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Mundo Perdido 1
Editor: Gian Danton
Gian Danton
Há uma idéia generalizada de que os pulp fiction são uma forma menor de
literatura. Muitos, inclusive, traduzem o termo como literatura barata. Nada mais
falso. Em mais de um século de existência, os pulp publicaram alguns dos
grandes autores de sua época e revelaram grandes nomes da literatura.
A história dos pulps começa em 1896, quando o editor Frank Monsey resolveu
transformar uma revista para meninos, The Argosy, numa revista de ficção adulta
com formato de 17 por 25 cm. O papel, de péssima
qualidade e altamente descartável, era feito da polpa
da árvore, daí o nome pulp. A publicação custava
apenas um centavo. Mais tarde, alguns pulps
chegariam a custar até 20 centavos.
O mesmo Munsey iria lançar uma das mais célebres publicações no gênero: All-
Story Magazine. Foi nessa revista que Edgar Rice Burroughs lançou em 1912 a
história “Sob as luas de Marte”, com o personagem John Carter de Marte. Pouco
depois ele criou, para a mesma revista, um personagem que se tornaria uma
lenda do século XX: Tarzan.
Esse seria o mesmo mote de Doc Savage. Desde sua infância Savage cultivou o
corpo e o intelecto, tornando-se um gênio e ao mesmo tempo um atleta. Além
disso, sua pele tem uma coloração bronzeada que lhe valeu o apelido de
Homem de Bronze. Em suas aventuras ele contava com a ajuda de cinco amigos
e juntos combatiam o mal com muita coragem e os mais avançados aparelhos
tecnológicos.
Savage migrou para o cinema, e para os quadrinhos, sempre com muito sucesso.
Capitão Futuro, criado por Edmond Hamilton, é outro personagem que fez
história, agora num cenário de ficção científica.
É esse clima que Mundo Perdido quer resgatar. Mensalmente você acompanhará
as aventuras dos mais variados personagens, escritos por gente que é fã de
quadrinhos e da literatura pulp. Queremos mostrar que ainda é possível juntar
diversão e literatura, como faziam os escritores de pulps da década de 30.
Ele tenta vasculhar a mente em busca de um argumento para retê-la nos braços.
E toda vez o seu argumento é sempre o mesmo:
Ele bebe o gelado sem gosto do refrigerante do seu copo e movimenta com certo
nervosismo uma das rodas da cadeira:
— Como “e daí?” O nosso país está em guerra, sabe? Eu sou um expert! Bem,
eu sou, tipo, um herói...
— Você quer dizer o quê? Que é um herói?! Meu bem, quem você pensa que é?
Ele girou as rodas de sua cadeira até uma lixeira e jogou o copo descartável.
Parou um pouco, meditativo, e imitou a voz daquela patricinha quando disse:
“olhe só para você. Achou mesmo que teria uma chance com uma mulher como
eu?” Ela não disse isso, mas não importa. Era o que poderia fazer no momento.
Depois olhou para seu relógio: já estava na hora de voltar para sua base.
Ele em sua cadeira era um estorvo que atrapalhava o fluir dos pedestres
apressados. Uma floresta de pés anônimos indo e vindo na frente dos seus pés
imobilizados, plantados firmemente no esforço de guerra daquele país. Pés
inertes e anonimamente heróicos, que pisavam uma enorme responsabilidade a
qual ninguém dava valor.
Havia sujeira e revistas de mulher pelada por todo o canto. Pedaços de pizza
mofados, roupas sujas e baratas se amontoavam.
O quarto era repleto de monitores, CPU’s enormes e sem as tampas dos lados.
MINISTÉRIO DA DEFESA
ÁREA DE
CAÇAS-BOMBARDEIROS
NÃO-TRIPULADOS
Com a boca ainda cheia, instalou na cabeça uns fones de ouvido com
microfone. Um sensor ótico leu sua retina. Num minuto apareceram na tela as
caras dos meninos de seu esquadrão.
— Qual é a situação?
