Você está na página 1de 58

11

CADERNOS DE APOIO AO ENSINO


DA TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO
E DA REABILITAÇÃO DE ANOMALIAS
NÃO ESTRUTURAIS EM EDIFÍCIOS

HUMIDADE NA CONSTRUÇÃO
SÍNTESE DAS CAUSAS
E ESTRATÉGIAS DE REABILITAÇÃO
Coordenação Editorial de José António Raimundo Mendes da Silva
Departamento de Engenharia Civil | Faculdade de Ciências e Tecnologia | 2009
.
11
CADERNOS DE APOIO AO ENSINO
DA TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO
E DA REABILITAÇÃO DE ANOMALIAS
NÃO ESTRUTURAIS EM EDIFÍCIOS

J. A. R. Mendes da Silva | Isabel Torres

HUMIDADE NA CONSTRUÇÃO
SÍNTESE DAS CAUSAS
E ESTRATRÉGIAS DE REABILITAÇÃO
Coordenação Editorial de José António Raimundo Mendes da Silva
Departamento de Engenharia Civil | Faculdade de Ciências e Tecnologia | 2009
Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação.

Cadernos de apoio ao estudo da Tecnologia da Construção e da Reabilitação


de Anomalias não Estruturais em Edifícios é uma das faces do projecto
pedagógico que venho ensaiando e amadurecendo desde a conclusão do
Doutoramento em 1999,mas que só quase dez anos mais tarde ganha expressão
formal, reunindo sob o mesmo título, com “ar de família”, alguns dos materiais de
apoio ao ensino produzidos durante este período.

Ao longo destes anos, a leccionação de matérias no domínio da Tecnologia da


Construção e da Reabilitação não Estrutural nas Licenciaturas de Engenharia Civil e
Arquitectura na Universidade de Coimbra – e ainda nos diversos cursos de mestrado
e pós-graduação – tem sido apoiada com a produção de materiais próprios, com
resultados da investigação, com muitos casos de estudo resultantes, quer de
colaborações com o exterior, quer de iniciativa própria com objectivos pedagógicos e,
também, com o resultado do melhor trabalho produzido pelos alunos dos cursos mais
avançados, devidamente enquadrado e orientado. A diversidade de assuntos nestes
domínios e o aparecimento de diversos manuais nos últimos anos aconselham a não
enveredar pela criação de um texto único, com a pretensão de síntese global, mas
sim de textos direccionados para sub-temas específicos, que reúnam, eles próprios,
várias perspectivas e abordagens.

Estes cadernos são, assim, um misto de pós-publicação e pré-publicação porque


reúnem, sob uma nova capa e uma nova forma, materiais já anteriormente
publicados, mas agora organizados para um público em formação, e, noutros casos,
compilam, organizam e disponibilizam materiais até agora dispersos, criando a
eventual expectativa da sua divulgação futura mais alargada, eventualmente sob a
forma de livro.

Os limites deste projecto são apenas os da capacidade de produção de materiais


pedagógicos nestas áreas e do interesse que vierem suscitar. Serão sempre aceites
novos formatos e conteúdos e novos colaboradores e co-autores.

O arranque, em finais de 2008, dá-se com 3 títulos que são resultado de trabalho de
2003 e 2004 com os alunos de 5º ano da licenciatura em Engenharia Civil
“Levantamento de defeitos e definição de estratégias de reabilitação da envolvente
dos edifícios do Pólo 2 da Universidade de Coimbra”, de ferramentas de motivação
produzidas em 2005-06 para as aulas de Tecnologia da Construção sob a
designação de “Casos da Semana” e do guião de apoio a diversos cursos de curta
duração e palestras em 2007 sobre “12 Erros na Construção de Fachadas”, que já foi
objecto de publicação em capítulo de livro e que agora é revisto e alargado, de forma
breve, à realidade das coberturas.

É firme intenção sistematizar e divulgar também por esta via algumas das mais
relevantes apresentações em formato “Powerpoint” elaboradas como suporte às
palestras realizadas, bem como materiais de avaliação comentados, de forma a que
possam constituir ferramentas de aprendizagem.

Prof. Doutor José A. Raimundo Mendes da Silva


Departamento de Engenharia Civil
Faculdade de Ciências e Tecnologia
Universidade de Coimbra

2
Preâmbulo

PREÂMBULO

No domínio da patologia não estrutural das paredes de edifícios são


consideradas, em geral, quatro de defeitos: a fissuração, a humidade, o
envelhecimento e degradação de materiais e o desajustamento funcional.

A humidade, identificada com a consequência primária da acção nefasta da


água sobre a construção, é, infelizmente recorrente. São muitas as
publicações existentes sobre este tema (livros, artigos científicos e técnicos,
casos de estudo, etc.), quer com carácter mais genérico, quer sobre aspectos
mais específicos como a condensação ou a humidade ascencional.

Em termos pedagógicos, é esta bibliografia existente que se utiliza e


recomenda, não se justificando, no actual contexto, a sua repetição exaustiva
no âmbito deste conjunto de textos, agrupados no Cadernos de Tecnologia e
Reabilitação.

No entanto, já se julga útil para os alunos destas áreas a publicação de uma


pequena brochura de referência que constitua uma espécie de sumário das
principais causas de humidade em paredes, que inclua fichas esquemáticas
com a descrição dos defeitos, suas causas, consequências, estratégias de
prevenção e reabilitação e fotografias brevemente comentadas.

Assim se concretiza esta convicção, sem prejuízo de, sobre temas mais
específicos no domínio das humidades, o tema poder ser revisitado em
publicações posteriores.

3
Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação.

Títulos anteriores
1 Defeitos na envolvente dos edifícios do Pólo 2
2 O caso da semana
3 12 erros na construção de fachadas
4 Observação e registo de defeitos de construção
5 Estratégias e técnicas de reparação de fissuras em alvenarias
6 Grampeamento pós-construção em paredes duplas de alvenaria
e reforço de cunhais
7 Revestimentos de reabilitação para paredes exteriores
8 Isolamento térmico exterior de fachadas (sistema ETICS)
9 Anomalias em revestimentos de piso
10 Anomalias em coberturas

Coordenação editorial
J. A. R. Mendes da Silva | Prof. Auxiliar DEC-FCTUC

Autores (vide cada capítulo/secção)


J. A. R. Mendes da Silva | Prof. Auxiliar DEC-FCTUC
Isabel Torres | Profª. Auxiliar DEC-FCTUC

Colaboradores
Cátia Marques | Arquitecta
Victor Conceição | Eng.º Civil

Capa
Luísa Silva

Departamento de Engenharia Civil


Faculdade de Ciências e Tecnologia
Universidade de Coimbra
2009

4
Índice

ÍNDICE
Preâmbulo
Ficha Técnica
Índice

1 HUMIDADES EM PAREDES DE EDIFÍCIOS


Isabel Torres, J. A. R. Mendes da Silva

2 HUMIDADE – FICHAS DE PATOLOGIA


J. A. R. Mendes da Silva

ANEXOS

I ACETATOS DE APOIO ÀS AULAS (ANTIGOS)


J. A. R. Mendes da Silva

5
HUMIDADES
1
EM PAREDES DE EDIFÍCIOS

Isabel Torres
J. A. R. Mendes da Silva

7
Humidade em Paredes de Edifícios

HUMIDADE EM PAREDES DE EDIFÍCIOS

1. INTRODUÇÃO

A acção da humidade nos edifícios tem sido reconhecida como uma factor de extrema
importância, susceptível de conduzir à ocorrência de anomalias capazes de impedirem a
satisfação cabal das mais elementares exigências de habitabilidade das edificações.

