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Redao gabaritada pelo professor Eduardo de Moraes Sabbag.

Tema: Editorial de Jornal / Leis Sunturias

No plano histrico, as sociedades sempre


tenderam a se organizar por meio de estamentos ou classes, indicando a
diferena natural entre os grupos, bem como a dominao de um sobre o outro.
natural que a dominao gera passividade, uma vez que h de prevalecer a
tica do dominador, por meio da imposio de valores e simbologia prpria,
hbeis a demarcar a posio ocupada por aquele que pertence sociedade
estratificada.
Nesse contexto, inserem-se as leis sunturias.
No passado remoto, as leis sunturias, positivas e escritas, tinham um vis
inibitrio de consumo, passando, com o tempo, a servir diferenciao de
classes sociais.
A partir do sculo XVII, transformaram-se em
instrumentos de proteo do mercado interno, assumindo o papel que hoje
realizado pela tributao extrafiscal. Na atualidade, as leis sunturias, no mais
escritas, permanecem como meios de restrio de liberdade, entretanto a
ultrapassada lgica moralizante, originariamente, justificadora dessas normas,
cedeu passo a outro tipo de coibio, diante da tirania das leis do mercado: a
coibio da coibio .
Vivemos em uma sociedade em que a
ascenso social liga-se ideia de posse de objetos, capazes de legitimar o
indivduo como um ser superior. Somos instados a consumir,
desenfreadamente, em um incentivo aquisio do que no necessrio, sob
a presso imposta pelas prticas lidas como da moda . Da o desejo de
adquirir roupas de grife , carros de luxo, objetos de valor, entre tantos bens
suntuosos e suprfluos.
Na perspectiva da lei do mercado, fomentar o
consumo, associando-o elevao social do adquirente do bem, prtica
natural. O desejo de consumir indica a possibilidade de alterao do status
quo do indivduo no estamentos da sociedade, promovendo-se a mobilidade
social to desejada. Curiosamente, ao mesmo tempo que o consumo se faz
necessrio a diferenciao de classes se mostra vital em uma estrutura
socialmente estratificada, uma vez que desta que irradia o desejo no
indivduo de ascenso social, levando-o prtica do consumismo.

Assim, as leis sunturias permanecem atuais. A


diferena que o no faa do passado deu lugar ao use , consuma ,
vista-se do presente, denotadores de um falso engajamento, e, sim, de uma
induvidosa alienao. No h dvida de que a liberdade do indivduo vai at
onde seu consumo chega.

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