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Patologia em Edificios Humidade
Patologia em Edificios Humidade
HUMIDADE NA CONSTRUÇÃO
SÍNTESE DAS CAUSAS
E ESTRATÉGIAS DE REABILITAÇÃO
Coordenação Editorial de José António Raimundo Mendes da Silva
Departamento de Engenharia Civil | Faculdade de Ciências e Tecnologia | 2009
.
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CADERNOS DE APOIO AO ENSINO
DA TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO
E DA REABILITAÇÃO DE ANOMALIAS
NÃO ESTRUTURAIS EM EDIFÍCIOS
HUMIDADE NA CONSTRUÇÃO
SÍNTESE DAS CAUSAS
E ESTRATRÉGIAS DE REABILITAÇÃO
Coordenação Editorial de José António Raimundo Mendes da Silva
Departamento de Engenharia Civil | Faculdade de Ciências e Tecnologia | 2009
Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação.
O arranque, em finais de 2008, dá-se com 3 títulos que são resultado de trabalho de
2003 e 2004 com os alunos de 5º ano da licenciatura em Engenharia Civil
“Levantamento de defeitos e definição de estratégias de reabilitação da envolvente
dos edifícios do Pólo 2 da Universidade de Coimbra”, de ferramentas de motivação
produzidas em 2005-06 para as aulas de Tecnologia da Construção sob a
designação de “Casos da Semana” e do guião de apoio a diversos cursos de curta
duração e palestras em 2007 sobre “12 Erros na Construção de Fachadas”, que já foi
objecto de publicação em capítulo de livro e que agora é revisto e alargado, de forma
breve, à realidade das coberturas.
É firme intenção sistematizar e divulgar também por esta via algumas das mais
relevantes apresentações em formato “Powerpoint” elaboradas como suporte às
palestras realizadas, bem como materiais de avaliação comentados, de forma a que
possam constituir ferramentas de aprendizagem.
2
Preâmbulo
PREÂMBULO
Assim se concretiza esta convicção, sem prejuízo de, sobre temas mais
específicos no domínio das humidades, o tema poder ser revisitado em
publicações posteriores.
3
Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação.
Títulos anteriores
1 Defeitos na envolvente dos edifícios do Pólo 2
2 O caso da semana
3 12 erros na construção de fachadas
4 Observação e registo de defeitos de construção
5 Estratégias e técnicas de reparação de fissuras em alvenarias
6 Grampeamento pós-construção em paredes duplas de alvenaria
e reforço de cunhais
7 Revestimentos de reabilitação para paredes exteriores
8 Isolamento térmico exterior de fachadas (sistema ETICS)
9 Anomalias em revestimentos de piso
10 Anomalias em coberturas
Coordenação editorial
J. A. R. Mendes da Silva | Prof. Auxiliar DEC-FCTUC
Colaboradores
Cátia Marques | Arquitecta
Victor Conceição | Eng.º Civil
Capa
Luísa Silva
4
Índice
ÍNDICE
Preâmbulo
Ficha Técnica
Índice
ANEXOS
5
HUMIDADES
1
EM PAREDES DE EDIFÍCIOS
Isabel Torres
J. A. R. Mendes da Silva
7
Humidade em Paredes de Edifícios
1. INTRODUÇÃO
A acção da humidade nos edifícios tem sido reconhecida como uma factor de extrema
importância, susceptível de conduzir à ocorrência de anomalias capazes de impedirem a
satisfação cabal das mais elementares exigências de habitabilidade das edificações.
Com efeito, a humidade origina com frequência uma diminuição da durabilidade dos
materiais e a alteração de algumas das suas propriedades, nomeadamente a diminuição do
isolamento térmico, sendo talvez a causa mais importante da deterioração das construções.
Ao mesmo tempo afecta gravemente as condições de habitabilidade e salubridade, que
podem afectar, de um modo sensível, os utentes dos edifícios, sobretudo no caso da
habitação.