Com efeito, a humidade origina com frequência uma diminuição da durabilidade dos
materiais e a alteração de algumas das suas propriedades, nomeadamente a diminuição do
isolamento térmico, sendo talvez a causa mais importante da deterioração das construções.
Ao mesmo tempo afecta gravemente as condições de habitabilidade e salubridade, que
podem afectar, de um modo sensível, os utentes dos edifícios, sobretudo no caso da
habitação.

Pode dizer-se que a humidade é um inimigo que ataca a construção em todas as frentes,
visto que pode ter sido introduzida durante a sua construção ou aparecer posteriormente;
pode ter sido originada interior ou exteriormente; e, neste último caso, a sua penetração
pode fazer-se através de qualquer dos elementos da envolvente exterior ou ser proveniente
do solo adjacente.

2. FORMAS DE MANIFESTAÇÃO DA HUMIDADE EM PAREDES E


MEDIDAS PREVENTIVAS

2.1. Enquadramento

O conhecimento das formas de manifestação das anomalias devidas à humidade é


essencial para que, em projecto, seja possível tomar todas as medidas preventivas
necessárias para garantir uma construção isenta deste tipo de problemas.

Como se verá seguidamente, são várias as formas sob as quais as anomalias devidas à
presença da humidade se podem manifestar. A cada tipo de causas corresponderão, em
geral, conjuntos bem definidos de sintomas que poderão ser detectados, quer por simples
observação visual, quer através de ensaios, análises “in situ” ou cálculos baseados em
diversas características dos materiais e dos locais. Convêm referir, no entanto, que alguns
desses sintomas não são específicos ou exclusivos de um dado tipo de anomalias. Apenas
o conjunto de sintomas referido permitirá identificar um determinado tipo de anomalias. Por
vezes, principalmente quando se procede apenas à análise visual, este pressuposto é
esquecido. Torna-se então imprescindível conhecer, o melhor possível, as diferentes formas
de manifestação da humidade, respectivas causas e sintomas, para ser possível proceder à
sua correcta reparação.

9
Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação

As principais formas de manifestação de humidades / causas que se analisam de seguida,


são seis:
- Humidade da construção;
- Humidade de precipitação;
- Condensações;
- Higroscopicidade dos materiais;
- Causas fortuitas;
- Humidade ascensional.

Esta situação ideal de ocorrência isolada de cada um dos tipos de anomalias devidas à
humidade não corresponde, no entanto, à generalidade dos casos. Com efeito, é frequente
que dois ou mais tipos de fenómenos apareçam associados, quer por existirem condições
propícias para tal, quer porque, em certos casos, uns podem ser consequência dos outros.

Estas associações de tipos de anomalias podem complicar substancialmente o processo de


diagnóstico duma qualquer situação. Daí, a grande importância de um conhecimento
profundo das diversas formas de manifestação da humidade e respectivas causas afim de
evitar um diagnóstico incorrecto.

2.2. Humidade da Construção

Na construção tradicional a água tem um papel preponderante na fase da construção,


entrando na composição de muitos materiais e processos de construção (como por exemplo
da execução de betões e argamassas ou da humidificação dos tijolos na fase de
assentamento). Além da humidade resultante do próprio processo construtivo, acrescente-
se ainda a que é proveniente da água das chuvas ocorridas enquanto a construção não se
encontra protegida com uma cobertura estanque nem com revestimentos apropriados nas
paredes exteriores.

Entende-se, então, por “humidade da construção” o excesso de humidade que os elementos


de construção apresentam, no final da construção, devido à forte introdução de água
durante a sua execução.

Um edifício corrente, imediatamente após a sua construção, poderá conter vários milhares
de litros de água em excesso e, se não forem tomadas medidas conducentes à sua rápida
evacuação, poderão surgir anomalias devidas à difusão dessa humidade.

A secagem dos materiais porosos, como o betão, desenrola-se em três fases. Numa
primeira fase, que decorre imediatamente após a execução e durante um pequeno período
de tempo, dá-se a evaporação da água superficial. A segunda fase desenrola-se mais
lentamente, pois corresponde à evaporação da água contida nos poros de maiores
dimensões. Na terceira fase, a mais demorada das três e que poderá prolongar-se durante
vários anos, verifica-se a evaporação da água contida nos poros de mais pequenas
dimensões.

10
Humidade em Paredes de Edifícios

A evaporação da humidade da construção pode provocar anomalias diversas.

Este tipo de humidade pode dar origem a anomalias generalizadas ou localizadas, que
podem ser devidas à evaporação, sob a forma de expansões ou destaques de alguns
materiais. Pelo facto de os materiais estarem bastante húmidos poderá ocorrer o
aparecimento de manchas e ainda um abaixamento de temperatura que poderá propiciar o
aparecimento de condensações.

Duma forma geral as anomalias devidas a este tipo de humidades cessam ao fim de um
período mais ou menos longo, que será função do tipo de utilização da construção e da
zona climática em que esta se insere.

Um dado essencial para um diagnóstico da humidade de construção é o conhecimento da


data de terminus das obras. Se o tempo decorrido for inferior a 1 ou 2 anos podemos estar
em face deste tipo de humidade.

O teor de humidade para paredes com este tipo de manifestação vai variando ao longo do
tempo. Numa situação intermédia poderemos dizer que se manterão constantes em altura e
decrescerão do centro para os paramentos, observando-se que o decréscimo é ligeiramente
superior para o paramento exterior (figura 1a).

Como medidas preventivas apontamos o aumento da ventilação, da desumidificação e a


temperatura para obtermos maior rapidez na secagem.

2.3. Humidade de Precipitação

A chuva, por si só, não constitui uma acção especialmente gravosa para as paredes dos
edifícios. O que torna a acção da chuva muito gravosa para as paredes é a presença quase
constante da pressão do vento, que faz com que a trajectória da água passe a ter uma
componente horizontal por vezes bastante elevada. Quando isto acontece as paredes das
construções ficam sujeitas a uma acção de humidificação que pode constituir um grande
risco de humedecimento dos seus paramentos interiores.

A penetração da água da chuva nas paredes não teria, então, qualquer problema se
conseguíssemos garantir que ela não atingisse o seu paramento interior.

Este tipo de anomalia, provocada pela água das chuvas, deveria estar confinado às
construções antigas. De facto, com as normas actualmente existentes para a execução das
paredes a fim de garantir a estanqueidade das mesmas, não se justifica o seu aparecimento
em construções recentes. Mas a realidade é bem diferente e a humidade de precipitação
aparece indistintamente em construções novas e antigas.

Este problema pode aparecer devido a deficiências de concepção ou de manutenção, como


por exemplo o aparecimento de fissuras, a deterioração dos revestimentos, etc.

11
Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação

É importante salientar que na concepção de uma parede devem ser tidos em consideração
parâmetros como a localização geográfica e a orientação de forma a poderem ser
devidamente avaliados os riscos de molhagem face à acção da chuva incidente.

