Você está na página 1de 47

Gabriela Veiga da Silva

RA: 001200400719
8° Semestre

A Importância da Musicalização para o Desenvolvimento da

Linguagem Oral da Criança na Educação Infantil.

Bragança Paulista
2007
Gabriela Veiga da Silva
RA: 001200400719
8° semestre

A Importância da Musicalização para o Desenvolvimento da

Linguagem Oral da Criança na Educação Infantil.

Monografia apresentada à Disciplina de


Trabalho de Conclusão de Curso de
Pedagogia da Unidade Acadêmica da Área
de Ciências Humanas e Sociais da
Universidade São Francisco, sob a
orientação da Prof. Drª. Eliete Aparecida
de Godoy, como exigência parcial para
obtenção de média semestral.

Bragança Paulista
2007
SILVA, Gabriela Veiga da. A Importância da Musicalização para o Desenvolvimento
da Linguagem Oral da Criança na Educação Infantil. Monografia defendida e aprovada
pela Universidade São Francisco, em __ de Dezembro de 2007, pela banca examinadora
constituída pelos professores.

______________________________________________________________________
Profª Drª Eliete Aparecida de Godoy
USF – Orientadora

______________________________________________________________________
Profª Eliane de Souza Ramos
USF- Examinadora
Já se percebeu que a música faz livre o
espírito? Que dá asas ao pensamento?
Que alguém se torna mais filósofo,
quanto mais se torna músico?
(Nietzsche)
Dedico esta monografia a minha
família, e em especial ao meu pai
Hamilton Veiga da Silva que durante
estes quatro anos de curso lutou
incansavelmente para conquistarmos
esta vitória, mesmo quando muitos não
acreditavam que seriamos capazes de
concluir este curso.
AGRADECIMENTOS

A realização deste trabalho de conclusão de curso só foi possível pela colaboração de


inúmeras pessoas. À todos manifesto minha gratidão. E de modo particular:
à minha mãe Aparecida Valentim da Cruz Silva, que sempre esteve ao meu lado me
animando nos momentos de desânimo;
ao meu irmão Hamilton Veiga da Silva Junior e ao meu namorado Waldo Abrahão Flores
que sempre que necessário e solicitados me ajudaram;
ao meu sobrinho Vinicius Matheus Veiga da Silva, que me trouxe alegria e esperança com
seu carinho todo especial e ingenuidade de criança;
à todas minhas amigas da Universidade, em especial à Helen Gameiro, Camila Buozo,
Raquel Zupardo, Daniele Menegazi, Simone Ferrarezi, Clesia Cometti, Juliana Nascimento e
Cátia Rodrigues, que sempre estiveram ao meu lado presentes nos momentos difíceis, me
apoiando e incentivando;
ao professor de música Luis Celso Coltro, a músico terapeuta Priscila Tassara e a
fonoaudióloga Maria Regina Flores, que me ajudaram com materiais e indicações sobre estudos
sobre música, e Linguagem Oral;
à profª Eliane de Souza Ramos que quando solicitada me ajudou com atenção e carinho;
à profª Drª Eliete Ap. de Godoy, que até mesmo nos momentos em que passou por algumas
situações delicadas e doloridas em sua vida particular me orientou com carinho, atenção e
dedicação, obrigada!
à todos aqueles que estiveram presente direta ou indiretamente no percurso deste trabalho,
obrigada!
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 07

2. A MÚSICA 11
2.1. A Exploração da Cultura Musical na Atualidade 13
2.2. A Musicalização na Educação Infantil 16

3. A LINGUAGEM COMO COMUNICAÇÃO 21


3.1. Desenvolvimento da Linguagem Oral 24

4. A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL PARA O


DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM ORAL DA CRIANÇA. 31
4.1. A importância da musicalização para o Desenvolvimento da
Linguagem Oral da criança na Educação Infantil 34

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 39

5.1 IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS DO ESTUDO 41

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 43
RESUMO

A música é de grande importância na Educação Infantil podendo ser utilizada como mais
um recurso na prática pedagógica contribuindo, assim, para o desenvolvimento das
crianças. Estudos recentes como de: ABRAHÃO (2006), BRITO (2003), JEANDOT
(1997), REYZÁBAL (1999), MONTEIRO. C. P; OLIVEIRA. M. H. C. (1983), discutem
sobre a influência da musicalização no desenvolvimento infantil. Assim o presente estudo
justifica-se pelo fato de alguns professores conceberem que o trabalho pedagógico tendo a
música enquanto instrumento deve ser desenvolvido por um profissional formado em
música pelo fato de acreditarem que os mesmos têm o pleno conhecimento das técnicas
musicais. A partir da hipótese de que alguns professores ou instituições não dão a devida
importância a musicalização, muitas vezes utilizando-se desse conteúdo sem objetivos e em
momentos dispersos e rotineiros, este trabalho ressalta as inúmeras contribuições que a
música traz para o desenvolvimento da criança em seus aspectos cognitivo, afetivo, e mais
especificamente da Linguagem Oral. Trata-se de um estudo bibliográfico que se pauta em
fundamentos teóricos sobre o desenvolvimento da Linguagem Oral e da musicalidade
infantil e ainda pretende discutir sobre as práticas pedagógicas na Educação Infantil.
Considerou-se relevante delinear a musicalização no contexto da Educação Infantil
destacando ainda, que o trabalho com a mesma exige um planejamento prévio o qual deve
ser realizado de diversas maneiras. Pretendeu-se com este estudo evidenciar uma possível
relação direta entre a musicalização e o desenvolvimento da Linguagem Oral de crianças
pequenas na Educação Infantil.

Palavras-chave:
MUSICALIZAÇÃO, DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM ORAL, EDUCAÇÃO
INFANTIL.
7

1. INTRODUÇÃO

A música é de grande importância na Educação Infantil podendo ser utilizada como


um recurso a mais na prática pedagógica contribuindo para o desenvolvimento das crianças,
no entanto a música é uma expressão, que se trabalhada com objetivos, conseqüentemente
possibilitará o desenvolvimento expressivo da criança, como sensibilidade, criatividade,
sociabilidade, entre outros.
Estudos recentes como de: ABRAHÃO (2006), BRITO (2003), JEANDOT (1997),
REYZÁBAL (1999), MONTEIRO. C. P; OLIVEIRA. M. H. C. (1983), nos remete a
identificar uma possível relação direta entre a musicalização e o desenvolvimento da
Linguagem Oral de crianças pequenas na Educação Infantil.
Segundo Assis apud Biagioni, Gomes e Visconti (1996, p.4) “música é sinônimo de
alegria, de aproximação entre pessoas, de sintonia de idéias e aspirações, de liberação
daquilo que sentimos, amamos e queremos”. Muitas crianças se encantam pela música
justamente por encontrar nela a alegria, e por meio da musicalização se libertam dos
sentimentos que as afligem, como as crianças, quando deixadas na escola choram muito por
sentir falta da mãe ou por estar em um ambiente que até então não conhecem, se trabalhada
a música neste momento as crianças pequenas se influenciam pela melodia entrando em
sintonia e muitas vezes se acalmando, desta maneira proporcionando com que a criança se
aproxime do contexto escolar.
Conforme, Biagioni, Gomes e Visconti (1998, p.15).

A musicalização infantil é um poderoso instrumento que desenvolve, na


criança, além da sensibilidade à música, qualidades preciosas como: a
concentração, a coordenação motora, a sociabilização, a acuidade auditiva,
o respeito a si próprio e ao grupo, a destreza do raciocínio, a disciplina
pessoal, o equilíbrio emocional e inúmeros outros atributos que colaboram
na formação do indivíduo.

Está previsto no RCNEI, (Referencial Curricular Nacional de Educação Infantil)


(v.3), enquanto conteúdo, para promover o desenvolvimento e aprendizagem da criança, a
musicalização infantil elementos, citados por, Biagioni, Gomes e Visconti, que podem ser
trabalhados por meio da bandinha rítmica sendo possível auxiliar o desenvolvimento motor,
8

auditivo, perceptivo, afetivo, a audição de obras musicais enseja as mais diversas reações,
as crianças pequenas podem manter-se atentos, tranqüilos ou agitados, a música
proporciona a criança a capacidade de correr, pular e movimentar-se, integrando gestos
enquanto acompanha uma melodia,
Algumas atividades, como brincar de roda, realizar brinquedos rítmicos, jogos de
mãos, aprender uma canção ou simplesmente ouvir música, são atividades que despertam o
gosto pela atividade musical do mesmo modo atendendo as necessidades de expressão que
passam pela esfera afetiva e cognitiva. A musicalização infantil é um excelente meio para o
desenvolvimento da expressão, do equilíbrio da auto estima e autoconhecimento, além de
um poderoso meio de integração social, pois por meio da música é possível vivenciar
situações do convívio social, a música também possibilita o desenvolvimento da
concentração na criança, gerando a capacidade de observar, analisar e reconhecer.
Como nos descreve Andrade (1929, p. 82),

A criança é essencialmente um ser sensível à procura de expressão. Não


possui ainda a inteligência abstraideira completamente formada. A
inteligência dela não prevalece e muito menos não abumbra a totalidade
da vida sensível. Por isso ela é muito mais expressivamente total que o
adulto.(...). A criança utiliza-se indiferentemente de todos os meios de
expressão artística. Emprega a palavra, as batidas do ritmo, cantarola,
desenha. Dirão que as tendências dela ainda não se afirmaram. Sei. Mas é
essa mesma vagueza de tendências que permite pra ela ser mais total. E
aliás as tais "tendências" muitas vezes provêm da nossa inteligência
exclusivamente.

A música é a expressão, e a criança é um ser sensível à procura de expressão, portanto


é na Educação Infantil um dos momentos mais oportunos para se trabalhar a música. A
criança é mais expressiva que o adulto, ela utiliza-se de todos os meios de expressão
artística, canta, desenha, esta tendência artística também provém da inteligência, de sua
estrutura cognitiva.
Segundo Gordon (2000, p.307), “A música é a voz cantada, por um lado, e a
linguagem é a voz falada, por outro”, a música não deixa de ser uma linguagem e a
linguagem não deixa de ser uma música.
O desenvolvimento da linguagem oral ocorre quando a criança é pequena, daí a
importância da Educação Infantil preocupar-se em proporcionar à criança atividades com
9

objetivos específicos, que estimulem o desenvolvimento da linguagem oral, entre elas a


música que é propicia para que a criança se expresse verbalmente.
De acordo com Mantovani de Assis (2003, p.63), “A educação infantil deve
preocupar-se com o desenvolvimento da linguagem como uma das formas de uma função
muito mais ampla, isto é, da função semiótica”, o expressar verbalmente da criança é o
reflexo do seu pensamento, portanto, para melhorar a expressão verbal da criança é preciso,
antes de qualquer coisa, favorecer o desenvolvimento de seu pensamento.
Na Educação Infantil é necessário trabalhar diversos ritmos musicais, dos quais
interagem e integram as crianças, a música é uma forma de linguagem que a criança pode
se comunicar por meio de mímica e gestos em seguida, conseqüentemente introduz as
palavras para se comunicarem, no início do desenvolvimento oral algumas crianças
utilizam-se da música através da repetição de palavras.
Como descreve o RCNEI (1998, p.11, v.1), a partir da LDB 9394 de 1996 (título V,
capítulo II, seção II, art. 29), “a educação infantil é considerada a primeira etapa da
educação básica tendo como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos
de idade”, nesse período do desenvolvimento da criança na Educação Infantil, ocorre
inclusive o desenvolvimento da Oralidade, que pode ser mediada pela cultura. A música
tem um apelo muito grande para o processo socializador, da cultura e da identidade.
De acordo com o RCNEI (1998, p.23, v.1),

A instituição de educação infantil deve tornar acessível a todas as


crianças que a freqüentam, indiscriminadamente, elementos da cultura que
enriquece o seu desenvolvimento e inserção social. Cumpre um papel
socializador, propiciando o desenvolvimento da identidade das crianças,
por meio de aprendizagens diversificadas, realizadas em situações de
interação.

