Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A Responsabilidade
15 Civil
Introdução
Noções Gerais
Noções Iniciais:
Denomina-se responsabilidade civil a obrigação imposta a uma pessoa de ressarcir os danos sofridos
por alguém em razão de ato por ela mesma praticado, por pessoa por quem ela responda, por alguma
coisa a ela pertencente ou simples imposição legal.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
www.concursosjuridicos.com.br pág. 1
Copyright 2003 – Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda.
É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico.
Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais
sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem
decididas no juízo criminal.
Noções Iniciais:
A culpa é a não observância de um dever que o agente podia conhecer. Em termos de
responsabilidade civil.
Classificação:
A culpa classifica-se em:
a) grave: quando resulta de dolo ou de negligência crassa;
b) leve: quando a conduta se desenvolve sem a atenção normalmente devida;
c) levíssima: quando o fato só teria sido evitado mediante cautelas extraordinárias.
No direito civil, em regra, responde-se até por culpa levíssima (“in lege aquilia et levíssima culpa
venit”), por se ter em vista a extensão do dano e não o grau da culpa. Existem casos, porém em que o
grau da culpa influi na própria existência da responsabilidade. Assim, o empregador só responde por
indenização comum em caso de culpa grave; no transporte gratuito a responsabilidade deve limitar-se
aos prejuízos resultantes de culpa grave; a pena de sonegados só se aplica a herdeiro que tiver agido
com dolo, etc. Nos danos morais, o grau da culpa pode influir no “quantum” indenizatório arbitrado,
por não se tratar propriamente de um ressarcimento, mas de uma compensação satisfatória, como
veremos adiante.
Modalidades:
Os doutrinadores costumam referir-se também às seguintes modalidades de culpa:
a) culpa “en eligendo”: má escolha de representante ou preposto;
b) culpa “en vigilando”: falta de vigilância de pessoas ou de coisas;
c) culpa “en custodiendo”: falta de guarda devida de coisa, animal ou pessoa;
d) culpa “in concreto”: exame da culpa em relação ás condições pessoais do réu;
e) culpa “in abstracto”: exame da culpa em relação a um padrão ideal de diligência;
f) culpa “in ommitendo”: culpa por omissão;
g) culpa “in committendo”: culpa por ação.
www.concursosjuridicos.com.br pág. 2
Copyright 2003 – Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda.
É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico.
Teoria do Risco:
Em certos casos, a responsabilidade é objetiva, sem culpa, ou de presunção absoluta de culpa,
bastando a relação de causalidade entre a ação e o dano, como no caso de coisas caídas de uma
habitação. Em regra, a responsabilidade objetiva fundamenta-se no risco criado por determinada
atividade (teoria do risco criado). O dever ressarcitório existe sem a necessidade de se apurar se
houve ou não um erro de conduta. A obrigação de indenizar é assim imposta por lei a certas pessoas,
independentemente da prática de qualquer ato ilícito.
O Dano
Noções Iniciais:
O dano é um dos pressupostos da responsabilidade civil, contratual ou extracontratual, visto que não
poderá haver ação de indenização sem a existência de um prejuízo. O dano pode ser material ou
moral.
1) Dano Material:
Chamam-se danos morais ou patrimoniais os prejuízos econômicos sofridos pelo ofendido. A
indenização deve abranger não só o prejuízo imediato (danos emergentes), mas também o que o
prejudicado deixou de ganhar (lucros cessantes). Se um caminhão abalroa um táxi, o dono do táxi
pode reclamar não só as despesas de oficina (danos emergentes), mas também o que deixou de
ganhar, por ficar parado (lucros cessantes).
2) Dano Moral:
A expressão dano moral tem duplo significado. Num sentido próprio, ou estrito, refere-se ao abalo
dos sentimentos de uma pessoa, provocando-lhe dor, tristeza, desgosto, depressão, perda da alegria
de viver, etc. E num sentido impróprio, ou amplo, abrange também a lesão de todos e quaisquer bens
ou interesses pessoais (exceto os econômicos), como a liberdade, o nome, a família, a honra, e a
própria integridade física. Por isso, a lesão corporal é um dano moral, no sentido técnico do termo.
