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Modelo de Auto – Avaliação das Bibliotecas

Escolares: metodologias de operacionalização


(conclusão)

ANÁLISE DE RELATÓRIOS DE
AVALIAÇÃO EXTERNA DE AGRUPAMENTOS
DE PORTIMÃO

Referência à Biblioteca Escolar


Formanda: Ivete Pereira

Portimão, 6 de Dezembro de 2009


Modelo de Auto – Avaliação das Bibliotecas
Escolares: metodologias de operacionalização
(conclusão)
O Ministério da Educação (ME) tem em curso um processo de avaliação externa de
escolas, que abrangerá todos os estabelecimentos de ensino público, com o objectivo
de desenvolver uma cultura e uma prática de avaliação em todo o sistema educativo.
Para dar início a este processo, o ME constituiu o Grupo de Trabalho de Avaliação das
Escolas, em 2005/2006, com o intuito de estudar e propor um modelo de avaliação
externa das escolas. Após esta fase - piloto, o grupo de trabalho apresentou um
quadro de referência para a avaliação externa das escolas, que privilegia cinco
domínios, a partir dos quais procura encontrar resposta para cinco questões:

Quadro de referência para a avaliação externa

1. Resultados: Como conhece a escola os resultados dos seus alunos, quais são e o que
faz para os garantir?

2. Prestação do serviço educativo: Para obter esses resultados, que serviço educativo
presta a escola e como o presta?

3. Organização e gestão escolares: Como se organiza e é gerida a escola para prestar


esse serviço educativo?

4. Liderança: Que lideranças tem a escola e que visão estratégica está por trás da
organização e da gestão?

5. Capacidade de auto-regulação e progresso da escola: Como garante a escola o


controlo e a melhoria deste processo?

Este modelo de avaliação externa, que se propõe avaliar cada escola de 4 em 4 anos,
concretiza-se através de visitas às escolas com uma duração de dois a três dias,
realizadas por uma equipa de avaliação constituída por três avaliadores com valências
diversificadas, de modo a garantir uma visão mais abrangente do processo.

Assim, a amostra escolhida para realizar a análise e comentário crítico à presença de


referências a respeito das Bibliotecas Escolares, nesses relatórios, é formada por três
Agrupamentos de Escolas, todos da área da Direcção Regional do Algarve, no concelho
de Portimão:

1. Agrupamento de Escolas Júdice Fialho


2. Agrupamento de Escolas José Buísel
3. Agrupamento de Escolas Engº Nuno Mergulhão

Portimão, 6 de Dezembro de 2009


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Escolares: metodologias de operacionalização
(conclusão)
ANÁLISE DOS RELATÓRIOS DOS AGRUPAMENTOS DE ESCOLAS

1. Referências da BE no Relatório do Agrupamento de Escolas José


Buísel:

 “II – Caracterização do Agrupamento”

(A EB 2/3 Professor José Buísel , escola sede, foi construída em 1989 e integra
4 blocos de 2 pisos que, para além das salas de aula, incluem, entre outros, a
biblioteca e o centro de estudos…)

(Dispõe, ainda, de um refeitório, que serve o JI, uma BE/CRE, um pavilhão


polivalente e uma sala…)

2. Referências da BE no Relatório do Agrupamento Júdice Fialho:

 “II – Caracterização do Agrupamento”

(Possui uma biblioteca que, presentemente, não dá resposta às solicitações


quer em termos de recursos tecnológicos, quer de espaço físico…)

(… para além das salas de aula, de refeitório, sala polivalente, biblioteca e


reprografia.)

 “3.3 GESTÃO DOS RECURSOS MATERIAIS E FINANCEIROS”

(O Agrupamento dispõe de três bibliotecas, adequadamente equipadas para


aos níveis de ensino que servem. Actualmente, a biblioteca da EB2,3 tem um
horário suficientemente alargado o que permitiu um aumento significativo da
sua utilização, ainda que os alunos prefiram aquele espaço não tanto para ler,
mas para estudar e realizar trabalhos.)

 “4.2 MOTIVAÇÃO E EMPENHO”

(A coordenadora da biblioteca sente-se motivada e vê o seu trabalho


reconhecido pelo órgão de gestão e pelos restantes professores.)

Portimão, 6 de Dezembro de 2009


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Escolares: metodologias de operacionalização
(conclusão)

3. Referências da BE no Relatório do Agrupamento Engº Nuno


Mergulhão:

 “II – Caracterização do Agrupamento”

(… dispõem, entre outros espaços, de refeitório, bufete, biblioteca / centro de


recursos BE/CRE e o auditório.)

