade total é dada pela Equação 3.10.

Q = f ⋅ ∑ Z ⋅V
T i i
Eq. 3.10

Desde que a quantidade seja conhecida, a fugacidade pode ser então


calculada como na Equação 3.11.

f =Q ∑ Z ⋅V
T i i
Eq. 3.11

Conseqüentemente, os valores individuais de Ci e Qi podem ser estimados


pelas Equações 3.12 e 3.13, respectivamente.

C i
= f ⋅Z i Eq. 3.12
Capítulo 3 Metodologia 42

Q = C ⋅V
i i i
Eq. 3.13

O percentual de distribuição da massa total do composto no compartimento i, Pi


é calculado pela Equação 3.14.

Z ⋅V Eq. 3.14
P=
i n
i i
⋅100%
∑ Z ⋅V
i =1
i i

Onde n é o número de compartimentos. Desta forma, os valores de Pi fornecem


informações a respeito de qual compartimento ambiental se encontra a maior
porcentagem da substância química ou onde o compartimento tem uma maior
solubilidade para o poluente (SILVA, PLESE & FOLONI, 2006).
Referente à quantidade de cada substância emitida no meio ambiente
modelado para o Brasil, constatou-se que aqui não há um inventário de emissão de
poluentes disponível. Ou pelo menos, um inventário das principais substâncias
químicas lançadas no meio ambiente em função do tempo (como a exemplo do
Toxics Release Inventory -1998 (EPA, 2002) nos Estados Unidos). Contudo, há
alguns documentos isolados, originados de programas financiados por grandes
instituições internacionais, tal como a UNEP Chemicals – United Nations
Environment Programme (UNEP, 2002).
Diante da dificuldade de se localizar os dados necessários, optou-se em adotar
para a substância hexaclorobenzeno, uma emissão potencial de 834 toneladas
(2.928.576,45 mols) (UNEP, 2002). Essa quantidade foi adotada, devido ao fato que,
de acordo com a UNEP (2002), o Brasil importou essa quantidade em 1965, e até
então, não há nenhum monitoramento efetivo deste poluente para a região.
Para fins de cálculo, adotou-se para a substância química naftaleno, a mesma
quantidade admitida para o hexaclorobenzeno, ou seja, 834 toneladas (6.506.475,27
mols).
A partir da Equação 3.11, e de acordo com as quantidades de cada um dos
poluentes emitidos no meio ambiente, calculou-se então a fugacidade, f.
Capítulo 3 Metodologia 43

Em seguida, foram calculadas as concentrações, bem como as quantidades e a


distribuição ambiental percentual de cada um dos poluentes em cada um dos
compartimentos ambientais considerados.
A Tabela 3.1 apresenta a compilação dos dados físico-químicos dos poluentes
utilizados neste trabalho.

Tabela 3.1- Propriedades físicas e químicas do Hexaclorobenzeno e Naftaleno

Substância química
Parâmetros Unidade
Hexaclorobenzeno Naftaleno
CAS [-] 118-74-1 91-20-3
-1
Massa molecular (g mol ) 284,78 128,18
-3
Solubilidade em água (g m ) 0,0062 31,00
Log (Kow) [-] 5,7300 3,3000
Kow (coeficiente de partição octanol-água) [-] 537031,7900 1995,2600
3 -1
Koc (coeficiente de partição carbono orgânico-água) (m kg ) 221,0 0,82
3 -1
Constante de Henry (H) (Pa m mol ) 172,0 44,60
Fonte: Adaptado de PARAÍBA & SAITO (2005).

Na Tabela 3.2 são apresentados os dados utilizados nas equações para o


cálculo da capacidade de fugacidade dos compartimentos ambientais.

Tabela 3.2 - Propriedades físico-químicas usuais


Propriedade Unidade Valor Referência
3 -1 -1
Constante dos gases – R (Pa m mol K ) 8,314 (PARAÍBA & SAITO, 2005)
Temperatura K 273,0 (PARAÍBA & SAITO, 2005)
Temperatura °C 25,0
Fração de carbono orgânico no solo 0,02 (MACKAY, 1991)
-3
Densidade do solo - psolo (kg m ) 1500,0 (MACKAY, 1991)
-3
Densidade da água - págua (kg m ) 1000,0 (MACKAY, 1991)
-3
Densidade da folha (exposta) - pfolha (kg m ) 820,0 (PARAÍBA & SAITO, 2005)
-3
Densidade do caule (não exposta) - pcaule (kg m ) 850,0 (PARAÍBA & SAITO, 2005)
-3
Densidade da raíz (não exposta) - praiz (kg m ) 820,0 (PARAÍBA & SAITO, 2005)

Os cálculos foram realizados usando-se uma planilha Excel contendo as


características físicas e químicas de cada poluente e as equações descritas
anteriormente.
Capítulo 3 Metodologia 44

3.3 Definição da natureza dos compartimentos ambientais no contexto


Brasileiro para aplicação nos cálculos de fugacidade

Com a proposta principal de se considerar da melhor maneira possível as


condições brasileira para o estudo aqui proposto, o cenário ambiental adotado foi
definido tomando se por base os principais compartimentos ambientais, tais como:
• Ar;
• Solo;
• Água doce, e;
• Vegetação, a qual compreende alguns principais produtos agrícolas produzidos
no Brasil, e foi dividida em exposta e não-exposta, conforme descrito
anteriormente.
Para cada compartimento ambiental foram definidos os parâmetros pertinentes
para a realização do estudo, levando-se em consideração as características
coerentes para o território brasileiro.
O volume dos compartimentos ar, água, solo e planta do sistema ambiental
adotado neste trabalho são os apresentados na Tabela 3.3.
Capítulo 3 Metodologia 45

Tabela 3.3 - Dimensões do cenário ambiental adotado para o cálculo da fugacidade das substâncias
químicas avaliadas num contexto Brasileiro
Meio
ambiental Valor Unidade Referência

2
Área territorial do Brasil 8,51488E+12 m (IBGE, 2006)

Altura da camada de mistura na (PENNINGTON


800 m
Ar atmosfera et al., 2005)
3
Volume de ar sobre o Brasil 6,8119E+15 m

Área de água ocupada por rios no 2 (BORGHETTI et


55457000000 m
Brasil al., 2004)

Água Doce (PARAÍBA &


2 m
(Rios) Profundidade média dos rios SAITO, 2005)

Volume de água superficial 3


5,5457E+11 m
considerado

Área de solo no Brasil (descontado a 8,45942E+12 m


2

área de água)

Profundidade do solo considerada (MACKAY,


0,15 m
Solo (arável) 1991)
3
Volume de solo considerado 1,26891E+12 m

Vegetação

-3 (PARAÍBA &
820 Kg m
Exposta Densidade vegetação exposta SAITO, 2005)

Massa produzida 40275613000 kg


3
Volume vegetação exposta (VF_Exp.) 49.116.601,22 m

Não- Densidade média vegetação não- -3 (PARAÍBA &


835 Kg m
Exposta exposta SAITO, 2005)

Massa produzida 1,44936E+11 kg

Volume vegetação não-exposta 3


173.576.097,01 m
(VRC_N-Exp.)

3.4 Estrutura da Metodologia para Exposição Humana

A estruturação da metodologia para a etapa de cálculo da exposição humana


foi realizada conforme MARGNI (2003), e é descrita em detalhes a seguir.
Capítulo 3 Metodologia 46

A partir das concentrações em cada compartimento ambiental, isto é, no ar,


água, solo e vegetação, o modelo de exposição aqui apresentado estimou o
ingresso humano cumulativo (I), o qual, por sua vez, esta associado com a
concentração em cada compartimento (n) pela multiplicação da concentração pela
taxa de ingresso equivalente do meio e pela população humana total.
O ingresso direto é provável para ocorrer pela inalação ou ingestão direta do
meio ou compartimento ambiental contaminado, e foi assim considerado. Por outro
lado, o ingresso indireto é determinado pela bioacumulação (ou bioconcentração) do
contaminante em substratos de exposição (alimentos) multiplicada pela produção do
alimento e finalmente pelas taxas de consumo. Por exemplo, o homem é exposto a
poluentes presentes na água via ingestão direta por água tratada ou indiretamente
de água contaminada transferida para peixes e então para os homens. Isto é
expresso matematicamente pela Equação 3.15:

I = ∑ C n ⋅ IRn onde, IR n = IR n , direto + IR n,indireto Eq. 3.15


n

Onde Cn (kg m-3) é a massa baseada na concentração ambiental no meio (n),


IRn é a taxa de ingresso humano equivalente, calculada para caminhos diretos e
indiretos. IRn,direto é a taxa de ingresso direto do meio em mn3 ano-1.
Como exemplo, se um compartimento (n) é água, então IRw,direto é usualmente a
taxa de ingestão de água da população.
O segundo termo IRn,indireto é a taxa de ingresso indireto, via um substrato, ou
rota de exposição (e), que está relacionado à concentração no compartimento (n).
Isto expressa a quantidade equivalente do meio (n) que seria necessária para
contaminar o substrato de exposição até certo nível. A taxa de ingresso indireto é
representada na Equação 3.16 (MARGNI, 2003).

1 Ce BAFne Eq. 3.16


IRn ,indireto = ∑ ⋅ ⋅ IR ne = ∑ ⋅ IRe
e ρn Cn e ρn
Capítulo 3 Metodologia 47

Onde BAFne (kgn kge-1) é o fator de bioacumulação (ou bioconcentração),


análogo às medidas em avaliação ecotoxicológica aquática. Quantifica o poluente
associado com uma concentração ambiental (Cn) em um determinado meio, à
concentração no substrato de exposição (Ce) (kg kgn-1). ρn (kgn mn-3) é a densidade
do meio (n) e IRe (kge ano-1) expressa a taxa de produção do substrato de
exposição.
Os fatores de bioacumulação (BAFs) para todos os meios ambientais
contribuem para a bioacumulação em substratos de exposição e desse modo para o
ingresso humano global, o qual considera todos os caminhos de exposição
possíveis. Inalação de ar, pasto, água e ingestão de solo contribuem para a
concentração de poluentes nas carnes (MARGNI, 2003).
O fator de biotransferência (BTF) provê uma medida da bioacumulação. Os
BAFs podem também ser medidos ou, estimados multiplicando-se os fatores de
biotransferência (BTF) pela taxa de ingresso do animal de criação, como na
Equação 3.17 (MARGNI, 2003).

