Você está na página 1de 1

A morte devagar

Martha Medeiros

Morre lentamente quem no viaja, quem no l, quem no ouve msica, quem no encontra graa e
si mesmo.
Morre lentamente quem destri o seu amor-prprio, quem no se deixa ajudar, morre lent
amente quem se transforma em escravo do hbito, repetindo todos os dias os mesmos
trajetos, quem no muda de marca, no se arrisca a vestir uma nova cor ou no conversa
com quem no conhece.
Morre lentamente quem faz da televiso o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixo, quem prefere o negro sobre o branco e os p
ontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoes, justamente as que res
gatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, coraes aos tropeos e sentimentos.
Morre lentamente quem no vira a mesa quando est infeliz com o seu trabalho, quem no
arrisca o certo pelo incerto para ir atrs de um sonho, quem no se permite pelo me
nos uma vez na vida a fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua m sorte ou da chuva ince
ssante... Morre lentamente, quem abandona um projeto antes de inici-lo, no pergunt
a sobre um assunto que desconhece ou no responde quando lhe indagam sobre algo qu
e sabe.
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esfo
ro muito maior que o simples fato de respirar. Somente a perseverana far com que co
nquistemos um estgio pleno de felicidade.

Você também pode gostar