1
I N T R O D U Ç Ã O
1. Denominação
Modernamente, pretendem alguns autores substituir a denominação
dada ao Direito Penal, por outra que julgam mais ampla, e que é a de Direito
Criminal.
3
5. Caráter Dogmático do Direito Penal
Como ciência jurídica, o Direito Penal tem caráter dogmático, já que se
fundamenta no direito positivo, exigindo-se o cumprimento de todas as suas
normas pela sua obrigatoriedade. Por essa razão, seu método de estudo não é
experimental, como na Criminologia, por exemplo, mas técnico-jurídico.
Desenvolve-se esse método na interpretação das normas, na definição de
princípios, na construção de institutos próprios e na sistematização final de
normas, princípios e institutos. Deve o estudioso de Direito Penal, contudo,
evitar o excesso de dogmatismo, já que a lei e a sua aplicação, pelo íntimo
contato com o indivíduo e a sociedade, exigem que se observe a realidade da
vida, suas manifestações e exigências sociais e a evolução dos costumes.
Por isso, entende o Profº Damásio que no Brasil, apenas o Direito Penal
militar pode ser indicado como Direito Penal especial, pois a sua aplicação se
realiza por meio da justiça penal militar. Já com relação ao Direito Eleitoral,
seguindo o critério apontado, não é de Direito Penal especial, uma vez que a
quase totalidade da justiça eleitoral é constituída por juizes da justiça comum.
4
O primeiro é representado pela lei penal, que define as condutas típicas
e estabelece sanções. O segundo é o Direito Processual Penal, que
determina as regras de aplicação do Direito Penal substantivo.
6
Direito Comercial - A lei penal tutela institutos como o cheque, a
duplicata, o conhecimento de depósito ou warrant etc. Determina ainda a
incriminação de fraude no comércio e tipifica, em lei especial, os crimes
falimentares.
7
Psiquiatria Forense - Originariamente ramo da medicina, é
considerada hoje ciência à parte. Seu objetivo é o estudo dos distúrbios
mentais em face dos problemas judiciários, tais como os da imputabilidade, da
necessidade de tratamento curativo nos autores de crimes chamados “semi-
imputáveis” e da presunção de violência por alienação ou debilidade mental da
vítima de crimes contra os costumes (art. 224, b, do CP).
8
Antropologia Criminal - Criada por César Lombroso,
estuda o delinqüente no seu aspecto anatômico e físico,
considerando os fatores endógenos (raça, genética,
hereditariedade etc). Embora já superada a conceituação do
criminoso nato de Lombroso, há investigações modernas a
respeito dos cromossomos e até das impressões digitais como
identificadores de seres humanos geneticamente inclinados à
prática de atos anti-sociais.
Claro é que não nos referimos ao direito penal como sistema orgânico
de princípios, o que é conquista da civilização e data de ontem.
A pena, em sua origem, nada mais foi que vindita, pois é mais que
compreensível que naquela criatura, dominada pelos instintos, o revide à
agressão sofrida devia ser fatal, não havendo preocupações com a proporção,
nem mesmo com sua justiça.
9
11.2 - Vingança Privada
Tal pena aparece nas leis mais antigas, como o Código de Hamurabi, lei
da Babilônia, século XXIII ªC. Por ele, se alguém tira um olho a outrem,
perderá também um olho; se um osso, se lhe quebrará igualmente um osso
etc. A preocupação com justa retribuição era tal que, se um construtor
construísse uma casa e ela desabasse sobre o proprietário, matando-o, aquele
morreria, mas se ruísse sobre o filho do dono do prédio, o filho do construtor
perderia a vida.
10
Ao lado da severidade do castigo, já apontada, assinalava esse direito
penal, dado seu caráter teocrático, o ser interpretado e aplicado pelos
sacerdotes.
11
O uso da força para resolver questões criminais foi do agrado dos
povos germânicos, estando presente até nos meios probatórios.
Conseqüências, certamente, do caráter individual desse direito, em
contraposição ao princípio social do direito romano.
