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Fritz Lang.

Kurten por Lorre e o Expressionismo Alemão no Cinema


Peter Kurten (serial killer) agiu em Dusseldorf, cidade no norte da Westphalia,
Alemanha1. E fora condenado pelos seus 79 crimes, entre eles matar crianças, à morte na
guilhotina. Registrava todos seus delitos com perícia dizendo em seus últimos momentos:

("Tell me", he asked the prison psychiatrist, ("Diga-me", perguntou ao psiquiatra da prisão,
"after my head has been chopped off, will I "depois que minha cabeça tiver sido cortada, ainda
still be able to hear, at least for a moment, the serei capaz de ouvir, pelo menos por um momento,
sound of my own blood gushing from the o som do meu próprio sangue esguichando pelo
meu pescoço?" Ele saboreado este pensamento por
stump of my neck?" He savoured this thought
um tempo, então acrescenta, "Qual iria ser o prazer
for a while, then added, "that would be the de terminar com todos os prazeres.")
pleasure to end all pleasures." ).

*2
Fonte inspiradora de Fritz Lang para um dos seus mais conceituados filmes. Com
mais de uma década de Caligari e do Expressionismo no cinema, “M, o vampiro de
Düsseldorf / 1931”, sua primeira fita sonora, revoluciona o cenário cinematográfico. Fora o
penúltimo filme feito antes do exílio em Paris. Não usa de artifícios na mise-em-scène como
Caligari, ou Nosferatu. Mas deixa claro que tem um poder de centrar a tensão da trama as
margens de um colapso de nervos.
Na estória de Lang, Kurten, personagem Hans Beckert, é um sujeito tímido e
reprimido. Nanico e indefeso é tão medíocre que quase causa pena ao ser revelado na
trama. Laszlo Lowenstein (1904-64), ator húngaro, mais conhecido como Peter Lorre,
magistralmente representa Hans.
Após o cantarolar “premonitório" das crianças, a sistemática do relógio a concentrar
pessoas numa rua onde uma menina brinca com sua bola. O grito da mãe da vitima a
chamá-la nas escadas vazias. O assovio de Hans que com sua silhueta em um cartaz
anunciando recompensa por sua própria cabeça, o cego vendedor de balões. A iluminada
janela, na profunda escadaria, no sótão, no prato e local vazio ecoam a voz da mãe
desesperadamente gritando o nome da filha “-Elsie! Elsie!”. A inflexão métrica dos planos da
bola rolando, do balão nos fios de alta tensão, FADE OUT. “Extra-extra!”. Cartazes trazem
a noticia para o povo e para o espectador. Mas ouvimos pelas vozes dos ricos, ou
repórteres, o que é outro artifício usado magistralmente por Lang, o recurso do áudio fora
de campo marca seu pioneirismo com o som.
Um velhinho pára para dar as horas para uma menininha. É tido como o assassino
de crianças. Faz-se o alvoroço. Policia, pessoas, principio de linchamento... E a carta de

1
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/M_-_Eine_Stadt_sucht_einen_M%C3%B6rder
2
Livre tradução: http://www.trutv.com/library/crime/serial_killers/history/kurten/index_1.html

1
Hans publicada. Revoltando o alto escalão da burguesia-politica, a polícia trabalha no caso.
Hans e o espelho. Caretas para sua face, agora desvelada, de moço tímido. Ele não
domina as faculdades mentais. Policiais e mapas para buscas. Bares, botecos, pensões,
ruas todos sem documentos são prezos. A policia faz assim grandes apreensões com os
“sem lenço”. A marginalia passa a ser prejudicada com o assassino de crianças. E começa
a se organizar. Pois dentro do mais indefeso pode haver um monstro e esse monstro fere
até os próprios monstros. Sendo considerado o tal pela “organização” da marginalia, um
monstro; persegue-no em uma tensa seqüência de Lang, com arrombamentos em massa.
Para encontrá-lo tentando fugir de onde próprio se aprisionara. Hans capturado por
culpa do M nas costas e seu próprio descuido. Esse M traz algo de profano consigo. Algo
que paira sobre toda a humanidade. A identificação da culpa3.
O ato ilícito de matar alguém que “não tem consciência” de seus atos. Defendido
pelo advogado de defesa ou escrivão, no julgamento da organização. Ele, Hans, mostra sua
face indefesa e insana. Deflagrando palavras coerentes demais para um louco, e assim
deflagrando uma grande discussão, dando tempo para a policia chegar e pegar todos. Em
seu final dualista Fritz Lang nos deixa a incógnita nas palavras da mãe:
“this won't bring back our children “Isto não trará de volta às nossas
we, too, should keep a closer crianças, também, devemos manter uma
watch on our children”4 vigilância reforçada com nossos filhos”

M, o vampiro de Düsseldorf (Fritz Lang, 1931) M - Eine Stadt sucht einen Mörder
Ficha técnica: M - O vampiro de Dusseldorf (BRASIL)

Alemanha / 1931 - P&B - 117 min


Elenco
Direção Fritz Lang
Roteiro/Guião Thea von Harbou e Fritz Lang
• Peter Lorre ... Hans Beckert Género suspense
Idioma alemão
• Gustaf Gründgens .... Schränker
• Ellen Widmann .... Frau Beckmann
• Inge Landgu .... Elsie Beckmann
• Otto Wernicke .... inspetor Karl Lohmann
• Theodor Loos .... inspetor Groeber
• Friedrich Gnaß .... Franz
• Fritz Odemar .... o trapaceiro

3
"Mal estar na civilização" de Sigmund Freud.
4
Tradução do Filme - legenda

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