A Educação Infantil deve tornar acessível para todas as crianças que freqüentam o
ambiente educacional diversos elementos culturais por meio de músicas folclóricas,
regionais, eruditas, entre outros, que podem enriquecer o seu desenvolvimento e aperfeiçoar
a inserção social da criança, desta maneira cumprindo o seu papel de socializadora no
decorrer da Educação Infantil.
Considerando todas essas perspectivas sobre o valor da música no desenvolvimento
infantil e o papel da escola, o presente estudo justifica-se pelo fato de alguns professores
10

acreditarem que o trabalho pedagógico tendo a música enquanto instrumento deve ser
desenvolvido por um professor formado em música pela ocorrência de ter o pleno
conhecimento das técnicas musicais; com a hipótese de que alguns professores ou
instituições não dão a devida importância a musicalização, muitas vezes utilizando-se da
mesma sem objetivos, empregando a música no âmbito escolar em momentos dispersos e
rotineiros.
Este estudo tem como objetivo evidenciar a influencia da música no desenvolvimento
da Linguagem Oral, apresentando por meio de fundamentos teóricos o desenvolvimento da
Linguagem Oral e da música e as práticas pedagógicas na Educação Infantil, considerando
diferentes subsídios que podem ser utilizados pelo professor.
Tendo como relevância delinear a musicalização no contexto da Educação Infantil
considerando ainda que a mesma exige um planejamento prévio o qual deve ser trabalhado
de diversas maneiras, este trabalho ressaltará as inúmeras contribuições que a música traz
para o desenvolvimento da criança, como o desenvolvimento, cognitivo, do aspecto
sociomoral, afetivo, da criatividade, sensibilidade da função simbólica, mais
especificamente da Linguagem Oral.
Este estudo é bibliográfico, aprofundado nos conceitos teóricos sobre Linguagem Oral
e musicalização, sendo que o trabalho terá a seguinte organização:
Capítulo 1 - Musicalização; capítulo 2 – Desenvolvimento da Linguagem Oral;
capítulo 3 – Implicações Pedagógicas. São poucos os estudos que apresentam em conjunto
a musicalização e o desenvolvimento da Linguagem Oral na Educação Infantil, no entanto
por meio deste capítulo pretendeu-se interligá-los, mostrando a influência da musicalização
no desenvolvimento da Oralidade, na Educação Infantil.
11

2. A MÚSICA

Segundo o Dicionário Michaelis (2000, p.423), “música é a arte e técnica de


combinar os sons de modo agradável ao ouvido”, ou seja, a música é uma arte, a qual
necessita de algumas técnicas para que seja possível combinar os sons de modo que se
torne agradável ao ouvido. Já a autora BRITO, discorda desta definição, afinal a música
não é apenas “qualquer conjunto de sons”.
Como nos descreve Barreto e Chiarelli (2005), “atualmente existem diversas
definições para música, mas de um modo geral, ela é explorada pelas áreas de ciências e
arte, na medida em que as relações entre os elementos musicais são relações matemáticas e
físicas”, a música é ciência e arte.
Houaiss, Bréscia, apud Barreto e Chiarelli, (2005), conceitua a música como “(...)
combinação harmoniosa e expressiva de sons e como a arte de se exprimir por meio de
sons, seguindo regras variáveis conforme a época, a civilização, etc”, a música é uma arte
que se expressa por meio dos sons, seguindo regras que variam de acordo com a época ou a
civilização.
Para Gainza apud Barreto e Chiarelli (2005), a música e o som, enquanto energia,
estimulam o movimento interno e externo no homem, impulsionado sua ação e
promovendo uma multiplicidade de condutas de diferentes qualidades e grau”, a música e o
som são energias as quais estimulam o movimento do homem.
De acordo com Jeandot (1997, p.13),

Pitágoras, por exemplo, partindo de uma idéia dos antigos egípcios,


desenvolveu uma teoria segundo a qual cada planeta, movendo-se no
espaço, emitia um determinado som. Cada som correspondia a uma nota, e
todas elas, em conjunto, formariam uma escala, constituindo a música das
esferas, que refletiria a ordem do universo.

Partindo de um ponto de vista biológico, Darwin acreditava que a música surgiu do


grito dos animais, já André Shaeffner considera que o aparecimento da música ocorreu pelo
interesse do homem primitivo pelos movimentos e pelos gestos produzidos por eles, e pelos
sons procedentes da natureza. (JEANDOT, 1997).
Para Marius Sheneider, apud Jeandot (1997), a música primitiva é um instrumento
indispensável à vida cotidiana do homem natural, pois por meio dela o homem expressa
12

seus sentimentos e suas vontades, não canta apenas para evocar os espíritos, canta para si
próprio, ou para saldar alguém, agradecer algo, zombar de outras pessoas, caçar um animal,
atiçar fogo, ou até mesmo elogiar o chefe da tribo.
Segundo Bréscia apud Barreto e Chiarelli, (2005), a música é uma linguagem
universal, tendo participado da história da humanidade desde as primeiras civilizações.
Segundo alguns dados antropológicos, as primeiras músicas seriam usadas durante rituais,
como: morte, nascimento, cura de doenças, fertilidade e casamento, no decorrer dos anos,
com o desenvolvimento das sociedades, a música passou a valer-se de louvor a lideres, nas
procissões reais do antigo Egito e na Suméria. Percebe-se que a música está presente no
contexto sócio cultural desde o início da civilização, sempre com características muito
próprias.
O ensino da música na Clássica Grécia era obrigatório e há provas circunstanciais de
que naquela época já existiam algumas orquestras. Pitágoras de Samos, filósofo grego da
Antigüidade, alegava que determinados acordes musicais ou melodias ocasionavam reações
definidas no organismo humano, Pitágoras demonstrou que se os sons fossem elaborados
em uma seqüência correta, por meio de um instrumento, poderia mudar padrões de
comportamento e acelerar o processo de cura de algumas doenças. (JEANDOT, 1997).
Ainda reconstituindo a história da música nas antigas civilizações, destaca-se que aos
poucos o homem aprende a produzir sons agradáveis, como o som da madeira preparada, da
pele esticada, da corda vibrando, com o decorrer do tempo ele produz os primeiros timbres.
Como descreve Jeandot (1997, p.15), “durante séculos fomos condicionados a
acreditar que a música é uma combinação de notas dentro de uma escala, e temos
dificuldade em concebê-la em termos diferentes”, acredita-se que para que ocorra a
elaboração e desenvolvimento da música é necessário uma combinação de notas dentro de
uma escala, e por isso muitos encontram dificuldades em realizá-la de maneira diferente.
Segundo Brito (2003, p.26),

Música não é melodia, ritmo ou harmonia, ainda que esses elementos


estejam muito presentes na produção musical com a qual nos relacionamos
cotidianamente. Música é também melodia, ritmo, harmonia, dentre outras
possibilidades de organização do material sonoro. O importante,
efetivamente, é estarmos sempre próximos da idéia essencial à linguagem
musical: a criação de formas sonoras com base em som e silêncio. Como?
De muitas maneiras.
13

De acordo com Brito (2003, p.25), “a linguagem musical tem sido interpretada,
entendida e defendida de várias maneiras, em cada época e cultura, em sintonia com modo
de pensar, com os valores e as concepções estéticas vigentes”. A música é empregada de
diferentes maneiras de acordo com a época e a cultura existente.
Para Jeandot (1997, p.15), “A música não nasceu das reflexões de Pitágoras, nem do
estudo das cordas ou das laminas que vibram. Ela é resultado de longas e incontáveis
vivências individuais com a música e de civilizações musicais diversas”. Portanto não
podemos nos assustar ao nos depararmos com experiências novas, experiências essas das
quais podem nos revelar várias faces, concretas e abstratas de como a música é elaborada.
A essência da música se transforma, de acordo com a cultura de cada povo e, em casos
especiais de alguns indivíduos.
A música tem um surpreendente poder de nos acalmar quando estamos agitados e nos
animar quando estamos tristes, além de desenvolver um espírito observador, uma
capacidade de atenção e a criatividade. (TEIXEIRA, 2004).
Música é arte, é liberar-se de técnica, fluir a mesma, criar, improvisar e brincar com
os sons vocais e instrumentais nos traz encantamento, possibilita descobertas felizes às
nossas crianças, jovens e adultos. (ALMEIDA, 2003).
As crianças nos dias atuais têm desenvolvido sua aptidão musical de maneira
semelhante às antigas civilizações, pois para os pequenos a música parte de algo pouco
conhecido, e com o passar do tempo sua relação com a mesma evolui, de maneira
semelhante à evolução do contexto musical para a humanidade, dá-se aí a importância da
música ser trabalhada no contexto escolar e principalmente na Educação Infantil, pois a
música auxilia no desenvolvimento da criança em vários aspectos como: desenvolvimento
expressivo, sensibilidade, criatividade, sociabilidade, entre outros.

2.1. A Exploração da cultura musical na atualidade:

Nos dias atuais a música tem sido explorada de diversas maneiras, no ambiente
familiar o contato com a música é mais acessível através da mídia, por meio da televisão e
do rádio.
14

Segundo Silva, Cunha e Ribeiro (2004) “O mundo atual recebe grande influência da
mídia, com divulgações de ideologias e pensamentos que permeiam nosso cotidiano, bem
como grande variedade de estilos musicais”. Encontra se neste ponto a importância da
escola proporcionar as crianças ritmos musicais que fazem parte da nossa cultura, como a
MPB, ou músicas folclóricas, regionais, eruditas, entre outros, de modo a desenvolver nas
crianças o senso crítico e a competência de analisar, sintetizar e interpretar os ritmos
musicais que as cercam, ritmos esses que não são propostos pela mídia.
No ambiente escolar atualmente podemos observar uma má utilização da expressão
musical, com atividades meramente imitativas, mecânicas e estereotipadas, em que a
criança não tem possibilidades de se expressar livremente, desta maneira impedindo o
desenvolvimento de sua criatividade. (TEXEIRA, 2004).
Para Loureiro (2002, p.7),

Atualmente, as escolas mostram-se “afônicas”, contaminadas pelo


“vírus” do som mecânico, alienadas pela música que toma conta dos
corredores e que, de modo massificados e inconscientes, penetra nos
ouvidos dos alunos e de quem quer que esteja no espaço escolar. O cenário
antimusical tomou conta das nossas escolas.