Pode dizer-se que a humidade é um inimigo que ataca a construção em todas as frentes,
visto que pode ter sido introduzida durante a sua construção ou aparecer posteriormente;
pode ter sido originada interior ou exteriormente; e, neste último caso, a sua penetração
pode fazer-se através de qualquer dos elementos da envolvente exterior ou ser proveniente
do solo adjacente.
2.1. Enquadramento
Como se verá seguidamente, são várias as formas sob as quais as anomalias devidas à
presença da humidade se podem manifestar. A cada tipo de causas corresponderão, em
geral, conjuntos bem definidos de sintomas que poderão ser detectados, quer por simples
observação visual, quer através de ensaios, análises “in situ” ou cálculos baseados em
diversas características dos materiais e dos locais. Convêm referir, no entanto, que alguns
desses sintomas não são específicos ou exclusivos de um dado tipo de anomalias. Apenas
o conjunto de sintomas referido permitirá identificar um determinado tipo de anomalias. Por
vezes, principalmente quando se procede apenas à análise visual, este pressuposto é
esquecido. Torna-se então imprescindível conhecer, o melhor possível, as diferentes formas
de manifestação da humidade, respectivas causas e sintomas, para ser possível proceder à
sua correcta reparação.
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Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação
Esta situação ideal de ocorrência isolada de cada um dos tipos de anomalias devidas à
humidade não corresponde, no entanto, à generalidade dos casos. Com efeito, é frequente
que dois ou mais tipos de fenómenos apareçam associados, quer por existirem condições
propícias para tal, quer porque, em certos casos, uns podem ser consequência dos outros.
Um edifício corrente, imediatamente após a sua construção, poderá conter vários milhares
de litros de água em excesso e, se não forem tomadas medidas conducentes à sua rápida
evacuação, poderão surgir anomalias devidas à difusão dessa humidade.
A secagem dos materiais porosos, como o betão, desenrola-se em três fases. Numa
primeira fase, que decorre imediatamente após a execução e durante um pequeno período
de tempo, dá-se a evaporação da água superficial. A segunda fase desenrola-se mais
lentamente, pois corresponde à evaporação da água contida nos poros de maiores
dimensões. Na terceira fase, a mais demorada das três e que poderá prolongar-se durante
vários anos, verifica-se a evaporação da água contida nos poros de mais pequenas
dimensões.
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Humidade em Paredes de Edifícios
Este tipo de humidade pode dar origem a anomalias generalizadas ou localizadas, que
podem ser devidas à evaporação, sob a forma de expansões ou destaques de alguns
materiais. Pelo facto de os materiais estarem bastante húmidos poderá ocorrer o
aparecimento de manchas e ainda um abaixamento de temperatura que poderá propiciar o
aparecimento de condensações.
Duma forma geral as anomalias devidas a este tipo de humidades cessam ao fim de um
período mais ou menos longo, que será função do tipo de utilização da construção e da
zona climática em que esta se insere.
O teor de humidade para paredes com este tipo de manifestação vai variando ao longo do
tempo. Numa situação intermédia poderemos dizer que se manterão constantes em altura e
decrescerão do centro para os paramentos, observando-se que o decréscimo é ligeiramente
superior para o paramento exterior (figura 1a).
A chuva, por si só, não constitui uma acção especialmente gravosa para as paredes dos
edifícios. O que torna a acção da chuva muito gravosa para as paredes é a presença quase
constante da pressão do vento, que faz com que a trajectória da água passe a ter uma
componente horizontal por vezes bastante elevada. Quando isto acontece as paredes das
construções ficam sujeitas a uma acção de humidificação que pode constituir um grande
risco de humedecimento dos seus paramentos interiores.
A penetração da água da chuva nas paredes não teria, então, qualquer problema se
conseguíssemos garantir que ela não atingisse o seu paramento interior.
Este tipo de anomalia, provocada pela água das chuvas, deveria estar confinado às
construções antigas. De facto, com as normas actualmente existentes para a execução das
paredes a fim de garantir a estanqueidade das mesmas, não se justifica o seu aparecimento
em construções recentes. Mas a realidade é bem diferente e a humidade de precipitação
aparece indistintamente em construções novas e antigas.