Apesar das paredes duplas com caixa-de-ar constituírem uma solução eficaz para protecção
contra a humidade de precipitação, verifica-se frequentemente, terem um mau desempenho.

Esta situação deve-se essencialmente às anomalias presentes na figura 2.

As paredes duplas com caixa-de-ar completamente preenchida com isolamento térmico,


podem, muitas vezes ter, um funcionamento face à penetração da água das chuvas
semelhante ao das paredes simples, permitindo que facilmente a humidade atinja o
paramento interior, devido à continuidade criada pelas diferentes camadas contíguas (pano
exterior+isolamento térmico+pano interior). Alguns materiais de isolamento térmico
absorvem grandes quantidades de água provocando o aumento da respectiva
condutibilidade térmica.

Outro problema que pode ocorrer é a execução de um revestimento exterior da parede que
seja totalmente impermeável ao vapor, e que impeça a evaporação. Neste caso, verificando-
se a presença da água na parede, a transferência de humidade far-se-á para o interior da
construção, provocando a diminuição da temperatura superficial, o que aumentará o risco da
ocorrência de condensações, com se verá adiante.

As anomalias em paredes devidas a este fenómeno manifestam-se através do aparecimento


de manchas de humidade nos paramentos interiores das paredes exteriores, com
localização aleatória, sendo contudo mais frequente a sua localização nas zonas de
enquadramento dos vãos de portas e janelas e em zonas de fissuração. Ocorrem com uma
periodicidade associada à ocorrência das chuvas. Nas zonas de humedecimento é
frequente o aparecimento de bolores e eflorescências, que irão permanecer mesmo durante
os períodos de seca.

O teor de humidade para paredes com este tipo de manifestação mantém-se constante em
altura e decrescerá do paramento exterior para o paramento interior (figura 1b).

2.4. Humidade de Condensação

As condensações de vapor de água sobre os paramentos ou no interior dos elementos de


construção constituem uma das causas mais vulgares de humidade nos edifícios de
habitação.

O ar é uma mistura de gases e vapor de água. A quantidade máxima de vapor de água que
o ar pode conter sem condensar designa-se por limite de saturação e é função da
temperatura, aumentando com esta. O arrefecimento de uma massa de ar pode provocar a
condensação do vapor de água existente, sempre que a temperatura desça abaixo da
temperatura de saturação (temperatura que corresponde ao limite de saturação), originando
o aparecimento de condensações.

12
Humidade em Paredes de Edifícios

Figura 1: Variação do teor de


humidade em paredes
sujeitas a diferentes formas
de manifestação de
humidade.

Figura 2: Algumas causas de


anomalias em paredes
duplas com caixa de ar

13
Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação

Este abaixamento de temperatura no paramento interior das paredes exteriores acontece


quando a temperatura exterior desce e as perdas térmicas através das paredes são
grandes. Estas serão tanto maiores quanto maior for o seu coeficiente de transmissão
térmica( U ).

O risco de aparecimento de condensações aumenta, então, com a produção de vapor de


água e com o abaixamento de temperatura.

A produção de vapor acompanha toda a actividade humana, desde a própria respiração, até
aos banhos, lavagens diversas e a confecção dos alimentos. Estima-se em cerca de 9.100gr
por dia a produção de vapor de água numa habitação média ocupada por três adultos e três
crianças.

Quanto ao abaixamento de temperatura, podemos dizer que, hoje em dia, as construções


novas possuem isolamento térmico de forma a garantir um coeficiente de transmissão
térmica das paredes suficientemente baixo para que a temperatura superficial interior não
desça abaixo da temperatura de saturação provocando o aparecimento de condensações
(trata-se de uma imposição do RCCTE). O problema põe-se com maior acuidade nas
chamadas “pontes térmicas” (zonas de menor isolamento térmico), que necessitam de uma
atenção especial.

A temperatura do paramento interior duma parede pode ser calculada da seguinte forma:
1
i ti U ti te
hi

em que:

i - temperatura do paramento interior C

ti, te - temperaturas do ar, interior e exterior C


1
- resistência térmica superficial interior m2 C/W
hi
U - coeficiente de transmissão térmica W/m2 C

Da análise desta equação, concluímos que, para evitar as condensações, ou seja, para
aumentar i, podemos actuar da seguinte da forma:

- Diminuir U, aumentando o isolamento térmico;


- Aumentar a temperatura ambiente.

É também vantajoso melhorar a ventilação, para diminuir a humidade relativa.

Parte do excesso de humidade no interior das construções pode ser transportado para o
exterior pela renovação do ar, atravessando as paredes exteriores por difusão ou

14
Humidade em Paredes de Edifícios

condensando nas superfícies interiores da envolvente. Em geral, não havendo


condensações superficiais, 95% da humidade é transportada por renovação do ar e 5%
atravessa as paredes por difusão. Ora se neste percurso até ao exterior houver algum ponto
da envolvente em que a pressão parcial do vapor de água iguale a pressão de saturação
correspondente à temperatura, nesse ponto irão ocorrer o que se designa por
“condensações internas”.

Os sintomas associados aos fenómenos de condensações superficiais manifestam-se


através do aparecimento de manchas de humidade e bolores, generalizados ou localizados,
nos paramentos interiores das paredes. Na maioria dos casos, as paredes afectadas são as
exteriores, nomeadamente nas zonas das pontes térmicas, mas este fenómeno também
pode ocorrer nas paredes interiores, como no caso das instalações sanitárias.
O teor de humidade para paredes com este tipo de manifestação mantém-se constante em
altura e, para um dado nível, decrescerá de forma acentuada do paramento interior para o
paramento exterior (figura 1c).

Como disposições de projecto/construção/utilização que permitirão minorar o efeito das


condensações podemos apontar: colocação de isolamento térmico suficiente, quer em zona
corrente, quer nas zonas das pontes térmicas, boas condições de ventilação; aquecimento e
produção de vapor controlada.

2.5. Higroscopicidade dos Materiais

No interior das paredes observa-se frequentemente a presença de diversos tipos de sais


solúveis na água, quer por fazerem parte da composição de um grande número de materiais
de construção, quer ainda por existirem nos solos (principalmente em locais ricos em
matérias orgânicas). Estes sais, só por si, não trazem qualquer prejuízo ou anomalia às
paredes. No entanto, em presença de água, dissolvem-se e acompanham a migração da
água até à superfície, onde cristalizam sob a forma de fluorescências (cristalização à
superfície) ou de criptoefluorescências (cristalização sob o revestimento da parede).

Alguns destes sais são higroscópicos, isto é, dissolvem-se quando a humidade relativa do ar
se eleva acima dos 65-75% e cristalizam de novo quando essa humidade baixa. Essa
cristalização dá-se com um considerável aumento de volume.

Os sais solúveis mais associados a patologias são os sulfatos, os carbonatos, os cloretos,


os nitritos e os nitratos, sendo que os dois primeiros não são higroscópicos.

A presença destes sais, que não é eliminada quando desaparece a humidade que provocou
a sua migração até à superfície, vai provocar o humedecimento das superfícies por
adsorção da humidade do ar e causar degradações resultantes do aumento de volume que
irá acompanhar cada cristalização. Ao longo de um dia pode haver tal variação da humidade
relativa do ar que podem ocorrer vários ciclos de dissolução-cristalização.