Vê-se assim que a expressão dano moral não é adequada. Melhor seria classificar os danos em
patrimoniais e pessoais. Mas dano moral é a expressão consagrada para os danos pessoais, e dela não
podemos fugir. O Código Civil brasileiro não consigna expressamente as palavras “dano moral”. Mas
do exame de vários de seus dispositivos, infere-se, com segurança e certeza, que o estatuto admite e
prevê o dano moral. Tanto que estipula com freqüência duas verbas paralelas e independentes para o
mesmo fato, uma referente ao dano material e outra ao dano moral. A doutrina admite francamente o
dano moral, de modo quase unânime. Mas na jurisprudência nacional predomina a corrente que só
concede indenização por dano moral quando houver reflexos econômicos. Tal colocação é
inadequada, pois, como observam os doutrinadores, indenizar o reflexo econômico é indenizar
apenas o dano material, e não o dano moral. Todavia, nota-se ultimamente na jurisprudência uma
tendência cada vez mais estável e forte pela admissão do dano moral puro, com a abstração dos
reflexos econômicos. Além disso, deve-se observar também que os tribunais concedem muitas vezes
indenização por dano moral, mas de forma não expressa, sob o rótulo inconveniente de dano material
presumido, dano material indireto, dano material futuro, ou dano material eventual. E outras vezes
englobam-se as verbas, sem se destacar a parte referente ao dano material e a parte referente ao dano
moral. O dano moral tem encontrado opositores. As principais objeções dos negativistas referem-se à
imoralidade de compensar uma dor com dinheiro e à impossibilidade de uma rigorosa avaliação. Mas
www.concursosjuridicos.com.br pág. 3
Copyright 2003 – Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda.
É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico.
não cabem tais objeções. Injusto e imoral não é o “pretium doloris”, mas a ausência de qualquer
indenização. E a dificuldade de avaliação não é exclusiva do dano moral, existindo também, embora
em escala bem menor, no dano material.
!
Dano Estético:
Dano estético é qualquer modificação permanente na aparência externa de uma pessoa,
modificação essa que lhe acarreta um “enfeiamento” que lhe causa humilhação e
desgostos, dando origem, portanto a uma dor moral. O dano estético é um dano moral.
Com efeito, poderíamos mesmo dizer que o dano estético, é um dano moral duplo, por
abranger os dois sentidos da expressão. É dano moral em sentido próprio, porque atinge
os sentimentos da vítima, causando-lhe humilhação e desgostos. E é também dano moral
em sentido impróprio, por ofender-lhe a integridade física.
Relação de Causalidade
O vínculo entre a ação e o prejuízo chama-se de nexo causal, representando uma relação necessária
entre o evento danoso e a ação que o produziu. Se houver um dano, mas sua causa não estiver
relacionada com o comportamento do agente, não existirá a relação de causalidade e
conseqüentemente não haverá obrigação de indenizar.
3) Legítima Defesa:
A legítima defesa é uma variante da culpa exclusiva da vítima, por ocorrer o dano em repulsa de
agressão do próprio ofendido. Mas haverá responsabilidade se terceiro for atingido, embora com ação
regressiva contra o agressor.
www.concursosjuridicos.com.br pág. 4
Copyright 2003 – Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda.
É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico.
5) Caso Fortuito ou Força Maior:
Não há responsabilidade civil se o fato ocorreu por caso fortuito ou força maior. Caso fortuito é o
fato imprevisível. Força maior é o fato previsível, mas inevitável. Na prática se equivalem. Muitos
julgados distinguem entre fortuito interno (ligado a problemas pessoais do agente ou da coisa sob a
sua guarda) e fortuito externo (fato da natureza), excluindo a responsabilidade só na segunda
hipótese.
A Responsabilidade Contratual
Noções Gerais
A responsabilidade contratual pode ser decorrente da inexecução das obrigações, consistindo na falta
da prestação devida ou no descumprimento voluntário ou involuntário, do dever jurídico por parte do
devedor ou de exercício profissional.