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Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação
É importante salientar que na concepção de uma parede devem ser tidos em consideração
parâmetros como a localização geográfica e a orientação de forma a poderem ser
devidamente avaliados os riscos de molhagem face à acção da chuva incidente.
Apesar das paredes duplas com caixa-de-ar constituírem uma solução eficaz para protecção
contra a humidade de precipitação, verifica-se frequentemente, terem um mau desempenho.
Outro problema que pode ocorrer é a execução de um revestimento exterior da parede que
seja totalmente impermeável ao vapor, e que impeça a evaporação. Neste caso, verificando-
se a presença da água na parede, a transferência de humidade far-se-á para o interior da
construção, provocando a diminuição da temperatura superficial, o que aumentará o risco da
ocorrência de condensações, com se verá adiante.
O teor de humidade para paredes com este tipo de manifestação mantém-se constante em
altura e decrescerá do paramento exterior para o paramento interior (figura 1b).
O ar é uma mistura de gases e vapor de água. A quantidade máxima de vapor de água que
o ar pode conter sem condensar designa-se por limite de saturação e é função da
temperatura, aumentando com esta. O arrefecimento de uma massa de ar pode provocar a
condensação do vapor de água existente, sempre que a temperatura desça abaixo da
temperatura de saturação (temperatura que corresponde ao limite de saturação), originando
o aparecimento de condensações.
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Humidade em Paredes de Edifícios
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Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação
A produção de vapor acompanha toda a actividade humana, desde a própria respiração, até
aos banhos, lavagens diversas e a confecção dos alimentos. Estima-se em cerca de 9.100gr
por dia a produção de vapor de água numa habitação média ocupada por três adultos e três
crianças.
A temperatura do paramento interior duma parede pode ser calculada da seguinte forma:
1
i ti U ti te
hi
em que:
Da análise desta equação, concluímos que, para evitar as condensações, ou seja, para
aumentar i, podemos actuar da seguinte da forma:
Parte do excesso de humidade no interior das construções pode ser transportado para o
exterior pela renovação do ar, atravessando as paredes exteriores por difusão ou
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Humidade em Paredes de Edifícios
Alguns destes sais são higroscópicos, isto é, dissolvem-se quando a humidade relativa do ar
se eleva acima dos 65-75% e cristalizam de novo quando essa humidade baixa. Essa
cristalização dá-se com um considerável aumento de volume.
A presença destes sais, que não é eliminada quando desaparece a humidade que provocou
a sua migração até à superfície, vai provocar o humedecimento das superfícies por
adsorção da humidade do ar e causar degradações resultantes do aumento de volume que
irá acompanhar cada cristalização. Ao longo de um dia pode haver tal variação da humidade
relativa do ar que podem ocorrer vários ciclos de dissolução-cristalização.
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Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação
Dentro das causas mais frequente deste tipo de anomalias destacamos as que decorrem de
roturas de canalizações.
A grande complexidade que, por vezes, surge associada a este tipo de humidades reside no
facto das patologias poderem manifestar-se muito longe da fonte de origem, devido às
frequentes migrações da água no interior dos diversos elementos da construção, tornando,
assim, o trabalho de localização da fuga muito complexo.
A ascensão de água nas paredes pode atingir alturas elevadas, dependendo da porometria
dos materiais (quanto menor o diâmetro dos poros, maior a subida da água), da quantidade
de água em contacto com a parede, das condições de evaporação e, ainda, da espessura,
época de construção e orientação da parede.
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Humidade em Paredes de Edifícios
As paredes e fundações estarão em contacto com a água, não só quando são construídas
abaixo do nível freático (figura 3a) mas, também, quando, embora construídas acima desse
nível, o são sobre um terreno de elevada capilaridade, que irá, ele próprio, permitir a
ascensão da água situada a um nível inferior ( figura 3b).
Outra situação em que pode ocorrer o contacto da água com as paredes, verifica-se quando
as paredes, embora construídas sobre um terreno impermeável, estão implantadas de tal
forma que as pendentes do mesmo se encontram voltadas para a parede, permitindo a
escorrência da água sobre ela. (figura 3c).
