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CÂMARA DOS DEPUTADOS

Sessão: 265.2.53.O
Data: 05/11/2008
Hora: 16:22

Tema: Encaminhamento da votação do Projeto de Lei 717 de 2003 (Dispõe sobre a sujeição
dos produtos importados às normas de certificação de conformidade da Regulamentação
Técnica Federal e dá outras providências). Agradecimento a todos que colaboraram para o
aperfeiçoamento da matéria.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, inicialmente, quero fazer


referência a Deputados que deram extraordinária contribuição para que
pudéssemos ter este projeto, no dia de hoje, em votação nesta Casa.

Em primeiro lugar, cumprimento o Deputado Dr. Rosinha. Foi o primeiro


que transformou um projeto original que tinha total objeção do Governo em
substitutivo aprovado pelo Governo e iniciou sua tramitação.

Em segundo lugar, cumprimento o Deputado Ronaldo Dimas, Relator do


projeto na Comissão de Desenvolvimento Urbano, Indústria e Comércio, e o
Deputado José Eduardo Cardozo, da Comissão de Constituição e Justiça e de
Cidadania.

Por último, cumprimento o nosso Presidente, Deputado Arlindo Chinaglia.


S.Exa. foi quem teve a sensibilidade de perceber a oportunidade e a relevância
deste projeto e permitir que a proposição, que tramita na Casa desde 2005,
viesse hoje a Plenário.

Quero, Sr. Presidente, registrar a importância deste projeto e dividir a co-


autoria dele com esses Deputados e com o estimado, prezado e admirado
companheiro.

Desejo também cumprimentar o Deputado Antônio Kandir, que foi o


primeiro a perceber que o Brasil é um dos poucos países do mundo que não
têm legislação nessa área. Imaginem que, no Brasil, para que um cabo de aço
seja vendido, a fim de ser usado na manutenção de um elevador, ele precisa
estar dentro dos padrões estabelecidos pelo INMETRO. No entanto, o cabo de
aço importado da China não precisa. Ele é muito mais barato, mas arrebenta
com muito mais facilidade.

Vamos pegar um exemplo simples. Um fabricante brasileiro de borracha


escolar tem de provar que a sua borracha não contém cádmio, chumbo,
mercúrio, porque a criança pode levá-la à boca e esses produtos são
cancerígenos. Mas se a borracha for importada da Índia e da China, ela é
vendida numa loja de 1,99 muito mais barata, porque produto importado não
precisa se submeter a essas normas.
O mesmo acontece com a escova de dentes. No Brasil, o fabricante da
Oral-B ou de outra marca precisa comprovar que sua escova tem cerdas
antibacterianas. O que importa não precisa comprovar nada.

Outro exemplo mais grave ainda. Uma guilhotina feita no Brasil precisa
ter duplo comando, por determinação, em razão de pesquisas desenvolvidas
pela FUNDACENTRO, para que, na hora de acionar a máquina, o trabalhador
ocupe as 2 mãos. Em muitos dos casos, uma célula fotoelétrica desliga a
máquina quando um corpo estranho adentra a área de corte. A máquina similar
importada não tem nada disso. É muito mais barata, mas não oferece nenhuma
segurança ao trabalhador.

Por tudo isso, tenho absoluta convicção de que hoje, ao aprovar esta
norma, que iguala os produtos importados aos nacionais, estamos
preenchendo uma lacuna na legislação. Não se trata de barreira não-tarifária.
Não se trata de um projeto que vai permitir que o Brasil sofra sanção num
painel julgador da OMC, porque está relacionado à segurança, e não à
qualidade.

Por último, quanto à aprovação junto aos órgãos do Governo, não se deu
a todos os produtos importados o mesmo tratamento porque isso ocasionaria
uma burocracia infernal. Os produtos cujo enquadramento na legislação
considere-se importante farão parte de uma relação por classificação tarifária
feita pelos respectivos órgãos responsáveis pela Regulamentação Técnica
Federal.

Meus cumprimentos e meus agradecimentos. Tenho certeza de que


demos um pequeno passo, mas um passo importante, para criar o arcabouço
jurídico que nos permitirá proteger a indústria nacional de produtos sem
qualidade que venham competir com a nossa indústria e prejudicar o emprego
do trabalhador brasileiro.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

ANTONIO CARLOS MENDES THAME (PSDB-SP)

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