BAFne = BTF ⋅ IRn' Eq. 3.17

Onde, IRn’ denota a taxa de ingresso ou inalação individual da espécie animal,


como a massa diária de vegetação, água, solo ou ar consumido por uma vaca
leiteira.
A partir das Equações 3.15 e 3.16, e partido das concentrações de destino Cn,
calculadas conforme a abordagem da fugacidade nível I, a exposição foi
determinada baseando-se em três parâmetros chaves: taxas de ingresso direto do
meio, taxas de produção de substrato de exposição indireta e fator de
bioconcentração.
A seguir é descrito em detalhes como foram estimadas as taxas de ingresso
direta e indireta, incluindo as taxas de ingresso individual por espécie animal.
Capítulo 3 Metodologia 48

Taxas de ingresso direto

O ingresso direto IRn,direto do meio (n) é contabilizado pela quantidade de meio


(n) que ingressa numa população. A Equação 3.18 foi utilizada para o cálculo da
taxa de ingresso direto do meio ou compartimento ambiental (ar, água e vegetação)
(MARGNI, 2003).

1 Eq. 3.18
IRn ,direto = ⋅ PRn ⋅ F
ρn

Onde PRn (kgn ano-1) é a quantidade do meio (n) tirada do ambiente, ρn (kg
mn-3) é a densidade do meio (n) e F (adimensional) é a fração de ingestão daquele
meio, que pode ser eventualmente ingerido.
Seguindo-se as recomendações de MARGNI (2003) o ingresso de poluente via
inalação do ar IRa,direto, foi estimado a partir de um taxa de inalação fixa de 13,3
m3/pessoa-dia, e F foi considerada como sendo 1. A taxa de ingestão de água
tratada, IRw,direto foi calculada com base em uma taxa de ingestão fixa por pessoa de
2 litros, considerando que a população foi suprida por água superficial somente.
Assumindo que a fração da substância química absorvida no material particulado é
inteiramente eliminada no processo de filtração no tratamento da água, F é
dependente da substância química e representa a fração da substância química
dissolvida nesta água que será ingerido. Deste modo IRw,direta se torna também
dependente da substância química pra os caminhos de ingestão de água (MARGNI,
2003). Contudo, adotou-se também para a água um valor de F = 1, idêntico ao do ar.
De acordo com MARGNI (2003) ao se calcular a fração de ingresso, adotando-
se como aqui, uma abordagem baseada na produção, não é necessário saber onde
a vegetação é consumida, porém é essencial conhecer o quanto foi produzido na
região do estudo, e qual foi a fração que foi finalmente consumida. Os dados de
produção de vegetação foram também utilizados nos cálculos do destino ambiental
para que se conhecesse a concentração dos poluentes na vegetação que seria
ingerida por humanos e animais. Assim, foi utilizado o termo taxa de produção anual
Capítulo 3 Metodologia 49

usável do meio ou compartimento ambiental, representado por PRn, utilizando-se


como ano de referência para o Brasil, o ano de 2005.
Os valores de F (Equação 3.18) para a vegetação (produção exposta e não
exposta à deposição atmosférica, conforme descrito anteriormente) levaram em
conta a fração consumida por humanos, incluindo as quantidades exportadas que
foram consumidas fora do Brasil. Para o valor de F no caso de ovos, leite, peixes e
carnes, também foram consideradas as frações consumidas por humanos, bem
como as exportações. Contudo, para as quantidades de carnes de frango, bovina e
suína, foi adotado um valor de F = 0,70, pois considerou-se que as carcaças desses
animais possuem 30% de ossos, os quais não são usados como alimento humano.

Taxas de ingresso indireto

Conforme citou MARGNI (2003) o ingresso indireto de poluentes no homem


ocorre através do processo de bioacumulação a partir de um meio ou compartimento
ambiental (n) para um substrato de exposição (e), isto é, carne, leite, ovo e peixe.
Animais terrestres são potencialmente expostos ao ar, água, solo e pasto
contaminados. Os organismos aquáticos (peixe) são expostos à água ou a alimentos
contaminados. E, animais de criação são geralmente alimentados com rações
industriais (concentrados) e fibras.
O ingresso indireto equivalente associado com o meio (n), IRn,indireto, é
determinado pela exposição animal através de cada meio ambiental, conforme a
Equação 3.19:

1 Eq. 3.19
IRn ,indireto = ⋅ BAFne ⋅ IRe , onde IRe = PRe ⋅ F
ρn

Onde ρn (kg mn-3) é a densidade do meio (n), BAFne (kgn kge-1) é o fator de
bioconcentração do compartimento (n) para o substrato (e) leite, carne, ovos e peixe,
e PRe (kge ano) suas respectivas taxas de produção. F (adimensional) como
apresentado anteriormente, considera o consumo humano incluindo as exportações,
Capítulo 3 Metodologia 50

e quando pertinente, levam em consideração a quantidade de ossos na carne


produzida.
A Tabela 3.4 apresenta as taxas de ingresso individual de alimentos, água, solo
e inalação de ar para cada espécie de animal de criação, que é utilizada na
alimentação humana, bem como o conteúdo de gorduras em suas carnes.

Tabela 3.4 - Valores médios de ingestão de alimento, água, solo, inalação de ar e conteúdo de gordura
na carne por espécie animal
Taxa de ingresso individual do animal (IRn')
Conteúdo de
gordura na

Espécie de animal Alimento industrial


carne (ge)

de criação
Origem de Origem não
Fibras plantas vegetal Água Solo Ar
3
kgMF/dia kgMF/dia kgMF/dia L/dia kg/dia m /dia
Suínos 0,23 7,70 1,15 0,11 7,00 0,04 60,00
Bovinos de corte 0,25 26,00 0,83 0,05 30,00 0,30 80,00
Aves de corte
(galinhas e frangos) 0,06 0,35 0,02 0,003 0,10 0,001 2,20
Aves de postura
(galinhas) n.a. 0,12 0,14 0,01 0,10 0,002 2,20
Outros animais
(cabras e ovelhas) 0,14 4,60 0,17 0,008 7,00 0,10 60,00
Vaca leiteira n.a. 56,00 3,21 0,21 60,00 0,80 122,00
-3
MF - Fibras em massa fresca; n.a. – não aplicável; ge – adimensional; Densidade do ar = 1,2 kg m .
Fonte: MARGNI (2003).

Na Tabela 3.4 o alimento industrial foi distinguido por dois grupos principais:
materiais de origem vegetal e, apesar das recentes modificações legislativas,
materiais não vegetais, isto é de origem animal e inorgânica, como óleo e farinha de
peixe, gordura animal, carne e ossos, sub-produtos de leite, minerais, aditivos, e
vitaminas (MARGNI, 2003). Seguindo as recomendações do mesmo autor, o qual
citou que conhecendo-se a concentração de contaminantes nos materiais de origem
não vegetal, estes podem ser considerados como um caminho de exposição
adicional que podem ser relevantes para a bioacumulação de substâncias químicas.
Contudo, adicionais estudos sobre a sensibilidade são requeridos para estabelecer a
relevância desses materiais de origem animal sobre uma perspectiva de
transferência de contaminante. Neste contexto, os materiais de origem não vegetal
não foram considerados no cálculo do ingresso de alimentação dos animais. Pois do
Capítulo 3 Metodologia 51

contrário, não seria possível o cálculo dos fatores de bioacumulação, uma vez que
não se conseguiria estimar a concentração dos poluentes nos materiais de origem
não vegetal.
Seguindo as recomendações de MARGNI (2003) foi assumido que para todo o
alimento industrial de origem vegetal, a concentração utilizada foi a estimada para a
produção não exposta, haja vista que a ração é obtida principalmente a partir de
cereais e seus sub-produtos.
Com base em MARGNI (2003) foi assumido que para a alimentação animal
baseada em fibras, a concentração utilizada foi a estimada para a produção exposta,
pois foi associada à concentração nas folhas.
A Tabela 3.5 resume os parâmetros baseados no sistema de produção agrícola
e de animais de criação e demais tipos de substratos ou rotas de exposição
desenvolvidos para o Brasil, para serem utilizados no cálculo do ingresso na
modelagem de exposição humana.
As tabelas com o levantamento completo dos dados referentes à pesquisa que
foi realizada sobre a produção agrícola e agropecuária no Brasil serão apresentadas
no Capítulo 4, conforme já descrito anteriormente.
Capítulo 3 Metodologia 52

Tabela 3.5 - Parâmetros de exposição para o Brasil para aplicação nas Equações de cálculo do ingresso
humano.
Fração*
Taxa de
Quantidade consumida
Taxa de Quantidade Produção
consumida por por humanos
Produção Exportada anual por
Taxa de humanos no Brasil +
pessoa
ingresso direto exportações
do meio
PRn [kgn
-1 -1 -1 -1
PRn [kgn ano ] [kgn ano ] % [kgn ano ] % F [-] ano
-1
pessoa ]
Ar 1,09E+12 na na na na 1,00 5825,40
Água superficial 1,37E+11 na na na na 1,00 730,00
Produção
exposta 4,03E+10 3,76E+10 93,32 2,69E+09 6,68E+00 1,00 214,72
Produção não
exposta 1,45E+11 7,66E+10 52,83 2,50E+10 1,72E+01 0,70 772,71
Fração*
Taxa de
Quantidade consumida
Taxa de Quantidade Produção
consumida por por humanos
Exposição Produção Exportada anual por
humanos no Brasil +
indireta via pessoa
exportações
ingresso de
substrato PRe [kgn
-1 -1 -1 -1
PRe [kgn ano ] [kgn ano ] % [kgn ano ] % F [-] ano
-1
pessoa ]
Peixe de água
doce 3,73E+08 3,73E+08 100,0 0,00E+00 0,00 1,00 1,99
Carne de frango 9,35E+09 6,50E+09 69,56 2,85E+09 30,44 0,70** 49,84
Carne bovina 9,46E+09 7,53E+09 79,66 1,92E+09 20,34 0,70** 50,41
Carne suína 2,71E+09 2,09E+09 77,04 6,22E+08 22,96 0,70** 14,44
Carne de cabras
e ovelhas 1,91E+08 4,66E+07 24,35 1,45E+08 75,65 1,00 1,02
Ovos de
galinhas 1,63E+09 1,60E+09 98,24 2,88E+07 1,76 1,00 8,69
Leite de vacas 2,14E+10 2,14E+10 99,63 7,84E+07 0,37 1,00 114,27
População Brasileira 187.569.084 habitantes (IBGE, 2007a)
-1 -1
Taxa de ingestão média de água potável adotada para o Brasil, 2 L dia pessoa .
3 -1 -1
Taxa de inalação diária média adotada para o Brasil, 13,3 m dia pessoa .
-3
Densidade do ar =1,2 kg m .
*Fração consumida por humanos incluindo as quantidades exportadas que serão consumidas fora do Brasil,
haja vista a abordagem baseada em produção, a qual considera a taxa de ingresso da produção e não onde
essa produção é consumida (MARGNI, 2003).** o valor de 0,70 foi utilizado, uma vez que foi considerado que
as carcaças destes animais possuem 30% de ossos, os quais não são base da alimentação humana.