15
Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação

As anomalias devidas aos fenómenos de higroscopicidade manifestam-se pelo


aparecimento de manchas de humidade em locais de grande concentração de sais
higroscópicos e pela destruição dos revestimentos das paredes devido à concentração
desses sais.

Os teores de humidade nestas situações mantêm-se constantes ou com pequena variação


em altura, decrescendo acentuadamente do interior para o exterior (figura 1d).

2.6. Causas Fortuitas

Englobam-se neste título todas as humidades resultantes de infiltrações de água, de origem


pontual, e que terão em comum:

- Corresponderem a um defeito de construção ou de funcionamento de equipamento;


- Implicarem, na maior parte das vezes, uma responsabilidade humana, quer ela seja
activa como no caso dos acidentes, quer ela seja passiva como acontece na falta
de manutenção.

Dentro das causas mais frequente deste tipo de anomalias destacamos as que decorrem de
roturas de canalizações.

A grande complexidade que, por vezes, surge associada a este tipo de humidades reside no
facto das patologias poderem manifestar-se muito longe da fonte de origem, devido às
frequentes migrações da água no interior dos diversos elementos da construção, tornando,
assim, o trabalho de localização da fuga muito complexo.

2.7. Humidade Ascensional

Os valores que o coeficiente de capilaridade dos materiais de construção correntemente


utilizados pode atingir são, por vezes, bastante elevados, fazendo com que estes materiais,
quando em contacto com a água ou com solo húmido, fiquem sujeitos à ascensão capilar.

A ascensão de água nas paredes pode atingir alturas elevadas, dependendo da porometria
dos materiais (quanto menor o diâmetro dos poros, maior a subida da água), da quantidade
de água em contacto com a parede, das condições de evaporação e, ainda, da espessura,
época de construção e orientação da parede.

Este fenómeno aparece quando se reúnem as seguintes condições:

- Existência de paredes ou fundações em contacto com água ou solo húmido;


- Características dos materiais constituintes dessas paredes com elevada
capilaridade;
- Inexistência ou deficiente posicionamento do corte-hídrico.

16
Humidade em Paredes de Edifícios

As paredes e fundações estarão em contacto com a água, não só quando são construídas
abaixo do nível freático (figura 3a) mas, também, quando, embora construídas acima desse
nível, o são sobre um terreno de elevada capilaridade, que irá, ele próprio, permitir a
ascensão da água situada a um nível inferior ( figura 3b).

Outra situação em que pode ocorrer o contacto da água com as paredes, verifica-se quando
as paredes, embora construídas sobre um terreno impermeável, estão implantadas de tal
forma que as pendentes do mesmo se encontram voltadas para a parede, permitindo a
escorrência da água sobre ela. (figura 3c).

Como se vê, as fontes de alimentação da água podem ter duas origens: as águas freáticas e
as águas superficiais, apresentando sintomatologias e formas de reparação distintas.
A ascensão da água numa parede progride até ao nível em que se verifique o equilíbrio
entre a água evaporada através da superfície da parede e a absorvida do solo por
capilaridade.

É devido a este facto que, sempre que se reduzem as condições de evaporação da parede
com a colocação de um material impermeável, como por exemplo azulejo, a altura da
ascensão capilar, ao contrário do que se possa pensar, aumenta até se verificar de novo o
equilíbrio referido (figura 4).

Outro fenómeno que vem prejudicar a evaporação e, logo, aumentar a altura de ascensão, é
a presença de sais no terreno e nos materiais de construção.

O que vai acontecer nestas situações é que a água durante a sua ascensão capilar irá
transportar consigo sais para níveis mais elevados. Ao atingir a superfície, a água evapora-
se e os sais cristalizam com aumento de volume ficando aí depositados e diminuindo
progressivamente o tamanho dos poros. Esta diminuição do tamanho dos poros irá dificultar
a evaporação da água e irá ocorrer uma maior ascensão capilar.

A deposição de sais à superfície vai propiciar a ocorrência de fenómenos de


higroscopicidade e que irão perdurar mesmo após a solução dos problemas relativos à
humidade ascensional. Esta deposição de sais pode dar origem à formação de
eflorescências ou criptoflorescências (consoante a cristalização se dê à superfície ou sob os
revestimentos).

As anomalias devidas à presença de humidade ascensional caracterizam-se pelo


aparecimento de manchas de humidade nas zonas inferiores das paredes (junto ao solo),
apresentando, por vezes, zonas erodidas na parte superior dessas manchas, podendo ser
acompanhadas de eflorescências e criptoflorescências, e podendo mesmo apresentar
manchas de bolor e vegetação parasitária, especialmente em zonas pouco ventiladas.

17
Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação

Figura 3ª
Parede construída abaixo do nível freático

Figura 3b
Ascensão capilar através do terreno

Figura 3c
Escorrência de água sobre a parede

18
Humidade em Paredes de Edifícios

Quando o nível atingido pelas manchas de humidade se mantém sensivelmente constante


ao longo de todo o ano e é agravado nas paredes interiores devemos ser levados a pensar
que estamos em presença de águas freáticas (com origem no nível freático). Pelo contrário
se o nível atingido pelas manchas de humidade tiver grandes variações ao longo do ano,
decrescendo substancialmente nos períodos secos e atingindo preferencialmente as
paredes exteriores, então estaremos em presença de águas superficiais. Nesta segunda
situação as zonas erodidas terão grandes extensões em altura.

O teor de humidade de uma parede não-enterrada com humidade ascensional vai decrescer
quando progredimos em altura e vai diminuir do interior para as superfícies da parede (figura
1e).

Quando temos paredes enterradas a situação é diferente consoante tivermos aguas


superficiais ou freáticas. No primeiro caso os teores de humidade são aproximadamente
constantes em altura (decrescem ligeiramente) e decrescem ligeiramente do interior da
parede para a superfície (figura 1f). No segundo caso, os teores de humidade decrescem
em altura (abaixo do pavimento) e diminuem do interior para a superfície da parede (figura
1g).

A melhor forma de lutar contra a humidade ascensional é a prevenção. De acordo com o


[19]. art. 3.12. “as paredes elevadas devem estar protegidas da ascensão capilar
proveniente da água do solo através de um corte hídrico localizado a uma distância de mais
de 15cm do solo exterior e assim materializado”, conforme se apresenta nas figuras 5ª, 5b,
5c e 5d.

A - sob a laje do r/chão, se existir, ou por cima da cinta de travação em betão armado (figura
13);
B - entre a travação e a alvenaria, continuando sob o massame, no caso de piso térreo
(figura 14).

Este corte hídrico, como é de esperar, deve ser executado quer nas paredes exteriores,
quer nas interiores, e de forma a evitar totalmente a ascensão capilar.
Como podemos observar na figura 6 não deve haver pontos frágeis após a execução do
corte hídrico.

Este corte hídrico deve ser executado de acordo com o art. 3.12. do D.T.U. 20.1. [19]: feltro
betuminoso, chapa betuminosa armada ou folha de polietileno pousada a seco sobre
camada de argamassa de 300 a 350kg de cimento por m3 de areia, com 2 cm de
espessura, protegida por uma segunda camada de argamassa de cimento de igual
espessura.