12
11.6. Escola Clássica
13
Segundo Lombroso, a causa da criminalidade situar-se-ia na
eplepsia, que ataca os centros nervosos, deturpa o desenvolvimento do
organismo e produz regressões a caracteres de ascendentes remotos.
15
Originou-se de projeto de autoria do jurista Alcântara Machado,
submetido, logo a seguir, ao exame de Comissão Revisora composta por
Nelson Hungria, Vieira Braga, Narcélio de Queiroz e Roberto Lyra.
16
Para que o direito penal não se torne obsoleto, o Estado deve estar
sempre atualizando o ordenamento jurídico, tornando-o compatível com a
evolução técnica, moral e científica do momento.
Obs.: A eqüidade (correspondência jurídica na norma às circunstâncias do caso concreto), bem como a doutrina e
jurisprudência, não são fontes de Direito Penal, mas forma de interpretação da norma. Também não são os tratados e
convenções internacionais, que só passam a viger no país após o referendum do Congresso, tornando-se, assim, lei e
fonte direta do Direito Penal.
17
12.4 - Analogia
13.1. Caracteres
A lei é a única fonte formal direta do Direito Penal e, devido ao valor dos
bens que tutela, e ainda pela severidade das sanções que impõe, deve ser
precisa e clara. Compõe-se de duas partes:
18
Da conjugação dessas duas partes surge a proibição (norma): “é
proibido matar”.
20
Quanto ao meio empregado - A interpretação pode ser, entre
outras, gramatical, lógica e teológica:
21
PARTE GERAL
2. Princípio da Legalidade
O artigo 5º, inciso XXXIX, da CF, dispõe: não há crime sem lei
anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal.
O artigo 5º, inciso XL, da CF, dispõe: a lei não retroagirá, salvo para
beneficiar o réu.
O artigo 2º, do CP, dispõe: Ninguém pode ser punido por fato
que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em
virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença
declaratória.
24
3.5. Lei processual
25
Três são das teorias a respeito do momento que se considera
cometido o delito: teoria da atividade, teoria do resultado e
teoria mista.
26
no espaço (lugar do crime) com fundamento em convenções,
tratados e regras de direito internacional.
4.2. Territorialidade
Componentes do território:
• espaço aéreo;
• navios e aeronaves.
4.5. Extraterritorialidade
28
Se a pena cumprida no estrangeiro for superior à imposta no País,
é evidente que esta não será executada.
30
A Constituição Federal prevê também a imunidade do parlamentar
como testemunha. Dessa forma, os Deputados e Senadores não
serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou
prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as
pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações (CF,
art. 53, parágrafo 6º).
5.4. A extradição
31
Compete ao Supremo Tribunal Federal o julgamento do pedido de
extradição solicitada por Estado estrangeiro – (CF, art. 102, inciso
I, alínea g).
32
O artigo 10, do Código Penal, dispõe: O dia do começo inclui-se
no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos
pelo calendário comum.
33
DIREITO PENAL II - PARTE GERAL
34
DO CRIME
3. Conceitos de Crime
O ilícito penal pode ser definido sob três aspectos diversos, obtendo-se
assim o conceito legal, material e formal?
Pelo aspecto formal, para que exista o crime, basta que haja um
fato típico e antijurídico. Porém, para a aplicação da pena é
necessário que o fato, além de típico e antijurídico, seja também
culpável, isto é, reprovável.
35
Fato típico - É o comportamento humano (positivo ou negativo)
que provoca, em regra, um resultado, e é previsto como infração
penal.
36
3.5. Ilícito penal e ilícito civil
4. O Fato Típico
Exemplo de fato típico: “A” mata “B” com tiros de revólver. Existe a conduta
(desfechar tiros), o resultado (morte), o nexo causal entre
a conduta e o resultado ( a vítima faleceu em edecorrência
dos tiros), e a tipicidade (adequação perfeita do fato
concreto ao descrito na lei).