Como se vê, as fontes de alimentação da água podem ter duas origens: as águas freáticas e
as águas superficiais, apresentando sintomatologias e formas de reparação distintas.
A ascensão da água numa parede progride até ao nível em que se verifique o equilíbrio
entre a água evaporada através da superfície da parede e a absorvida do solo por
capilaridade.
É devido a este facto que, sempre que se reduzem as condições de evaporação da parede
com a colocação de um material impermeável, como por exemplo azulejo, a altura da
ascensão capilar, ao contrário do que se possa pensar, aumenta até se verificar de novo o
equilíbrio referido (figura 4).
Outro fenómeno que vem prejudicar a evaporação e, logo, aumentar a altura de ascensão, é
a presença de sais no terreno e nos materiais de construção.
O que vai acontecer nestas situações é que a água durante a sua ascensão capilar irá
transportar consigo sais para níveis mais elevados. Ao atingir a superfície, a água evapora-
se e os sais cristalizam com aumento de volume ficando aí depositados e diminuindo
progressivamente o tamanho dos poros. Esta diminuição do tamanho dos poros irá dificultar
a evaporação da água e irá ocorrer uma maior ascensão capilar.
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Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação
Figura 3ª
Parede construída abaixo do nível freático
Figura 3b
Ascensão capilar através do terreno
Figura 3c
Escorrência de água sobre a parede
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Humidade em Paredes de Edifícios
O teor de humidade de uma parede não-enterrada com humidade ascensional vai decrescer
quando progredimos em altura e vai diminuir do interior para as superfícies da parede (figura
1e).
A - sob a laje do r/chão, se existir, ou por cima da cinta de travação em betão armado (figura
13);
B - entre a travação e a alvenaria, continuando sob o massame, no caso de piso térreo
(figura 14).
Este corte hídrico, como é de esperar, deve ser executado quer nas paredes exteriores,
quer nas interiores, e de forma a evitar totalmente a ascensão capilar.
Como podemos observar na figura 6 não deve haver pontos frágeis após a execução do
corte hídrico.
Este corte hídrico deve ser executado de acordo com o art. 3.12. do D.T.U. 20.1. [19]: feltro
betuminoso, chapa betuminosa armada ou folha de polietileno pousada a seco sobre
camada de argamassa de 300 a 350kg de cimento por m3 de areia, com 2 cm de
espessura, protegida por uma segunda camada de argamassa de cimento de igual
espessura.
Os pavimentos térreos podem ser origem de ascensão capilar, sendo, no entanto, a solução
deste problema relativamente simples. Para evitar esta ascensão capilar é suficiente a
colocação, sob o pavimento, de um revestimento impermeável.
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Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação
Figura 4:
Influência da colocação de material impermeável no
nível de equilíbrio da humidade ascensional.
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Humidade em Paredes de Edifícios
Se, com esta metodologia, acabamos, por um lado, com a humidade ascensional nos
pavimentos, por outro lado podemos agravar outros problemas existentes. De facto, ao
criarmos uma barreira estanque sobre o solo húmido, estamos a impedir a evaporação da
água, o que irá provocar um aumento de ascensão capilar nas paredes próximas.
Verifica-se, então, que a execução de uma barreira estanque em pavimentos térreos deve
ser acompanhada pelo combate da ascensão capilar nas paredes.
Então, tendo em atenção esta classificação, devemos ser mais ou menos exigentes com as
impermeabilizações a executar, de forma a evitar, se for caso disso, o contacto da água com
a parede.
As valas com enchimento serão então preenchidas com materiais permeáveis, que irão
permitir a escorrência das águas infiltradas na direcção de um dreno (poroso ou não
poroso), colocado no fundo das mesmas. Os materiais de enchimento devem ser do tipo
incoerente e colocados em quatro camadas distintas, de granulometrias crescentes com a
profundidade. A sua profundidade não deve exceder a das fundações, por questões de
segurança.
Quando se trata de uma vala afastada da parede, o seu afastamento deve rondar 1,5-2m.