— Droga, eu não posso sair nem um pouquinho para tentar xavecar uma maldita
garota que tudo vira uma bagunça! – Lázaro disse irritado – aos menos os alvos
foram atingidos?
Ele apertou simultaneamente as teclas “Page Up” e “Page Down”, ligando assim
os pós-combustores de seu caça teleguiado. Em alguns minutos seu Morcego
Negro estava a 20 mil metros, e a Mach 3, velocidade de supercruzeiro sem pós-
combustão.
— Eles com certeza irão nos detectar, apesar de nossos caças serem stealth e de
nossas contramedidas eletrônicas – comentou um dos pilotos, que já teve 6
caças destruídos pela manhã – que vontade de mudar de emprego...
Algumas janelas dos prédios mais altos sempre se partiam. Mas afora isso, a
guerra ainda não tinha chegado de fato às principais cidades do país, embora as
sirenes sempre alertavam o perigo de ataque aéreo.
O inimigo não tinha armas de longo alcance. Por enquanto. Mas as suas armas
eram tão ou mais devastadoras.
— Deixem isso para depois. Em primeiro lugar vem a defesa de nosso adorável
país – Lázaro resmungou amargo, vendo que estava entrando no espaço aéreo
inimigo.
No combate corpo a corpo com canhão, Lázaro era imbatível. Logo ele estava
colado na traseira de um inimigo; as bocas dos motores do caça adversário
produzindo uma luz alaranjada tão flamejante que ele poderia sentir o calor na
sua pele, mesmo estando a milhares de quilômetros dali, no seu apartamento
anônimo.. Uma rajada curta, disparos cortando o céu azul como gotas rápidas
de luz branca e já era; inimigo abatido. Os sobreviventes resolveram dar no pé,
pois estavam sem armas e sua velocidade era absurdamente superior aos caças
comandados por Lázaro. Mas o Esquadrão E interferia no controle dos caças
inimigos, e vários caíram descontrolados.
Mais uma feroz batalha aérea foi travada sem que houvesse uma única morte
entre os pilotos.
— Hora de voltar, pessoal – ele disse secamente – quem quiser, pode apertar a
tecla “a” no teclado para o caça volta automaticamente para nosso país.
Aproveitem para ir ao banheiro ou então para assistir a sessão desenho. Não
vejam os telejornais; são muito mentirosos.Eu estou pulando fora.
Lázaro tirou seu fone de ouvido, respirou profundamente com os olhos fechados
e saiu do quarto onde travou o combate teleguiado.
Moveu sua cadeira de rodas até a pequena sacada de seu prédio e viu a lenta e
difusa luz dos automóveis debaixo da chuva. Uma estranha dor de cabeça o
atingia.
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A pequena tela do celular mostrava a cara velha do brigadeiro do ar. Lázaro viu
uma bela árvore, também velha, coberta por flores avermelhadas, que caiam
com a brisa e depositavam um calmo tapete florido nos paralelepípedos. Um
tapete vermelho e morto.
— Senhor, eu nunca tive dinheiro para visitar o nosso país inimigo. Mas sempre
tive essa vontade, pois lá nasceram muitos dos meus escritores prediletos. No
último ataque eu dei um rasante lento numa das avenidas que estavam sendo
bombardeadas por nós. Infelizmente meu alçapão de bombas não abriu.
— Por quê?
Mas o tapete vermelho produzido lentamente pela velha árvore não poderia
parar:
— Lázaro, olhe para mim! É o brigadeiro Carvalho quem está lhe ordenando!
Deixe de lado essas bobagens! A nação precisa de pessoas como o senhor para
se levantar, Lázaro!
Lázaro olhou para a imagem do brigadeiro na pequena tela de seu celular. Mais
uma tela produzindo meias-verdades em tempo de guerra:
— Lázaro, o país se orgulha de homens como você que andam a passos largos
pela estrada da justiça!
— Você foi perfeito. Sua equipe destruiu o centro financeiro inimigo. Eles
tiveram um prejuízo de bilhões. Parece que a bolsa de valores deles vai fechar
mais cedo hoje – o brigadeiro deu um sorriso maléfico – por sua destemida
atuação, você e seu esquadrão passarão a ganhar talões de vale-refeição e de
vales-transporte!