É triste perceber que as escolas no contexto atual foram, pouco a pouco, esquecendo-
se das canções e cantigas de roda, substituindo-as por músicas mecânicas, esquecendo-se de
ressaltar o valor educativo que o fazer musical pode propiciar, sem que nos dispuséssemos
a questioná-las ou negá-las. Infelizmente o ensino de música não está presente no currículo
das instituições educacionais
O fato é que, quando há música na escola, o que encontramos são práticas isoladas,
bastante variáveis e irregulares. No ambiente escolar há um uso excessivo da prática do
cantar, canta-se demais, de modo inconsciente ou mecânico e, o que é pior, sem considerar
a realidade, as experiências musicais vivenciadas pelo aluno, levando-o, cada vez mais, a
distanciar-se do prazer do fazer musical.
Na maioria das escolas o ensino de música, é presente apenas na Educação Infantil,
mesmo assim é voltado apenas para funções recreativas. As aulas de música acabam-se
resumindo em formar e ensaiar uma banda ou um coral, porém, tais práticas envolvem
apenas alguns alunos, excluindo o restante das crianças. Se há música na escola como
15

disciplina escolar, pouco tempo é reservado para a prática da mesma, na maioria das
escolas, proporcionando o fazer musical na hora da entrada, saída ou no recreio,
acompanhada pelo som mecânico.(LOUREIRO, 2002).
Segundo Oliveira (2006, p.21),

Sabemos também que muitos professores utilizam-se dela para


enriquecer momentos de vinculação, unidades de conhecimentos,
conteúdos, rotinas, festas, trabalhos interdisciplinares. Essa é uma das
funções sociais da música, mas não é a única. No mundo atual, com os
desenvolvimentos tecnológicos, a cada dia, esse leque de opções se
amplia.

É sucinto pensar na música como elemento fundamental para o crescimento da


criança, como ser social. A mesma não pode estar dissociada das práticas cotidianas dos
alunos. (LOUREIRO, 2002).
Portanto, concebendo que a utilização da música, na Educação Infantil, desde os
primeiros anos de vida, nos levam a concluir que a mesma só tem a contribuir para o
desenvolvimento da criança, proporcionando-a condições necessárias para que ela se
desenvolva de forma harmônica, global e integrada, respeitando sempre o seu nível de
percepção e desenvolvimento. (MAFIOLETTI, APUD, TEIXEIRA, 2004).
De acordo com Brito (2003, p.127),

Devemos ampliar o contato das crianças com os produtos musicais


diversos, o que exige disposição para escutar, pesquisar e ir além do que a
mídia costuma oferecer. É importante que as crianças conheçam nossos
compositores: Caetano Veloso, Dorival Caymmi, Noel Rosa, Lamartine
Babo, Lupicínio Rodrigues, Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Edu Lobo,
Gilberto Gil, Milton Nascimento, Chico Buarque de Holanda, Jackson do
Pandeiro, Luiz Gonzaga, Antonio Madureira, Lenine, Helio Ziskind, Paulo
Tatit e Sandra Peres, Antonio Nóbrega e muitos outros, que, mesmo
quando não têm a intenção de fazer músicas infantis, aproximam-se do
universo da criança enriquecendo seu conhecimento acerca da produção
cultural do país.

Atualmente é necessário que as crianças conheçam outros repertórios musicais, além


do que a mídia oferece. Em relação à cultura musical brasileira o nosso país é rico, pois é
repleto de compositores e cantores de qualidade, que podem auxiliar no repertorio musical
existente no contexto escolar, enriquecendo o conhecimento da criança em relação à
produção cultural do país.
16

2.2. A Musicalização na Educação Infantil

De acordo com Peery, apud, Sopdek (2002, p.461), “A música está entre as primeiras
experiências sociais da criança. De fato, as crianças são sensíveis à música antes do
nascimento”, segundo Perry, a música rápida provoca batimentos cardíacos fetais
acelerados, a música lenta suscita batimentos cardíacos fetais mais relaxados. A música se
torna parte da vida de uma criança por meio das experiências familiares, como o contato
com o rádio e a televisão, a participação em ambientes religiosos, na escola, e em
brincadeiras de roda.
Como nos descreve Brito (2003, p.35), “O envolvimento das crianças com o universo
sonoro começa ainda antes do nascimento, pois na fase intra-uterina os bebês já convivem
com um ambiente de sons” (...), sons que são provocados pelo corpo da mãe, como o
sangue que desliza nas veias, a movimentação dos intestinos, a respiração, a voz materna
que também constitui material sonoro específico e referência afetividade para os bebês.
Segundo Jeandot (1997, p.18), “A receptividade à música é um fenômeno corporal.
Ao nascer, a criança entra em contato com o universo sonoro que a cerca” (...), como sons
produzidos pelos seres vivos ou até mesmo pelos objetos, ou seja, o contato do bebê, com a
música se torna imediato, seja através do canto da mãe, do canto de outras pessoas, ou seja,
por meio dos aparelhos sonoros existentes em casa.
De acordo com Texeira (2004, p.28) “Os bebês ficam encantados com tudo que
ouvem, tentam imitar ou responder, criando momentos significativos no desenvolvimento
afetivo e cognitivo, criando vínculos tanto com os adultos quanto com a música”, e no
decorrer do desenvolvimento da criança ela vai expressando seus sentimentos, desejos e
relacionando-se com o mundo por meio dos sons e movimentos, portanto a música é um
excelente recurso para estimular a criança e ajuda-la a socializar-se, interagindo com o
ambiente e com outras pessoas.
Para Texeira (2004, p. 29),

Aos poucos a criança vai aumentando sua relação com a música,


memorizando canções “cantando historias”, misturando idéias ou trechos
das músicas conhecidas, recriando e adaptando. Muitas vezes, brincando
17

sozinha, acaba inventando longas canções. À medida que as crianças se


desenvolvem, começam a cantar com maior precisão e reproduzirem
ritmos simples orientados por um ritmo regular, onde os batimentos
rítmicos, palmas, batidas nas pernas, pés etc., são observados e
reproduzidos com maior cuidado.

Ouvir, cantar e dançar são atividades presentes na vida de quase todos os seres
humanos, ainda que de diferentes maneiras, com os bebês e as crianças não é diferente, pois
eles interagem permanentemente com o ambiente sonoro o qual os envolve. O processo de
musicalização dos bebês e crianças flui espontaneamente, de forma intuitiva, por meio do
contato com os sons do cotidiano, incluindo aí a presença da música. (BRITO, 2003).
Para Brito (2003, p.35),

(...) as cantigas de ninar, as canções de roda, as parlendas e todo tipo de


jogo musical têm grande importância, pois é por meio das interações que
se estabelecem que os bebês desenvolvem um repertório que lhes
permitirá comunicar-se pelos sons; os momentos de troca e comunicação
sonoro-musicais favorecem o desenvolvimento afetivo e cognitivo, bem
como a criação de vínculos fortes tanto com os adultos quanto com a
música.

Segundo Filgueiras e Tomaz (1996, p.26), “A manifestação do ritmo na criança


acontece intuitiva e espontaneamente”, portanto é necessário despertar a criança para a
existência do ritmo como base para a musicalização existente no âmbito escolar.
Como nos descreve Teixeira (2004, p.29), “Não é para formar músicos que a música
deve ganhar espaço na educação infantil, mas sim para ajudar a criança a afinar sua
sensibilidade, aumentar a concentração, desenvolver o raciocínio lógico e matemático e
desenvolver a memorização”, a música traz benefícios em todas as áreas de aprendizagem,
além de ser um forte desencadeador de emoções. O contato intuitivo e espontâneo da
criança com a expressão musical desde os primeiros anos de vida, é um importante ponto
de partida para o processo de desenvolvimento integral da criança.
A função da escola em relação à educação musical não é criar músicos ou artistas, e
sim crianças e jovens sensíveis. O importante é fazer com que o mesmo goste da música e
descubra todas as possibilidades dessa área do conhecimento, que é tão importante para o
auxílio no desenvolvimento da criança. (OLIVEIRA, 2006).
De acordo com Teixeira (2004, p.31), “Nas instituições de Educação Infantil, a
musicalização permite às crianças um desenvolvimento integral”, em que por meio do
18

prazer e da satisfação que a música proporciona, desenvolvem o ritmo, a coordenação


motora, a socialização, a alfabetização, a capacidade inventiva, a expressividade, a
acuidade auditiva, a percepção espacial, o raciocínio lógico e matemático, além de muitas
outras habilidades. De um modo geral a musicalização, contribui na formação e no
desenvolvimento da personalidade dos alunos, enriquecendo a inteligência, a sensibilidade,
os conhecimentos, a harmonia, as ações, por fim, dando condições para que os alunos se
desenvolvam de forma global e espontânea.
Para Almeida (2003, p.39), “Aprender a conviver com a música, desde cedo, pode ser
um caminho para ajudar a criança a crescer mais saudável e forte, tendo consciência de suas
potencialidades intelectuais, cognitivas e emocionais”, desde pequenas, as crianças devem
entrar em contato com a música e suas inúmeras possibilidades de aprendizagem,
desenvolvendo suas potencialidades intelectuais, cognitivas, emocionais e afetivas.
Segundo Silva (1992), “A música deve ser considerada uma verdadeira (linguagem de
expressão), parte integrante da formação global da criança”, a mesma deve colaborar no
desenvolvimento da criança pequena, a música é uma linguagem de expressão por meio da
qual a criança consegue se comunicar mesmo sem ter a fala, através de movimentos, gestos
ou mímicas. A escola é uma instituição responsável pela formação cultural da criança, cabe
a escola proporcionar o conhecimento da música, não só da música popular como também
das músicas folclóricas, clássicas e eruditas. A criança pequena na fase Pré-Escolar ainda
tem pouca capacidade de se concentrar para ouvir música, isso se dá devido sua faixa
etária, portanto é necessário e aconselhável que a musicalização seja apresentada para a
criança por meio de estórias, dramatizações, jogos e brincadeiras, as quais as motivem a
participação no fazer musical.
Além da música formar a inteligência da criança, aguça seus sentimentos onde a voz é
um instrumento de alto conhecimento, atuando fortemente na memória e no
desenvolvimento da criança. A musicalização atende necessidades afetivas, expressivas e
cognitivas, aprender a mesma significa integrar experiências que envolvam a vivência, a
percepção e a reflexão. A musicalização permite que a criança desenvolva sua coordenação
motora e rítmica, bem como sua discriminação auditiva e a sensibilidade.(TEIXEIRA,
2004).
19