37
4.2. Teorias sobre a conduta
38
Teoria social - Para a teoria social da ação, o Direito Penal
só deve cuidar das condutas voluntárias que produzam resultados
típicos de relevância social.
39
Elementos - São elementos da conduta:
• vontade;
• finalidade;
• exteriorização (inexiste enquanto enclausurada na mente);
• consciência.
40
Para que este responda pelo crime, porém, é necessário que
tenha o dever jurídico de agir, ou seja, o dever de impedir o
resultado.
41
4.5. Caso fortuito e força maior
4.6. O resultado
42
O Código Penal adotou a teoria da equivalência dos antecedentes
causais, ou da conditio sine qua non, considerando como causa
toda a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido
– (CP, art. 13, Segunda parte).
43
A não poderá ser responzabilizado pelo resultado morte, mas im
pelos atos praticados antes de sua produção, como nos casos
anteriores.
44
4.8. Superveniência de causa independente.
Vejamos:
Exemplo 1:
Exemplo 2:
45
4.9. A tipicidade
46
4.10. Princípio da insignificância (ou da bagatela)
47
O sujeito ativo do crime pode receber, conforme a situação
processual ou aspecto pelo qual é examinado, o nome de
agente, indiciado, acusado, denunciado, réu, sentenciado,
condenado, recluso, detento e criminoso ou deliqüente.
48
Nesses casos, os sujeitos ativos são chamados pessoas
qualificadas. Essas pessoas dão origem ao crime próprio, ou
seja, aquele que só pode ser cometido por uma determinada
categoria de pessoas, pois pressupõe no agente uma particular
condição ou qualidade pessoal.
7. Objetos do Crime
50
tempo, sujeito passivo e objeto material do crime previsto no
artigo 129, do CP.
51
8.3. Classificação dos crimes quanto à conduta
52
Crimes material - São aqueles que só se consumam com a
produção de um determinado resultado descrito no tipo penal,
independentemente da conduta, como é o caso do homicídio
que só se consuma com a morte; o furto com a subtração;
o dano com a destruição; o estupro com a conjunção
carnal etc.
53
Crimes instantâneos - São aqueles que, uma vez consumados,
está encerrado, a consumação não se prolonga. O homicídio,
por exemplo, consuma-se no momento da morte da vítima, sendo
irrelevante o tempo decorrido entre a ação e o resultado.
54
Observação: Não há crime quando a preparação do flagrante pela
polícia torna impossível sua consumação. (Súmula 145 do STF).
55
São crimes funcionais impróprios aqueles em que, se o agente
não for funcionário público, continua o fato a ser crime, apenas
com outra capitulação.
9.1. Consumação
O artigo 14, inciso I, do CP, dispõe que o crime é:
“consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de
sua definição legal”. Porém, não é necessário que o agente
alcance tudo quanto se propusera.
57
Exemplo: quatro indivíduos se reúnem para combinar a prática de um crime de
roubo. Surpreendidos pela polícia, durante a reunião, não poderão ser
presos por tentativa de roubo, pois estavam ainda na fse de cogitação;
no entanto, essa associação, isoladamente, já configura o crime de
formação de quadrilha ou bando (art. 288).
• o início da execução;
59
No primeiro caso, os atos de execução, embora iniciados, não
há o que se falar em tentativa, ocorrendo apenas a
desistência voluntária ou arrependimento eficaz.
Formas de tentativa:
Tentativa imperfeita - há interrupção do processo executório;
o agente não chega a praticar todos os atos de execução do
crime, por circusntãncias alheias à sua vontade.
Exemplo: após acertar a vítima com um tiro, com a intenção de matá-la, o agente é
impedido de atirar novamente, devido a intervenção da polícia. A vítima
sofreu lesões corporais leves e sobreviveu. Trata-se, então, de tentativa
imperfeita de homicídio.