Os pavimentos térreos podem ser origem de ascensão capilar, sendo, no entanto, a solução
deste problema relativamente simples. Para evitar esta ascensão capilar é suficiente a
colocação, sob o pavimento, de um revestimento impermeável.

19
Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação

Figura 4:
Influência da colocação de material impermeável no
nível de equilíbrio da humidade ascensional.

20
Humidade em Paredes de Edifícios

Se, com esta metodologia, acabamos, por um lado, com a humidade ascensional nos
pavimentos, por outro lado podemos agravar outros problemas existentes. De facto, ao
criarmos uma barreira estanque sobre o solo húmido, estamos a impedir a evaporação da
água, o que irá provocar um aumento de ascensão capilar nas paredes próximas.

Verifica-se, então, que a execução de uma barreira estanque em pavimentos térreos deve
ser acompanhada pelo combate da ascensão capilar nas paredes.

No que concerne a paredes enterradas, é necessário, previamente, analisar qual o tipo de


parede em presença. O D.T.U. 20.1 [19]. (regras de cálculo e dispositivos construtivos
mínimos), no seu art. 6.30. define três categorias de paredes enterradas:

- Paredes em que não é aceitável a existência de qualquer vestígio de humidade no


seu paramento interior, como é o caso de paredes limitando espaços habitáveis;
- Paredes em que podemos aceitar a presença de alguma humidade no paramento
interior, como, por exemplo, em garagens e arrumos;
- Paredes que apenas têm função resistente, não tendo qualquer significado a
presença de humidade no paramente interior, como é o caso de paredes que
delimitam zonas não habitáveis.

Então, tendo em atenção esta classificação, devemos ser mais ou menos exigentes com as
impermeabilizações a executar, de forma a evitar, se for caso disso, o contacto da água com
a parede.

Esta protecção das paredes enterradas é conseguida através da execução de drenagens


periféricas.

A drenagem periférica consiste na execução de valas em torno da construção, que irão


impedir a aproximação da água.

As valas com enchimento serão então preenchidas com materiais permeáveis, que irão
permitir a escorrência das águas infiltradas na direcção de um dreno (poroso ou não
poroso), colocado no fundo das mesmas. Os materiais de enchimento devem ser do tipo
incoerente e colocados em quatro camadas distintas, de granulometrias crescentes com a
profundidade. A sua profundidade não deve exceder a das fundações, por questões de
segurança.

Quando se trata de uma vala afastada da parede, o seu afastamento deve rondar 1,5-2m.
Nestes casos, deve ter-se o cuidado de impermeabilizar a superfície do terreno adjacente à
parede, a fim de evitar infiltrações para a zona que se pretende secar. Devemos também
garantir uma pequena inclinação do terreno no sentido da vala. A sua profundidade será
condicionada pelo tipo de terreno.

21
Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação

Figura 5a
Corte hídrico quando existe laje de r/chão

Figura 5b
Corte hídrico quando existe laje de r/chão

Figura 5c
Corte hídrico quando existe laje de r/chão

Figura 5d
Corte hídrico quando não existe laje de r/chão

22
Humidade em Paredes de Edifícios

Este tipo de valas tem como grande inconveniente o facto de não permitir a ventilação da
parede. Este problema põe-se com mais acuidade quando as valas são executadas a titulo
curativo. Para atenuar este problema existem, hoje em dia, outras soluções alternativas:

- Colocação junto ao paramento exterior de peças de betão com configurações


adequadas que irão permitir alguma ventilação e, portanto, alguma evaporação (
figuras 7a e 7b).

- Colocação de “blocos drenantes” junto ao paramento exterior da parede, que vão


permitir a existência de uma caixa de ar, conforme se vê nas figuras 7a e 7b. Na
base destas peças deverá ser executada uma valeta para recolha de águas.

- Colocação de “telas filtrantes”, constituídas por dois materiais colados entre si. O
primeiro, colocado junto à terra, em poliéster, faz o papel de filtro. O segundo,
colocado junto à parede, é um emaranhado espesso de fibras sintéticas. Graças à
sua espessura e permeabilidade, vai permitir a escorrência da água para o dreno
(figura 7c).

Quando a chegada das águas às paredes se fica a dever ao declive do terreno adjacente
das mesmas, podemos recorrer a um conjunto de medidas para o evitar, como por exemplo
a correcção do declive, a criação de valas drenantes adequadamente localizadas, a
impermeabilização superficial do terreno e a criação de uma zona superficial drenante, etc.

Outro processo para impedir a chegada de água às paredes, em particular se ela for
superficial e de origem pluvial, é a execução da drenagem do terreno e a condução das
águas assim recolhidas a um sistema de drenagem de águas residuais pluviais adequado.
Esta drenagem pode ser horizontal, vertical ou mista.
A drenagem horizontal consiste na colocação de tubagens porosas que recolham as águas
e as conduzam a um sistema de drenagem de águas residuais pluviais.

23
Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação

Figura 6
Corte hídrico mal executado

24
Humidade em Paredes de Edifícios

Figura 7a
Colocação de placas de betão
para permitir alguma ventilação

Figura 7b
Colocação de blocos drenantes para
permitir alguma ventilação

Figura 7c
Colocação de tela filtrante

25
HUMIDADE:
2
FICHAS DE PATOLOGIA

J. A. R. Mendes da Silva
Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação

HUMIDADE DE CONSTRUÇÃO

Descrição sumária do defeito ou anomalia

Humidificação geral dos revestimentos interiores (incluindo as paredes divisórias), mesmo na


ausência de significativa ocupação ou produção de vapor de água. Manchas de coloração das
paredes, de grande dimensão mas de tonalidade pouco acentuada, com alguma formação de
bolores pontuais em zonas de fraco arejamento (atrás de móveis, cortinados, etc.). Eventual
fissuração ligeira localizada.

Causas possíveis

A humificação geral de revestimentos interiores em edifícios de construção muito recente é, em geral,


motivada (ou agravada) por uma deficiente secagem natural da construção antes da sua ocupação.
Há diversos factores que podem contribuir para o agravamento deste fenómeno, além da ocupação
prematura:
Sobreocupação dos fogos;
Dificuldades de ventilação transversal franca da habitação;
Hábitos de ocupação que fomentem uma forte higrometria interior;
Excessiva incorporação de água no acto da construção (excessivo humedecimento das
alvenarias, argamassas muito fluidas e sem retentores de água, exposição prolongada à chuva
antes dos revestimentos finais, etc.).
Humidificação geral dos revestimentos interiores (incluindo as paredes divisórias), mesmo na
ausência de significativa ocupação ou produção de vapor de água. Manchas de coloração das
paredes, de grande dimensão mas de tonalidade pouco acentuada, com alguma formação de bolores
pontuais em zonas de fraco arejamento (atrás de móveis, cortinados, etc.). Eventual fissuração ligeira
localizada.

Consequências

Degradação do aspecto e das condições de conforto e salubridade. Degradação dos revestimentos.


Provável formação de fungos e bolores. Eventual posterior fissuração por retracção de secagem de
paredes e revestimentos.