Bioacumulação na cadeia alimentar humana

De acordo com (MARGNI, 2003), os animais podem ser expostos a


contaminantes químicos através de ingestão de alimentos contaminados, solo, e
água, e inalação de ar contaminado. Os fatores de bioacumulação (ou
Capítulo 3 Metodologia 53

bioconcentração) do compartimento (n) para o substrato (e) (BAFne) são estimados


pela multiplicação das taxas de ingresso individual de um dado animal de criação
(IRn’) (ver Tabela 3.4) pelo fator de biotransferência (BTF) (MARGNI, 2003).
Conforme MARGNI (2003) os modelos de regime permanente são comumente
usados para calcular os fatores de biotransferência, pois eles são diretamente
aplicáveis a uma ampla extensão de substâncias químicas, e são adequados para
estimar as transferências médias de poluentes em longo prazo.
O BTF é uma medida de quanto das quantidades ingeridas do contaminante
são realmente transferidos para o tecido animal. Isso é definido como um quociente
da concentração no tecido ou no alimento dividido pelo ingresso diário de alimento
por um animal que visa à produção de alimentos (MARGNI, 2003).
Os BTFs são expressos em unidades de concentração no tecido animal (como
a carne) ou fluido (como leite) dividido pelo ingresso diário do poluente, o qual reduz
para unidades de d kg-1. De modo diferente, os BAFs expressam a relação em
regime permanente entre a concentração no tecido animal e um meio ambiental
especifico, BTF expressa a relação em regime permanente entre o ingresso e a
concentração no tecido ou em produtos alimentícios (MARGNI, 2003).
Conforme MARGNI (2003) o BTF foi convertido em BAF multiplicando-se o BTF
pela taxa de ingestão diária de alimento do animal. Esta correlação foi desenvolvida
para a transferência de substâncias químicas orgânicas do alimento para os
produtos animais. Contudo, de acordo com as recomendações do mesmo autor,
uma suposição comum foi feita também para aplicação do BTF para a taxa de
ingestão de solo, água e inalação de ar.
Para o cálculo dos BTFs para ovos e leite foi utilizada a condição da Equação
3.20, inicialmente proposta por TRAVIS & ARMS (1988) com a condição (se:
log Kow – be < 0,1; e log BTFe = 0,1, se: log Kow – be ≥ 0,1) apresentada por
PENNINGTON et al. (2005) como sugestão de BENNETT et al. (2002b).

log BTFe = log K ow − be se, log K ow − be < 0,1 Eq. 3.20

log BTFe = 0,1 se, log K ow − be ≥ 0,1


Capítulo 3 Metodologia 54

Onde, BTFe é o fator de biotransferência para o substrato (e), be é o coeficiente


para o substrato de exposição (e). bovo = 5,1 (McKONE, 1993b), bleite = 8,1 (TRAVIS
& ARMS,1988).
Para o cálculo dos BTFs para carnes utilizou-se a abordagem proposta por
MARGNI (2003), a qual foi desenvolvida a partir do melhoramento dos modelos de
exposição inicialmente apresentados por TRAVIS & ARMS (1988) para carne bovina
e posteriormente expandidos sobre a abordagem proposta por McKONE (1993b)
para outros tipos de carne, conforme a Equação 3.21.

ge Eq. 3.21
log BTFe = log K ow − be + log
IRn'

Onde, be é o coeficiente do substrato de exposição carne. De acordo com


MARGNI (2003) para (bcarne = 5,6)4 é assumindo que o fator de partição gordura-
dieta para carnes de outros animais de criação (sugerido por McKONE, 1993b) é
similar à carne bovina, e que outros fatores específicos, tais como diferenças
metabólicas são desprezíveis. O ge (adimensional) é o conteúdo de gordura na
carne de uma determinada espécie animal. IRn’ (kg/dia) é a taxa de ingresso de
alimento em massa fresca para cada espécie animal.
Para os peixes de água doce o fator de bioacumulação (BAF) foi diretamente
calculado pelo modelo linear apresentado em MACKAY (1991), o qual foi
desenvolvido a partir do conteúdo em lipídios presente nos peixes, supondo-se um
valor médio aproximado de 5%, conforme a Equação 3.22.

BAF peixe = 0,048 ⋅ log K ow Eq. 3.22

Os resultados da aplicação das equações evidenciadas acima são


apresentados no Capítulo 4.

4
(be) é o coeficiente para carne contabilizado para o conteúdo de gordura na carne bovina e a taxa
de ingresso de alimento, e foi modificado a partir de TRAVIS & ARMS (1988), isto é, b=7,6 – log
(26/0,25).
Capítulo 3 Metodologia 55

3.5 Cálculo da Fração de Ingresso para os poluentes Hexaclorobenzeno e


Naftaleno

Após os cálculos das taxas de ingresso direto e indireto dos compartimentos


ambientais, bem como das concentrações ambientais nesses compartimentos,
calculou-se então o Ingresso Humano Cumulaitvo (I) através da inalação (Ia,inalação) e
da ingestão (Iw,s,prod.exp.,prod.ñ-exp.) e, conseqüentemente, o Ingresso Humano
Cumulativo Total (Itotal) de cada substância, conforme apresentado anteriormente na
estrutura da metodologia de exposição humana.
De posse destes resultados e conhecendo-se a taxa de emissão de cada
poluente no meio ambiente, partiu-se então para o cálculo das Frações de Ingresso
(iF) que são o ponto final para a modelagem do destino e exposição humana.
A iF conforme descrito no Capítulo 2 é definida como o aumento integrado do
ingresso de um poluente somados todos os indivíduos expostos e ocorrendo para
qualquer tempo, emitidos por uma fonte específica ou classe de fonte, por unidade
de poluente emitido.
De acordo com MARGNI (2003) a Equação 3.23 foi utilizada para o cálculo das
frações de ingresso para cada poluente.

I total Eq. 3.23


iF =
S emissão

Onde iF é a fração de ingresso, Itotal é o ingresso humano cumulativo total


(kgingressado no ano), e Semissão, é a taxa de emissão do poluente no ano (kgemitido).

3.6 Determinação dos Fatores de caracterização de acordo com a proposta do


método IMPact Assessment of Chemical Toxics (IMPACT 2002)

Toxicidade humana (cancerígenos e não cancerígenos)

Os Fatores de Caracterização para efeitos toxicológicos crônicos sobre a saúde


humana, provêm estimativas de risco toxicológico cumulativo, bem como os
Capítulo 3 Metodologia 56

potenciais impactos associados a uma massa especificada (kg) de uma substância


emitida no meio ambiente (JOLLIET et al, 2003b).
Esses fatores de caracterização são denominados Potencial de Toxicidade
Humana (HTP - Human Toxicity Potentials) para a abordagem de ponto médio e,
Fator de Dano Humano (HDF - Human Damage Factors), para uma abordagem em
nível de dano.
No IMPACT 2002 de acordo com JOLLIET et al. (2003b) os diferentes tipos de
informações relevantes relativas à toxicidade humana (aqui representada por
cancerígenos e não cancerígenos) são o destino ambiental, o qual representa o
transporte no ambiente (aqui calculado de acordo com o conceito de fugacidade), a
exposição, que representa o ingresso cumulativo resultante. Estes são então
combinados com um fator de efeito caracterizando os riscos potenciais ligados aos
ingressos tóxicos.
A severidade, finalmente caracteriza a magnitude relativa do dano devido a
certas doenças.
O Fator de Dano Humano da substância i (HDFi), in DALY (Disability-Adjusted
Life Years - Anos de Vida Perdidos Ajustados por Incapacidade) por kgemitido foi
calculado de acordo com a Equação 3.24:

HDFi = iFI ⋅ EFi = iFI ⋅ β i ⋅ Di Eq. 3.24

Onde:
HDFi Fator de Dano Humano para a substância (i) (DALY kgemitido-1);
iF Fração de ingresso (kgingressado kgemitido-1) é a fração de massa de uma
substância química lançada no meio ambiente, que é finalmente ingressada
na população humana como um resultado da contaminação alimentar,
inalação, ou exposição (BENNET et al., 2002a e 2002b);
EF Fator de efeito é o produto do fator de inclinação da dose-resposta ( β , em
risco de incidência por kgingressado) e da severidade (D, in DALY por
incidência).

De acordo com JOLLIET et al. (2003b), para o fator de efeito, o IMPACT 2002
usa uma nova abordagem para calcular o efeito na saúde humana para impactos
Capítulo 3 Metodologia 57

toxicológicos cancerígenos e não cancerígenos. A medida escolhida foi então a


Dose de Efeito 10% (ED10h). A ED10h é a melhor estimativa da dose de efeito para
humanos que induz risco a somados 10% dos organismos alvo sobre uma
população testada (UDO DE HAES et al., 2002).
A ED10 é derivada a partir da avaliação de risco a saúde, usando o conceito de
dose de referência (benchmark dose) para estimar um padrão linear de extrapolação
de baixa dose, como detalhado em CRETTAZ et al. (2002) para efeitos
cancerígenos e por PENNINGTON et al. (2002) para efeitos não cancerígenos.
O fator de efeito à saúde humana foi calculado de acordo com a Equação 3.25.