Exemplo: após atingir a vítima com vários tiros, inclusive em órgãos vitais, esta é
socorrida por terceiros e consegue sobreviver graças ao tratamento
médico recebido e à sua resistência física. Trata-se, então, de tentativa
perfeita de homicídio.
• crimes culposos;
• crimes preterdolosos;
Exemplo: após atingir a vítima com vários tiros, inclusive em órgãos vitais, com a
intenção de matá-la, o agente arrependido, socorre a vítima que, graças a
isso, sobrevive.
• dolosos e culposos;
• tentados e consumados; e
63
O artigo 17 do CP dispõe: Não se pune a tentativa quando, por
ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do
objeto, é impossível consumar-se o crime.
Exemplos:
64
uma moeda no bolso da vítima desvia o projétil. Neste caso
houve a tentativa.
66
DIREITO PENAL III – PARTE GERAL
67
O DOLO E A CULPA
DOLOSO
CULPOSO
68
Teoria da vontade - Pela teoria da vontade, o dolo consiste na
vontade e na consciência de praticar o fato típico.
69
Dolo de dano - É aquele em que o agente quer ou assume o risco
de causar dano efetivo. Exemplo: artigos 121, 155, do Código
Penal.
Assim, age com dolo geral aquele que, pensando já ter matado a
vítima a tiros, joga-na ao mar, para ocultar o cadáver, ocasião em
que realmente ocorre a morte, por afogamento.
70
11 - Crime Culposo - Inciso II
71
O cuidado objetivo é aquele que um homem razoável e prudente
teria no lugar do autor. Se o agente não cumpriu com o dever de
diligência que aquele teria observado, a conduta é típica, e o
causador do resultado terá atuado com imprudência, negligência
ou imperícia.
72
• Previsibilidade subjetiva - é a que se refere às condições
pessoais do agente, dentro de sua capacidade
possibilidade particular de previsão.
Exemplos:
73
Negligência - Consiste na abstenção de um comportamento que
era devido. É a inércia psíquica, a indiferença do agente que,
podendo tomar as cautelas exigíveis, não o faz por displicência ou
preguiça mental.
Exemplos:
Exemplos:
• conhecimentos apurados.
74
Exemplo: Caçador que, avistando um companheiro próximo ao animal
que deseja abater, confia na sua condição de perito atirador para não
atingi-lo quando disparar, causando ao final, lesões ou morte da vítima
ao desfechar o tiro.
75
12 - Crime Preterdoloso
76
12.3. Excepcionalidade do crime preterdoloso.
Nexo entre a conduta e o resultado agravador - Não basta a
existência do nexo causal entre a conduta e o resultado. Assim, o
agente não responde pelo excesso não pretendido, se o resultado
não puder lhe ser atribuído, ao menos culposamente (CP, art. 19).
77
DA CULPABILIDADE
A) O Erro
13.1. Conceito
Erro é uma falsa representação da realidade onde o autor
desconhece ou se engana a respeito de um dos componentes
da descrição legal do crime.
78
13.3. Erro determinado por terceiro
O artigo 20, § 2º, do CP, dispõe: Responde pelo crime o
terceiro que determina o erro.
79
14. Culpabilidade
14.1. Introdução
O crime só existe se houver o fato típico e a antijuridicidade. Se
houver uma causa de exclusão de antijuridicidade, o fato típico
deixa de ser antijurídico e, portanto, não existe o crime.
80
Já nos casos em que se refere as causas excludentes da
culpabilidade emprega expressões diferentes, tais como: “É
isento de pena” (arts. 20, § 1º, 26, caput e 28, § 1º); “Só é punível
o autor da coação ou da ordem” (art. 22).
1. Imputabilidade;
82
14.4. Exclusão de culpabilidade
As dirimentes, ou causas de exclusão da culpabilidade, excluem a
culpabilidade e, em consequência, excluem a pena, sem excluir,
porém, a existência do crime.
83
2. erro de proibição, ou seja, erro inevitável sobre a ilicitude do
fato (art. 21);
O artigo 20, § 1º, do CP, dispõe: É isento de pena quem, por erro
plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se
existisse, tonaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva
de culpa e o fato é punível como crime culposo.