A Responsabilidade Extracontratual
Noções Gerais
A responsabilidade extracontratual, delitual ou aquiliana é aquela que resulta de uma violação legal,
sem que haja nenhum vínculo contratual entre o lesante e o lesado. Pode ser decorrente de um fato
próprio, causado diretamente por seu fato pessoal, ou por um fato de terceiro ou de coisa, vinculando
indiretamente o responsável. A responsabilidade indireta compreende duas modalidades:
a) a responsabilidade por fato alheio: quando o causador do dano se encontra sob a direção de
outra pessoa, que responderá pelo fato lesivo;
b) responsabilidade das coisas animadas ou inanimadas que estiverem sob a guarda de alguém,
responsabilizando-se pelos prejuízos causados.
www.concursosjuridicos.com.br pág. 5
Copyright 2003 – Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda.
É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico.
A Responsabilidade Indireta
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser eqüitativa, não terá lugar
se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.
Lesado:
Conforme o art. 188 do Código Civil, não é considerado ato ilícito a destruição da coisa alheia, ou a
lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente, desde que não exceda os limites do indispensável
para a remoção do perigo.
Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem
culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram.
Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este
terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado.
Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se causou o dano
(art. 188, inciso I).
Responsabilidade de Terceiros:
A responsabilidade por terceiros pode ser:
a) do titular do poder familiar, que responderá objetivamente pelos atos do filho menor que
estiver sob a sua autoridade e em sua companhia.
b) do tutor e do curador, pelos pupilos e curatelados, nas mesmas condições;
c) do empregador ou comitente pelos atos lesivos de seus empregados, serviçais ou prepostos;
d) do hoteleiro pelos atos danosos de seus hóspedes: é decorrente da obrigação do hoteleiro na
administração do seu estabelecimento, zelando pelo comportamento dos hóspedes e
selecionando-os na admissão em seu hotel;
e) do dono do educandário pelos prejuízos causados pelos educandos: os donos de
estabelecimentos de ensino deverão responder objetiva e solidariamente pelos danos
causados pelos alunos durante o tempo que exercer a vigilância;
f) dos participantes, a título gratuito, em produto de crime: aqueles que, mesmo não tendo
participado do crime, recebem o seu produto.
! Preposto " Não é só o empregado, mas todo aquele que age em proveito ou sob as instruções do
preponente, de modo permanente ou ocasional.
www.concursosjuridicos.com.br pág. 6
Copyright 2003 – Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda.
É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico.
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa
de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.
!
Locadora de Automóveis:
Conforme a Súmula 492 do STF, a empresa locadora de veículos responde civil e solidariamente
com o locatário pelos danos por este causados a terceiros no uso do carro locado. Trata-se de
responsabilidade objetiva do locador, estabelecida pela jurisprudência.
Ação Regressiva:
Aquele que reparar o dano poderá reaver o que pagou reembolsando-se da soma indenizatória que
despendeu, salvo no caso de descendente absoluta ou relativamente incapaz.
Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pagado
daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou
relativamente incapaz.
Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar
culpa da vítima ou força maior.
Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se
esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.
Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas
que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.
www.concursosjuridicos.com.br pág. 7
Copyright 2003 – Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda.
É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico.
Demanda de Dívida Vincenda ou Vencida
Art. 939. O credor que demandar o devedor antes de vencida a dívida, fora dos casos em que a
lei o permita, ficará obrigado a esperar o tempo que faltava para o vencimento, a descontar os
juros correspondentes, embora estipulados, e a pagar as custas em dobro.
Art. 940. Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as
quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no
primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir,
salvo se houver prescrição.
Art. 941. As penas previstas nos arts. 939 e 940 não se aplicarão quando o autor desistir da
ação antes de contestada a lide, salvo ao réu o direito de haver indenização por algum prejuízo
que prove ter sofrido.
A Reparação do Dano
Noções Gerais
Reparação:
A reparação do dano consiste em fazer com que as coisas voltem ao estado que teriam se não
houvesse ocorrido o evento danoso.
Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à
reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão
solidariamente pela reparação.
www.concursosjuridicos.com.br pág. 8
Copyright 2003 – Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda.
É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico.
Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os co-autores e as pessoas
designadas no art. 932.
Transmissão:
O direito de exigir a reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se aos sucessores do agente.
Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança.
Indenização:
Indenizar significa ressarcir o prejuízo, ou seja, tornar indene a vítima, cobrindo todo o dano por ela
experimentado. Esta é a obrigação imposta ao autor do ato ilícito, em favor da vítima.