0,1 1
β humano = ⋅ Eq. 3.25
ED10 BW ⋅ LTh ⋅ N 365
Com:
β humano Fator de efeito na saúde humana (risco de uma incidência por kg de
ingresso cumulativo);
ED10 Dose de efeito resultando efeito em 10% dos organismos sobre uma
população testada (mg kg-1 dia-1);
BW Peso médio do corpo da população considerada (70Kg pessoa-1);
LTh Expectativa de vida média dos brasileiros em uma população
considerada em anos (71 anos);
N365 Número de dias por ano (365 dias ano-1).

Conforme mencionado por JOLLIET et al. (2003b) fatores de inclinação


preliminares (β) foram calculados a partir de bioensaios sobre certos animais usando
a melhor estimativa de fatores de extrapolação a partir de dados de TD50 (Dose
Tóxica 50%), NOAEL (No Observed Adverse Effect Levels - Nível de efeito adverso
não observado), LOAEL (Low Observed Adverse Effect Levels – Baixo nível de
efeito adverso observado).
O DALY (Disability-Adjusted Life Years - Anos de vida perdidos ajustados por
incapacidade (MURRAY e LOPEZ, 1996) caracterizam a severidade, considerando
para ambos mortalidade YLL (Years of Life Lost – Anos de vida perdidos – devido a
morte prematura) e morbidez.
Capítulo 3 Metodologia 58

Valores DALY padrão de 13 e 1,3 (anos incidência-1) foram adotados para os


efeitos cancerígenos e não cancerígenos, respectivamente (KELLER (2005) citado
por HUMBERT, et al. (2007).
Como de acordo com JOLLIET et al. (2003b) e HUMBERT, et al. (2007) não há
nenhum ponto médio (midpoint) real para toxicidade humana como parâmetro
intermediário para o destino e a exposição, bem como a fração de ingresso não
pode ser deles próprios interpretados. Alternativamente, um ponto médio real pode
ser o número de casos da mesma doença. Contudo, como uma ou várias
substâncias causam um grande número de doenças, riscos de doenças não podem
ser somados sem considerar implicitamente uma severidade igual, ou
preferivelmente, explicitar a severidade respectiva deles.
Os fatores de caracterização para ponto médio (Equação 3.26) são então
obtidos dividindo-se o HDF (Fator de Dano Humano) da substância considerada pelo
HDF da substância de referência (adotou-se aqui o hexaclorobenzeno como
substância de referência por ser classificado como cancerígena). No modelo
IMPACT 2002 a substância de referência é o cloroetileno (cancerígeno humano
declarado, com dados de destino bem definidos e um principal caminho de impacto
pela inalação de ar).

HDFi
HTPi = Eq. 3.26
HDFhexaclorobenzeno
Onde:
HTPi Potencial de Toxicidade Humana para a substância química (i) (kgeq.
hexaclorobenzeno kgi-1).
HDF Fator de Dano Humano.

Os resultados dos fatores de caracterização são apresentados no Capítulo 4.


Capítulo 4 Resultados e Discussões 59

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Resultado da pesquisa da produção agrícola, criação e abate de animais,


consumo e comercialização de alimentos no Brasil

Na Tabela 4.1 e 4.2 são apresentados os resultados obtidos durante a pesquisa


dos dados referentes à produção agrícola (produção exposta e não exposta) no
Brasil, divididas de acordo com a classificação sugerida por McKONE (1993) em
citação de MARGNI (2003) como descrito no Capítulo 3.
Referente aos dados de produção agrícola a pesquisa demonstrou que as
quantidades distribuídas de determinadas culturas, a exemplo do milho, são mais
bem detalhadas que outras o que facilitou a estimativa da distribuição e das
finalidades do milho produzido e comercializado no Brasil.
Na Tabela 4.3 são apresentados os resultados da pesquisa sobre a produção,
comercialização e consumo dos diversos tipos de carnes oriundas da criação de
animais, tal como a pecuária de corte e leiteira, a suinocultura, avicultura de corte, e
de postura, assim como carnes de cabrito e ovelha. E também ovos e peixes de
água doce. Peixes de água salgada não foram considerados.
Capítulo 4 Resultados e Discussões 60

Tabela 4.1 - Produção, importação, exportação, e uso interno, segundo os principais produtos das lavouras temporárias, permanentes e leguminosas (Produção Exposta) - Brasil 2005

Consumo Sementes
Produção Importaçã Exportação Consumo Consumo
Tipo Produtos R. R. R. Uso interno* industrial e outros
(t) o (t) (t) animal (t) humano (t)
(t) usos
Tomate 3.452.973 [a] 0 0 3.452.973 0 3.452.973 0 0
Hortaliças folhosas e florais** 439.375 [g] 0 0 439.375 0 439.375
Abacate 169.335 [a] 169.335
Abacaxi 1.474.471 [b] 1.474.471
Banana 6.703.400 [a] 6.703.400
Caqui 164.849 [a] 164.849
Figo 23.697 [a] 23.697
Goiaba 345.533 [a] 345.533
Maçã 850.535 [a] 850.535
Produção Exposta

Mamão 1.573.819 [a] 1.573.819


Manga 1.002.211 [a] 269.774 [c] 807.878 [c] 464.107 0
Maracujá 479.813 [a] 479.813
Frutas

Marmelo 1.078 [a] 1.078


Melancia 1.637.428 [a] 1.637.428
Melão 352.742 [a] 352.742
Pêra 19.746 [a] 19.746
Pêssego 235.471 [a] 235.471
Tangerina 1.232.599 [a] 1.232.599
Uva 1.232.564 [a] 1.232.564
Total outras frutas 17.499.291 269.774 807.878 16.961.187
Laranja 17.853.443 [a] 2.415 [c] 1.839.942 [c] 16.015.916
Limão 1.030.531 [a] 44.258 [d] 986.273
Total Laranjas e Limões 18.883.974 2.415 1.884.200 17.002.189
Total frutas 36.383.265 272.189 2.692.078 33.963.376 36.655.454 0 0
SOMA PRODUÇÃO EXPOSTA 40.275.613 272.189 2.692.078 37.855.724 0 40.547.802 0 0
Fonte: Elaborado pelo autor: [a] - (IBGE 2005a); [b] - (LSPA, 2005); [c] - (CONAB, 2007); [d] - (MAPA, 2007a); [e] - (MAPA, 2007b); [f] - (MAPA, 2007c); [g] - (IBGE, 2003).
Nota: *Uso interno = (Produção + Importação - Exportação); ** A quantidade de hortaliças folhosas e florais foi estimada a partir da quantidade adquirida (2,5 kg) por habitante no Brasil,
nos anos de 2002-03, com uma população média de 175,75 milhões de hab.
Capítulo 4 Resultados e Discussões 61

Tabela 4.2 - Produção, importação, exportação, e uso interno, segundo os principais produtos das lavouras temporárias, permanentes e produção de cereais, leguminosas e
oleaginosas (Produção Não Exposta) - Brasil 2005

Consumo Consumo Sementes


Produção Importação Exportação Consumo
Tipo Produtos R. R. R. Uso interno* humano industrial R. e outros
(t) (t) (t) animal (t)
(t) (t) usos

Arroz (em casca) 13.192.863 [a] 44.346 [c] 72 [c] 13.237.137 0 13.337.137 0 0
Aveia (em grão) 522.428 [a] 1 [c] 1.475 [c] 520.954 261.214 261.214 0 0
Centeio (em grão) 6.109 [a] 0 0 6.109 3.055 3.055 0 0
Cereal

Cevada (em grão) 326.251 [a] 1.146.316 [c] 0 [c] 1.472.567 0 1.472.567 0 0
Trigo 5.845.900 [c] 5.311.000 [c] 1.800 [c] 11.155.100 0 11.155.100 0 0
Milho 34.696.000 [e] 650.000 [e] 1.080.000 [e] 34.266.000 31.074.000 1.622.000 4.150.000 0
Produção Não Exposta

Sorgo granífero (em grão) 1.522.839 [a] 91.961 [c] 23.649 [c] 1.591.151 1.591.151 0 0 0
Triticale (em grão) 278.333 [a] 0 0 278.333 278.333 0 0 0
Fava (em grão) 13.181 [a] 0 0 13.181 13.181 0 0 0
Leguminosa

Soja (em grão) 52.304.600 [c] 368.000 [c] 22.435.100 [c] 30.237.500 13.672.250 13.672.250 0 [f] 2.893.000
Ervilha (em grão) 5.674 [a] 0 0 5.674 0 5.674 0 0
Feijão (em grão) 3.021.641 [a] 100.719 [c] 2.302 [c] 3.120.058 0 3.120.058 0 0
Amendoim (em casca) 315.239 [a] 152 [c] 58.959 [c] 256.432 0 256.432 0 0
Café (em grãos) 2.145.265 [b] 22 [c] 1.352.097 [c] 793.190 0 793.190 0 0
Batata-doce 513.646 [a] 0 0 513.646 0 513.646 0 0
Hortaliça

Batata-inglesa 3.130.174 [a] 0 0 3.130.174 0 3.130.174 0 0


Mandioca 25.872.015 [a] 9.641 [c] 12.932 [c] 25.868.724 0 25.868.724 0 0
Alho 86.199 [a] 132.531 [c] 832 [c] 217.898 0 217.898 0 0
Cebola 1.137.684 [a] 0 0 1.137.684 0 1.137.684 0 0
SOMA PRODUÇÃO NÃO
144.936.041 7.854.689 24.969.218 127.821.512 46.893.184 76.566.803 4.150.000 2.893.000
EXPOSTA
Fonte: Elaborado pelo autor, com base em: [a] - (IBGE 2005a); [b] - (LSPA, 2005); [c] - (CONAB, 2007); [d] - (MAPA, 2007a); [e] - (MAPA, 2007b); [f] - (MAPA, 2007c); [g] -
(IBGE, 2003).
Nota: *Uso interno = (Produção + Importação – Exportação).
Capítulo 4 Resultados e Discussões 62

Tabela 4.3 - Dados de produção, importação, exportação e disponibilidade interna e per capita de carnes, ovos, leite e peixe de água doce no Brasil em 2005.
Disponibilidade

Unid.

