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Caminhante Diurno
Incio Quem? tera-feira, 15 de janeiro de 2013

Ataque de buraco
Eu gostaria de explicar que sou uma convalescente. Dentro de mim o que deveria ser slido cheio de buracos, muito mais do que um queijo suo. Tive aquelas doenas que a gente nunca cura, nunca se recupera, apenas vive com ela dentro do organismo. Eu ajo como pessoa forte mas por causa da necessidade. Se me dessem a opo, se me perguntassem se quero fazer parte desse assustador mundo adulto, eu me negaria. O corpo cresce tal como erva daninha; a maturidade e a responsabilidade chegam, mesmo que a gente feche os olhos com bastante fora. Uma histria: eu tenho uma tia que perdeu um filho, num acidente de carro, quando ele tinha treze anos. O irmo mais velho, meu primo, me contou que o luto era uma coisa esquisita. O quarto do menino estava l, intacto, e s vezes a me entrava e saa de l sem problemas, para limpar, para pegar um objeto. Outras vezes, ela estava fazendo outra coisa, cozinhando que seja, e olhava pra uma colher e comeava a chorar. Os buracos so assim, inesperados; eles s fazem sentido pra gente. Ento eu que atravessei geleiras, impedi sozinha a invaso do visigodos e constru barragens com as minhas prprias mos, de repente sou vencida por uma colher. Eu sei que quem v no entende. Quando um dos meus buracos me atinge - sim, eles atingem, eles atacam como um tigre faminto, quando menos se espera- eu me sinto mergulhada numa noite sem manhs. difcil ser normal e ensolarada quando dentro de voc s h escurido. No d pra pedir equilbrio de quem subitamente tem que andar s apalpadelas. O pior que dentro do buraco descubro outros buracos, buracos dos buracos, buracos dos buracos dos buracos, coisas to antigas que remetem Criao. Eu, que me achava to feliz, descubro que tenho tantas lgrimas por debaixo. Se eu pudesse contar, se eu pudesse revelar o que carrego comigo... Mas eu sei que no adianta explicar o que ser cmplice de um golpe de estado ou o efeito de fazer rituais de invocao. E mais: que eu nunca parei, que estou presa a uma dolorosa repetio onde pessoas se alternam como fantasmas e cumprem sempre o mesmo script. Eu no posso contar porque no existem palavras que possam contar sem empobrecer. O que eu sei que sofro, que quero acertar e no fao mais a menor idia de onde est o norte. Se me calo porque o mximo que posso fazer no momento. Tags: buraco, crise, sentimento
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