Estratégia de reabilitação

Deve promover-se a secagem rápida dos elementos construtivos, com recurso preferencial à
ventilação natural intensa. O recurso a aquecimento complementar deve ser controlado e sempre
associado à ventilação. Não devem usar-se processos de aquecimento com produção de gases
tóxicos ou vapor de água.
Após secagem, o tratamento das superfícies deve ser sintomático, consoante a deterioração que tiver
sido provocada (manchas, destacamento de pintura, fungos e bolores, fissuração), atendendo às
estratégias de reabilitação correspondentes.

28
Humidade: Fichas de Patologia

Materiais não totalmente protegidos da


chuva no estaleiro

Água introduzida nas paredes através


do excesso de água nas argamassas

Molhagem excessiva do tijolo, na fase


de assentamento, a evitar com a
adopção de retentores de água nas
argamassas

29
Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação

HUMIDADE ASCENSIONAL

Descrição sumária do defeito ou anomalia

Humidade ascensional em paredes dos pisos térreos ou em contacto directo ou indirecto com o solo,
através de materiais porosos.

Causas possíveis

A humidade ascensional em paredes resulta sempre da conjugação de 3 factores: presença da água,


materiais porosos e ausência de corte hídrico. A água pode ter origem no solo (nível freático elevado ou
absorção elevada de águas da chuva) ou em superfícies de drenagem confinantes com as paredes
(valetas, pavimentos exteriores com pendente para a parede, etc.).
Os materiais porosos, com capacidade de absorção capilar (terreno de fundação, fundações em pedra ou
betão, argamassa, tijolo, entulhos, etc.), conduzem a água à base da parede que, sendo também ela
porosa, na ausência de uma barreira de corte hídrico (impermeabilização superficial das fundações,
barreira estanque ou hidrofugação na base da parede, etc.), absorve a água até uma altura que pode
variar de alguns centímetros até mais de um metro.

Consequências

Humedecimento das paredes com empolamento e destacamento da tinta e deterioração muito acentuada
dos revestimentos, com frequente criação de eflorescências. Criação de condições de desconforto e
insalubridade. A eventual tentativa de impermeabilização das faces das paredes afectadas pode agravar o
fenómeno, aumentando a altura da humidade ascensional.

Estratégia de reabilitação

As acções a desenvolver têm como objectivo eliminar o fenómeno de humidade ascensional e reabilitar os
revestimentos deteriorados, usando nesta segunda fase as técnicas correntes aplicáveis.
A eliminação do fenómeno de humidade ascensional é uma tarefa tecnicamente difícil e, em geral, muito
intrusiva/destrutiva e baseia-se em três tipos de técnicas:
Demolição da base da parede para interposição, por faixas, de banda impermeável;
Colmatação dos poros na base da parede, por impregnação com selantes adequados injectados,
de forma controlada, numa sequência de furos a executar.
Execução de furos de ventilação permanente, na base da parede, que promovem a sua secagem,
impedindo a ascensão da humidade. Estes furos exigem acessórios especiais de protecção para
evitar a sua rápida colmatação e consequente ineficácia.
Quando não é possível o recursos às técnicas descritas, pode substituir-se a faixa inferior do reboco por
argamassa especial macro-porosa que permita a evaporação da humidade ascensional, mas retenha (nos
seus grandes poros) os sais transportados pela água e que são a maior causa da deterioração dos
revestimentos. A sua eficácia vai diminuindo com o tempo.
Todas as medidas complementares para afastar a água das zonas afectadas são aconselháveis e, nos
casos mais graves, imprescindíveis: criação de drenos exteriores periféricos, alteração das pendentes dos
pavimentos exteriores confinantes (afastando a água da base das paredes). Em edifícios de grande porte
(em geral edifícios históricos, com paredes espessas, existem técnicas complementares que não são aqui
descritas).

30
Humidade: Fichas de Patologia

Parede sujeita a fenómeno de


humidade ascensional agravado pela
impermeabilização parcial da face
interior, com material cerâmico

Humidade ascensional em edifício de


construção recente, proveniente de
águas superficiais exteriores infiltradas
através de deficiente desempenho da
soleira

Humidade ascensional em edifício


histórico, agravada pela existência de
degrau exterior com inclinação para o
lado da parede e não para o exterior

31
Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação

CONDENSAÇÃO

Descrição sumária do defeito ou anomalia

Fungos e bolores no interior de habitações resultantes do efeito das condensações superficiais,


caracterizando-se, em geral, pelo aparecimento de manchas pretas (com limite difuso) na face interior
das paredes exteriores, nos cantos dos compartimentos correspondentes a cunhais do edifício, nas
proximidades dos vãos envidraçados e sobre os elementos estruturais não aparentes (vigas e pilares).
O fenómeno é observável sobretudo em locais de elevada produção de vapor de água (cozinhas e
quartos de banho) e em quartos de dormir em fachadas com fraca insolação. Nos andares superiores,
sob a cobertura o fenómeno é, em geral mais intenso e afecta também os tectos.

Causas possíveis

Os fenómenos de condensação superficial interior ocorrem, em geral no Inverno, pela conjugação de três
factores: reduzida resistência térmica da envolvente opaca exterior (paredes), reduzida renovação de ar
dos compartimentos, aquecimento intermitente ou inexistente. Estes 3 factores conduzem a fortes teores
de humidade do ar interior e a baixas temperaturas superficiais face interior das fachadas, conduzindo à
condensação superficial. As superfícies, uma vez molhadas, fixam com facilidade poeiras e micro-
organismos que dão origem aos fungos e bolores.
A reduzida resistência térmica resulta da débil constituição das paredes (panos muito finos, ausência de
caixa de ar, isolamento térmico insuficiente ou inexistente), mas pode, também, ser localizada nas zonas
dos elementos estruturais (vigas, pilares, caixas de estore), dando origem às chamadas “pontes térmicas”.
A reduzida renovação do ar está frequentemente relacionada com a excessiva estanquidade dos caixilhos,
a dificuldade de ventilação transversal do fogo, a ausência de dispositivos de ventilação permanente em
cozinhas e casas de banho.
Podem constituir factores de agravamento do fenómeno:
Os hábitos dos utentes e a sobreocupação dos fogos;
A reduzida insolação dos fogos;
A existência de pequenas infiltrações exteriores (a partir de tubos de queda, caleiras, fissuras,
etc.), uma vez que o humedecimento das paredes diminui a sua resistência térmica e, assim, a
sua temperatura superficial no Inverno, aumentado o risco de condensação superficial.

Consequências

Degradação do aspecto e das condições de conforto e salubridade. Degradação dos revestimentos.

Estratégia de reabilitação

Após reabilitação exterior, com eliminação das infiltrações e reforço da resistência térmica das
fachadas e coberturas (de preferência com soluções de isolamento térmico exterior complementar,
usando técnicas adequadas), reparar os revestimentos interiores, utilizando técnicas de limpeza
criteriosas e de acordo com especificação técnica adequada. Adopta-se, em geral a limpeza dos
revestimentos com produto esterilizante e sua posterior lavagem com produto neutro e secagem, para
permitir a reparação e pintura. Não é necessário, em geral, a substituição de rebocos ou estuques.
Fomentar os hábitos de ventilação transversal franca das habitações, diariamente, bem como a
adopção de medidas tendentes à contenção da produção descontrolada de vapor de água.

