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“A morte e a libertação de uma alma que agora não pertence mais a


nós, mais sim algo superior, que nunca saberemos o que é , só
saberemos quando experimentarmos a sabedoria da morte...”
Profanus, Ricardo Lisita

Lua de Sangue

- Eu já não agüento mais ser quem eu sou. Fazer o que eu faço me irrita, me ofende e me
perverte. Vida ingrata vida, um poder dado pelo diabo, pode eu ser digno disso? – Então olhei
atentamente para a lua – Estou crescendo como um recém nascido... Sim, estou infinitamente
desmoronando e virando do avesso – essa sensação que sentia era a mesma de um viciado que
precisava de sua droga – Eu quero! Eu quero! Dê-me seu coração e sua alma, e estarei me
libertando. Eu nasci para ser um monstro, um matador sem alma! – Então pela primeira vez
Alice me olhou e disse:
- Você não tem que ser o que você é! – Disse aquela voz linda que soava como música aos meus
ouvidos:
- Você é tão reconfortante, você faz com que eu me sinta bem, naturalmente eu perco meu
controle, isso me modifica e me obriga a lutar para estar infinitamente frio por dentro e
“sonhando” que estou vivo – Mas aquela pessoa me modificava mais ainda para algo que eu
queria ser, algo que eu devia me tornar:
- Quanto você vale? – Me perguntou novamente a jovem Alice – Você não pode descer a terra,
está inchando e sim... Está desgovernado. Mas olhe para mim – E se aproximou de mim
segurando meu rosto com as duas mãos como se fosse beijar-me – Eu estou aqui para te
reconfortar, eu o vi em minha vida e sei que você é meu destino!
- Não! Você não pode, não pode viver com alguém como eu, ela não deixaria!
- Ela quem? – Indagou agora Alice:
- Maria! – Ardia em meu peito ter de dizer esse nome:
- Você tem medo dela?
- Ela quer que eu seja assim, mas eu não quero, ao mesmo tempo em que... Eu quero. É difícil
agüentar essa sede!
- Venha comigo Jasper Withlock – E Alice estendeu sua mão para mim – e eu tenho certeza que
uma pessoa poderá ajudar – Ela disse aquilo sério? Quem poderia ser essa pessoa salvadora?
- Existe alguém que agüente essa sede? – Se existe eu queria encontrá-lo e lhe perguntar como:
- Sim, eu o vi em minhas visões, e sei que ele pode nos ajudar:
- Temos que ir agora, ou não vamos escapar. Mostre-me que é real! Gosto dessa última chance
de fugir do meu passado. – E de toda maldade que cometi até então, era um modo de pagar por
todos os meus pecados. Então olhei para trás – Adeus Maria! Por que estou flutuando embora,
fugindo de você!
- Jasper? – Indagou Alice para mim, querendo entender minhas intenções:
- Alice! – Então cenicamente peguei o rosto de Alice com minhas duas mãos como ela fizera
anteriormente – Eu quero você agora, eu quero você! É como se eu senti-se meu coração
implodir... Eu estou me libertando e escapando agora... – Olhei mais sereno para o rosto perfeito
de Alice, então... Depois de um longo minuto em silencio, eu disse – Alice quebre esse
silêncio... – Então nos beijamos apaixonadamente no momento em que o sol nascia no horizonte
mostrando a verdadeira pele de dois assassinos à procura de redenção.

Diego Dias

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