Exemplos:
• legítima defesa
84
16. Erro de Proibição
86
B) COAÇÃO IRRESISTÍVEL E OBEDIÊNCIA
HIERÁRQUICA
Exemplo:
88
18. Responsabilidade Penal Diminuída
89
20. Princípio da actio libera in causa
Exemplos:
90
C) A MENORIDADE
21. Menoridade
91
De acordo com o artigo 228, da Constituição Federal, e artigo 27
do Código Penal, os menores de dezoito anos são penalmente
inimputáveis.
92
regra, soluções imediatas e práticas. Não é erudição que se
exige do Juiz de Menores: é coração.
93
D) A EMOÇÃO E A PAIXÃO
94
24. A Posição do Código
95
E) A EMBRIAGUEZ
25. Embriaguez
Patológica.
Preordenada.
96
efeitos análogos em excesso, ficando
embriagado.
Embriaguez acidental
A embriaguez acidental somente exclui a
culpabilidade se for completa e decorrente de caso
fortuito ou força maior:
Exemplos:
Exemplo:
97
agente responde pelo crime com atenuação de pena
– (CP, art. 28, § 2º).
Embriaguez patológica:
Embriaguez patológica é a decorrente de
enfermidade congênita existente, por exemplo, nos
filhos de alcóolatras que se ingerirem quantidade
irrisória de álcool ficam em estado de fúria
incontrolável.
Embriaguez preordenada:
Embriaguez preordenada ocorre quando o indivíduo,
voluntariamente, se embriaga para criar coragem
para cometer um crime.
98
DIREITO PENAL IV – PARTE GERAL
99
DA ANTIJURIDICIDADE
26. Antijuridicidade
Exemplo: O estupro, embora tão ilegal quanto o porte de arma, agride muito
mais o sentimento de justiça da coletividade.
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
101
A) O ESTADO DE NECESSIDADE
27.1. Conceito:
Estado de Necessidade é uma causa de exclusão da ilicitude
da conduta de quem, não tendo o dever legal de enfrentar o
perigo, sacrifica um bem jurídico para salvar outro, próprio ou
alheio, ameaçado por situação de perigo atual ou iminente não
provocado dolosamente pelo agente, onde o sacrifício do bem
ameaçado não era razoável exigir.
27.1. Requisitos:
O artigo 24, do CP, dispõe: Considera-se em estado de
necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que
não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar,
direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não
era razoável exigir-se.
102
Existência de perigo atual ou iminente - Perigo atual é o
presente, que está acontecendo; iminente é o prestes a
desencadear-se.
Exemplo: aquele que mata outra pessoa com quem disputava o último salva-
vidas, a fim de salvar sua própria vida, em razão do naufrágio de um navio,
age em estado de necessidade, pois a situação de perigo é atual.
Exemplo: aquele que mata cão feroz que o ataca, age em estado de
necessidade salvando direito próprio; também está em estado de
necessidade aquele que mata o cão que está atacando outra pessoa (defesa
de direito alheio).
103
Inexigibilidade do sacrifício do bem ameaçado - Não haverá
estado de necessidade se for preferível o sacrifício do bem
ameaçado do que a lesão a outro bem. Se para salvar
patrimônio for necessário matar uma pessoa, não haverá estado
de necessidade, pois seria preferível o sacrifício do patrimônio
ameaçado ao invés da vida.
104
27.3. Estado de necessidade putativo:
Ocorre quando o agente julga erroneamente estar em estado de
necessidade, sob a proteção da excludente (CP, arts. 20, § 1º, ).
O estado de necessidade putativo exclui só a culpabilidade e não
a antijuridicidade.
105
B) LEGÍTIMA DEFESA
28.1. Conceito:
Considera-se em legítima defesa quem, empregando
moderadamente meios necessários, repele injusta agressão,
atual ou iminente, contra um bem jurídico próprio ou alheio.