Por meio da musicalização podemos auxiliar as crianças a se integrarem mais nas


atividades, a fim de perceberem que o outro é um companheiro, um ser como ela, que
chora, ri, pensa, enfim, que também possui sentimentos e emoções, jogos, brincadeiras,
cantigas de roda são algumas atividades que envolvem a música no desenvolvimento de
várias habilidades, em que as trocas sociais são facilitadas no decorrer das atividades
individuais ou em conjunto, desenvolvendo a socialização e dando também a oportunidade
para a formação do “eu” e do “nós” nas crianças. (TEIXEIRA, 2004).
Um aspecto importante é que, quando a criança aprende a apreciar e respeitar o fazer
musical do outro, elas aprendem a desenvolver um juízo de valor diferenciado, isso é muito
importante para suas vivências futuras, nos diversos campos de atuação que a criança terá
na sociedade. (OLIVEIRA, 2006).
Como nos descreve, Biagioni, Gomes e Visconti, (1998, p.26).
“A música além de suas próprias atribuições sociabiliza o indivíduo desenvolve o seu poder
de concentração e raciocínio, tão importante em todas as fases de nossas vidas”, a música é
um precioso instrumento para sociabilizar as crianças umas com as outras no ambiente
escolar, sendo que possibilita a criança o desenvolvimento da concentração e do raciocínio.
É importante brincar e cantar com as crianças, pois o vínculo afetivo e prazeroso que
se estabelece nos grupos em que se canta é forte e significativo. O adulto é um exemplo
para as crianças, um modelo, portanto ele deve cantar sem gritar, evitando pedir que as
crianças sempre cantem “mais alto”, tirando-lhes a oportunidade de perceber a diferença
entre cantar e gritar, mesmo que o professor não seja um ótimo cantor, pode cantar e
brincar com as crianças, com o cuidado de adequar o canto às suas possibilidades vocais e
às delas. (BRITO, 2003).
De acordo com Brito (2003, p.93),

É certo que música é gesto, movimento, ação. No entanto, é preciso dar


às crianças a possibilidade de desenvolver sua expressão, permitindo que
criem seus gestos, que observem e imitem os colegas e que,
principalmente, concentre-se na interpretação da canção, sem a obrigação
de fazer gestos comandados durante todo o tempo, outro vício muito
presente na Educação Infantil.

É de extrema importância permitir com que as crianças concentrem-se na


interpretação da canção, sem obrigá-las a fazer gestos dos quais são comandados pelo
20

professor, permitindo que as mesmas desenvolvam sua expressão, criando seus gestos,
observando ou imitando os colegas que a cercam. Cantando coletivamente, aprendemos a
ouvir a nós mesmos, ao outro e ao grupo como um todo, desta forma, possibilitando o
desenvolvimento de aspectos da personalidade, como atenção, concentração, cooperação e
espírito de coletividade. (BRITO, 2003). Assim, a musicalização e os cantos infantis
exercem um papel fundamental nos jogos do dia-a-dia, estimulando a percepção e
auxiliando no desenvolvimento da criança. (LOUREIRO, 2002).
Segundo Brito (2003, p.126) “É muito importante que o educador estimule o brincar
musical”, é necessário que o professor esteja sempre atento para ouvir e aproveitar as
contribuições trazidas pelas crianças.
É necessário dar a musicalização o espaço que ela merece nas instituições escolares,
como campo de saber, que tem uma linguagem própria, que constitui um conjunto de
conhecimentos por si mesma, sem nos esquecermos de que a música é uma linguagem
universal e é uma das únicas atividades humana desenvolvida por todos e por todas as
culturas, por todos os povos do mundo. Portanto é necessário que a criança tenha uma
relação direta com a musicalização desde seus primeiros anos de vida, cabendo a escola
proporcionar isto á ela, auxiliando-a no seu desenvolvimento.
21

3. A LINGUAGEM COMO COMUNICAÇÃO

A linguagem oral é a comunicação diária, vital, permanente. Recordemos que


“comunicar-se” provém de “comum”, “comunitário”, ou seja da mesma forma latina “cum”
que integra palavras como “communis”; em nossa língua, por exemplo, “comunidade”. Ou
seja, para que haja uma comunidade, é necessário que cada indivíduo saiba se comunicar,
compartilhando seus conhecimentos, sentimentos, gostos e interesses, quando uma criança
aprende a falar ela não desenvolve apenas conteúdos lingüísticos e sim sua personalidade,
pensamentos e sentimentos. (REYZÁBAL, 1999).
A comunicação lingüística aparece, quando a criança percebe que através da
linguagem (oral e gestual), chama a atenção do adulto e que ela pode ser utilizada como
instrumento para atingir determinados objetivos seja por meio da fala ou dos gestos.
(VIANA, 2002).
A linguagem é o fio condutor da expressão e comunicação humana, um sistema de
comunicação usado dentro de um grupo social, encontra-se aí a importância dos educadores
perceberem a necessidade de estimular o desenvolvimento da linguagem.
Segundo RCNEI (v.3, 1998, p.125).

Além da linguagem falada, a comunicação acontece por meio de gestos,


de sinais e da linguagem corporal, que dão significado e apóiam a
linguagem oral dos bebês. A criança aprende a verbalizar por meio da
apropriação da fala do outro. Esse processo refere-se à repetição, pela
criança, de fragmentos da fala do adulto ou de outras crianças, utilizados
para resolver problemas em função de diferentes necessidades e contexto
nos quais se encontre. (...).

Segundo Oliveira e Monteiro (1983, p.1), “desde de que nascemos, surge o aspecto
social da comunicação, a criança reage durante a adaptação ao meio, e com ele se comunica
de forma cada vez mais elaborada”. Para se comunicar com a criança é necessário dialogar
por meio do uso de um repertório comum com palavras que sejam compreendidas por quem
fala e quem ouve. Quando o homem é capaz de se expressar com palavras seus
pensamentos e sentimentos tem mais possibilidade de equilibrar sua emoção e de
estabelecer pontes com os outros, não existe atividade humana que não implique a
linguagem.
22

Para Reyzábal (1999, p.11), “todas as sociedades humanas ou grupos de animais


organizam-se entre si graças à comunicação, ou seja, ao conjunto de atuações através das
quais os indivíduos travam contato e transmitem-se informações”, são várias as formas de
comunicação, entre os animais, o miado do gato, o latido do cachorro, o canto dos pássaros
e as danças de alguns machos no cio são exemplos. Entre os homens desde muito cedo há
comunicação por meio do choro da criança e outras formas que se organizam de maneira
cada vez mais elaborada. É comum entre os homens a valorização da comunicação por
meio da linguagem oral, porém são muitas as formas de comunicação que no decorrer deste
capítulo serão evidenciadas. Alguns estudos afirmam que as células permutam informações
entre elas, e que até os computadores processam informações mediante “comunicação”
interiores, esse estudo nos remete a perceber que a comunicação está presente em distintas
situações.
O ato de comunicar-se pode dar-se tanto no sentido de indivíduo para indivíduo (ex:
pai para filho, professor para aluno, chefe para empregado), de indivíduo para grupo (ex:
palestras, aulas e demonstrações) e quando nos comunicamos qualquer gesto simples ou
expressão fisionômica alteram o significado das palavras.(REYZÁBAL, 1999).
A comunicação está diretamente ligada à necessidade, para a existência de um
sistema, de um grupo, de uma comunidade e indispensável para que os componentes se
comuniquem, por meio de expressões gestuais ou orais, ou seja, a linguagem facilita o
ajustamento do indivíduo ao seu grupo social, possibilitando-lhe maior capacidade de
compreensão, interferência e atuação no ambiente. Esta necessidade era sentida também
pelos homens da caverna, que através de grunhidos e gestos procuravam estabelecer a
primeira forma de comunicação. (OLIVEIRA e MONTEIRO, 1983).
A comunicação humana implica em um sistema complexo de códigos
interdependentes, no decorrer de um só dia, qualquer indivíduo comunica-se, compreende e
se expressa por meio de múltiplos códigos e canais.
Para Oliveira e Monteiro (1983), há três teorias da origem da linguagem, descritas
pelo filósofo Dewey. A primeira teoria é a onomatopéica que considera a origem da
linguagem vinda de sons naturais. Segundo o filósofo alemão Herder, essa forma de
comunicação é uma teoria (da palavra) baseada em sons naturais. Se isto fosse verdade
seria universal. A segunda teoria é a das interjeições, (ai, há, oh, ah), que admite a
23

linguagem surgindo do espanto do homem perante a natureza. Será que todas as palavras
estão ligadas a interjeições? E por fim a terceira teoria, a dos gestos, em que acredita que o
homem começou a fazer os gestos, mas quando estava com as mãos ocupadas ou no escuro
não podia fazê-los, daí começou a emitir sons e surgiu a linguagem oral. Esta teoria supõe
que a linguagem vocal tenha sido precedida pelos gestos. Gradativamente, foram
substituídos pela linguagem oral.
Na terceira teoria podemos identificar algumas semelhanças com o processo de
desenvolvimento da Linguagem Oral na criança, pois quando pequenos se expressam com
freqüência por meio dos gestos, mas com o decorrer do tempo vão identificando que podem
se comunicar por meio de ruídos e conseqüentemente pela Linguagem Oral, desta forma
substituindo gestos por palavras.
No campo específico da educação, comunicação pode ser definida como a
necessidade de se levar os conhecimentos essenciais da educação básica, como, técnicas de
produção, normas de higiene, educação sanitária, cooperativismo e outros conceitos, que
são conhecimentos úteis e imprescindíveis. (OLIVEIRA E MONTEIRO, 1983).
É muito importante que os professores interajam e conversem com os bebês e as
crianças, auxiliando-a a se expressar, mostrando para ela as diversas maneiras de comunicar
o que elas desejam, sentem e necessitam, ao passo que essa interação quando ocorre é
importante que o adulto, tanto o professor quanto os familiares utilizem-se da fala de forma
clara, sem infantilizações e principalmente sem imitar a maneira como a criança fala.
(RCNEI, V.3, 1998).
A linguagem é uma forma de comunicação, que está ligada ao pensamento, ou seja, só
haverá comunicação quando a linguagem for compreendida e tiver significado, a linguagem
está presente em todas as situações e momentos da vida, inclusive e principalmente no
âmbito escolar. Considerando que a Linguagem Oral é muito valorizada na escola faz se
necessário que o professor enriqueça e aprimore a linguagem da criança, desenvolvendo e
ampliando seu vocabulário, desta forma influenciando também na escrita da criança, pois
ela escreve como fala, encontra-se neste ponto a importância da criança se comunicar
oralmente de maneira correta, pois isso influencia em muito na maneira como ela escreve.
24

3.1. Desenvolvimento da Linguagem Oral

Nesta seqüência será destacada a Linguagem Oral como forma de comunicação e


expressão decorrentes do pensar e como possibilitadora do desenvolvimento de inúmeras
habilidades no decorrer da infância.
Para RCNEI (v.3, 1998, p.125).

Muito cedo, os bebês emitem sons articulados que lhes dão prazer e que
revelam seu esforço para comunicar-se com os outros. Os adultos ou
crianças mais velhas interpretam essa linguagem peculiar, dando sentido à
comunicação dos bebês. A construção da linguagem oral implica,
portanto, na verbalização e na negociação de sentidos estabelecidos entre
pessoas que buscam comunicar-se. Ao falar com os bebês os adultos,
principalmente tendem a utilizar uma linguagem simples, breve e
repetitiva, que facilita o desenvolvimento da linguagem e da comunicação.
Outras vezes, quando falam com bebês ou perto deles, adultos e crianças
os expõem à linguagem oral em toda sua complexidade, como quando, por
exemplo, na situação de troca de fraldas, o adulto fala: “Você está
molhado? Eu vou te limpar, trocar a fralda e você vai ficar sequinho e
gostoso!”.