Unid.

Unid.
(milhões
Produto Produção Importação Exportação Referência

Unid.

Unid.
per de hab.)
Interna
capita
-1
Carne da avicultura 9.348.000,0 t … … 2.845.900,0 t 6.502.100,0 t 35,3 kg hab. 184,3 (CONAB, 2007)
-1
Carne bovina 9.455.000,0 t* 52.500,0 t* 1.923.100,0 t* 7.584.400,0 t* 41,2 kg hab. 184,3 (CONAB, 2007)
-1
Carne suína 2.708.000,0 t* 700,0 t* 621.700,0 t* 2.087.000,0 t* 11,3 kg hab. 184,3 (CONAB, 2007)
-1
Carne de cabras e ovelhas 191.294,8 t 4.817,0 t 144.721,0 t 46.573,8 t 0,265 kg hab. 175,75
[a] [b] [c] [d] [e]
Ovos de galinha**
-1
(em massa) 1.629.936,7 t 248,2 t 28.769,3 t 1.601.422,9 t 9 kg hab. (CONAB, 2007)
-1
( em unidades - unid.) 2,23E+10 unid. 3.400.000,0 unid. 394.100.000,0 unid. 2,19E+10 unid. 119,0 Unid hab. 184,3 (CONAB, 2007)
-1
Leite de vaca (+ derivados)*** 21.433.748,0 t 72.820,0 t 78.366,0 t 21.428.202,0 t 116,2 kg hab. 184,3 (CONAB, 2007)
-1
Peixe de água doce 373.293,0 … … … … … 373.293,0 t 2,124 kg hab. 175,75
Nota: * Equivalente em carcaça.
**As quantidades de ovos foram calculadas admitindo-se um peso de 73g/ovo (PINA, 2007).
*** A quantidade de leite produzida se refere ao valor fornecido no Censo Agropecuário de 2006 (IBGE, 2007), e o valor foi considerado em massa.
A produção de carne de cabras e ovelhas [a] foi estimada a partir da soma da quantidade de carne classificada como outras carnes exportadas [b] em (CONAB,
-1
2007) + a quantidade de carne de cabrito + carneiro (0,265 kg hab. ) da tabela de aquisição alimentar domiciliar per capita anual em 2002-2003 (IBGE, 2003)
considerando-se uma população média (em 2002-03) de 175,75 milhões de habitantes. A disponibilidade interna [c] foi obtida da soma das quantidades per capita
anual de carne de cabrito e carneiro [d] adquiridas em 2002-2003 (IBGE, 2003) por uma população (média dos dois anos) de 175,75 milhões de habitantes [e].
Para peixes de água doce foi estimada a quantidade de disponibilidade interna, a partir dos dados da quantidade adquirida per capita anual de pescados de água
doce (IBGE, 2003) 2,124, vezes a população média no Brasil nos anos 2002-03.
Fonte: Elaborado pelo autor com base em (IBGE, 2003); (IBGE, 2007); (CONAB, 2007) e (PINA, 2007).

A Tabela 4.4 foi deduzida da Tabela 4.3, haja vista a padronização na apresentação dos dados conforme as tabelas de
produção exposta e não exposta.
Capítulo 4 Resultados e Discussões 63

Tabela 4.4 - Produção, importação, exportação, e uso interno de carnes, ovos, peixe de água doce e leite e derivados - Brasil 2005

Uso interno
Tipo de Produção Importação Exportação
Produtos Nota (Prod.+ Import. - Referência
Substrato (t) (t) (t)
Export.)
Peixe de água doce 373.293,0 * … … 373.293,0
Peixe SOMA PEIXE 373.293,0 373.293,0

Carne da avicultura 9.348.000,0 … 2.845.900,0 6.502.100,0 (CONAB, 2007)


Carne bovina 9.455.000,0 ** 52.500,0 1.923.100,0 7.584.400,0 (CONAB, 2007)
Carne suína 2.708.000,0 ** 700,0 621.700,0 2.087.000,0 (CONAB, 2007)
Carne de cabras e ovelhas 191.294,8 4.817,0 144.721,0 51.390,8
[a] [b]
Carne SOMA CARNES 21.702.294,8 58.017,0 5.535.421,0 16.224.890,8

Ovos de galinha
(em massa t) 1.629.936,7 *** 248,2 28.769,3 1.601.422,9
( em unidades - unid.) 22.327.900.000,0 3.400.000,0 394.100.000,0 21.937.300.000,0 (CONAB, 2007)
Ovos SOMA OVOS 1.629.936,7 248,2 28.769,3 1.601.422,9

Leite de vaca (+
derivados) 21.433.748,0 **** 72.820,0 78.366,0 21.428.202,0 (CONAB, 2007)
Leite SOMA LEITE 21.433.748,0 72.820,0 78.366,0 21.428.202,0
Nota:*Para peixes de água doce foi estimada a quantidade de disponibilidade interna, a partir dos dados da quantidade adquirida per
capita anual de pescados de água doce (IBGE, 2003) 2,124, vezes a população média no Brasil nos anos 2002-03.
**Equivalente em carcaça.
-1
***As quantidades de ovos foram calculadas admitindo-se um peso de 73g ovo (PINA, 2007).
****A quantidade de leite produzida se refere ao valor fornecido no Censo Agropecuário de 2006 (IBGE, 2007), e o valor foi considerado
em massa.
A produção de carne de cabras e ovelhas [a] foi estimada a partir da soma da quantidade de carne classificada como outras carnes
exportadas [b] em (CONAB, 2007) + a quantidade de carne de cabrito + carneiro (0,265 kg/hab.) da tabela de aquisição alimentar
domiciliar per capita anual em 2002-2003 (IBGE, 2003) considerando-se uma população média (em 2002-03) de 175,75 milhões de
habitantes.
Fonte: Elaborado pelo autor com base em (IBGE, 2003); (IBGE, 2007); (CONAB, 2007) e (PINA, 2007).
Capítulo 4 Resultados e Discussões 64

Na Tabela 4.5 são apresentados os números dos principais animais criados no


Brasil no ano de 2005. Esses animais, de modo geral visam a produção de carnes,
procriação de matrizes, produção de ovos e leite.

Tabela 4.5 - Quantidade identificada de animais de criação no Brasil em 2005.


N° de animais
Tipo de animal de criação Referência
(2005)
Suínos 34.100.000 (CONAB, 2007)
Bovinos de corte* 184.310.000 …
Aves de corte 812.500.000 (IBGE, 2005b)
Aves de postura (galinhas) 89.238.000 (CONAB, 2007)
Outros animais (cabras e ovelhas)** 20.965.799 (IBGE, 2007)
Vacas leiteiras (ordenhadas) 20.820.000 (EMBRAPA, 2006)
Nota:* Refere-se à quantidade total de 205.130.000 animais (CONAB, 2007) menos
a quantidade de vacas ordenhadas em 2005. ** efetivo de animais identificados no
censo agropecuário de 2006, somados os caprinos e ovinos.

4.2 Modelagem do destino ambiental utilizando o conceito de fugacidade nível I

A modelagem do destino ambiental dos poluentes hexaclorobenzeno e


naftaleno foi então calculada de acordo com o conceito de fugacidade nível I,
conforme a aplicação das equações descritas no Capítulo 3.
Na Tabela 4.6 são apresentados os valores das capacidades de fugacidade de
cada compartimento ambiental e para cada um dos poluentes avaliados.
Para o hexaclorobenzeno os maiores valores de capacidade de fugacidade (Z)
avaliados foram encontrados para o solo (19,27 mol Pa-1 m-3) e para a capacidade
de fugacidade total da planta (67928,43 mol Pa-1 m-3).
No caso do Naftaleno os compartimentos que apresentaram as maiores
capacidades de fugacidade foram os compartimentos planta e solo, com valores de
(Z) iguais a 0,2826 mol. Pa-1 m-3 e 4,054 mol Pa-1 m-3, respectivamente.
Como no modelo de fugacidade nível I, é estabelecido um estado em que todas
as fugacidades são iguais e constantes em todos os compartimentos (MACKAY,
1991), a partir dos valores de capacidade de fugacidade (Z) para cada
compartimento ambiental, foi então calculada a fugacidade comum a todos os
compartimentos, para cada substância química.
Capítulo 4 Resultados e Discussões 65

Os resultados destes cálculos encontram-se na Tabela 4.7.


De acordo com as quantidades de 834 toneladas de cada um dos poluentes
avaliados, admitidas como emitidas no meio ambiente para simular a distribuição
ambiental destes poluentes, calculou-se então as concentrações de cada poluente
em cada compartimento ambiental modelado.

Tabela 4.6 - Cálculo da capacidade de fugacidade (Z) em cada compartimento ambiental

Comparti- Volume Substância química


3 Capacidade de fugacidade (Z) Unidade Hexacloro-
mentos (m ) Naftaleno
benzeno
Capacidade de fugacidade do Ar
-1 -3 0,000403621 0,000403621
Ar 6,81E+15 (ZA) (mol Pa m )
Água doce Capacidade de fugacidade da
-1 -3
de rios 5,55E+11 Água (Zw) (mol Pa m ) 0,005813953 0,022421525
Capacidade de fugacidade do
-1 -3
Solo 1,27E+12 solo (ZS) (mol Pa m ) 19,27508072 0,282591935
Capacidade de fugacidade da
Folha (também frutos) (ZF)
(Exposta à deposição
-1 -3
atmosférica) (mol Pa m ) 51,20915605 0,748104581
Capacidade de fugacidade da
Raíz (ZR) (Não-Exposta à
-1 -3
Planta deposição atmosférica) (mol Pa m ) 169761,834 9,262124135
Capacidade de fugacidade do
Caule (ZC) (Não-Exposta à
-1 -3
deposição atmosférica) (mol Pa m ) 37,15915561 0,547995389
Produção
Exposta à
deposição Capacidade de fugacidade da
atmosférica Folha (também frutos) (ZF X 10%)
-1
(mol Pa m )
-3
5,120915605 0,074810458

Capacidade de fugacidade Total


-1 -3
4,91E+07 da Produção Exposta (ZF_Exp.) (mol Pa m ) 5,120915605 0,074810458
Produção Capacidade de fugacidade da
Não-Exposta Raíz (ZR x 40%)
-1
(mol. Pa m )
-3
67904,73359 3,704849654
à deposição
Capacidade de fugacidade do
atmosférica -1 -3
Caule (ZC x 50%) (mol Pa m ) 18,5795778 0,273997695
Capacidade de fugacidade Total
1,74E+08 Produção Não Exposta (ZRC_N-
-1 -3
Exp.) (mol Pa m ) 67923,31317 3,978847348
Capacidade de fugacidade total
da planta (Zp = (0,1.ZF)+ (0,4.ZR
-1 -3
Total Planta + 0,5.ZC)) (mol Pa m ) 67928,43408 4,053657806

Na Tabela 4.7 os valores de concentração em (g m-3) revelaram que as


concentrações mais significativas obtidas para o hexaclorobenzeno, assim como
para o naftaleno, foram para os compartimentos planta e solo.
Capítulo 4 Resultados e Discussões 66

A concentração do hexaclorobenzeno na planta foi de 1,45 g m-3, e no solo foi


de 4,12x10-4 g m-3.
Para o naftaleno a concentração no compartimento planta foi estimada um valor
de 1,08x10-3 g m-3, e no solo foi de 7,55x10-5 g m-3.