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá
o juiz reduzir, eqüitativamente, a indenização.
Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização
será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.
Art. 946. Se a obrigação for indeterminada, e não houver na lei ou no contrato disposição
fixando a indenização devida pelo inadimplente, apurar-se-á o valor das perdas e danos na
forma que a lei processual determinar.
Art. 947. Se o devedor não puder cumprir a prestação na espécie ajustada, substituir-se-á pelo
seu valor, em moeda corrente.
Homicídio:
O Código Civil determina que a indenização, em caso de ato ilícito que resulta em morte, consistirá
no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família, bem como na
prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia.
Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:
I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família;
! O art. 948 apenas enumera, a título exemplificativo, as verbas indenizatórias. Se houve outros
prejuízos, o juiz poderá acrescentar as suas reparações.
Lesão Corporal:
A lesão corporal é o dano experimentado pela vítima em caso de ferimentos derivados de ato ilícito
do ofensor, podendo ser transitórios ou deixando seqüelas como o aleijão e a deformidade.
www.concursosjuridicos.com.br pág. 9
Copyright 2003 – Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda.
É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico.
Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das
despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro
prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.
Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou
profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do
tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à
importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e
paga de uma só vez.
Noções Gerais:
A indenização decorrente de usurpação ou esbulho alheio poderá consistir na restituição da coisa,
mais o valor de suas deteriorações e o devido a título de lucros cessantes. Se a coisa, porém, não mais
existir, deverá o esbulhador pagar o preço ordinário da coisa (dano material), mais o valor de afeição
(dano moral). O valor de afeição não poderá ser maior do que o valor de mercado. Se a coisa não
tiver valor material, deve-se fixar o valor de afeição por arbitramento.
Art. 952. Havendo usurpação ou esbulho do alheio, além da restituição da coisa, a indenização
consistirá em pagar o valor das suas deteriorações e o devido a título de lucros cessantes;
faltando a coisa, dever-se-á reembolsar o seu equivalente ao prejudicado.
Parágrafo único. Para se restituir o equivalente, quando não exista a própria coisa, a estimar-
se-á pelo seu preço ordinário e pelo de afeição, contanto que este não se avantaje àquele.
Erro Médico
Noções Gerais:
A obrigação assumida pelo médico é uma obrigação de meio e não de fim, ou seja, o médico tem o
dever de tratar do doente com zelo, diligência e atenção necessários ao bom desempenho da
profissão, mas não de curar o doente.
Art. 951. O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de indenização devida por
aquele que, no exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia,
causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho.
Ofensa à Honra
Noções Gerais:
A indenização por injúria, calúnia ou difamação, consistirá na reparação do dano que delas resulte ao
ofendido (danos materiais). No caso, realmente, a norma só indeniza os reflexos patrimoniais do
dano moral, deixando este sem nenhum ressarcimento. Se não for possível a prova dos prejuízos
materiais, pagará o ofensor o dobro da multa no grau máximo da pena criminal respectiva
(indenização de danos materiais presumidos, o que equivale, na verdade, a danos morais).
www.concursosjuridicos.com.br pág. 10
Copyright 2003 – Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda.
É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico.
Art. 953. A indenização por injúria, difamação ou calúnia consistirá na reparação do dano que
delas resulte ao ofendido.
Parágrafo único. Se o ofendido não puder provar prejuízo material, caberá ao juiz fixar,
eqüitativamente, o valor da indenização, na conformidade das circunstâncias do caso.
Noções Gerais:
Em relação à indenização por ofensa à liberdade pessoal, o Código Civil arrola os fatos que
caracterizam esta modalidade, sendo o cárcere privado, a prisão provocada por queixa ou denúncia
falsa feita de má-fé e a prisão ilegal. Segundo Silvio Rodrigues, o assunto tem importância muito
escassa na vida prática e sua repercussão nos tribunais é insignificante.
Art. 954. A indenização por ofensa à liberdade pessoal consistirá no pagamento das perdas e
danos que sobrevierem ao ofendido, e se este não puder provar prejuízo, tem aplicação o
disposto no parágrafo único do artigo antecedente.