Logo que uma criança nasce se insere em um mundo bastante amplo de impressões e
sensações que fazem parte da vida cotidiana, vê ouve e sente muitas coisas, mesmo sem
saber distinguí-las as palavras são dirigidas a ela desde o nascimento, ainda que não possa
compreendê-las, acaba por configurar um aspecto especial do mundo sonoro, a linguagem
oral. O bebê não distingue os sons da fala enquanto palavras, mas sim enquanto “curvas de
entonação expressiva” é por meio da melodia, da fala que as primeiras interações
acontecem, associadas às situações vividas, por exemplo, é assim que um bebê pode rir se
dirigir a ele palavras grosseiras em tom calmo e amável e chorar quando lhe fazemos
elogios com uma entonação mais explosiva e com expressões mais carregada no rosto.
(PERROTTA, 1995).
Segundo Perrotta, (1995, p. 21).

As primeiras palavras surgem num processo análogo: o bebê emite um


conjunto de sons, como “mamama”, e a mãe entende que ele a chamou e
acaba reforçando e ajustando a produção: “Isso, mamãe, olha, você falou
mamãe”. Se a princípio o bebê emite uma seqüência de sons sem
significado preciso, o adulto se incumbe de fazer com que esta forma
sonora ganhe estabilidade e significação, isto é, que se torne efetivamente
uma palavra.
25

Muitas vezes as primeiras palavras são as mais esperadas e solicitadas pelos adultos
que são mais próximos da criança, como seus pais, por isso, a maioria dos bebês no início
da fala pronunciam, “mamãe ou papai”.
De acordo com Barreto apud Ferraz (1997, p.16), “Dentro do processo de
desenvolvimento cognitivo nos primeiros anos de vida da criança, está também a aquisição
do mecanismo da fala, desenvolvendo seu aparelho fonador e aprendendo a utiliza-lo”. É de
extrema importância a conscientização, a percepção das possibilidades que o aparelho
fonador oferece na emissão de determinados sons, de conjuntos de sons que se articulam
com palavras que servirão para a comunicação de conhecimento, idéias, sentimentos de
forma cada vez mais adequada.
Portanto é de grande importância que o educador tenha conhecimento de como ocorre
e quais são as fases do desenvolvimento da criança e da sua evolução lingüística, de forma
atenta e observadora, desta maneira contribuindo e estimulando o desenvolvimento da
linguagem oral em seus alunos.
Para Flüshöh, Rodriguez, Loyola, Miguel e Godoy (2000), o aparecimento e a
evolução da linguagem articulada estão ligados à idade da criança, o início do processo
depende do grau de maturação do sistema nervoso do bebê, esta evolução se divide em 6
fases, que abrange vários aspectos, no entanto ressalta-se o aspecto lingüístico em que os
autores destacam duas características: o receptivo e o expressivo.
De 0 a 2 meses o aspecto receptivo apresenta-se esporadicamente por meio do
sorriso, do reflexo por estimulação tátil e sinestésica, como citado anteriormente neste
estudo a criança responde à voz e aos sons, se acalma quando escuta sons prazerosos e
vozes familiares, presta atenção espontaneamente à voz falada que o rodeia, responde a
própria voz e ao sorriso social. Já relativo ao aspecto expressivo é perceptível por meio do
grunhido vocal, pequenos ruídos da garganta, choro como resposta para diferentes
estímulos, como chorar por dor, fome e desconforto e balbucios e arrulhos vocal.
Quando o bebê tem de 3 a 4 meses o aspecto receptivo se revela pela resposta a tons
vocais raivosos chorando, a criança responde também a tons agradáveis com arrulhos,
adquiri mais percepção do ambiente, responde a ruído e voz direcionando o rosto para a
fonte do som. Quanto ao aspecto expressivo destaca-se nessa fase o riso alto, o balbuciar,
emissão de duas sílabas, repetição de monossílabas.
26

Já de 5 a 6 meses o aspecto receptivo fica mais aprimorado pois a criança começa a


perceber o sentido a intensidade e a mudança do tom da voz, responde a fala agradável
sorrindo e rindo, aumenta sua percepção e resposta ao ambiente. O mesmo aprimoramento
ocorre com o aspecto expressivo, pois a criança utiliza-se do balbucio para obter atenção e
expressar suas exigências, vocaliza desprazer e emite várias sílabas.
De 7 a 9 meses sua capacidade receptiva promove sua escuta com mais atenção as
palavras novas, responde a pessoas específicas, compreende a palavra “não” e ao seu
nome, responde a um “tchau”, enquanto sua capacidade expressiva amplia com o canto de
tons.
Com 10 meses a recepção permite que quando perguntamos algo para o bebê ele
sacode a cabeça para sim ou/e para não. Enquanto que sua expressão permite o início da
imitação de seqüências de sons. Portanto se a criança já é capaz de imitir uma seqüência de
sons o trabalho com a musicalização poderá ampliar suas habilidades vocais e de
compreensão do ritmo.
Por fim, já quando o bebê tem 11 a 12 meses sua recepção permite que sigua
instruções simples. Deste modo podemos evidenciar que se a musicalização for trabalhada
nesta fase a criança pode e é capaz de seguir instruções simples que envolvam o fazer
musical, como marcar tempo, marcar ritmo, executar gestos e até mesmo construir ritmos.
Sua expressividade revela a primeira palavra, tenta nomear objetos quando estimulados, o
seu vocabulário é de cinco a seis palavras, repete sons produzidos por si mesmo, tenta
repetir sons que são produzidos por outras pessoas, direciona sons e gestos para objetos e
pessoas.
De acordo com, Flüshöh, Rodriguez, Loyola, Miguel e Godoy (2000, p.15), “a
linguagem oral não é um comportamento mecânico, embora alguns aspectos da fala, com o
passar do tempo, se tornem automáticos para nós (...)”, aspectos como pronúncia de sons e
palavras.
O desenvolvimento da linguagem está ligado à realidade da vida das pessoas, às suas
motivações para escutar para dizer, aos conhecimentos que constroem, às funções que
exercem, às questões que elaboram. A linguagem é construída por meio de tentativas de
assemelhar palavras com vivências.
Como nos descreve, Flüshöh, Rodriguez, Loyola, Miguel e Godoy (2000, p.15),
27

(...) é necessário a interação do bebê com o adulto, ele precisa ouvir o


adulto falar para aprender. Muito antes de uma criança começar a falar, ela
já se comunica: ri, chora, esperneia, pede colo, boceja, se aninha, faz
gestos...Todas essas manifestações de comunicação devem ser
correspondidas pelo adulto para que o bebê não desista de se comunicar.

Deste modo percebe-se que a criança é capaz de se expressar por meio da música
antes mesmo de desenvolver suas capacidades lingüísticas, pois ela é capaz de cantarolar
alguns tons, imitar seqüência de sons, repete sons produzidos por si mesmo, tenta repetir
sons que são produzidos por outras pessoas.
A Linguagem Oral é desenvolvida por meio da interação entre o locutor (quem fala),
o meio de transmissão (pode ser o ar, o telefone, o ambiente), e o ouvinte. A mensagem
(aquilo que vai ser transmitido) origina-se no cérebro, o sistema nervoso codifica (organiza)
o que vai dizer e coloca em ação todos os elementos que vão entrar em jogo em um nível
fisiológico, por meio da voz falada. (OLIVEIRA e MONTEIRO, 1983).
Como nos descreve Oliveira e Monteiro (1983, p.2), “para que a linguagem oral se
organize, e se adquira a linguagem, é preciso ouvir, ter um aparelho fonador normal, que
haja adequada diferenciação do sistema nervoso e estímulo ambiente”. Para desenvolver a
linguagem oral é necessário que a criança ouça bem para ter possibilidades de responder
seus estímulos de resposta, ou seja, se comunicar por meio da fala.
O desenvolvimento da Linguagem Oral está condicionado às solicitações do meio;
quanto mais fortes, mais acentuado será esse desenvolvimento, que acontece por meio das
imitações e pelas necessidades de se comunicar do ser humano. (OLIVEIRA e
MONTEIRO, 1983).
De acordo com Vigotsky apud Faria (1997, p.8).

O autor russo Vygotsky (1979, p.64), admitiu que o significado das


palavras é resultado da união do pensamento com a linguagem e que “(...)
a linguagem não pode ser descoberta sem o pensamento”.

Para o autor Russo Vygotsky, a compreensão da linguagem infantil envolve o


entendimento de sua relação com o pensamento e que os significados das palavras surgem
da união do pensamento com a linguagem e que a linguagem não pode ser desenvolvida
sem o pensamento.
28

Segundo Vygotsky apud Reyzábal (1999, p.17), “O próprio Vygotsky, L.S. (1979)
distingue dois tipos de instrumentos de mediação com a realidade: as ferramentas e a
linguagem”. Os instrumentos mais simples são as ferramentas que atuam materialmente
modificando o meio, ou seja, os meios pelo qual a criança se comunica antes de ter a fala
(gestos), contudo, além de proporcionar ferramentas a cultura oferece sistemas de signo ou
símbolos que intercedem nossas ações. Os signos são proporcionados pela cultura, mas para
aprendê-los requer um complexo processo de interiorização que exige elaboradas
transformações psicológicas, cada sujeito constrói individualmente, ou melhor, dizendo
reconstrói em seu interior, com a interação com as outras pessoas.
O sistema de signos que é usado com mais freqüência é a linguagem oral, ou seja, a
voz falada, mas diferentemente das ferramentas, os signos não modificam materialmente o
estímulo, a não ser a pessoa que o utiliza como mediador em síntese atua sobre a interação
dessa pessoa com seu meio. A criança que aprende uma língua deve reorganizar e elaborar
um sistema de regras abstratas, que lhe permite compreender o que escuta e fala, mas que
ao mesmo tempo deve elaborar e inventar novas produções originárias da linguagem.
(VYGOTSKY APUD REYZÁBAL, 1999).
A linguagem é uma forma de representação que permite ao indivíduo evocar o
significado (objetos, pessoas, acontecimentos etc), por intermédio de significantes
(imagens, palavras), essas representações consistem em um sistema de significações no
qual a palavra funciona como significante, porque permite que o sujeito chame verbalmente
objetos ou acontecimentos ausentes. As significações estão presentes em todos os níveis de
desenvolvimento mental, no entanto só os signos são significantes relativos a significados
socializados capazes de tornar o intercâmbio social realmente possível, essas significações
aparecem em diferentes momentos do desenvolvimento. (FARIA, 1997).
Para Sim-Sim (2004, p.16).