28.2. Requisitos:
O artigo 25, do CP, dispõe: Entende-se em legítima defesa
quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta
agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
106
* Agressão injusta é aquela contrária à ordem jurídica, é a
agressão não autorizada pelo direito.
107
forma moderada, ou seja, a reação não pode ir além do
necessário para impedir ou fazer cessar a agressão.
108
28.4. Legítima defesa putativa:
Ocorre quando o agente, supondo por erro que está sendo
agredido, repele a suposta agressão. Não está excluída a
antijuridicidade do fato porque inexiste um de seus requisitos
(agressão real, atual ou iminente), ocorrendo na hipótese uma
excludente de culpabilidade, nos termos do artigo 20, § 1º, do
Código Penal.
109
28.6. Ofendículos:
Ofendículo significa obstáculo, impedimento ou tropeço. Em
sentido jurídico, significa aparato para defender o patrimônio, o
domicílio ou qualquer bem jurídico de ataque ou ameaça.
Os ofendículos caracterizam:
110
C) ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL
29.1. Conceito :
Estrito cumprimento de dever legal é uma causa de exclusão de
ilicitude que consiste em certos comportamentos determinados
pela lei que, embora típicos, não são antijurídicos. Pressupõe
ação de funcionário público ou agente público.
29.2. Requisitos:
1. dever legal;
2. estrito cumprimento;
3. elemento subjetivo.
Dever legal - O dever legal pode ser imposto por lei (penal ou
extrapenal), decreto, regulamento ou qualquer ato administrativo,
desde que de caráter geral.
111
Elemento subjetivo - É necessária a consciência de que
cumpre um dever legal.
112
D) EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO
30.1. Conceito:
Exercício regular de direito é uma causa de exclusão de ilicitude,
que consiste no exercício, por parte de qualquer pessoa, de um
direito subjetivo ou uma faculdade legal (penal ou extrapenal) –
(CF, art. 5º, inciso II).
30.2. Requisitos:
1. exercício de um direito;
2. exercício regular;
3. elemento subjetivo.
113
Exemplos: agem no exercício regular de direito:
Assim, o agente que exceder respondenrá pelo excesso, que pode ser:
114
32.1. Excludente de tipicidade:
O consentimento da vítima funciona como excludente de
tipicidade, quando o tipo penal pressupõe o não consentimento
da vítima.
Exemplo: não há crime de dano (art. 163), quando o titular do bem jurídico
consente em que seja danificado, destruído ou deteriorado.
115
DO CONCURSO DE PESSOAS
33. Introdução.
33.1. Conceito:
Concurso de pessoas é a participação ciente e voluntária de
duas ou mais pessoas na mesma infração penal.
116
33.2.2. Crimes plurissubjetivos: são aqueles que
necessariamente exigem a participação de mais de uma
pessoa. Os crimes plurissubjetivos estão divididos em
crimes de condutas paralelas, convergente e
contrapostas.
33.4. Autoria:
33.4.1. Conceito e teorias sobre a autoria
33.4.2. Autor
Exemplos:
119
33.6. Requisitos do concurso de pessoas:
Para que ocorra o concurso de agentes, são indispensáveis os
seguintes requisitos:
120
Outro exemplo clássico é o de dois operários que juntos
lançam uma tábua do alto de um prédio, ferindo um transeunte.
121
33.12. Formas que não caracterizam o concurso de
pessoas:
33.12.1. Autoria Mediata:
122
33.12.2. Autoria colateral
124
33.13. Comunicabilidade e incomunicabilidade de
elementares e circunstâncias:
33.13.1. Conceito de elementar
Espécies de circunstâncias
125
33.13.3. Comunicação de circunstâncias
126
Porém, se B ignorava a condição de funcionário
público do parceiro, responderá apenas por furto
ou apropriação indébita, conforme o caso.