Tabela 4.7 - Resultados dos cálculos de fugacidade nível I, concentração e quantidade de cada
poluente em cada compartimento ambiental
Substância química
Parâmetro Unidade Hexacloro-
Naftaleno
benzeno
Σ(Zi.Vi) somatória de Z.V (mol Pa) 3,90E+13 3,12E+12
Fugacidade f (Pa) 7,51E-08 2,08E-06
-1
Massa molecular (g mol ) 284,78 128,18
Quantidade emitida do poluente no meio ambiente
f=QT/Σ(Zi.Vi) t 834 834
mols 2.928.576,45 6.506.475,27
-3
Concentração no ar CA = f.ZA (mol m ) 3,03E-11 8,41E-10
-3
Concentração na água CW = f.ZW (mol m ) 4,37E-10 4,67E-08
-3
Concentração no solo CS = f.ZS (mol m ) 1,45E-06 5,89E-07
Concentração na vegetação (produção exposta)
-3
CF_Exp. = f.ZF_Exp. (mol m ) 3,85E-07 1,56E-07
Concentração na vegetação (produção não-
-3
exposta) CRC_N-Exp. = f.ZRC_N-Exp. (mol m ) 5,10E-03 8,29E-06
Concentração total na vegetação (produção
exposta + não exposta)
-3
Cp = f.(ZF_Exp.) + f.(ZR_N-Exp.) + f. (ZC_N-Exp.) (mol m ) 5,10E-03 8,45E-06
-3
Concentração no ar CA = f.ZA (g m ) 8,63E-09 1,08E-07
-3
Concentração no água CW = f.ZW (g m ) 1,24E-07 5,99E-06
-3
Concentração no solo CS = f.ZS (g m ) 4,12E-04 7,55E-05
Concentração na vegetação (produção exposta)
-3
CF_Exp. = f.ZF_Exp. (g m ) 1,10E-04 2,00E-05
Concentração na vegetação (produção não-
-3
exposta) CRC_N-Exp. = f.ZRC_N-Exp. (g m ) 1,45E+00 1,06E-03
Concentração total na vegetação (produção
exposta + não exposta)
-3
Cp = f.(ZF_Exp.) + f.(ZR_N-Exp.) + f. (ZC_N-Exp.) (g m ) 1,45E+00 1,08E-03
Quantidade no ar QA = CA .VA (g) 5,88E+07 7,35E+08
Quantidade na água QW = CW.VW (g) 6,89E+04 3,32E+06
Quantidade no solo Qs = Cs.Vs (g) 5,23E+08 9,58E+07
Quantidade na vegetação (produção exposta)
QF_Exp. = CF_Exp..VF_Exp. (g) 5,38E+03 9,82E+02
Quantidade na vegetação (produção não-exposta)
QRC_N-Exp. = CRC_N-Exp..VRC_N-Exp. (g) 2,52E+08 1,85E+05
Quantidade total na vegetação (produção exposta
+ não exposta)
Qp = (CF_Exp.. VF_Exp) + (CRC_N-Exp..VRC_N-Exp.) (g) 2,52E+08 1,86E+05
Capítulo 4 Resultados e Discussões 67

Na Tabela 4.8 é apresentada a distribuição ambiental percentual dos poluentes


em cada um dos compartimentos ambientais avaliados. Os maiores valores de (Pi)
revelam os compartimentos preferenciais de cada poluente. Nota-se então que para
o poluente hexaclorobenzeno, os compartimentos nos quais esta substância possui
maior preferência, são o solo e a vegetação não exposta, com valores de 62,82% e
30,25%, respectivamente.
De acordo com BAIRD (2002) o hexaclorobenzeno é muito mais solúvel em
meios orgânicos do que em água (solubilidade em água 0,0062 g m-3), por isso não
apresentou uma quantidade expressiva na água. E, quando presente no solo não é
facilmente lixiviado para a água subterrânea, e apresenta também uma volatilização
vagarosa em aterros (CETESB, 2001).
No caso do naftaleno o compartimento que apresentou maior preferência pela
substância foi o ar, apresentando um alto valor de 88,14%. No solo foi estimado um
valor de 11,50%.
A preferência do naftaleno pelo ar é explicada pelo fato deste composto ser um
sólido volátil (BAIRD, 2002).
Os compartimentos ambientais que apresentaram uma maior vulnerabilidade
na preferência da distribuição dos poluentes avaliados, de forma geral foram o solo,
o ar e a vegetação não exposta.

Tabela 4.8 - Distribuição percentual (%) do hexaclorobenzeno e naftaleno nos compartimentos


ambientais aplicando-se o conceito de fugacidade nível I
Substância química
Compartimentos ambientais Hexaclorobenzeno Naftaleno
(Pi %) (Pi %)
Ar 7,0500 88,1400
Água doce (rios) 0,0080 0,3900
Solo 62,8200 11,5000
Plantas
Vegetação Exposta à deposição atmosférica 0,0006 0,0001
Vegetação Não Exposta à deposição atmosférica 30,2500 0,0220
TOTAL 100 100
Capítulo 4 Resultados e Discussões 68

4.3 Exposição Humana

Na etapa referente a exposição humana, o primeiro passo foi o cálculo dos


fatores de bitotransferência (BTF). Durante a definição da metodologia para se
estimar os BTFs para os diversos substratos, percebeu-se ás particularidades
inerentes a cada substrato, por isso os mesmos apresentaram formas distintas de
cálculo. Os BTFs e conseqüentemente os fatores de bioacumulação (ou
bioconcentração) (BAFs) foram baseados de acordo com as correlações com os
coeficientes de partição octanol-água (kow) dos contaminantes, e demonstraram ser
uma alternativa muito útil e válida, devido a facilidade de uso, simplicidade e o baixo
custo e tempo para aquisição dos dados, se comparadas aos ensaios práticos para
a determinação destes parâmetros.
Na Tabela 4.9 são apresentados os valores dos BTFs calculados para todos os
substratos considerados. No caso do BTF para o ovo em relação ao
hexaclorobenzeno, que devido ao seu elevado valor log Kow (5,73) e de acordo com
as condições estabelecidas na equação de cálculo (Equação 3.20) adotou-se o valor
limite de 0,1. Tal limite foi estabelecido, justamente para se evitar inconsistências
nos resultados, caso contrário, os resultados dos BAFs para o ovo indicariam
quantidades de contaminantes no ovo muito superiores às possíveis.

Tabela 4.9 - Fatores de Biotransferência dos contaminantes


hexaclorobenzeno e naftaleno para os substratos ou rotas de
exposição (e)

BTFe - Fatores de Contaminante


Biotransferência para os Hexaclorobenzeno Naftaleno
substratos (e) -1
[dia kg ]
-1
[dia kg ]
BTF carne bovina 0,012970797 4,81911E-05
BTF carne suína 0,040293696 0,000149705
BTF carne cabra/ovelha 0,041055392 0,000152535
BTF carne frango 0,23125078 0,000859178
BTF ovo 0,1 0,015848932
BTF leite 0,004265795 1,58489E-05

Na Tabela 4.10 são apresentados os valores dos BAFs calculados para todos
os compartimentos ambientais relacionados aos respectivos substratos de
exposição. Os BAFs relacionados ao naftaleno apresentaram em geral valores mais
Capítulo 4 Resultados e Discussões 69

baixos que os BAFS apresentados para o hexaclorobenzeno. Fato ocorrido pois o


BAF é resultante da multiplicação dos valores BTF pela taxas de ingresso individuais
de cada tipo de animal.
Depois de estabelecido os valores de BTFs e BAFs partiu-se então para a
etapa de cálculo das taxas de ingresso direto e indireto de cada meio ou
compartimento ambiental. Os resultados são apresentados nas Tabelas 4.11 e 4.12,
respectivamente.

