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O sistema de solução de

controvérsias na União Européia

Profa. Dra. Patricia Luíza Kegel


Plano de trabalho
• A especificidade comunitária
• O sistema jurisdicional
• Acordos Internacionais
• O TJCE e a atuação internacional da UE
I -A especificidade comunitária
• A supranacionalidade
• A primazia da norma comunitária
• A primazia da norma comunitária sobre as
constitucionais nacionais
• Aplicabilidade direta da norma comunitária
• Aplicabilidade imediata da norma
comunitária
II - Natureza do sistema
jurisdicional comunitário
• Caráter obrigatório da jurisdição
comunitária: sem exigências de
consentimento ou possibilidade de reservas.
• Relações de cooperação com os sistemas
jurisdicionais nacionais:
o juiz nacional como juiz comunitário,
a execução da sentença
III - Funções do sistema
jurisdicional
• Controle do direito derivado com os
Tratados Constitutivos
• Manutenção do equilíbrio institucional
• Delimitação das competências entre a
Comunidade e seus Estados-membros
• Controle da aplicação do Direito
Comunitário
• Interpretação do Direito Comunitário pelo
reenvio prejudicial
• Construção do Direito Comunitário pela via
pretoriana
• Controle da “constitucionalidade” dos
Acordos e da atuação comunitária externa
• Interpretação teleológica
IV - A estrutura jurisdicional:
O TJCE
• Composição:
Um juiz por cada Estado-membro, eleito por
seis anos
Oito advogados-gerais, podendo o Conselho,
aumentar este número
Eleição por três anos do Presidente do
Tribunal (reeleição)
• Reunião em seções de três ou cinco juízes
• Grande seção de onze juízes (Presidente do
Tribunal e Presidentes das seções de cinco
juízes): quando solicitado por um Estado-
membro ou Instituição Comunitária
• Tribunal Pleno: previsão art. 16 do Estatuto.
A estrutura jurisdicional: o TPI
• Criado com o Ato Único Europeu
• Um juiz por Estado-membro
• Possibilidade de criação de Câmaras
Jurisdicionais específicas
• Ampliação das competências pelo Tratado
de Nice
V - O sistema recursal comunitário:
Recursos de Incumprimento
• A) Por iniciativa da Comissão (art. 226
TCE): Explo. Não incorporação de
diretivas. Execução da sentença pelo art.
228 – Multas
• B) Por iniciativa de um Estado-membro
(art. 227)
Recursos por ilegalidade:
• A) Recurso de anulação (art. 230): controle
da atividade comunitária em relação ao
Direito comunitário.
• - por incompetência (externa/interna)
• - violação de formalidades essenciais
• - violação do Tratado ou de norma jurídica
• - desvio de poder
• B) Recurso por omissão (art. 232): ausência
de ação por parte das instituições
comunitárias como ilegalidade
• C) A exceção de ilegalidade (art. 241):
validade do regulamento que é a base
jurídica do ato impugnado.
Recurso por responsabilidade
extracontratual da Comunidade – art.
235.
• Reparação dos danos causado por órgãos
comunitários. Indenização pressupõe a
existência de dano e um nexo de
causalidade com o comportamento ilegal
por parte da Comunidade.
Recurso de pessoal – art. 236