Nestes casos, deve ter-se o cuidado de impermeabilizar a superfície do terreno adjacente à
parede, a fim de evitar infiltrações para a zona que se pretende secar. Devemos também
garantir uma pequena inclinação do terreno no sentido da vala. A sua profundidade será
condicionada pelo tipo de terreno.
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Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação
Figura 5a
Corte hídrico quando existe laje de r/chão
Figura 5b
Corte hídrico quando existe laje de r/chão
Figura 5c
Corte hídrico quando existe laje de r/chão
Figura 5d
Corte hídrico quando não existe laje de r/chão
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Humidade em Paredes de Edifícios
Este tipo de valas tem como grande inconveniente o facto de não permitir a ventilação da
parede. Este problema põe-se com mais acuidade quando as valas são executadas a titulo
curativo. Para atenuar este problema existem, hoje em dia, outras soluções alternativas:
- Colocação de “telas filtrantes”, constituídas por dois materiais colados entre si. O
primeiro, colocado junto à terra, em poliéster, faz o papel de filtro. O segundo,
colocado junto à parede, é um emaranhado espesso de fibras sintéticas. Graças à
sua espessura e permeabilidade, vai permitir a escorrência da água para o dreno
(figura 7c).
Quando a chegada das águas às paredes se fica a dever ao declive do terreno adjacente
das mesmas, podemos recorrer a um conjunto de medidas para o evitar, como por exemplo
a correcção do declive, a criação de valas drenantes adequadamente localizadas, a
impermeabilização superficial do terreno e a criação de uma zona superficial drenante, etc.
Outro processo para impedir a chegada de água às paredes, em particular se ela for
superficial e de origem pluvial, é a execução da drenagem do terreno e a condução das
águas assim recolhidas a um sistema de drenagem de águas residuais pluviais adequado.
Esta drenagem pode ser horizontal, vertical ou mista.
A drenagem horizontal consiste na colocação de tubagens porosas que recolham as águas
e as conduzam a um sistema de drenagem de águas residuais pluviais.
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Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação
Figura 6
Corte hídrico mal executado
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Humidade em Paredes de Edifícios
Figura 7a
Colocação de placas de betão
para permitir alguma ventilação
Figura 7b
Colocação de blocos drenantes para
permitir alguma ventilação
Figura 7c
Colocação de tela filtrante
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HUMIDADE:
2
FICHAS DE PATOLOGIA
J. A. R. Mendes da Silva
Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação
HUMIDADE DE CONSTRUÇÃO
Causas possíveis
Consequências
Estratégia de reabilitação
Deve promover-se a secagem rápida dos elementos construtivos, com recurso preferencial à
ventilação natural intensa. O recurso a aquecimento complementar deve ser controlado e sempre
associado à ventilação. Não devem usar-se processos de aquecimento com produção de gases
tóxicos ou vapor de água.
Após secagem, o tratamento das superfícies deve ser sintomático, consoante a deterioração que tiver
sido provocada (manchas, destacamento de pintura, fungos e bolores, fissuração), atendendo às
estratégias de reabilitação correspondentes.
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Humidade: Fichas de Patologia
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Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação
HUMIDADE ASCENSIONAL
Humidade ascensional em paredes dos pisos térreos ou em contacto directo ou indirecto com o solo,
através de materiais porosos.
Causas possíveis
Consequências
Humedecimento das paredes com empolamento e destacamento da tinta e deterioração muito acentuada
dos revestimentos, com frequente criação de eflorescências. Criação de condições de desconforto e
insalubridade. A eventual tentativa de impermeabilização das faces das paredes afectadas pode agravar o
fenómeno, aumentando a altura da humidade ascensional.
Estratégia de reabilitação
As acções a desenvolver têm como objectivo eliminar o fenómeno de humidade ascensional e reabilitar os
revestimentos deteriorados, usando nesta segunda fase as técnicas correntes aplicáveis.
A eliminação do fenómeno de humidade ascensional é uma tarefa tecnicamente difícil e, em geral, muito
intrusiva/destrutiva e baseia-se em três tipos de técnicas:
Demolição da base da parede para interposição, por faixas, de banda impermeável;
Colmatação dos poros na base da parede, por impregnação com selantes adequados injectados,
de forma controlada, numa sequência de furos a executar.