— Senhor, eu disse que estou de fora! Eu não quero mais saber de destruir
pessoas!
Houve um silêncio. Lázaro esperou uma resposta. Olhou para a tela de seu
celular. O militar o olhava com imenso ódio:
— Veremos!!
Lázaro desligou seu aparelho e o jogou no lixo. Não adiantaria mesmo ficar com
ele, pois seria facilmente detectado.
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Mas as muralhas de edifícios tampavam todo o céu. Mesmo assim, alguns ainda
tiveram chance de ver os mísseis de fragmentação deixarem no céu uma nuvem
preta de pequenas bombas.
Cinco minutos depois, 90 por cento dos prédios daqueles quarteirões tinham
sido reduzidos a escombros fumegantes.
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Mas Lázaro, pobre Lázaro, estava com um gosto de fim de mundo na boca.
Sabia que era apenas uma questão de tempo para que o inimigo fizesse ataques
daquele tipo, e com toda razão. Agora ele sentia que o inimigo não pararia até
destroçar toda sua patria amada, não muito idolatrada.
Lázaro saía pela noite com essa sensação de fim de mundo, e não via muito
sentido nisso e no resto. Parecia que um maldito cometa estava por cair, ou um
fatídico eclipse estava por acontecer, desses previstos pelos profetas. As pessoas
agiam como se não houvesse muito o que esperar do amanhã. E, enquanto o
Lázaro ficava numa parede, às vezes mexendo sua cadeira ao ritmo do som
gótico e da hipnótica luz estroboscópica, vendo aqueles vultos dançando num
ritmo empolgante e doentio.
— Nessas horas eu daria tudo por um bom par de pernas... – resmungou sem
muita convicção.
Mas nisso um bom par de pernas caiu sobre seu colo; era uma garota meio
bêbada:
— Meu... acho que não vou consegui mais levantar.... – a menina falou bastante
grogue.
— E eu me chamo Lázaro.
— Pois é, Lázaro, que tal... que tal a gente transar? – e Marta, sonolenta por
causa da embriaguez, pôs a mão dentro das calças de Lázaro. E adormeceu
nessa posição, sentada no colo dele, um braço languidamente pendurado no
pescoço de Lázaro e uma mão segurando o pau dele. Lázaro se sentia
multimilionário. Bem que poderia aproveitar aquela escuridão para se aproveitar
da menina bêbada.
Passou uma hora e meia. Que músicas tocaram? Bauhaus? Sisters? Siouxise? Ele
não sabia.
Um bocejo e Marta acordou. Por um instante Lázaro teve receio dela não se
lembrar de como veio parar em seu colo. Mas ele não precisou se preocupar:
— Obrigada, Lázaro, por tomar conta de mim. Você é um cara legal. Tá a fim de
tomar alguma coisa? Eu pago.
— Bem, digamos que a minha vida já é um porre sem eu precisar encher a cara,
se é que me compreende...
Ele disse isso pensando no fato do governo está atrás dele. Mas ela entendeu
como sendo sua condição de paralítico.
— Ei, que coisa mais deprimente é essa que você está dizendo? Só porque a
droga do país vai implodir de uma vez por todas não quer dizer que a gente não
possa se divertir! Venha! Vamos dançar!
E antes que ele pudesse protestar, Marta empurrou sua cadeira para o meio da
pista de dança. Estavam tocando “Killing na Arab” do The Cure. Marta dançava
como uma louca, com seu vestido preto e esvoaçante, e ele começou a rodopiar
a cadeira e a sacudir a cabeça. Ela se aproximou da cara dele e lhe beijou a
boca.
Lázaro e Marta saíram pelas ruas iluminadas pela luz alaranjada e difusa dos
postes em meio ao sereno da madrugada.
— Bom, eu não tenho para onde ir, tenho vivido uma aventura a a cada dia...
— Você não parece ser do tipo que não possui casa para morar.