• Regula o contencioso entre a Comunidade e


seus agentes em matéria de função pública.
Recursos em matéria de Cláusulas
Compromissórias – arts. 238 e 239.
• Cláusulas compromissórias inseridas em
contratos celebrados pela Comunidade
• Cláusulas compromissórias acordadas entre
os Estados-membros.
A decisão prejudicial e a
interpretação uniforme do Direito
Comunitário – art. 234.
• Cooperação entre os órgãos jurisdicionais
nacionais e o TJCE: o juiz nacional é o juiz
comunitário
• Instrumento de uniformização da
interpretação e aplicação do Direito
Comunitário pelas jurisdições nacionais
• Restrito à questões de Direito.
O controle prévio dos Acordos
Internacionais – art. 300.
• Controle de “constitucionalidade” do
Acordo.
• “Parecer” do TJCE sobre a compatibilidade
do Acordo com os Tratados Constitutivos.
• Disposições de direito material, sistema de
solução de controvérsias e disposições
relativas à competência, procedimento e
organização institucional da Comunidade
VI – Negociação e conclusão de
Acordos Internacionais
• Acordos exclusivos
• Acordos mistos (repartição de
competências)
• Controle de sua “constitucionalidade”
• Entrada em vigor
• Posição hierárquica: entre Direito
Originário e Direito Derivado.
VII - Direito Comunitário e
Acordos Internacionais
• A) Controle jurisdicional dos Acordos pela
recepção da norma internacional:
• - pela via do recurso de anulação
• - interpretação a título prejudicial
• B) A aplicabilidade direta do Acordo
• B1 - Implicações:
• - disposições do Acordo podem ser
invocadas perante as jurisdições
nacionais/comunitárias: ou não aplicar
norma nacional/comunitária contrária ao
Acordo; ou forçar o cumprimento do
Acordo pela via jurisdicional
• - Possibilidade de particulares obterem nos
judiciários nacionais/comunitários
sentenças individuais sobre o Acordo e
portanto à revelia do Sistema de Solução de
Controvérsias do próprio Acordo.
• B2 – Jurisprudência TJCE:
• - se no Acordo inexiste disposição a
respeito, o TJCE estipulou as mesmas
condições de aplicabilidade direta das
diretivas
• Se o Acordo dispõe a respeito, não cabe ao
TJCE manifestar-se
• C) A aplicabilidade direta dos Acordos
GATT/OMC
• C1) Jurisprudência TJCE
• - A CE sucedeu os Estados-membros no
âmbito do GATT
• - As normas do GATT não são diretamente
aplicáveis
• Decisão 94/800 – não invocabilidade direta
do acordo OMC e seus anexos.
• Conseqüência: O acordo OMC e seus
anexos não figuram, em princípio, entre as
normas tomadas em conta pelo TJCE para
fiscalizar a legalidade dos atos e instituições
comunitárias.
C2) Exceções nas quais cabe a
fiscalização dos atos comunitários –
TJCE: Portugal X Conselho
• - Uma violação das referidas regras fosse
reconhecida pelos órgãos da OMC
• - A CE estivesse comprometida com a
execução das decisões do OSC
• A CE não tivesse tomado as medidas para
dar cumprimento às referidas decisões no
prazo previsto.
VIII – Efeito das recomendações e
decisões do OSC: O caso “Biret”.
• - Ação de indenização (art. 235) proposta
pela Biret.
• TPI: não consideração de que uma decisão
do OSC seja um parâmetro válido para
verificar a legalidade dos atos comunitários
• Conclusões do Advogado Geral favoráveis
à verificabilidade dos atos comunitários à
luz das decisões do OSC
• TJCE: Acordos da OMC e decisões do OSC
são baseados em negociações que assentam
sobre o princípio da reciprocidade.
• A não execução de uma decisão do OSC é
uma opção de política comercial e não uma
opção jurídica
IX - Acordos que criam um marco
institucional específico
• Criação de órgãos decisórios para as partes
contratantes do Acordo, capazes de criar
direito derivado comum às partes.
• Competência do TJCE para pronunciar-se
sobre os atos de implementação e execução
do Acordo, tomados em conjunto pelas
partes.
X - Sistemas de solução de
controvérsias em Acordos Bilaterais
• Pareceres TJCE 1/76 e 1/91 – desfavorável
à criação de órgão jurisdicional com
competência para manifestar-se sobre “atos
emanados em conjunto”.
• A participação comunitária é sempre através
de mecanismos de arbitragem: OMC, Chile,
México, África do Sul, ACP, Eurome-
diterrâneos
Acordo EU - México
• Procedimento arbitral.
• Possibilidade de interposição da mesma
ação perante a OMC
• Eventual conflito entre o laudo emanado do
sistema bilateral com o da OMC
O Acordo EU - Chile
• Procedimento arbitral inspirado na OMC
• Distinção de competências entre o sistema
da OMC e o bilateral:
- se a base forem normas da OMC
- se a base forem normas do Acordo
- se forem normas semelhantes, o sistema é
da OMC
XII - Conclusões
• O sistema comunitário de solução de
controvérsias é extremamente complexo e
sofisticado, refletindo a natureza
supranacional do bloco.
• A posição do TJCE sobre Acordos
Internacionais é conservadora, no mesmo
sentido de um Tribunal Constitucional
nacional
• Submissão dos Acordos bilaterais à OMC,
inclusive quanto aos sistema de solução de
controvérsias
• A não invocabilidade das decisões do OSC
como critério de avaliação da legalidade dos
atos comunitários, debilita o sistema
multilateral
• Necessidade do TJCE em reavaliar seu
posicionamento

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