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A espera

Espero um lugar que permanea (apesar de nossos desencontros.) Situaes que no se repitam... (Ainda que saibamos que uma msica eterna pode noss'alma enternecer. Persiste uma calma estranha que me faz suportar a espera pelo amanhecer, j que o tempo, qual carrasco inclemente que atende o cro de uma massa demente ignora o olhar de um condenado ausente). Espero supernovas portadoras de notcias libertadoras que subiro dos fugidios crepsculos desafiando nossa intil conveno. Quero versos, reversos, que nos versos de meus estatutos constituem-se testemunhos de meu carter astuto. Versos para cantar paisagens antes, durante e depois da guerra que comear. Comear depois da descoberta de que a fala encantadora sempre suplantou muitos ais. (Ais de uma verdade que, por consensual medida, foi omitida e espremida sob o tapete do normal.) Sob uns cus etreos j no me preocupa meu traje, cheiro ou movimento, tampouco a linguagem que usei. (Agora o silncio, e eu sei.) Deito-me sob o estrondo das bombas. Ignoro a loucura das balas que cortam o ar quais loucos vagalumes para mirar a constelao. (Emoo de um momento raro no qual encontro o sentido e entendo que no faz sentido a espera.) A espera uma frgil paisagem que nossa conveno mantm. (Mas eu sei que ela no passa de miragem e enquanto finjo perfaz-la, dispenso-lhe meu desdm.) No tarda o incio da guerra. (Nenhuma paz se sustenta sobre quimera.)

E enquanto isto, espero.

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