Execução de furos de ventilação permanente, na base da parede, que promovem a sua secagem,
impedindo a ascensão da humidade. Estes furos exigem acessórios especiais de protecção para
evitar a sua rápida colmatação e consequente ineficácia.
Quando não é possível o recursos às técnicas descritas, pode substituir-se a faixa inferior do reboco por
argamassa especial macro-porosa que permita a evaporação da humidade ascensional, mas retenha (nos
seus grandes poros) os sais transportados pela água e que são a maior causa da deterioração dos
revestimentos. A sua eficácia vai diminuindo com o tempo.
Todas as medidas complementares para afastar a água das zonas afectadas são aconselháveis e, nos
casos mais graves, imprescindíveis: criação de drenos exteriores periféricos, alteração das pendentes dos
pavimentos exteriores confinantes (afastando a água da base das paredes). Em edifícios de grande porte
(em geral edifícios históricos, com paredes espessas, existem técnicas complementares que não são aqui
descritas).
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Humidade: Fichas de Patologia
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Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação
CONDENSAÇÃO
Causas possíveis
Os fenómenos de condensação superficial interior ocorrem, em geral no Inverno, pela conjugação de três
factores: reduzida resistência térmica da envolvente opaca exterior (paredes), reduzida renovação de ar
dos compartimentos, aquecimento intermitente ou inexistente. Estes 3 factores conduzem a fortes teores
de humidade do ar interior e a baixas temperaturas superficiais face interior das fachadas, conduzindo à
condensação superficial. As superfícies, uma vez molhadas, fixam com facilidade poeiras e micro-
organismos que dão origem aos fungos e bolores.
A reduzida resistência térmica resulta da débil constituição das paredes (panos muito finos, ausência de
caixa de ar, isolamento térmico insuficiente ou inexistente), mas pode, também, ser localizada nas zonas
dos elementos estruturais (vigas, pilares, caixas de estore), dando origem às chamadas “pontes térmicas”.
A reduzida renovação do ar está frequentemente relacionada com a excessiva estanquidade dos caixilhos,
a dificuldade de ventilação transversal do fogo, a ausência de dispositivos de ventilação permanente em
cozinhas e casas de banho.
Podem constituir factores de agravamento do fenómeno:
Os hábitos dos utentes e a sobreocupação dos fogos;
A reduzida insolação dos fogos;
A existência de pequenas infiltrações exteriores (a partir de tubos de queda, caleiras, fissuras,
etc.), uma vez que o humedecimento das paredes diminui a sua resistência térmica e, assim, a
sua temperatura superficial no Inverno, aumentado o risco de condensação superficial.
Consequências
Estratégia de reabilitação
Após reabilitação exterior, com eliminação das infiltrações e reforço da resistência térmica das
fachadas e coberturas (de preferência com soluções de isolamento térmico exterior complementar,
usando técnicas adequadas), reparar os revestimentos interiores, utilizando técnicas de limpeza
criteriosas e de acordo com especificação técnica adequada. Adopta-se, em geral a limpeza dos
revestimentos com produto esterilizante e sua posterior lavagem com produto neutro e secagem, para
permitir a reparação e pintura. Não é necessário, em geral, a substituição de rebocos ou estuques.
Fomentar os hábitos de ventilação transversal franca das habitações, diariamente, bem como a
adopção de medidas tendentes à contenção da produção descontrolada de vapor de água.
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Humidade: Fichas de Patologia
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Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação
EFLORESCÊNCIAS
Causas possíveis
Este tipo de manifestação da humidade está sempre associado à ocorrência simultânea de:
Presença de água nas paredes;
Presença de sais solúveis nos materiais constituintes das paredes (ou nos elementos
confinantes);
Fenómenos de migração da humidade na parede, com posterior evaporação.
A água que circula fortuitamente nas paredes dissolve os sais solúveis do tijolo ou das argamassas e,
quando evapora, deposita os correspondentes sais à superfície.
