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ENTRE A LINHA E A PALAVRA:

BORDADOS PARA PAULO FREIRE


UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
FACULDADE DE EDUCAÇÃO

Sandra Regina Goulart Almeida


Alessandro Fernandes Moreira
Reitora e Vice-Reitor

Daisy Moreira Cunha


Wagner Ahmad Auarek
Diretora e Vice-Diretor FaE/UFMG

Daniele de Sá Alves
Coordenadora do Espaço Arte Educação FaE/UFMG

Álida Angélica Alves Leal - Professora FaE/UFMG


Ana Clara Soalheiro Justino - Estudante da Educação Básica
Eliane Maria José Sena Santos - Professora Aposentada da Educação Básica em escolas
do campo no Vale do Jequitinhonha e Artesã
Érica Fernanda Justino - Doutora em Educação FaE/UFMG
Filipe Santos Fernandes - Professor FaE/UFMG
Gabrielly Caroline Silva - Licenciada em Geografia UFMG
Liliane Gonçalves F. de Lima - Estudante Pedagogia e Mestre em Educação FAE/UFMG
Kamille Vaz - Professora FaE/UFMG
Luana Resende Moreira - Egressa Pedagogia FAE/UFMG e Professora da Educação Básica
Maria de Fátima Almeida Martins - Professora FaE/UFMG
Paula Arcanjo - Egressa Pedagogia FAE/UFMG e Educadora Social
Simone Torres de Lima Bernardino - Professora de Artes no Ensino Fundamental
Bordadeiras

Exposição
“Entre a linha e a palavra: bordados para Paulo Freire”

Agradecimentos especiais:
à pequena Clarissa Emanuele (06 anos), filha da bordadeira Liliane, pelo suporte
na montagem da exposição; e à Dona Bia (74 anos), costureira e mãe da
bordadeira Álida, pelo suporte nos acabamentos dos estandartes.

ENTRE A LINHA E A PALAVRA: BORDADOS PARA PAULO FREIRE

E foi assim que Paulo Freire inspirou Álida, que chamou Kamille, Luana e Paula, que se
alegrou com a companhia de Filipe e Fátima, que convidou Érica, que chamou Ana Clara e
Eliane, que elogiou o bordado de Gabriele, que amou o risco de Liliane, cunhada de Simone,
que se encantou por Paulo Freire e dele não mais se desgrudou...

Linhas, agulhas, tecidos, tesouras, bastidores, cirandas e círculos...

Foi no dia 08 de abril de 2021 que, puxando o fio da meada, nós, Álida, Kamille, Luana e
Paula, nos reunimos online para nosso primeiro encontro. Nosso ponto de partida: fazer
bordados livres para comemorar o centenário do patrono da Educação, nosso querido Paulo
Freire. Nossa ação foi uma resposta à chamada da Comissão do Centenário Paulo Freire da
FaE/UFMG, que convidou toda a comunidade a produzir ações que envolvessem sua obra.
Conversa vai, conversa vem, decidimos partir de palavras de Freire, inspiradas por um
Dicionário escrito a várias mãos, que hoje soma 276 verbetes. Tendo em vista que, para nós, o
bordado era uma maneira de suportar tristezas e desalentos da pandemia, agravados pela
desastrosa conjuntura em que nosso país se encontra, não estabeleceremos um prazo para
terminar nossos trabalhos nem sequer definimos muitas regras para além do tamanho do tecido
e a necessidade de grafar cada palavra escolhida para nossas produções.

Aos poucos, outras pessoas foram chegando e se juntando ao nosso coletivo, em um grupo de
WhatsApp chamado “Bordado Paulo Freire”. Com o passar do tempo, quando menos
esperávamos, eis que uma notificação surgia no celular e, com ela, um risco no tecido, os
primeiros pontos recém-aprendidos, um novo bordado em curso ou uma boniteza já finalizada.
Nestes momentos, elogios, “carinhas” e figurinhas eram trocados; afetos que, para nós, tinham
o gosto de um abraço, gesto que tanto nos fez falta em tempos de distanciamento social.
Conversas outras também surgiram:

- “Gente, esse trem é bom demais!”, escreveu Filipe. Foi em abril que ele começou a se
aventurar por entre tecidos e linhas. Sua experiência inaugural de acolher e ser acolhido pela
arte do bordado parecia ampliar sua leitura de mundo, produzindo (re)encantamentos entre
nós;

- “Posso chamar mais uma pessoa?”, indagou Érica, antes de trazer a querida Ana Clara, sua
filha de 15 anos, e a Eliane, sua conhecida, uma “bordadeira de mão cheia” do interior de
Minas Gerais. Tal pergunta também foi feita por Liliane ao trazer Simone, professora da
Educação Básica cujo Trabalho de Conclusão de Curso na Escola de Belas Artes teve como
inspiração o bordado;
- “Eis que você está bordando e sente aquele cheirinho de arroz queimado”... Este foi o meme
que Liliane compartilhou no mês de outubro, enquanto finalizávamos nossas produções. “Sei
que não é pra isso o grupo, gente… mas me identifiquei tanto!”...

Não se preocupe, Lili! Nosso bordado é mesmo assim: faz lembrar e esquecer, acolhe nossas
dores e delícias, expressa nossa “justa ira” e nossas esperanças, faz ecoar nossas indignações
e amorosidades, nos possibilita existir e (re)existir de maneiras outras. Nosso bordado é
encontro, é resistência, é desejo, é denúncia e é anúncio de bem-querer.

Com esta singela exposição, preparada especialmente para o “Círculo de encontros com a
FaE/UFMG”, destinado a estudantes do Curso de Pedagogia, completamos um círculo virtuoso
e amoroso de partilhas e esperanças. Acreditamos, junto com Freire, que “num país como o
Brasil, manter a esperança viva é em si um ato revolucionário”.

Sigamos a esperançar!

Álida, Ana Clara, Eliane, Érica, Filipe, Gabrielly, Liliane, Kamille, Luana,
Maria de Fátima, Paula e Simone

Primavera de 2021

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