— Ué?! Experimente.
— Quer ir ao meu apartamento? Mas não pense que isso é um convite para a
gente transar, viu? Eu sei muito bem o que falo quanto estou bêbada.
Ambos sorriram.
— E o que você faz, Marta? Você tem um jeito assim, como eu poderia dizer?
Acho que você tem um jeito... um olhar... meio de cigana.
— E isso dá dinheiro?
— Não.
— Porque eu gosto.
A face de Lázario refletiu a luz neón de um motel e também outras luzes sobre o
que é ter prazer fazendo o que se gosta.
— Chegamos!
Um perfume indecifrável mas nem por isso agradável, feito de óleos e incensos,
entrou profundamente nos pulmões de Lázaro.
— Seu apartamento é bem legal – ele disse vendo o apertado ambiente cheio de
pequenos enfeites, vasos, tapetes, quadros de vários tamanhos e artefatos
místicos, todos banhados por uma luz cor de pêssego.
— Que bom que gostou – ela disse puxando um cigarro de um maço – fique à
vontade. Quer tomar um refrigerante?
— Acho que vou querer sim, Marta. Puxa, você tem discos pra caramba!
— Mais ou menos.
Ela pôs refrigerante num copo para Lázaro e para si pegou uma garrafa de vinho
e uma taça. Sentou-se sobre uma almofada e tirou um maço de cartas de cima
Ela deu o maço para Lázaro embaralhar. Depois ele devolveu o maço para
Marta, que o abriu num leque e ordenou:
Marta olhou para a carta. Olhou para ele. Deu uma baforada. Deu um gole no
vinho. Pegou a lâmina do tarô de Lázaro e mostrou a ele:
Continua...
Gian Danton
Mas a mãe não respondeu. Seus olhos estavam cheios de lágrimas. Ela abraçou a
menina e murmurou:
Só então a menina percebeu que algo estranho estava acontecendo com o avião.
A aeromoça, sentada de frente para eles, estava estática, como se seus olhos
tivessem contemplado a morte. Os ouvidos da menina se tamparam. O avião
estava em queda livre.
A pequena saiu da cabine e começou a andar pela floresta sem saber o que
fazer. A escuridão cai sobre a mata com rapidez incrível. Quando deu por si, já
era noite e ela não sabia para onde ir. Todos os caminhos pareciam o mesmo.
A garota ficou muito tempo assim, perdida na escuridão, até visualizar uma luz.
Inicialmente achou que fosse uma casa, mas era uma luz estranha, etérea.
Lá dentro havia uma praça, que a menina atravessou como que guiada por uma
força invisível. No final dela, um palácio imponente todo de ouro. A menina
entrou pelos portões do palácio e se deparou com uma mulher sentada em um
trono. Força e autoridade pareciam emanar dela. Tinha cabelos lisos e pretos,
assim como os olhos, que eram da cor da noite. Não era mais alta que uma
mulher normal, mas sua imponência dava a impressão de que se tratava de uma
giganta. Como roupa, usava uma espécie de armadura de ouro enfeitada com
penas coloridas. A mulher olhou para a menina e sua voz soou como
instrumentos musicais:
— Bem vinda, Maíra, aqui você encontrará um novo lar e uma nova mãe.
***
O rosto do homem era insensível como gesso. Todo ele era enorme e seu
pescoço parecia ser maior que a cintura da menina. Ele sorriu levemente,
imaginado que poderia quebrar sua coluna usando apenas os dedos.
— Por favor...
— Entre!
— Há! Há! André, você sabe mesmo como lidar com uma mulher!
O feitor olhou para eles com a mesma expressão que usara com a pequena.
Antes a região era uma tribo indígena, mas agora os índios haviam sido expulsos
e local se tornara uma imensa mina de ouro. Havia cerca de 30 homens
trabalhando no garimpo. Muitos deles iam para a cidade atrás de mulher, mas
isso atrapalhava a produção. O novo dono das terras decidira que o melhor era
trazer as mulheres até eles. Meninas foram compradas ou raptadas em cidades
***
A pequena Maíra aprendeu que estava no reino das Amazonas. Soube que as
mulheres estavam lá há tanto tempo que ninguém se lembrava mais de onde
tinham vindo.