Os sais também podem ter origem no solo ou em elementos confinantes com a parede que se situem entre
a origem da água e a superfície de evaporação.
A água pode ter origem no solo, em sistemas de drenagem deficiente, na molhagem das fachadas pela
chuva em paredes porosas, fissuradas ou com revestimento degradado ou, ainda, em defeitos de
estanquidade de elementos construtivos confinantes.
Em situações menos correntes, a água pode ter origem em humidade da fase de construção ou em
molhagens fortuitas posteriores (sistemas de rega, lavagem de paredes, etc.)
Consequências
Estratégia de reabilitação
A reabilitação sintomática consiste na escovagem a seco dos suportes, com sua posterior estabilização e
reabilitação, se necessário. Em casos com deterioração mais acentuada pode ser necessário recorrer a
uma substituição parcial dos revestimentos.
Exige-se, sempre, uma prévia eliminação da fonte de humidade ou a criação de barreiras que impeçam o
seu acesso à parede. Quando a humidade tem origem em infiltrações por acessórios, ligações ou
elementos construtivos confinantes, deve proceder-se à sua reparação prévia.
Em situações de manifestação ocasional (por exemplo, Invernos mais rigorosos), pode ser suficiente o
processo de limpeza, após adequada secagem.
Não é expectável a eliminação integral dos sais por sucessivos processos de lavagem.
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Humidade: Fichas de Patologia
Pormenor da formação de
eflorescências sobre tijolo-à-vista
Formação de criptoflorescências em
parede rebocada e pintada, sujeita a
infiltrações
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Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação
ESCORRÊNCIAS
Formação de sais, em geral de cor esbranquiçada, em forma de escorrência sobre a superfície das
paredes, a partir de zonas ou pontos, facilmente identificáveis.
A manifestação é particularmente visível quando em revestimentos de cor escura e em elementos
cerâmicos de barro vermelho.
Causas possíveis
Consequências
Estratégia de reabilitação
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Humidade: Fichas de Patologia
Escorrências em revestimento
cerâmico aplicado sobre guarda de
varanda, face à deficiente
impermeabilização do piso
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Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação
Humidificação acentuada de determinadas zonas da face interior das paredes exteriores, como
maior ou menor extensão, geralmente associadas a manchas com coloração ligeira e auréola
suficientemente definida, por faixa de cor mais escura e/ou formação de sais.
Em situações menos recentes ou de maior gravidade, as manchas podem tornar-se bastante
escuras, por desenvolvimento de fungos e bolores, com diminuição da auréola e frequente
escamação do revestimento ou pintura.
Em situações limite, podem observar-se gotejamento ou fios de água, a partir de microfissuras
criadas no paramento.
Causas possíveis
Consequências
Estratégia de reabilitação
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Humidade: Fichas de Patologia
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Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação
Humidificação acentuada, mas localizada, da face interior das paredes exteriores, geralmente
associada a manchas com coloração ligeira, com irradiação a partir das proximidades de um ponto
singular da parede e auréola suficientemente definida, por faixa de cor mais escura e/ou formação
de sais.
Em situações menos recentes ou de maior gravidade, as manchas podem tornar-se bastante
escuras, por desenvolvimento de fungos e bolores, com diminuição da auréola e frequente
escamação do revestimento ou pintura.
Em situações limite, podem observar-se gotejamento ou fios de água, a partir de microfissuras
criadas no paramento.
Causas possíveis
Consequências
Estratégia de reabilitação
40
Humidade: Fichas de Patologia
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Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação
INFILTRAÇÃO FORTUITA
Causas possíveis
Consequências
Estratégia de reabilitação
42
Humidade: Fichas de Patologia
43
ANEXOS
Anexo I
ACETATOS DE APOIO ÀS AULAS
(antigos)
J. A. R. Mendes da Silva
Acetatos de Apoio às Aulas (antigos)
49
Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação
50
Acetatos de Apoio às Aulas (antigos)
51
Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação
52
Acetatos de Apoio às Aulas (antigos)
53
Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação
54
Acetatos de Apoio às Aulas (antigos)
55
Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação
56