Tabela 4.10 - Fatores de Bioacumulação (BAFn,e) do compartimento (n) para o substrato ou rota de
exposição (e), para os contaminantes hexaclorobenzeno e naftaleno

Para o substrato Contaminante


Via o meio ou compartimento
ou rota de Hexaclorobenzeno Naftaleno
ambiental
exposição -1
BAFn,e [kgn kge ]
-1
BAFn,e [kgn kge ]
Fibras (vegetação) 3,3724E-01 1,2530E-03
Carne bovina

Alimento industrial de origem vegetal 1,0766E-02 3,9999E-05


Água 3,8912E-01 1,4457E-03
Solo 3,8912E-03 1,4457E-05
Ar 1,2452E+00 4,6263E-03
Fibras (vegetação) 3,1026E-01 1,1527E-03
Carne suína

Alimento industrial de origem vegetal 4,6338E-02 1,7216E-04


Água 2,8206E-01 1,0479E-03
Solo 1,6117E-03 5,9882E-06
Ar 2,9011E+00 1,0779E-02
Fibras (vegetação) 1,8885E-01 7,0166E-04
cabra/ ovelha
Carne de

Alimento industrial de origem vegetal 6,9794E-03 2,5931E-05


Água 2,8739E-01 1,0677E-03
Solo 4,1055E-03 1,5254E-05
Ar 2,9560E+00 1,0983E-02
Fibras (vegetação) 8,0938E-02 3,0071E-04
Carne de

Alimento industrial de origem vegetal 4,6250E-03 1,7184E-05


frango

Água 2,3125E-02 8,5918E-05


Solo 2,3125E-04 8,5918E-07
Ar 6,1050E-01 2,2682E-03
Fibras (vegetação) 5,1190E-04 1,9019E-06
Alimento industrial de origem vegetal 5,9721E-04 2,2189E-06
Ovos

Água 4,2658E-04 1,5849E-06


Solo 8,5316E-06 3,1698E-08
Ar 1,1262E-02 4,1841E-05
Fibras (vegetação) 2,3888E-01 8,8754E-04
Alimento industrial de origem vegetal 1,3693E-02 5,0875E-05
Leite

Água 2,5595E-01 9,5094E-04


Solo 3,4126E-03 1,2679E-05
Ar 6,2451E-01 2,3203E-03
Peixes de água doce 2,7504E-01 1,5840E-01
Capítulo 4 Resultados e Discussões 70

Tabela 4.11 - Resultados dos cálculos das taxas de ingresso


diretos dos meios ou compartimentos ambientais (n)
Ingresso Direto do meio (n) IRn,direto
3 -1
[m ano ]
Ar IRa,direto 9,0833E+11
Água IRw,direto 1,3700E+08
Produção exposta IRprod.exp.,direto 4,9146E+07
Produção Não exposta IRprod.ñ-exp.,direto 1,2156E+08
-3 -3
Densidades: Ar, 1,2 kg m ; Água, 1000 kg m ; Prod. Exp., 820 kg
-3 -3
m e Prod.NãoExp., 835 kg m

As taxas de ingresso direto permaneceram as mesmas para o


hexaclorobenzeno e naftaleno, pois ao contrário das taxas de ingresso indireto, não
levam em consideração os específicos fatores de bioacumulação.
O mesmo não é valido para o cálculo das taxas de ingresso indireto dos
compartimentos ambientais via substrato de exposição (Tabela 4.12). As
substâncias hexaclorobenzeno e naftaleno apresentaram resultados bastante
distintos, haja vista que na taxa de ingresso indireto do meio ou compartimento
ambiental foi considerado o fator de bioacumulação (BAFn,e), e neste caso, todos os
resultados de cada um dos compartimentos para os diferentes substratos são
somados para se obter a soma do ingresso de determinado meio via todas as rotas
ou substratos de exposição. As somas dos resultados IRn,direto mais IRn,indireto são
então multiplicados pelas respectivas concentrações nos compartimentos ambientais
(Tabela 4.13, concentração expressa em kg m-3), como descrito no Capítulo 3,
fornecendo então o ingresso humano cumulativo (In) de cada compartimento
ambiental. Esses resultados são apresentados na Tabela 4.14.
Capítulo 4 Resultados e Discussões 71

Tabela 4.12 Resultados dos cálculos das taxas de ingresso indiretos dos meios ou compartimentos
ambientais (n) a partir das rotas ou substratos de exposição (e)
IRn,indireto IRn,indireto
3 -1 3 -1
Ingresso Indireto do meio Via rota, ou substrato [m ano ] [m ano ]
(n) IRn,indireto de exposição (e) Hexaclorobenzeno Naftaleno
Carne bovina 6,8714E+09 2,5529E+07
Carne suína 4,5862E+09 1,7040E+07
Carne de cabra/ovelha 4,7050E+08 1,7481E+06
IRa,indireto
Ar

Carne de frango 3,3298E+09 1,2371E+07


Ovos de galinha 3,5860E+08 5,6834E+07
Leite de vaca 1,1137E+10 4,1379E+07
ΣIRa,indireto 2,6754E+10 1,5490E+08
Carne bovina 2,5768E+06 9,5734E+03
Carne suína 5,3507E+05 1,9879E+03
Carne de cabra/ovelha 5,4891E+04 2,0393E+02
Água

IRw,indireto Carne de frango 1,5135E+05 5,6233E+02


Ovos de galinha 1,6300E+04 2,5834E+03
Leite de vaca 5,4773E+06 2,0350E+04
Peixes de água doce 1,0259E+05 5,9083E+04
ΣIRw,indireto 8,9143E+06 9,4344E+04
Carne bovina 1,7178E+04 6,3823E+01
Carne suína 2,0383E+03 7,5731E+00
Carne de cabra/ovelha 5,2277E+02 1,9423E+00
Solo

IRs,indireto
Carne de frango 1,0090E+03 3,7489E+00
Ovos de galinha 2,1733E+02 3,4445E+01
Leite de vaca 4,8686E+04 1,8089E+02
ΣIRs,indireto 6,9652E+04 2,9242E+02
Carne bovina 2,7234E+06 1,0119E+04
Carne suína 7,1776E+05 2,6667E+03
Produção
exposta
(Fibras)

Carne de cabra/ovelha 4,3988E+04 1,6344E+02


IRprod.exp.,indireto
Carne de frango 6,4602E+05 2,4002E+03
Ovos de galinha 2,3854E+04 3,7806E+03
Leite de vaca 6,2342E+06 2,3163E+04
ΣIRprod.exp.,indireto 1,0389E+07 4,2292E+04
Carne bovina 8,5380E+04 3,1721E+02
origem vegetal)
Produção Não

industrial de

Carne suína 1,0527E+05 3,9112E+02


(Alimento
exposta

Carne de cabra/ovelha 1,5965E+03 5,9315E+00


IRprod.ñ-exp.,indireto
Carne de frango 3,6252E+04 1,3469E+02
Ovos de galinha 2,7329E+04 4,3315E+03
Leite de vaca 3,5093E+05 1,3039E+03
ΣIRprod.ñ-exp.,indireto 6,0677E+05 6,4843E+03
-3 -3 -3 -3
Densidades: Ar, 1,2 kg m ; Água, 1000 kg m , Solo, 1500 kg m ; Prod. Exp., 820 kg m e
-3
Prod.NãoExp., 835 kg m
Capítulo 4 Resultados e Discussões 72

-3
Tabela 4.13 - Concentração dos contaminantes hexaclorobenzeno e naftaleno em kg m nos
compartimentos ambientais considerados
Contaminante
Concentração no compartimento ambiental (Cn) Hexaclorobenzeno Naftaleno
-3 -3
[kg m ] [kg m ]
Concentração no ar (Ca) 8,63E-12 1,08E-10
Concentração na água (Cw) 1,24E-10 5,99E-09
Concentração no solo (Cs) 4,12E-07 7,55E-08
Concentração na produção exposta (Cprod.exp.) 1,10E-07 2,00E-08
Concentração na produção não exposta (Cprod.ñ-exp.) 1,45E-03 1,06E-06

Tabela 4.14 - Resultados dos cálculos do Ingresso Humano Cumulativo dos contaminantes
hexaclorobenzeno e naftaleno pela inalação e ingestão direta e indireta dos compartimentos
ambientais ar, água, solo, produção exposta, e produção não exposta (vegetação)
Contaminante
Ingresso Humano Cumulativo (I) através dos
Hexaclorobenzeno Naftaleno
compartimentos ambientais (n)
-1 -1
[kg ano ] [kg ano ]
Ingresso humano cumulativo através do ar (Ia) 8,069799757 98,11672933
Ingresso Humano Cumulativo (I) por Inalação
(Ia,inalação) 8,069799757 98,11672933
Ingresso humano cumulativo através do água (Iw) 0,018093371 0,821195122
Ingresso humano cumulativo através do solo (Is) 0,028696691 2,20777E-05
Ingresso humano cumulativo através da
produção exposta (Iprod.exp.) 6,548912789 0,983772675
Ingresso humano cumulativo através da
produção não exposta (Iprod.ñ-exp.) 177137,2956 128,8571728
Ingresso Humano Cumulativo (I) por Ingestão
(Iw;s;prod.exp;prod.ñ-exp.,ingestão) 177.143,8913 130,6622
Ingresso Humano Cumulativo Total (Itotal =
Ia,inalação + Iw;s;prod.exp;prod.ñ-exp.,ingestão) 177.151,9611 228,7789
A ingestão de solo é considerada como ocorrendo acidentalmente

Conhecendo-se então os valores de ingresso cumulativo humano total de cada


um dos contaminantes, as frações de ingresso (iF) foram calculadas e são
apresentadas na Tabela 4.15.
A partir do conceito de fração de ingresso no contexto do transporte multimeios
e espacial, foi evidenciado que o destino de uma substância química e a exposição
Capítulo 4 Resultados e Discussões 73

humana estão associadas com a produção e ingestão de alimentos, abastecimento


de água, ingestão acidental de solo e inalação.
A avaliação completa do destino e exposição possibilitou para uma escala
regional brasileira, estimar a massa das substâncias químicas (ou concentração) nos
compartimentos ambientais considerados, bem como as quantidades que
ingressaram na população via as rotas de exposição.