Durante muito tempo, elas viviam isoladas, tendo contatos esporádicos com os
índios. Os mais fortes e virtuosos entre eles eram escolhidos para acasalar com
as amazonas. Todos os anos eles saiam de suas tribos e ficavam parados à frente
do grande portão, esperando pela autorização para entrar. Depois eram levados
para um pátio, onde as mulheres os escolhiam. Passavam a noite com elas. Em
troca dos favores sexuais, ganhavam um pequeno sapo, o muiraquitã, feito de
uma pedra verde e lisa que não era encontrada em nenhum outro local. Os
portadores do muiraquitã eram admirados e invejados por todos os outros. Era a
mais alta distinção que podiam alcançar.
No ano seguinte, eles voltavam no mesmo dia à cidade das amazonas. Se o fruto
da noite anterior era uma menina, era educada entre as guerreiras. Se fosse
homem, era devolvido ao pai, para ser criado entre os índios.
Certa vez os índios vieram pedir ajuda. Estavam sendo atacados por homens
altos, de pele clara e cheiro terrível. “Parece que nunca tomam banho”,
comentou o pajé.
A Rainha ordenou que todas se preparassem para o combate. Levaram dois dias
para chegar ao rio no qual os invasores navegavam. As amazonas deram a eles a
oportunidade de fugirem, mas eram idiotas e se prepararam para a guerra. Logo
A rainha Janaina contava essas histórias à pequena Maíra e ria da covardia dos
homens brancos. Depois dava-lhe um beijo de boa noite e saia do quarto.
A pequena acordava cedo. Embora fosse a filha adotiva da Rainha, era educada
junto com as outras. Participava dos treinamentos de combate, das corridas.
— Não use o arco — dizia. Seja ele. Deixe que o arco seja uma extensão de seu
próprio braço. Não olhe para o alvo, olhe para além dele. Sinta-o.
Maíra também de afeiçoou a Nara. Essa, ao contrário de Rani, era enorme e forte
como um touro. Tinha olhos negros enormes, que impressionavam a menina.
“Olhos de boi”, pensava ela. Sua arma predileta era uma borduna enfeitada com
motivos indígenas. Era tão pesada que Maíra não conseguia nem mesmo
levanta-la. No entanto, a giganta andava com ela para cima e para baixo, como
se fosse feita de isopor.
***
Tinha dormido com a roupa de trabalho, inclusive as botas, e tudo à sua volta
parecia emitir um cheiro misto de suor e chulé.
— Droga! Os homens devem ter aproveitado para fazer a festa antes do tempo...
Há meses estava ali, no meio da floresta. Ao contrário dos outros feitores, não
gostava de ir para a cidade grande. Estava economizando. No final, teria
dinheiro o bastante para comprar um fazenda e só então sairia daquele inferno.
Ao dobrar uma esquina, mal pôde acreditar em seus olhos: um de seus homens
estava sendo imobilizado por uma mulher. Não, não era nem mesmo uma
mulher. Era antes uma garota, de no máximo 17 anos. Era alta, não muito alta. À
luz do luar seus cabelos curtos e lisos pareciam loiros, mas André concluiu que
eram provavelmente castanhos. Estava vestida com uma espécie de armadura de
ouro, com motivos indígenas e penas coloridas.
O feitor não esperou por explicações. Dando um grito que paralisou a menina,
ele avançou a passos largos e a agarrou. Agora que tocava em seu corpo, a
menina parecia ainda mais frágil. Seus seios mal apareciam abaixo da roupa.
André tentou imaginar como ela havia sido capaz de imobilizar um homem.
Mas não gastou muito tempo com considerações. Havaí movimento mais à
frente. Levando a moça consigo, ele se aproximou da casa em que ficavam
presas as mulheres. O que viu o espantou definitivamente. Várias mulheres
A mulher a abraçou.