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Home > Edies > 126 > Jean Pierre Vernant, um helenista nas
barricadas
EDIO
A trajetria de Vernant foi semelhante a de muitos intelectuais que viram nos acontecimentos de 1968 a
falncia poltica do Partido Comunista
por Alvaro Bianchi
O ano de 1968 alterou radicalmente o modo como os intelectuais franceses viviam a poltica. A prpria
noo de intellectuels nasceu na Frana em meio ao debate poltico em torno do affaire Dreyfus e a
reao de cientistas, mdicos, artistas, poetas e filsofos que se manifestavam nas pginas do jornal
LAurore em favor da reviso do processo do capito. Mas foi com a Segunda Guerra Mundial que essa
intelectualidade passou por uma maior radicalizao. Muitos passaram a integrar as fileiras da resistncia
ocupao nazista, como o historiador medievalista Marc Bloch, fuzilado pela Gestapo em 1944, e outros
tantos que integraram o Partido Comunista, como o helenista Jean Pierre Vernant.
EDIES
Nascido em 1914, Vernant foi aprovado no exame de agrgation em Filosofia em 1937 e passou a lecionar
essa disciplina em uma escola de Toulouse, em 1940. Dois anos depois, ajudou a fundar a Arme Secrte e
teve um papel ativo na resistncia. Com o codinome de Colonel Berthier coordenou as operaes das
Forces Franaises de lIntrieur na regio de Haute-Garonne e comandou a libertao de Toulouse em
agosto de 1944. Apesar dessa intensa atividade poltica, Vernant nunca aceitou posies de
responsabilidade no interior do Partido Comunista. Na verdade, manteve sempre uma atitude seu apoio
ao partido, sem nunca renunciar crtica, at romper com ele definitivamente em 1970.
Os recorrentes atritos de Vernant com a direo do Partido revelam a angustiante relao dos intelectuais
franceses com o stalinismo. J em 1939 apareciam os primeiros sinais dessa tenso. Quando seu irmo
Jacques denunciou a assinatura do pacto germano-sovitico, Jean-Pierre manifestou tambm sua
oposio ao pacto respondendo-lhe que a verdadeira coragem est em, no seu ntimo, no ceder, no se
curvar, no desistir. Ser um gro de areia que as mquinas mais pesadas, aquelas que esmagam tudo por
onde passam, no conseguem destruir. Foi por no ceder, curvar-se ou desistir que sua militncia no PCF
foi sempre tormentosa.
Guerra da Arglia
Com a guerra da Arglia, primeiro, e em 1968, depois, essa relao se tornar ainda mais tensa, resultando
na ruptura de Vernant com o PCF. Se a trajetria de Vernant merece ser aqui recordada porque ela foi,
04/02/2012 10:23