32
Humidade: Fichas de Patologia

Aspecto de pormenor de fungos e


bolores instalados em paramento, por
efeito da condensação superficial (área
real da fotografia aproximadamente
15cm x10 cm)

Condensação típica em padieira de


janela com formação de fungos e
bolores

Condensação grave em tectos, nas


zonas da ponte térmica (estrutura de
vigotas), tal como acontece nas
paredes em zonas de pilar não
protegido

33
Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação

EFLORESCÊNCIAS

Descrição sumária do defeito ou anomalia

Formação de sais de cor esbranquiçada na superfície das paredes (florescências) ou imediatamente


abaixo da superfície (criptoflorescências).
A manifestação é particularmente visível quando ocorre em elementos cerâmicos de barro vermelho.
No caso de se tratar de sais higroscópicos (com mudança de estado por simples mudança do teor de
humidade do ar), a manifestação visível pode ser sazonal, em função da variação das condições
ambientais do local.

Causas possíveis

Este tipo de manifestação da humidade está sempre associado à ocorrência simultânea de:
Presença de água nas paredes;
Presença de sais solúveis nos materiais constituintes das paredes (ou nos elementos
confinantes);
Fenómenos de migração da humidade na parede, com posterior evaporação.
A água que circula fortuitamente nas paredes dissolve os sais solúveis do tijolo ou das argamassas e,
quando evapora, deposita os correspondentes sais à superfície.
Os sais também podem ter origem no solo ou em elementos confinantes com a parede que se situem entre
a origem da água e a superfície de evaporação.
A água pode ter origem no solo, em sistemas de drenagem deficiente, na molhagem das fachadas pela
chuva em paredes porosas, fissuradas ou com revestimento degradado ou, ainda, em defeitos de
estanquidade de elementos construtivos confinantes.
Em situações menos correntes, a água pode ter origem em humidade da fase de construção ou em
molhagens fortuitas posteriores (sistemas de rega, lavagem de paredes, etc.)

Consequências

Degradação do aspecto e das condições de conforto e salubridade. Degradação dos revestimentos, em


particular no caso das criptoflorescências e dos sais higroscópicos.
Quando o fenómeno é associado à humidade ascensional, com origem no solo, os sais contribuem para
uma mais acentuada deterioração da faixa de separação entre a zona seca e a zona húmida da base das
paredes.

Estratégia de reabilitação

A reabilitação sintomática consiste na escovagem a seco dos suportes, com sua posterior estabilização e
reabilitação, se necessário. Em casos com deterioração mais acentuada pode ser necessário recorrer a
uma substituição parcial dos revestimentos.
Exige-se, sempre, uma prévia eliminação da fonte de humidade ou a criação de barreiras que impeçam o
seu acesso à parede. Quando a humidade tem origem em infiltrações por acessórios, ligações ou
elementos construtivos confinantes, deve proceder-se à sua reparação prévia.
Em situações de manifestação ocasional (por exemplo, Invernos mais rigorosos), pode ser suficiente o
processo de limpeza, após adequada secagem.
Não é expectável a eliminação integral dos sais por sucessivos processos de lavagem.

34
Humidade: Fichas de Patologia

Eflorescências em cunhal de edifício


com tijolo face-à-vista depois de
Inverno muito severo

Pormenor da formação de
eflorescências sobre tijolo-à-vista

Formação de criptoflorescências em
parede rebocada e pintada, sujeita a
infiltrações

35
Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação

ESCORRÊNCIAS

Descrição sumária do defeito ou anomalia

Formação de sais, em geral de cor esbranquiçada, em forma de escorrência sobre a superfície das
paredes, a partir de zonas ou pontos, facilmente identificáveis.
A manifestação é particularmente visível quando em revestimentos de cor escura e em elementos
cerâmicos de barro vermelho.

Causas possíveis

A principal causa é a lixiviação do hidróxido de cálcio dos componentes do revestimento,


nomeadamente do suporte (reboco, cimento-cola, etc.), por passagem de água da chuva que
posteriormente sai em pontos localizados da superfície da parede (fissuras, zonas mais permeáveis,
pontos singulares, etc.).
A água da chuva atinge as argamassas em quantidade suficiente para provocar este fenómeno,
sobretudo, em paredes muito porosas ou degradadas, paredes fissuradas, paredes com
revestimentos descontínuos de juntas não sobrepostas ou não tomadas. Tal como noutros casos de
infiltrações, a água pode atingir o interior da parede através de elementos construtivos confinantes ou
pontos singulares com deficiente estanquidade.
As paredes mais expostas e sem protecção superior (por ex. capeamento estanque) são mais
vulneráveis a este tipo de fenómeno.

Consequências

Degradação do aspecto evolutiva. Degradação dos revestimentos, propiciando o aumento


progressivo das infiltrações.
É frequente o fenómeno estar associado a situações de infiltração para o interior da caixa de ar (no
caso das paredes duplas) ou da habitação.

Estratégia de reabilitação

A estratégia de reabilitação assenta, em geral, na reabilitação geral da fachada:


Correcção de pontos singulares e reabilitação de elementos confinantes não estanques;
Reparação, substituição ou reforço do revestimento exterior das paredes, para limitar a entrada
de água;
Limpeza e acabamento decorativo das fachadas, se possível com materiais menos sensíveis ao
fenómeno, nomeadamente de cor mais clara.
Em situações de maior gravidade, em que o fenómeno corresponda à fissuração acentuada e
generalizada da parede, pode ter que se recorrer a revestimento correctivo complementar (reboco
delgado armado, por exemplo). Em casos de grave deterioração do revestimento e do suporte pode
recorrer-se a um sistema de revestimento independente.

36
Humidade: Fichas de Patologia

Escorrências em revestimento
cerâmico aplicado sobre guarda de
varanda, face à deficiente
impermeabilização do piso

Escorrências pontuais em parede


executada com blocos de betão “split”,
de grande porosidade

Escorrências (com franca formação de


cristais) em parede muito fissurada e
muito exposta à acção da chuva

37
Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação

INFILTRAÇÃO EM ZONA CORRENTE

Descrição sumária do defeito ou anomalia

Humidificação acentuada de determinadas zonas da face interior das paredes exteriores, como
maior ou menor extensão, geralmente associadas a manchas com coloração ligeira e auréola
suficientemente definida, por faixa de cor mais escura e/ou formação de sais.
Em situações menos recentes ou de maior gravidade, as manchas podem tornar-se bastante
escuras, por desenvolvimento de fungos e bolores, com diminuição da auréola e frequente
escamação do revestimento ou pintura.
Em situações limite, podem observar-se gotejamento ou fios de água, a partir de microfissuras
criadas no paramento.

Causas possíveis

As infiltrações de água da chuva em zona corrente de paredes de fachada estão associadas à


ineficácia ou deterioração do sistema parede/revestimento ou aos seus defeitos mais localizados
(fissuras pontuais, destacamento ou desagregação local do revestimento, etc.). Constitui, em geral,
factor de agravamento a maior exposição à chuva, a ausência de protecções superiores
(capeamentos de platibandas), a criação de caminhos preferenciais de escorrência da água sobre as
paredes.
No caso de revestimentos estanques, as infiltrações estão associadas à sua ineficácia ou
deterioração. No caso de revestimentos de impermeabilização, considera-se que é o conjunto
parede-revestimento que não está a cumprir a sua função, por exemplo, por deficiente execução da
caixa de ar (nas paredes duplas) e da sua caleira inferior e sistema de drenagem.