128
DAS PENAS
129
b) individualidade - a pena não pode passar da pessoa do condenado (CF,
art. 5º, inciso XLV);
a) privativas de liberdade;
b) restritivas de direito;
c) pecuniárias ou de multa.
130
35. Penas Privativas de Liberdade.
35.1. Espécies:
As espécies de penas privativas de liberdade são:
a) reclusão;
b) detenção;
131
35.3. Regimes de cumprimento:
a) regime fechado – a pena é cumprida em estabelecimento penal
de segurança máxima ou média;
35.4. Progressão:
A pena privativa de liberdade está sujeita a progressões e
regressões, durante a sua execução. A progressão se dá com a
132
transferência para regime menos rigoroso, após o cumprimento
de um sexto da pena no regime anterior e se o mérito do
condenado indicar a progressão (LEP, art. 112).
35.5. Regressão:
Na regressão o condenado é transferido para o regime mais
rigoroso quando “praticar fato definido como crime doloso ou falta
grave” ou “sofrer condenação por crime anterior, cuja pena, somada ao
restante da pena em execução, torne incabível o regime – (LEP, art. 118).
35.8. Remição:
O condenado pode remir ou resgatar, pelo trabalho, parte do
tempo de execução da pena que esteja sendo cumprida no
regime fechado ou semi-aberto (LEP, art. 126). A remição
consiste no desconto de um dia de pena para cada três dias de
trabalho.
133
Entretanto, o condenado que for punido por falta grave (casos
enumerados entre os artigos 50 e 52 da LEP), perderá o direito
ao tempo remido, começando o novo período a partir da data da
infração disciplinar (LEP, art. 127).
35.9. Detração:
Detração é o desconto efetuado na contagem do cumprimento
de pena privativa de liberdade ou de medida de segurança,
relativo ao tempo anterior em que o condenado ficou preso
provisoriamente no Brasil ou no estrangeiro, ou internado em
hospital de custódia ou estabelecimento similar para tratamento
psiquiátrico (CP, art. 42).
134
36. Penas Restritivas de Direito.
36.1. Espécies:
Penas retritivas de direito são sanções autônomas que
substituem as penas privativas de liberdade, se preenchidos os
requistos legais, sendo elas das seguintes espécies:
135
horas diárias, em casa de albergado ou outro
estabelecimento adequado – (CP, art. 48).
36.3. Conversão:
A conversão é um incidente da execução. A pena restritiva de
direito converte-se em pena privativa de liberdade, quando
sobrevier descumprimento injustificado da restrição imposta (CP,
art. 44, § 4º, primeira parte).
137
37. A Multa.
138
O valor da multa aplicada na sentença deve ser atualizado pelos
índices oficiais de correção monetária (CP, art. 49, § 2º).
139
38. Aplicação da Pena.
142
A última hipótese, (até 4 anos de reclusão), oferece outras
variantes:
143
39. Concurso de Crimes.
39.1. Introdução:
Concurso de crimes (ou concurso de penas) ocorre quando o
agente pratica duas ou mais infrações penais.
145
39.4. Crime continuado:
O crime continuado ocorre quando o agente, mediante mais de
uma ção ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma
espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de
execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser
havidos como continuação do primeiro – (CP, art. 71, caput).
147
40. Suspensão Condicional da Pena.
Requisitos:
148
As condições do sursis podem ser modificadas no curso do prazo
– (LEP, art. 158, § 2º).
Outras particularidades:
149
40.4. Sursis etário:
O sursis etário caracteriza-se pelos seguintes pontos:
150
41. Livramento Condicional.
41.2. Requisitos:
1. pena privativa de liberdade igual ou superior a dois anos;
151
41.3. Revogação:
Revogação obrigatória - O livramento será revogado
obrigatoriamente se o liberado vem a ser condenado a pena
privativa de liberdade, em sentença irrecorrível, por crime anterior
ou cometido durante a vigência do benefício – (CP, art. 86).