I - o cárcere privado;
Meios de Transporte
Aeronaves:
É regulado pelo Código Brasileiro do Ar (Decreto-Lei 32 de 18.11.66).
2) Aeronave no solo e com motores parados: a indenização será pelo direito comum (art. 113).
3) Quando não é de natureza comercial o transporte por avião, a responsabilidade por acidente rege-
se pelo direito comum; se acidente aéreo em linha internacional rege-se pela Convenção de Varsóvia.
Automóveis:
Há vários pontos depreendidos do entendimento jurisprudencial a respeito do assunto:
www.concursosjuridicos.com.br pág. 11
Copyright 2003 – Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda.
É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico.
1) Albaroamento pela Traseira: presume-se a culpa do motorista de trás, se o da frente não efetuou
manobra brusca, anormal ou descabida; no caso de engavetamento, responde, o motorista que mais
contribuiu para o evento.
2) Albaroamento de veículo parado: não isenta de culpa o motorista que abalroa veículo parado,
mesmo que estacionado em lugar proibido, ou na contramão, ou mal estacionado, mas age com
imprudência aquele que deixa seu veículo na pista, sem sinalização adequada, ou em curva de
estrada.
3) Auto-escola: responde a auto-escola pelos danos causados por seus veículos e responde também o
aluno, solidariamente, se agiu com culpa.
5) Veículo alugado: a empresa locadora de veículos responde civil e solidariamente com o locatário,
pelos danos por este causados a terceiro, no uso do carro locado.
7) Veículo confiado a terceiros: predomina o entendimento de que nos casos em que o veículo é
confiado a oficinas, agências, garagens, postos de gasolina e outros, o dono do veículo se exonera de
responsabilidade, que passa para pessoa ou empresa a quem a coisa foi confiada, mas o dono do
veículo responde solidariamente se o confiou a pessoa ou empresa visivelmente sem condições
econômicas para responder por prejuízos causados a terceiros.
Imprensa
A Lei de Imprensa prevê a reparação de danos materiais e danos morais. No caso de injúria,
difamação ou calúnia, a responsabilidade civil do jornalista, tanto por danos materiais como morais, é
limitada em 5, 10 e 10 vezes o valor de referência da região, respectivamente. Dentro desses limites,
a indenização deverá ser fixada pelo juiz, por arbitramento. A empresa jornalística poderá ser
chamada a complementar a indenização, até o limite de dez vezes as importâncias fixadas para o
autor do escrito (art. 52). Há também o direito de resposta que é uma espécie de possibilidade de
reparação moral de um dano moral. A publicação da resposta, no mesmo lugar e na mesma extensão,
pode realmente traduzir-se numa reparação satisfatória, parcial ou total, das mais eficazes.
Meio-Ambiente
A Lei 6.938/81 trata da política nacional do meio-ambiente, protegendo a ecologia e a qualidade de
vida. O meio-ambiente é considerado um patrimônio público, a ser assegurado, tendo em vista o uso
coletivo. Nesse campo vigora a responsabilidade objetiva, pois o poluidor, independentemente de
culpa, deve indenizar ou reparar os danos causados ao meio-ambiente e a terceiros, afetados por sua
atividade (Lei 6.938/81, art. 14, § 1°).
www.concursosjuridicos.com.br pág. 12
Copyright 2003 – Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda.
É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico.
Danos Nucleares
Será exclusiva da pessoa jurídica operadora da instalação nuclear, independentemente da existência
de culpa, a responsabilidade civil pela reparação de dano nuclear causado por acidente nuclear. (art.
4° da Lei 6.453/77 e art. 21, XXIII, “c” da Constituição Federal).
www.concursosjuridicos.com.br pág. 13
Copyright 2003 – Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda.
É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico.
Questões de Concursos
www.concursosjuridicos.com.br pág. 14
Copyright 2003 – Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda.
É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico.
Gabarito
01.C
Bibliografia
• Direito Civil
Silvio Rodrigues
São Paulo: Editora Saraiva, 2001
www.concursosjuridicos.com.br pág. 15
Copyright 2003 – Todos os direitos reservados à CMP Editora e Livraria Ltda.
É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila por qualquer processo eletrônico ou mecânico.