Consequências

Degradação do aspecto e das condições de conforto e salubridade. Degradação progressiva dos


revestimentos, propiciando o aumento, também progressivo, das infiltrações.

Estratégia de reabilitação

A estratégia de reabilitação assenta, em geral, na reabilitação geral da fachada:


Correcção de defeitos localizados (fissuras, destacamentos, etc.);
Reparação, substituição ou reforço do revestimento exterior das paredes, para limitar a entrada
de água;
Limpeza e acabamento decorativo das fachadas.
Em situações de maior gravidade, em que o fenómeno corresponda à fissuração acentuada e
generalizada da parede, pode ter que se recorrer a revestimento correctivo complementar (reboco
delgado armado, por exemplo). Em casos de grave deterioração do revestimento e do suporte pode
recorrer-se a um sistema de revestimento independente.

38
Humidade: Fichas de Patologia

Parede de fachada com fissuração


generalizada que propicia infiltração por
todo o paramento

Infiltração em zona de parede em


contacto com o solo

Infiltração generalizada por parede


revestida com ladrilho cerâmico,
completamente deteriorada

39
Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação

INFILTRAÇÃO EM PONTOS SINGULARES

Descrição sumária do defeito ou anomalia

Humidificação acentuada, mas localizada, da face interior das paredes exteriores, geralmente
associada a manchas com coloração ligeira, com irradiação a partir das proximidades de um ponto
singular da parede e auréola suficientemente definida, por faixa de cor mais escura e/ou formação
de sais.
Em situações menos recentes ou de maior gravidade, as manchas podem tornar-se bastante
escuras, por desenvolvimento de fungos e bolores, com diminuição da auréola e frequente
escamação do revestimento ou pintura.
Em situações limite, podem observar-se gotejamento ou fios de água, a partir de microfissuras
criadas no paramento.

Causas possíveis

As infiltrações de água da chuva em pontos singulares de paredes de fachada (arestas, cunhais,


contorno dos vãos, reentrâncias, cornijas, zonas de fixação de acessórios, juntas de dilatação, etc.)
estão em geral associadas à fissuração frequente dessas zonas, por concentração de tensões, à falta
de estanquidade das zonas de ligação entre materiais distintos (com rigidez e movimentos naturais
também distintos), à deterioração da vedação das juntas e ligações (envelhecimento de mástiques,
etc.), à ineficácia ou inexistência de elementos de protecção (capeamentos, etc.) ou à deficiente
concepção geométrica ou execução de juntas e ligações propiciando a entrada da água que escorre
sobre a parede por simples acção da gravidade ou com o auxílio da acção cinética do vento. Em
juntas de dimensão reduzida (em geral inferior a 0,5 mm), pode ainda verificar-se infiltração por
capilaridade.
As fixações de tubos de queda, antenas e outros acessórios são frequentes pontos de entrada de
água, que pode ter particular afluxo ao escorrer ou transbordar desses equipamentos.

Consequências

Degradação do aspecto e das condições de conforto e salubridade. Degradação progressiva dos


revestimentos, propiciando o aumento, também progressivo, das infiltrações.

Estratégia de reabilitação

A estratégia de reabilitação assenta, em geral, na reabilitação localizada da fachada:


Correcção de defeitos localizados (fissuras, destacamentos, etc.);
Correcção dos pontos singulares, com eventual protecção complementar ou mesmo demolição e
reconstrução adequada;
Limpeza e acabamento decorativo das zonas afectadas, quer no exterior, quer no interior,
podendo ser necessário estender essa acção à totalidade da área do pano de parede, à fachada
ou ao compartimento.
Em situações de maior gravidade ou incompatibilidade de revestimentos correctivos localizados com
a restante área de fachada, pode ter que recorrer-se a revestimento correctivo em toda a parede.

40
Humidade: Fichas de Patologia

Infiltração localizada em soleira de


porta

Infiltração pelo canto de um vão


envidraçado, eventualmente na zona
de ligação do peitoril

Remate do caixilho de janela não


convencional com deficiente vedação,
propiciando infiltração pontual

41
Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação

INFILTRAÇÃO FORTUITA

Descrição sumária do defeito ou anomalia

Humidificação acentuada, mas geralmente localizada, de paredes, pavimentos ou tectos interiores


ou ainda da face interior das paredes exteriores, geralmente associada a manchas com coloração
ligeira, com irradiação a partir de uma zona específica.
Frequente destacamento de revestimento de pavimentos e aparecimento de água na base das
paredes.
As manifestações são frequentemente distantes da zona da origem da água, face à sua provável
migração por dentro dos elementos construtivos, por caminhos preferenciais.

Causas possíveis

As infiltrações fortuitas em elementos construtivos interiores têm origem, frequentemente, em roturas


da canalização de abastecimento de água, aquecimento central ou rede predial de esgotos
domésticos ou pluviais. A infiltração pode ser contínua ou intermitente (nomeadamente quando é
localizada em acessórios das instalações que sofrem variações de pressão ou temperatura).
Outros equipamentos ou acessórios podem dar origem a infiltrações fortuitas, sendo recorrente a falta
de estanquidade de caixas de esgotos, ligação dos equipamentos sanitários às tubagens, falta de
vedação periférica de banheiras, lava-loiças, etc.
Também dá origem a fenómenos de infiltração fortuita a lavagem recorrente ou com água abundante
de pavimentos interiores sem a adequada estanquidade ou com deficiências ou deterioração dos
dispositivos de drenagem correspondentes.
Para além da inspecção visual criteriosa das instalações, o diagnóstico pode recorrer a testes de
pressão da tubagem de abastecimento de água, à coloração de esgotos ou ao mapeamento do teor
de humidade dos elementos construtivos, com recurso, por exemplo, a técnicas de termografia.

Consequências

Degradação do aspecto e das condições de conforto e salubridade. Degradação progressiva dos


revestimentos e dos seus suportes. Frequente deterioração de instalações eléctricas e equivalentes,
quando embebidas nas paredes.

Estratégia de reabilitação

A estratégia de reabilitação assenta na reparação ou substituição dos equipamentos e canalizações


que dão origem às infiltrações, seguida da secagem, saneamento e reparação dos revestimentos
afectados.

42
Humidade: Fichas de Patologia

Infiltração localizada e fortuita, por


acidente na vedação/estanquidade de
tubo de queda

Infiltrações (de dentro para fora) em


bateria de balneários desportivos com
rotura de canalizações ou acessórios
não estanques

Infiltração pontual e fortuita por


deficiência da fixação do tipo de queda
à parede

43
ANEXOS
Anexo I
ACETATOS DE APOIO ÀS AULAS
(antigos)

J. A. R. Mendes da Silva
Acetatos de Apoio às Aulas (antigos)

49
Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação

50
Acetatos de Apoio às Aulas (antigos)

51
Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação

52
Acetatos de Apoio às Aulas (antigos)

53
Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação

54
Acetatos de Apoio às Aulas (antigos)

55
Humidade na Construção. Síntese das Causas e Estratégias de Reabilitação

56

Você também pode gostar