Tabela 4.15 - Resultados dos cálculos das Frações de Ingresso


(iF) para os contaminantes hexaclorobenzeno e naftaleno, para
serem utilizados no cálculo dos fatores de caracterização
Contaminante
Fração de
Hexaclorobenzeno Naftaleno
Ingresso (iF) -1
[kgingressado kgemitido ]
iF(substância) 0,212412423 0,000274315
Referente a uma taxa de emissão no meio ambiente de
-1
834.000,0 kg ano para cada substância

4.4 Cálculo dos Fatores de Caracterização

De posse dos valores calculados das iF para os contaminantes


hexaclorobenzeno e naftaleno pôde-se então finalizar os cálculos dos Fatores de
Dano Humano (HDF) para uma abordagem de ponto final ou dano (endpoint), bem
como para os cálculos dos Potenciais de Toxicidade Humana (HTP) para a
abordagem de ponto médio (midpoint).
A Tabela 4.16 apresenta os resultados dos fatores de caracterização
calculados para o hexaclorobenzeno e para o naftaleno, bem como os parâmetros
utilizados nas equações.
Capítulo 4 Resultados e Discussões 74

Tabela 4.16 – Fatores de caracterização calculados e parâmetros utilizados


Contaminante
Parâmetro Unidade
Hexaclorobenzeno Naftaleno
-1 -1
Dose de Efeito (humanos) ED10h* (mg kg dia ) 0,075 6,1
-1
Peso médio do corpo (kg pessoa ) 70
Expectativa de vida do brasileiro** (anos) 71
Número de dias no ano (dias) 365
Fator de efeito na saúde humana (risco de incidência por
βhumano kgingresso cumulativo) 7,3500E-07 0,01639
-1
Valores DALY*** padrão (anos incidência ) 13 1,3
Fatores de caracterização
-1
Fator de dano Humano (HDF) (DALY kgemitido ) 2,0296E-06 3,2227E-12
(kgeq. hexaclorobenzeno
Potencial de Toxicidade Humana (HTP) -1 1,0000E+00 1,5878E-06
kgemitido )
*ED10h Hexaclorobenzeno (CRETTAZ et al, 2002), ED10h Naftaleno (PENNINGTON et al, 2002).
**(IBGE, 2002). ***DALY - Anos de vida perdidos ajustados por incapacidade, valores padrão
cancerígenos e não cancerígenos, respectivamente (KELLER, 2005).

É usual nos métodos de Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida (AICV) a


apresentação de fatores de caracterização individuais para a emissão em cada tipo
de compartimento ambiental, tais como para emissões no solo (agrícola ou urbano),
ar e água (superficial ou salgada). Contudo, aqui esta abordagem não foi possível,
devido a já comentada ausência de um inventário das emissões de substâncias
químicas lançadas anualmente nos compartimentos ambientais brasileiro.
Neste contexto, foram calculados então fatores de caracterização de ponto
médio (HTP) e de dano (HDF) para os dois poluentes avaliados, porém para um
cenário de emissão único, o meio ambiente.
No caso dos fatores de caracterização de ponto médio HTPs os quais têm suas
contagens expressas em kg-equivalente de uma substância de referência, o termo
kgeq hexaclorobenzeno expressa a quantidade de hexaclorobenzeno que iguala o impacto
do poluente considerado. Isto é uma forma de facilitar a comunicação e a
interpretação destes fatores de caracterização, já que são principalmente
interessantes para comparações relativas ao invés dos seus valores absolutos. Um
exemplo que facilita este entendimento é o caso dos gases causadores de efeito
estufa, que são todos relacionados ao potencial de aquecimento global (GWP –
Global Warming Potential) do dióxido de carbono (CO2) para a categoria de impacto
Capítulo 4 Resultados e Discussões 75

de mudança climática. O GWP do metano para uma escala de 500 anos é sete
vezes maior que o do CO2, assim seu fator de caracterização é 7 kgeq- CO2.
Como os valores calculados para os fatores de caracterização são totalmente
dependentes das quantidades das respectivas substâncias no meio ambiente, bem
como dos parâmetros de exposição humana adotados, se torna muito difícil uma
comparação entre os fatores de caracterização calculados (HTPs e HDFs) com os
adotados em uma infinidade de outros métodos, haja vista este caráter regional.
Os fatores de caracterização para o nível de dano, ou seja, os HDFs, provêm
uma estimativa do risco toxicológico e impactos associados com uma massa
especificada de um poluente emitido no meio ambiente. Como o HDF é expresso
pela unidade DALY kgemitido-1, o termo DALY (Disability Adjusted Life Years – anos de
vida perdidos ajustados por incapacidade) caracteriza a severidade, que representa
a quantidade de anos perdidos distribuído para uma população, e não por pessoa.
Apesar dos fatores de caracterização terem sido estimados a partir de uma
mesma quantidade de poluentes lançada no meio ambiente (834 toneladas no ano),
devido ás características particulares de cada poluente, no decorrer dos cálculos,
foram evidenciando seus compartimentos ambientais preferenciais,
conseqüentemente suas respectivas concentrações nestes compartimentos,
passando pela etapa de cálculo de ingresso cumulativo dessas substâncias, até
chegar aos resultados de fração de ingresso.
Isso explica o fato de o valor do HDF para o hexaclorobenzeno (2,0296E-06
DALY kgemitido-1) ter se apresentado muito superior ao do naftaleno (3,2227E-12
DALY kgemitido-1), pois para o naftaleno, para o ingresso cumulativo humano por
inalação (Ia,inalação) estimou-se um valor de 98,12 kg ano-1 e para o hexaclorobenzeno
um valor bem abaixo (Ia,inalação = 8,07 kg ano-1). Porém, esses valores somados aos
valores respectivos de ingresso cumulativo humano por ingestão (Iw;s;prod.exp;prod.ñ-
exp.,ingestão = 177.143,89 (hexaclorobenzeno) e 130,66 (naftaleno) kg ano-1 de cada
poluente, divididos pela taxa de emissão no ano (834.000,0 kg) resultaram em um
valor de fração de ingresso de 0,21241243 e 0,000274315 (kgingressado kgemitido-1) para
o hexaclorobenzeno e naftaleno, respectivamente.
Adicionalmente aos cálculos dos fatores de caracterização, há outras etapas
que poderiam ser demonstradas, tais como as etapas de normalização e
ponderação.
Capítulo 4 Resultados e Discussões 76

A normalização seria para analisar a quota respectiva de cada impacto para o


dano global da categoria considerada. Facilitando desta forma a interpretação da
avaliação de impacto, pois seria possível comparar diferentes categorias de impacto
sobre um mesmo gráfico (JOLLIET et al., 2003b). Entretanto, como aqui foi somente
considerada uma categoria de impacto e estabelecido apenas dois fatores de
caracterização, optou-se por não realizar a normalização.
A etapa de atribuição de peso também não foi considerada, pois de acordo com
a NBR ISO 14042 (ABNT, 2004b) (Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida), os
passos da ponderação são baseados em escolhas de valores e não são baseados
nas ciências naturais.
Capítulo 5 Conclusões e Recomendações 77

5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Para a realização da Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) no contexto brasileiro se


faz necessária à existência de um banco de dados regional de inventário do ciclo de
vida. Como exemplos podem ser citados, além dos inventários da produção do aço e
do alumínio já iniciados, a necessidade da construção de inventários do transporte,
da geração de energia hidrelétrica, entre outros. E, conseqüentemente também se
faz necessária a existência de métodos de Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida
(AICV) que contemplem as especificidades do Brasil, pois um não tem razão de
existir, sem o outro. Uma vez que, seria uma pena se fossem desenvolvidos fatores
de caracterização para as categorias de impacto e não existir nenhum dado de
inventário, ou se os dados de inventário se quer sejam utilizados em AICVs
brasileiras.
O modelo IMPACT 2002 adotado como referencial metodológico demonstrou
ter sido uma escolha satisfatória, uma vez que as adaptações necessárias e
pertinentes para o Brasil foram perfeitamente possíveis de serem implementadas, tal
como no contexto da modelagem de destino ambiental, que foi calculada pela
abordagem da fugacidade nível I, e que originalmente no IMPACT 2002 é realizada
pelo uso de matrizes.
Com relação à modelagem do destino ambiental dos poluentes no meio
ambiente, o modelo de fugacidade nível I foi capaz de fornecer informações e dados
consistentes a respeito da distribuição percentual dos poluentes nos compartimentos
ambientais, bem como as concentrações finais do hexaclorobenzeno e naftaleno no
ambiente modelado para o Brasil. Como recomendação fica o desenvolvimento de
fatores de caracterização utilizando tipos mais complexos de fugacidade, tais como
os que incorporam advecção e degradações.
A metodologia adotada de acordo com MARGNI (2003) para se obter os
resultados pertinentes à exposição humana, demonstrou ter um caráter atualizado o
que resultou em dados consistentes. Uma vez que, foi possível traçar os múltiplos
caminhos ou rotas de exposição dos poluentes, evitando o uso de parâmetros com
níveis inconsistentes de conservantismo, descrevendo-se cenários o mais próximo
possível da realidade brasileira, baseados em dados estatísticos de produção.
Também foram incluídos dados atualizados sempre que possível para as
Capítulo 5 Conclusões e Recomendações 78

correlações dos fatores de bioacumulação (ou bioconcentração), principalmente para


outros tipos de carnes ao invés de correlações únicas para a carne bovina, como
ainda é adotado no IMPACT 2002.
Referente às taxas de ingresso de alimento individuais dos animais de criação
utilizados para os cálculos de ingresso indireto aos humanos, talvez fosse
necessária uma melhor definição dessas quantidades para os animais criados no
Brasil, haja vista a vocação e o nível tecnológico de produção e criação destes
animais no País.
No que se refere ao cálculo propriamente dito dos fatores de caracterização de
ponto médio (Potencial de Toxicidade Humana - HTP) e de dano (Fator de Dano
Humano – HDF) a estrutura do método proposto demonstrou também ter sido uma
escolha acertada, pois o objetivo de se estimar os fatores de caracterização para a
categoria de impacto toxicidade humana foi atingido. E, assim sendo, a partir do
estudo aqui proposto verificou-se que é possível a determinação dos fatores de
caracterização adicionais para outras substâncias químicas.
Um outro fato muito importante identificado foi a constatação da ausência de
um inventário de emissões de substâncias químicas em cada compartimentos
ambiental no Brasil, inventário este, diferente dos a pouco citados, sendo exclusivo
de emissões de substâncias químicas independente da fonte ou classe de fonte
geradora e emissora. O conhecimento destas quantidades representaria uma valiosa
informação a respeito das quantidades emitidas no meio ambiente, e partir destas
informações seria possível a determinação de uma infinidade de outros fatores de
caracterização para outras substâncias químicas, modelando desta forma um
método para a realização da AICV no contexto brasileiro.
A estruturação e desenvolvimentos deste inventário de emissões poderia ser
possível pela união de esforços entre as indústrias, organizações não
governamentais (ONGs), órgãos governamentais e ambientais e universidades com
o objetivo comum de criar medidas que viabilizassem a identificação e quantificação
das substâncias químicas lançadas no meio ambiente no Brasil.
Referências 79

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