152
42. Dos Efeitos da Condenação.
153
• Efeitos secundários de natureza extrapenal - são os
efeitos que não repercutem na esfera penal, porém,
repercutem em outras esferas. Esses efeitos podem,
ainda, ser genéricos ou específicas:
154
43. Da Reabilitação.
43.1.
155
A reabilitação assegura ao condenado o sigilo sobre o seu
processo e condenação, bem como a suspensão da perda de
cargo ou função pública, a incapacidade para o exercício do
pátrio poder, tutela ou curatela e a inabilitação para dirigir
veísculo. A lei, contudo, veda a recondução ao cargo e a
recuperação do pátrio poder.
156
44. Das Medidas de Segurança.
44.1. Introdução:
As penas e as medidas de segurança constituem as duas formas
de sanção penal. Enquanto a pena é retributiva-preventiva,
visando readaptar socialmente o delinqüente, a medida de
segurança é essencialmente preventiva, no sentido de evitar que
um sujeito que praticou um crime e, se mostra perigoso, venha a
cometer novas infrações penais.
157
Hoje, aplica-se só a pena ou só a medida de segurança, é o
sistema vicariante.
44.2. Requisitos:
Ao plenamente imputável, ainda que demonstre periculosidade, a
lei permite somente aplicação de pena. A medida de segurança
é aplicável somente aos inimputáveis e semi-imputáveis,
presentes os seguintes requisitos:
45.1. Introdução:
Ação penal é o direito de invocar-se Poder Judiciário no sentido
de aplicar o direito penal objetivo.
Quadro sinótico:
AÇÃO PENAL
1. Pública:
1.1. Incondicionada
1.2. Condicionada
1.2.1. à representação
160
2. Privada:
2.1. Exclusiva
2.3. Personalíssima
161
Ação penal pública condicionada - É exercida também pelo
Ministério Público, mas para ser promovida depende de
representação (manifestação de vontade do ofendido ou de seu
representante legal) ou, em certos casos, de requisição do
Ministro da Justiça.
162
30). Nela, o ofendido ou o seu representante legal se denomina
querelante; o réu, querelado.
163
• Ação penal privada personalíssima - Em certos casos a
ação penal privada é personalíssima, ou seja, só pode ser
promovida pelo ofendido ou por seu representante legal.
• adultério.(art. 240).
164
que por si constitui crime de homicídio culposo, leva à ação penal
pública.
III - pela retroatividade da lei que não mais considera o fato como
criminoso;
168
Não cabe graça ou anistia em crimes de tortura, tráfico de
entorpecentes e drogas afins, terrorismo, bem como os crimes
definidos como hediondos – (CF, art. 5º, inciso XLIII).
46.11.Retratação do agente:
Retratação é o ato de desdizer-se, de retirar o que se disse. Em
alguns casos que a lei admite, a retratação do agente extingue a
punibilidade – (CP, art. 107, incico VI).
171
(estupro, atentado violento ao pudor, sedução e outros), é uma
causa de extinção da punibilidade – (CP, art. 107, inciso VII).
46.14.Perdão judicial:
Perdão judicial é o instituto pelo qual o juiz, mesmo comprovada
a prática da infração penal, deixa de aplicar a pena nos casos
previstos em lei. É outra causa de extinção da punibilidade -–
(CP, art. 107, inciso IX).
172
O perdão judicial é um direito penal público subjetivo de
liberdade. Não é um favor concedido pelo juiz. É um direito do
réu. Quando presente as circunstâncias exigidas pelo tipo, o juiz
não pode, segundo seu puro arbítrio, deixar de aplicá-lo.
46.15.Prescrição:
Prescrição penal é a perda da pretenção punitiva ou executória
do Estado pelo decurso do tempo sem o seu exercício.
173
1.1. Prescrição da pretensão punitiva propriamente
dita:
Exemplos:
174
O prazo dessa prescrição também regula-se pela pena em
concreto (efetivamente imposta) – (CP, art. 110, § 1º), de
acordo com a tabela do artigo 109, do Código Penal.
Observaçãoes:
175