Crescer lingüisticamente significa adquirir a mestria das regras de


estrutura e uso da língua materna, isto é, a língua do grupo primário de
socialização, materializado na família. O período de desenvolvimento da
linguagem é regulado por marcas e etapas universais, embora seja possível
detectar particularidades de aquisição em cada língua específica.
29

Quando a criança diz aquilo que pensa e sabe, a criança organiza internamente seus
conhecimentos, ao trocar idéias com as demais crianças permuta seus pontos de vista e tem
a oportunidade de se reformular e a partir daí, proceder a novos avanços. No processo de
construção da língua, a fala é fruto das inter-relações que acontecem entre a maneira de
pensar da criança em cada momento e as informações que ela recebe do mundo externo que
a rodeia, ouvir o que as pessoas falam serve de referência para que as crianças construam
suas próprias idéias sobre a linguagem oral. (BARRETO APUD FERRAZ, 1997).
Para Nascimento (2000, p.66).

A aquisição da linguagem, e de seu uso, vai delinear o mundo objetivo


e subjetivo da criança pequena, pois a capacidade simbólica amplia os
recursos de que ela dispõe para se utilizar da linguagem. Vista como
elemento de formação do sujeito, de interação com as outras pessoas, de
orientação da ação da criança, de construção de muitos conhecimentos e
de desenvolvimento do pensamento, a linguagem torna-se elemento
integrador do sujeito no mundo.

A linguagem efetua um jogo oral por meio de perguntas e respostas é uma das
primeiras e principais formas de interação cognitiva, ressalta-se neste foco a importância de
compreender adequadamente o que o outro diz e de principalmente, falar com clareza e
precisão, para si mesmo e para os demais, falar não é pronunciar palavras, mas “recria-las”
na construção de cada discurso. (REYZÁBAL, 1999).
Em síntese toda língua falada pode se caracterizar como, um fenômeno oral,
fenômeno social, é um sistema de comunicação simbólico, este sistema é uma estrutura
autônoma e interna. O que no campo educativo, implica que se deve tratar a língua como
meio de comunicação que deve ser ajustado por meio de intervenções do vocabulário
sempre que necessário. (REYZÁBAL, 1999).
Quando uma criança começa a se expressar oralmente, ela já percebeu e analisou
mensagens verbais, ela já construiu uma imagem do mundo, ou seja, ela já compreende o
mundo que a rodeia, como objetos, pessoas e acontecimentos. (VIANA, 2002).
A linguagem oral proporciona à criança inúmeras interações, as crianças ao tentando
descobrir as regularidades que a constitui, usando todos os recursos de que dispõe ao seu
alcance, como, histórias que já conhecem, vocabulário familiar, desta forma acabam
criando formas verbais, expressões e palavras, na tentativa de apropriar-se das combinações
30

da linguagem. A ampliação das capacidades de comunicação oral da criança ocorre


gradativamente, pois é construída por meio de um processo de idas e vindas que envolve a
participação das crianças nas conversas do cotidiano, em situações de escuta e canto de
música, e também em situações formais de uso da linguagem, como aquelas que envolvem
a leitura de vários textos. (RCNEI, V.3, 1998).
A Educação Infantil é uma fase na qual a criança ainda está no processo de
desenvolvimento da fala, afinal as crianças são inseridas nas instituições escolares cada vez
mais cedo, freqüentam os maternais ou berçários, portanto os professores devem perceber e
refletir sobre a influência deles no desenvolvimento da linguagem oral das crianças.
31

4. A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL PARA O

DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM ORAL DA CRIANÇA

Algumas pesquisas, desenvolvidas em diferentes países e em diferentes épocas,


confirmam que a influência da música no desenvolvimento da criança é incontestável,
algumas delas demonstram que o bebê, mesmo no útero da mãe, desenvolve reações a
estímulos sonoros. (NOGUEIRA, 2003).
O efeito da música no cérebro é muito semelhante ao da prática de um esporte nos
músculos, ou seja, a música exercita o cérebro e estimula o mesmo, propiciando o
desenvolvimento global da criança. Platão já afirmava há tantos séculos atrás que a música
é a ginástica da alma. (GASPER APUD NOGUEIRA, 2003).
Para Sopdek (2002, p.486).

São cada vez mais as provas de que a música faz parte integrante do
desenvolvimento humano e que a música pode incentivar e ser,
possivelmente, catalisador de outras facetas do desenvolvimento (...).

A Educação Infantil é um espaço que visa o desenvolvimento e aprendizagem,

estes se darão por meio de uma organização intencional de espaços para que ocorra a

interação entre as crianças e para as brincadeiras que são vistas e utilizadas como

elementos de um projeto pedagógico voltado para esse fim. Não somente o brincar

espontâneo, estabelecido pela própria criança, mas também a oferta intencional de

variados elementos para uma ampliação das possibilidades do brincar no âmbito escolar,

equilibrando a iniciativa infantil e o trabalho dirigido por meio de diversas atividades

como, conversar, ouvir histórias lidas e contadas, manipular livros, ouvir e cantar

músicas, jogar jogos de seriação e cores, recriar situações da realidade por meio de

brinquedos e brincadeiras de expressão, correr, pular, esconder-se, testar os limites do

corpo e das regras, utilizar tintas em diferentes superfícies, fantasiar-se, são


32

possibilidades reais de desenvolvimento e aprendizagem na Educação Infantil.

(NASCIMENTO, 2000).

Assim a Educação Infantil é um espaço que promove vínculos de afeto e troca com adultos e crianças que incentiva a
curiosidade, a observação e exploração do ambiente, o contato com a música e a cultura, o âmbito escolar é um local reconhecido
como vital para expressar emoções, sentimentos, pensamentos, desejos e necessidades, a interação com todos esses conteúdos vai
proporcionar à criança construir as bases fundamentais de sua educação inicial e permanente, dessa forma, a pré-escola parece ser um
espaço privilegiado para o desenvolvimento infantil. (NASCIMENTO, 2000).

Quando uma criança é inserida na escola, entra em contato com diversas crianças,

situações e linguagens, ou seja, um ambiente diferente do familiar, no qual podem

interagir com outras crianças que podem auxiliar e contribuir umas com as outras no

desenvolvimento da linguagem oral, todos, seja adulto ou criança se comunicam por

meio da fala entre si, expressando sentimentos e idéias. A intervenção do professor é

necessária e determinante para a aprendizagem da linguagem oral na criança.

Logo que a criança completa o segundo ano de vida, começa a aquisição

sistemática da linguagem que produz profundas modificações no comportamento da

criança, ela torna-se capaz de evocar suas ações passadas e de antecipar suas ações

futuras por meio de palavras, como conseqüência da aquisição da linguagem observa-se

o início da socialização que supõe a troca e a comunicação entre as crianças ou adultos

que a rodeiam no âmbito familiar ou escolar. (MANTOVANI DE ASSIS, 2003).

A linguagem oral possibilita que a criança possa comunicar idéias, pensamentos e

intenções de diversas naturezas, seu aprendizado acontece dentro de um contexto, as

palavras só têm sentido em enunciados que significam e são significados por situações.

Considerando que a linguagem se desenvolve dentro dessa perspectiva a linguagem não

é apenas vocabulário, é por meio do diálogo que a comunicação acontece. A ação

pedagógica da professora deve proporcionar momentos de roda de conversa, pois quanto

mais as crianças tiverem a possibilidade de falar em situações diferentes, como contar


33

algum fato que aconteceu em sua casa, contar histórias, dar um recado, explicar um jogo

ou pedir uma informação, maior será sua possibilidade de desenvolver suas capacidades

comunicativas de maneira significativa, além da conversa constante, o canto, a música e

a escuta de histórias também propiciam o desenvolvimento da oralidade. (RCNEI, V.3,

1998).

De acordo com RCNEI (v.3, 1998, p.117).

“A educação infantil, ao promover experiências significativas de


aprendizagem da língua, por meio de um trabalho com a linguagem oral e
escrita, se constitui em um dos espaços de ampliação das capacidades de
comunicação e expressão e de acesso ao mundo letrado pelas crianças.
Essa ampliação está relacionada ao desenvolvimento gradativo das
capacidades associadas às quatro competências lingüísticas básicas: falar,
escutar, ler e escrever”.

Está previsto no RCNEI (v.2, 1998, p.24), que “Ao mesmo tempo que enriquece as
possibilidades de comunicação e expressão, a linguagem representa um potente veículo de
socialização”. É por meio da interação social que a criança é inserida na linguagem,
partilhando significados e sendo significadas pelo outro, cada língua carrega, em sua
estrutura, um jeito próprio de ver e compreender o mundo, do qual se relaciona as
características de culturas e grupos sociais singulares. Aprender uma língua não é somente
aprender palavras, mas também os seus significados culturais, e os modos pelos quais as
pessoas do seu meio sociocultural entendem, interpretam e representam a realidade.
Os professores devem propiciar atividades que estimulem o desenvolvimento da linguagem, pois após o desenvolvimento da mesma
amplia–se a capacidade de compreensão da criança, por meio de que propiciem as crianças à oportunidade de estabelecer relações
entre os objetos, fatos, pessoas para que possam verbalizar as relações descobertas porque é solicitada a fazer isto.

De acordo com RCNEI (v.3, 1998, p.117).

“O trabalho com a linguagem se constitui um dos eixos básicos na


educação infantil, dada sua importância para a formação do sujeito, para a
interação com as outras pessoas, na orientação das ações das crianças, na
construção de muitos conhecimentos e no desenvolvimento do
pensamento”.
34

O RCNEI considera que o contato com o maior número possível de situações que
envolvam a comunicação, a fala, a expressão resulta no desenvolvimento das capacidades
lingüísticas das crianças, portanto é importante ressaltar que uma das tarefas da Educação
Infantil é ampliar, integrar e ser continente da fala das crianças, em contextos
comunicativos para que a criança se torne falante. (RCNEI, V.3, 1998).
Desenvolver o vocabulário lingüístico significa conhecer, compreender o que se fala,
a linguagem é uma comunicação universal, embora cada língua específica possua suas
particularidades, afinal a linguagem oral é de extrema importância para a criança se inserir
e participar das diversas práticas sociais.

