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FRAUDE NA ENTREGA DE COISA

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56.1 CONCEITO, OBJETIVIDADE JURÍDICA E SUJEITOS DO


CRIME

É proibida a conduta de quem “defrauda substância, qualidade ou quantidade de


coisa que deve entregar a alguém”, com pena cominada de reclusão, de um a cinco anos, e
multa (art. 171, § 2º, IV, CP).

O bem jurídico protegido é o patrimônio. Sujeito ativo é quem tem a obrigação de


entregar coisa a outrem, o credor, que é o sujeito passivo.

56.2 TIPICIDADE

56.2.1 Conduta e elementos do tipo

Aqui a defraudação é realizada por meio de adulteração da substância, da qualidade


ou da quantidade da coisa que deve ser entregue ao credor. A conduta é sempre comissiva.

Deve existir, portanto, um dever, legal ou contratual, para o agente, em face da


vítima.

O devedor, ludibriando o credor, deixa de cumprir sua obrigação, entregando coisa


substancialmente alterada ou em quantidade ou qualidade diferente daquela a que estava
obrigado. Tendo o dever de entregar uma tela de autoria do pintor Siron Franco, entrega
uma falsificação perfeita. Nesse caso, a fraude recaiu sobre a substância.

Também haverá fraude quando a coisa entregue for de qualidade inferior a que
estava obrigado ou se o agente a entrega com peso ou quantidade inferior ou com
dimensões menores.
2 – Direito Penal II – Ney Moura Teles

O crime é doloso, devendo o agente estar consciente da fraude que realiza, para
enganar a vítima.

56.2.2 Consumação e tentativa

Consuma-se no momento em que a coisa é entregue, admitida a tentativa quando a


vítima, percebendo a fraude, recusa-se a recebê-la.

56.2.3 Forma privilegiada e aumento de pena

Se o agente é primário e pequeno o valor do prejuízo, aplica-se a pena conforme


dispõe o § 2º do art. 155. Se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito
público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência, a pena será
aumentada de um terço. Remete-se o leitor para os itens 52.2.5 e 52.2.6.

56.3 AÇÃO PENAL

A ação penal é pública, incondicionada. É condicionada à representação do


ofendido que seja o cônjuge judicialmente separado, irmão, tio ou sobrinho com quem o
agente coabita (art. 182, I a III, CP). Na forma típica sem causa de aumento, é possível a
suspensão condicional do processo penal, prescrita no art. 89 da Lei nº 9.099/95.

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