 “3. ORGANIZAÇÃO E GESTÃO ESCOLAR”

(De referir, ainda, a pouca abrangência do horário da Biblioteca Escolar e do


Centro de Recursos e da falta de condições de utilização da sala de convívio dos
alunos.)

 “3.3 GESTÃO DOS RECURSOS MATERIAIS E FINANCEIROS”

(Os alunos manifestaram o seu desagrado quanto ao horário da BE/CRE, uma


vez que não cobre o período diário das actividades lectivas)

COMENTÁRIO CRÍTICO À PRESENÇA DE REFERÊNCIAS A RESPEITO DAS BE

Após a análise dos relatórios dos agrupamentos verifiquei que todos mencionam
algumas das bibliotecas escolares das escolas que constituem os agrupamentos. No
entanto, essas referências são simplesmente alusões, não referindo a sua importância
no alcance dos objectivos centrais do Projecto Educativo dos agrupamentos.
A Biblioteca Escolar estrutura o Plano de Acção a partir do diagnóstico de pontos
fracos e fortes de anteriores relatórios e do Projecto Educativo do Agrupamento para
que os serviços da biblioteca se tornem mais eficientes e eficazes. Pretende-se
privilegiar o conhecimento, a construção do saber e a aprendizagem ao longo do
tempo e não apenas a reprodução da informação. Nesta perspectiva, os agrupamentos
falham em não mencionarem as várias áreas que a biblioteca abarca ao desempenhar
as suas “novas” funções.

O Agrupamento de Escolas José Buísel, apenas, faz referência às bibliotecas na


caracterização do agrupamento. São consideradas meros espaços que funcionam nas

Portimão, 6 de Dezembro de 2009


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escolas. Importa saber o porquê de tal falta de apreciação, uma vez que, não é de
agora a promoção das bibliotecas escolares, da própria Rede e até do PNL. Será
importante realizar uma apresentação eficaz e divulgação do Plano de Acção destas
bibliotecas junto das escolas e da comunidade educativa. A direcção do agrupamento
deverá ser alertada para a importância que as nossas bibliotecas já começaram a ter e
na mais valia que representam na Avaliação Externa do Agrupamento.

O Agrupamento de Escolas Júdice Fialho vai mais longe e além de referir as bibliotecas
como espaços integrantes das escolas, na sua caracterização, menciona-as nos
seguintes campos de análise de desempenho:

 3.3 GESTÃO DOS RECURSOS MATERIAIS E FINANCEIROS

 4.2 MOTIVAÇÃO E EMPENHO

Caracteriza as bibliotecas como adequadamente equipadas para os níveis de ensino


que as utilizam e menciona o horário de um destes espaços como suficientemente
alargado o que permitiu um aumento significativo da sua utilização. Esta referência
prova já uma maior preocupação no que diz respeito a estes espaços. A coordenadora
da biblioteca é mencionada como uma pessoa motivada e reconhecida pelo órgão de
gestão e restantes professores pelo trabalho que realiza. Este aspecto revela alguma
preocupação com a existência de um professor bibliotecário e as suas funções na
gestão da BE.

Por fim, o Agrupamento de Escolas Engº Nuno Mergulhão à semelhança dos outros
dois agrupamentos menciona a biblioteca da Escola EB 2/3 na sua caracterização, mas
não o faz em relação às bibliotecas das Escolas do 1ºCEB. Situação que é indicativa de
um erro na observação global das condições e características dos recursos existentes.
A biblioteca é novamente referida nos seguintes campos de análise de desempenho:

 3. ORGANIZAÇÃO E GESTÃO ESCOLAR

 3.3 GESTÃO DOS RECURSOS MATERIAIS E FINANCEIROS

Mas, a atenção está apenas voltada para a insatisfação dos alunos no que se refere ao
horário pouco abrangente da biblioteca e centro de recursos. Mais uma vez a este
espaço não é reconhecida a merecida importância.

Portimão, 6 de Dezembro de 2009


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Escolares: metodologias de operacionalização
(conclusão)
Em suma, será importante para estes agrupamentos (director e equipa) reverem as
situações das suas bibliotecas, muito embora a preocupação primeira não seja a
biblioteca. Contudo, são mais valias que disponibilizam o acesso a recursos de
informação e como podem contribuir para aumentar os níveis de literacia dos seus
alunos.
A própria Inspecção Geral de Educação deverá reformular o seu quadro de referências
para a avaliação de escolas e agrupamentos, uma vez que as bibliotecas começam
cada vez mais a impor a sua presença e a fazerem-se notar nas escolas e
agrupamentos. Estamos todos a trabalhar no mesmo sentido, tem lógica que todos os
organismos envolventes cooperem entre si e os resultados futuros dos nossos alunos
serão evidentes.

Portimão, 6 de Dezembro de 2009

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