4.1. A Importância da musicalização para o desenvolvimento da

Linguagem Oral da criança na Educação Infantil

Nos dias atuais a maioria das crianças são matriculadas em instituições escolares cada
vez mais cedo em berçários ou maternais, a partir da experiência de observação acerca da
importância da música e suas contribuições ao trabalhar com crianças de maternal na faixa
etária de 2 a 3 anos de idade, percebeu-se que logo quando chegavam ocorria choro, choro
e choro, mas quando iam para a aula de música a relação com o ambiente musical
propiciava às crianças que se acalmassem, sentindo-se acalentadas. Ao início do ano a
maioria das crianças falavam pouco, mas com a atividade musical elas iam cantando, a
maneira de cada um e assim comunicando-se mais. Percebeu-se que as aulas de
musicalização estimulavam a fala das crianças e que no decorrer do ano praticamente todas
as crianças já haviam desenvolvido a fala cantando.
Muitos autores vêem a música como linguagem, Abrahão (2006) considera a música
como uma linguagem que utiliza símbolos e signos para sua compreensão e interpretação, é
uma expressão da sensibilidade humana, desenvolve a criatividade, a inteligência, a
acuidade auditiva, a crítica, a sociabilidade, valores éticos, expressão e auto-estima.
(ABRAHÃO, 2006).
35

A música é uma linguagem universal, pois está presente em todas as regiões do globo,
em todas as culturas, em todas as épocas, a música ultrapassa as barreiras do tempo e do
espaço. Entretanto a música se desenvolve e acontece de maneira bastante diversificada nos
diferentes grupos sociais, apesar das diferentes funções a música acompanha os seres
humanos em praticamente todos os momentos de sua trajetória durante sua existência.
(NOGUEIRA, 2003).
Já Brito (2003) considera que a música é uma linguagem que pode ser um meio de
ampliação da percepção e da consciência, porque permite com que a criança vivencie e
conscientize fenômenos e conceitos diversos por meio de atividades musicais, pois a
linguagem é conhecimento e se constrói com base em vivências e reflexões que devem ser
orientadas pelos familiares ou educadores.(BRITO, 2003).
Os bebês estabelecem contato com os adultos e a partir daí surge à possibilidade de
imitar, inventar sons vocais e responder a eles, isso é muito importante para que a criança
desenvolva as relações afetivas, o aspecto cognitivo e naturalmente o musical. O bebê já
cantarola algumas linhas melódicas antes mesmo dos 6 meses, é a partir daí que ele começa
a balbuciar os sons que vai ordenar e classificar, é nesse momento que se produzem as
primeiras comunicações verbais entre o pai, a mãe e o filho, essa comunicação pela fala vai
se concretizar pouco a pouco com a habilidade de emitir sons.(BRITO, 2003).
Segundo Jeandot (1997, p.18).

Antes ainda de começar a falar, podemos ver o bebê cantar, gorjear,


experimentando os sons que podem ser produzidos com a boca.
Observando uma criança pequena, podemos vê-la cantarolando um
versinho, uma melodia, ou emitindo algum som repetitivo e monótono,
balançando-se de uma perna para a outra, ou ainda para a frente e para
trás, como que reproduzindo o movimento do acalanto. Essa
movimentação bilateral desempenha papel importante em todos os meios
de expressão que se utilizam do ritmo, seja a música, a linguagem verbal,
a dança etc.

Jalongo e Bromley apud Sopdek (2002, p.482) “sugerem que os livros com imagens e
canções ajudam as crianças bilíngües e as crianças com dificuldades de aprendizagem,
beneficiam com uma exposição dupla ao vocabulário, à sintaxe, à semântica e ao ritmo”.
As crianças são beneficiadas lingüisticamente porque as canções acrescentam dimensão
extra a compreensão e constituem um incentivo para as atividades de ensino/aprendizagem.
36

Para Sopdek (2002, p.482).

Papousek e Papousek (1981) chamam a atenção para a escassez de


informação relacionada com as vocalizações, a música e a linguagem dos
bebês, e sugerem que podem existir, na verdade, relações importantes.
Kokas (1969) desenvolveu estudos preliminares que mostram que a
participação num Currículo de Música pode aumentar a capacidade da
criança para o desenvolvimento da linguagem.

Paralelamente Kuhmerker (2002), afirma que a aprendizagem de canções facilita a


adaptação e amplia o vocabulário para o começo da leitura e defende que o ritmo e a
fraseologia, (construção de uma frase), tanto como as ações e as experiências sinestésicas
associadas à música, ajudam a criança a associar as palavras a uma variedade mais vasta de
experiências lingüísticas. (KUHMERKER APUD SOPDEK, 2002).
No entanto McCarthy (2002), acredita que se a instituições proporcionarem nas salas
de aula de educação infantil, músicas com qualidade que fazem parte da nossa cultura
podem provavelmente promover o desenvolvimento da linguagem oral e das competências
de leitura da criança, pois músicas de qualidade ampliam o vocabulário das crianças que
conseqüentemente auxiliam na leitura da mesma. (McCARTHY APUD SOPDEK, 2002).
Como nos descreve Brito (2003, p.43).

O processo de aquisição da linguagem também facilita a comparação


com a expressão musical: da fase de exploração vocal à etapa de
reprodução, criação e reconhecimento das primeiras letras daí à grafia de
palavras, depois a frases e, enfim, à leitura e à escrita, existe um caminho
que envolve a permanente reorganização de percepções, explorações de
hipóteses, reflexões e sentidos que tornam significativas todas as
transformações e conquistas de conhecimento: a consciência em contínuo
movimento. Isso ocorre também com a música.

A música possibilita a exploração vocal, reprodução dos sons, criação e


reconhecimento das letras e palavras do repertorio lingüístico, em seguida reconhecimento
da grafia, das frases e enfim a leitura e a escrita. Da mesma forma que ocorre o
desenvolvimento da linguagem, por meio de exploração de hipóteses, reflexões que tornam
significativas as conquistas do conhecimento, este processo ocorre também com a
musicalização.
37

Weigel apud Barreto e Chiarelli (2005), “(...) afirmam que as atividades musicais
podem contribuir de maneira indelével como reforço no desenvolvimento lingüístico da
criança (...)”, ou seja, uma criança que não tem a oportunidade de ter contato e de vivenciar
a musicalização na educação infantil, também vai desenvolver a fala, mas uma criança que
participa de atividades musicais reforça e aperfeiçoa o desenvolvimento da linguagem oral
com mais agilidade.
A fonte de conhecimento das crianças são as situações em que ela tem a oportunidade
de experimentar e vivenciar em seu dia a dia, desta forma quanto mais rico for o estímulo
lingüístico por meio de canções na pré-escola, melhor e mais aperfeiçoado será seu
desenvolvimento lingüístico.
As experiências rítmicas musicais que permitem que as crianças participem
ativamente (vendo, ouvindo, tocando) favorecem o desenvolvimento lingüístico,
exercitando a atenção, concentração, percepção, memória e imaginação das crianças, ao
trabalhar com os sons ela desenvolve sua acuidade auditiva, fator essencial para o
desenvolvimento da linguagem oral, ao cantar as crianças imitam sons, desta maneira ela
estará descobrindo suas capacidades e estabelecendo relações com o ambiente lingüístico
em que vive. (WEIGEL APUD BARRETO E CHIARELLI, 2005).
De acordo com Barreto e Chiarelli, (2005).

(...) As atividades de musicalização, por exemplo, servem como


estimulo a realização e o controle de movimentos específicos, contribuem
na organização do pensamento, e as atividades em grupo favorecem a
cooperação e a comunicação.(...).

A musicalização serve como estímulo para desenvolver a fala, pois a música organiza
o pensamento, fator que é citado no segundo capítulo como propulsor no desenvolvimento
da linguagem oral, além disso, é propício para a realização das atividades em grupo que
favorece e incentiva a comunicação da criança com os demais.
A música deve estar presente no cotidiano de todas as crianças e principalmente nas
que encontram dificuldades na fala, pois a música é um veículo expressivo para o alívio da
tensão emocional que auxilia a criança a superar as dificuldades da fala e da linguagem
oral. (BARRETO E CHIARELLI, 2005).
38

Durante o percurso das crianças nas escolas de Educação Infantil que utiliza a
musicalização em suas aulas elas ampliam seus modos de expressões musicais por meio das
conquistas vocais, que elas adquirem nos três primeiros anos de vida, as crianças podem
entoar o maior número de sons, inclusive os da língua materna, reproduzindo letras simples,
refrões de músicas, explorando também gestos sonoros como bater palmas, pernas,
correndo, pulando, dançando e se movimentando para acompanhar o ritmo da música.
(TEIXEIRA, 2004).
O educador deve considerar que ao falar e cantar com as crianças atuará como modelo
e um dos responsáveis por seu desenvolvimento verbal, portanto deve ter bons hábitos,
como não gritar. (BRITO, 2003).
Por meio deste estudo conclui-se que a fase em que a criança freqüenta as salas de
educação infantil contribui muito para o desenvolvimento da Linguagem Oral, pois tudo e
todo o espaço escolar é pensado proporcionalmente para que a criança se desenvolva de
maneira integral. A musicalização é uma ferramenta rica que deve ser utilizada por todos
educadores, pois é uma poderosa ferramenta para que a criança desenvolva a aquisição da
Linguagem Oral, portanto os professores devem atuar como animadores e estimuladores
que promovam vivências musicais ricas exaltando a cultura musical que é muito vasta,
visando as contribuições que a musicalização oferece para o desenvolvimento da
Linguagem Oral da criança.
39

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Percebe-se que em alguns contextos escolares de educação infantil a música é pouco


trabalhada, e quando desenvolvida no âmbito escolar não é utilizada intencionalmente e de
forma planejada para que possa contribuir com o desenvolvimento integral da criança na
escola.
Por meio deste estudo foi possível evidenciar a importância da música para o
desenvolvimento global da criança, como, desenvolvimento expressivo, cognitivo, afetivo,
sensibilidade, criatividade, sociabilidade, concentração, coordenação motora, acuidade
auditiva e mais especificamente o desenvolvimento da Linguagem Oral.
Além disso, identificou-se nos estudos que fundamentaram essa pesquisa que a

musicalização infantil é um excelente meio para o desenvolvimento da expressão, do

equilíbrio da auto estima e autoconhecimento, além de um poderoso meio de integração

social, por meio da música a criança pode vivenciar situações do convívio social, a

música também possibilita o desenvolvimento da concentração, gerando a capacidade de

observar, analisar e reconhecer.

Destacou-se ainda, que a música é sinônimo de alegria, sintonia de idéias e aproxima as pessoas, seja adulto ou criança,
algumas crianças se identificam com a música e se encantam pela mesma justamente por encontrar nela alegria e por meio dela se
libertam dos sentimentos que a afligem, como a insegurança e o medo.
40

A partir dessas evidências fortaleceu-se a idéia de que a educação infantil é o momento mais oportuno para se trabalhar a
música, pois a criança é muito expressiva, ela utiliza-se de todos os meios de expressão artística para se relacionar, como o canto, a
dança, o desenho e outras. Confirmou-se que pelo fato da Linguagem Oral da criança ser desenvolvida quando ela ainda é pequena, e
que, portanto é uma fase em que normalmente a criança freqüenta a escola, mais especificamente na Educação Infantil, portanto os
educadores devem voltar sua atenção para a importância da presença da musicalização com objetivos específicos no âmbito escolar,
buscando por meio dela estimular e desenvolver a Linguagem Oral da criança com músicas que propiciam que as mesmas se
expressem verbalmente.

