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Muito alm do horizonte

Teobardo Epaminondas

O verde sumia no horizonte
Indo muito alm de onde a vista alcanava
Bichos, riachos, florestas, biodiversidade, enfim!

Como era lindo o meu Mato Grosso
Um verdadeiro paraso na terra
Mas Ado profanou contra Deus
E na rvore do conhecimento estava o bem,
Mas junto tambm estava o mal:
O progresso, a ganncia, o devastar das matas
Precisa-se de mquinas e homens para derrubar as florestas
E aniquilar os animais ide e dominai a terra

Cidades se ergueram, comunidades surgiram
E um reino apareceu para dominar a paisagem.

O verde agora outro,
Raso, mas como outrora, longe
Muito longe, at onde no mais alcance a vista.

De minha janela, como diria Quintana
Vislumbro um verde, uma mancha de mata
Que me sacia os olhos,
Que me aquece a alma e consola meu corao.
Pssaros fazem serenata em minha janela.
Ainda h pssaros em algumas paragens, sabia?

Quando, num dia de glria,
Um casal de tucanos pousou na cerca de madeira
no quintal da casa do av
mostrei-o imediatamente sobrinha de 3 anos
dizendo: olha o tucano!
Parece que no me entendeu, ela no o viu
e o casal voou.
Passando perto da pia, com ela no colo,
Cutucou-me e, apontando para debaixo do artefato, disse-me:
Olha, tio, otu cano!

Pensando nela questiono:
Cad o meu verde, o meu louro, o meu pssaro?
Cad a cotovia, o canrio da terra, o beija-flor e o sabi?
Onde foram parar, em que madeireira esto
o pinho, o cedro, o guarant e o jatob?

A fauna pouca, a flora escassa
E este reino criado no do meu mundo
A vida carece do reino antigo,
Do reino do den, do reino de Eva
(Ado lavrador, lenhador e fraco!)
Abaixo o reino da soja!

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