A música é uma forma de linguagem por meio da qual a criança pode se comunicar
utilizando-se de mímica e gestos em seguida conseqüentemente introduz as palavras para se
comunicarem, no início do desenvolvimento oral algumas crianças por meio da música
conhecem novos vocabulários e exercitam a repetição de palavras.
Resumindo no capítulo 1 pretendeu-se discutir a música em um contexto mais amplo,
como suas definições, conceitos, filosofia, história e a exploração da cultura musical na
atualidade, pois a cultura musical está se modificando com o passar dos anos já que o
mundo atual que nos rodeia recebe grande influência da mídia, com divulgações de
ideologias e pensamentos que permeiam nosso cotidiano, com grande variedade de estilos
musicais, enfatizou-se também a musicalização na educação infantil, ressaltando o dever
das instituições escolares em desenvolver a criança de forma global e especificamente o
desenvolvimento lingüístico por meio da musicalização ressaltando que a função da escola
em relação à educação musical não é criar músicos ou artistas, e sim crianças e jovens
sensíveis. Já no capítulo 2 descreveu-se a importância da linguagem como um meio de
comunicação e como ocorre o processo de desenvolvimento da Linguagem Oral, que
conclusivamente pode destacar a contribuição da música para o desenvolvimento
lingüístico, no capitulo 3 levanto reflexões sobre a importância da Educação Infantil para o
desenvolvimento lingüístico da criança, e por fim descrevo a importância da musicalização
para o desenvolvimento da Linguagem Oral da criança na Educação Infantil.
Assim sendo podemos acrescentar como considerações finais que a música contribui
significativamente para o desenvolvimento lingüístico, pois de acordo com Vygotsky (apud
Reyzábal 1999), para que a Linguagem Oral se desenvolva é necessário que a criança
organize seus pensamentos, já Barreto (apud Ferraz 1997), descreve a música como
ferramenta essencial para auxiliar à criança na organização do pensamento estimula a
linguagem e aumenta o repertório lingüístico, no entanto podemos perceber a importância
do fazer musical com objetivos específicos em instituições escolares.
Portanto, o estudo sobre a utilização da música na Educação Infantil, desde os
primeiros anos de vida, nos levam a concluir que a mesma só tem a contribuir para o
41

desenvolvimento da criança, proporcionando-a condições necessárias para que ela se


desenvolva de forma harmônica, global e integrada, respeitando sempre o seu nível de
percepção e desenvolvimento.

5.1. IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS DO ESTUDO

Não se poderia concluir este estudo sem que fosse realizada uma inferência com
relação às implicações pedagógicas. Afinal todo este estudo foi mobilizado pela perspectiva
da prática pedagógica com o conteúdo musical e a necessidade de integrar o
desenvolvimento do trabalho educativo numa tentativa de ampliar as oportunidades que
muitas vezes são desperdiçadas na interação educativa com as crianças pelo uso da música
como prática mecânica e sem intencionalidade educativa.
Portanto destaca-se a importância do fazer musical como uma prática educativa
consciente que enfatiza a musicalização com objetivos pré-planejados, uma vez que a
música não deve ser utilizada de forma mecânica, pois quando trabalhada com objetivos
contribui muito para o ensino aprendizagem, portanto cabe a instituição contribuir no
desenvolvimento da criança. Este estudo preocupou-se em ressaltar a importância e a
necessidade de educadores repensarem sobre a prática educativa com relação ao fazer
musical, não para formar o aluno como músico ou artista e sim pelas inúmeras
possibilidades que a musicalização oferece com relação ao desenvolvimento dos alunos.
Como já citado neste estudo, a música é de grande importância na Educação Infantil a
mesma é uma expressão, que se trabalhada com objetivos, conseqüentemente possibilitará o
desenvolvimento global da criança e mais especificamente o desenvolvimento da
Linguagem Oral, pois a música auxilia a criança a organizar o pensamento e como já citado
anteriormente a linguagem oral se desenvolve quando a criança tem a habilidade de
organizar o pensamento, portanto podemos perceber que o fazer musical de forma
consciente que vise objetivos pré-planejados pelos educadores de instituições escolares
pode contribuir muito no desenvolvimento lingüístico dos alunos.
No ambiente escolar atualmente podemos observar uma má utilização da expressão
musical, a mesma é utilizada em momentos dispersos e rotineiros, portanto a musicalização
42

é uma prática isolada da prática educativa, talvez o fazer musical seja utilizado de maneira
dispersa pelo fato de não fazer parte do currículo educacional, como já citado neste estudo a
música possibilita e auxilia a criança em seu desenvolvimento global e especificamente
lingüístico, portanto seria essencial que o fazer musical fosse parte integrante do currículo
educacional, pois é uma prática educativa rica que deveria ser utilizada por todos
educadores, tendo em mente a importância e as contribuições que a mesma traz para seus
alunos.
No ambiente escolar há um uso excessivo da prática do cantar, canta-se muito,
utiliza-se dessa linguagem de forma mecânica na rotina da criança e, o que é pior, sem
considerar a realidade, as experiências musicais vivenciadas pelo aluno, levando-o, cada
vez mais, a distanciar-se do prazer do fazer musical.
Alguns professores acreditam que o trabalho pedagógico tendo a música enquanto
instrumento deve ser desenvolvido por um profissional formado em música pelo fato de
acreditarem que os mesmos têm o pleno conhecimento das técnicas musicais, desta forma
algumas instituições ou professores não dão a devida importância a musicalização, portanto
se distanciam do compromisso da música como uma prática educativa. Os educadores
devem se conscientizar de que podem contribuir muito para o desenvolvimento lingüístico
de seus alunos, pois quando a música é trabalhada com objetivos, tendo um planejamento
prévio, a musicalização pode e deve ser utilizada como um recurso a mais na prática
pedagógica. Tendo a musicalização como uma prática educativa o fazer musical deve ser
desenvolvido por todos educadores, independente de serem um profissional formado em
música ou não.
As reflexões apresentadas neste estudo tiveram como pretensão propiciar aos
educadores considerações essenciais sobre a importância de se trabalhar a musicalização no
âmbito escolar, principalmente na Educação Infantil, desde que este trabalho aconteça com
objetivos específicos que visem o desenvolvimento da criança e especificamente o
desenvolvimento da Linguagem Oral.
43

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABRAHÃO, Ana Maria Paes Leme Carrijo. A música na escola: um privilégio dos
especialistas? – Concepções dos professores sobre as capacidades musicais no ambiente
escolar e a representação gráfica do som em crianças de 3 a 6 anos de idade. 2006.
Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual de Campinas Faculdade de Educação –
Campinas.

ALMEIDA, Regina de Souza Marques. AMAE Educando. O Dó-Ré-Mi, Belo Horizonte,


n. 1, p. 39-40, novembro. 2003.

BARRETO. S. de J; CHIARELLI L. K. M. A Importância da Musicalização na


Educação Infantil e no Ensino Fundamental; A Música Como Meio de Desenvolver a
Inteligência e a Integração do Ser. Revista Recre@rte. Disponível em:
http://www.iacat.com/revista/recreart/recreart03.htm. Acesso 03 de Outubro de 2006.

BIAGIONI. M. Z; GOMES. N. R. VISCONTI. M. A Criança é a Música, Amparo:


Fermata do Brasil, 1996.

BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.


Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília, 1998. 2v.

BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.


Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília, 1998. 3v.

BRITO, Teca Alencar de. Música na Educação Infantil: propostas para a formação
integral da criança. São Paulo: Peirópolis, 2003.

FARIA, Anália Rodrigues de. O Pensamento e a Linguagem da Criança Segundo


Piaget, São Paulo: Editora Ática, 1997.

FERRAZ, Márcia Peranovichi. O Processo de Desenvolvimento da Linguagem Escrita


na Idade Pré-Escolar: Estudo de caso da E.M.E.I. Florêncio Pires da Camargo, sob uma
visão construtivista. 1997. Monografia (Curso de Pedagogia). Universidade São Francisco
– Bragança Paulista. P. 16-17.

FILGUEIRAS. M. C. A; TOMAZ. A. AMAE Educando. A Descoberta e a Criação dos


Sons, Belo Horizonte, n. 1, p. 26, setembro. 1996.
44

FLÜSHÖH. I; RODRIGUEZ. R. C. L; LOIOLA. E. B; MIGUEL. L; GODOY. V. V.


Desenvolvimento da Linguagem Oral da criança de 0 a 1 ano. 2000. monografia (curso
de fonoaudióloga). Universidade São Francisco – Bragança Paulista. P. 12-13-14-15.

GORDON, Edwin, E. Teoria de Aprendizagem Musical: Competências, conteúdos e


padrões. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. 2002.

JEANDOT, Nicole. Explorando o Universo da Música, São Paulo: Scipione, 1997.

LOUREIEO, Alicia Maria Almeida. AMAE Educando. Sem Música, Sem Alegria, Belo
Horizonte, n. 1, p. 7, novembro. 2002.

MANTOVANI, de Assis, O. Z. Estruturação do Trabalho Diário nas Classes de PROEPRE.


In: Assis, Mucio C. e Assis, Orly Z. Mantovani de PROEPRE: Fundamentos e Teóricos
Práticas Pedagógicas para a Educação Infantil. Campinas, SP: Graf. FE, IDB, 2003.

MICHAELIS: minidicionário escolar da língua portuguesa. São Paulo: Companhia


Melhoramentos, 2000.

MONTEIRO. C. P; OLIVEIRA. M. H. C. de. Didática da Linguagem: como ensinar,


como aprender, São Paulo: Saraiva, 1983.

NASCIMENTO, Maria Letícia Barros P. Temas sobre o Desenvolvimento. A Importância


da pré-escola para o Desenvolvimento Infantil, n°52, 9.v, p. 66, setembro-outubro. 2000.

NOGUEIRA, Monique Andries. A música e o desenvolvimento da criança. Revista da


UFG – Tema infância, órgão de divulgação da Universidade Federal de Goiás – 5.v, n°.2,
dezembro. 2003 Disponivel em: www.proec.ufg.br. Acesso 20 de Agosto de 2007.

OLIVEIRA, Myrna. AMAE Educando. Música Viva, Belo Horizonte, n. 1, p. 21, abril.
2006.

PERROTTA, Claudia Mazzini. Historias de contar e de escrever: a linguagem no


cotidiano. São Paulo: Summus, 1995.

REYZÁBAL, Maria Victoria. A Comunicação Oral e sua Didática. Bauru: EDUSC,


1999.

SILVA, Leda Maria Giuffrida. A Expressão Musical para Crianças de Pré-Escola.


Disponível em: http://www.fundacaomariocovas.org.br . Acesso em 03 de outubro de 2006.

SILVA. A. K; CUNHA. D. F. da; RIBEIRO L. F. de L. AMAE Educando. Pelos


Caminhos da Música, Belo Horizonte, n. 1, p. 16, março de 2004.
45

SIM-SIM, Inês. Avaliação da Linguagem Oral: um contribuo para o conhecimento do


desenvolvimento lingüístico das crianças portuguesas. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian. 2004.

SOPDEK, Bernard. Manual de Investigação em Educação de Infância. A música na


Educação de Infância, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. 2002. p. 461).

TEIXEIRA, Viviana Pitombo. A Historia da Música e seu papel na Educação Infantil,


2002. Monografia (Curso de Pedagogia). Universidade São Francisco – Itatiba. P. 29-30-
31-32.

VIANA, Fernanda Leopoldina Parente. Da Linguagem Oral á Leitura: Construção e


validação do teste de identificação de competências lingüísticas. Lisboa: Calouste
Gulbenkian. 2002.

Você também pode gostar