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Relatividade geral 1

Relatividade geral
Em Física, a relatividade geral é a generalização da Teoria
da gravitação de Newton, publicada em 1915 por Albert
Einstein e cuja base matemática foi desenvolvida pelo
cientista francês Henri Poincaré. A nova teoria leva em
consideração as ideias descobertas na Relatividade restrita
sobre o espaço e o tempo e propõe a generalização do
princípio da relatividade do movimento de referenciais em
movimento uniforme para a relatividade do movimento
mesmo entre referenciais em movimento acelerado. Esta
generalização tem implicações profundas no nosso
conhecimento do espaço-tempo, levando, entre outras
conclusões, à de que a matéria (energia) curva o espaço e o
tempo à sua volta. Isto é, a gravitação é um efeito da
geometria do espaço-tempo.

Muitas previsões da relatividade geral diferem


significativamente das da física clássica, especialmente no que
respeita à passagem do tempo, a geometria do espaço, o
movimento dos corpos em queda livre, e a propagação da luz. Einstein, autor da teoria da relatividade, em 11 de fevereiro
Exemplos de tais diferenças incluem dilatação gravitacional de 1948

do tempo, o desvio gravitacional para o vermelho da luz, e o


tempo de atraso gravitacional. Previsões da relatividade geral foram confirmadas em todas as observações e
experimentos até o presente. Embora a relatividade geral não é única teoria relativística da gravidade, é a mais
simples das teorias que são consistentes com dados experimentais. No entanto, há questões ainda sem resposta,
sendo a mais fundamental delas explicar como a relatividade geral pode ser conciliada com as leis da física quântica
para produzir uma teoria completa e auto-consistente da gravitação quântica.

A teoria de Einstein tem importantes implicações astrofísicas. Ela aponta para a existência de buracos negros -
regiões no espaço onde o espaço e o tempo são distorcidos de tal forma que nada, nem mesmo a luz, pode escapar -
como um estado final para as estrelas maciças . Há evidências de que esses buracos negros estelares, bem como
outras variedades maciças de buracos negros são responsáveis pela intensa radiação emitida por certos tipos de
objetos astronômicos, tais como núcleos ativos de galáxias ou microquasares. O desvio da luz pela gravidade pode
levar ao fenômeno de lente gravitacional, onde várias imagens do mesmo objeto astronômico distante são visíveis no
céu. A relatividade geral também prevê a existência de ondas gravitacionais, que já foram medidas indiretamente;
uma medida direta é o objetivo dos projetos, tais como o LIGO. Além disso, a relatividade geral é a base dos atuais
modelos cosmológicos de um universo sempre em expansão.
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Preliminares conceituais
Uma das descobertas mais importantes do século XX, feita por Einstein, é a de que podemos apresentar as leis da
Física na forma de uma geometria quadridimensional, em que o tempo é uma dimensão adicional às três dimensões
espaciais a que estamos habituados (como as coordenadas x,y e z).
Das ideias que levaram à Relatividade restrita, sem dúvida a mais importante para se entender o papel da gravitação
na Física é a ideia, chamada de princípio da relatividade, de que as leis da física devem ser escritas da mesma
forma em qualquer referencial inercial. Este princípio deve ser obedecido por qualquer lei da Física que venha a ser
expressa nesse contexto.
Einstein supôs que a gravidade, devido ao princípio da equivalência entre massa inercial e gravitacional, seria um
tipo de força inercial, isto é, do tipo que aparece em sistemas não inerciais (em movimento acelerado), como, por
exemplo, a força centrífuga em um carrossel, ou a força que o empurra para trás durante a aceleração de um trem.
Com esta ideia em mente, e generalizando a ideia da Relatividade restrita, Einstein propôs que:
As leis da física devem ser escritas da mesma forma em qualquer sistema de coordenadas, em movimento
uniforme ou não.
É por esta via da covariância sob mudança de coordenadas generalizadas que a gravitação se acopla ao
eletromagnetismo e à mecânica clássica, para os quais foi direcionado o desenvolvimento inicial da Relatividade
restrita.
Laboratórios em órbita ou em queda livre são o que temos na Terra de mais próximo de um referencial localmente
inercial. Portanto, se for necessário realizar um experimento em um local livre de forças externas, há duas opções na
Terra: entrar em um avião, subir até algumas dezenas de quilômetros de altura e deixar-se cair em queda livre (dentro
de um avião, num voo parabólico), ou usar qualquer uma estação espacial em órbita.

O Princípio da Relatividade Geral


O postulado base da Teoria da Relatividade Geral, chamado de Princípio da Equivalência, especifica que sistemas
acelerados e sistemas submetidos a campos gravitacionais são fisicamente equivalentes. Nas próprias palavras de
Einstein em seu trabalho de 1915:
Nós iremos portanto assumir a completa equivalência física entre um campo gravitacional e a correspondente
aceleração de um sistema de referência. Esta hipótese estende o princípio da relatividade especial para
sistemas de referência uniformemente acelerados.
Por esse princípio, uma pessoa numa sala fechada, acelerada por um foguete com a mesma aceleração que a da
gravidade na Terra ( ), não poderia descobrir se a força que a prende ao chão tem origem no campo
gravitacional terrestre ou se é devida à aceleração da própria sala através do espaço e vice-versa. Uma pessoa em
uma sala em órbita ou queda livre em direção a um planeta não saberá dizer por observação local se encontra em
órbita ao redor de um planeta ou no espaço profundo, longe de qualquer corpo celeste. Esse experimento mental é
conhecido na literatura como o elevador de Einstein.
Esse princípio é válido apenas para vizinhanças pequenas do ponto considerado, e determina o chamado referencial
localmente inercial através de uma lei de transformação entre o referencial do observador (genérico) e um em que a
Física se assemelha àquela da Relatividade restrita.
Uma consequência importante do Princípio da Equivalência é a identificação entre os conceitos de massa inercial e
massa gravitacional. Embora isso pareça óbvio, conceitualmente elas são distintas. A massa inercial é aquela
expressa na segunda lei de Newton, , e corresponde à resistência dos corpos em mudar seu estado de
movimento relativo. A massa gravitacional é aquela da lei da gravitação universal de Newton, e corresponde à
capacidade que um corpo tem de atrair outro. Identificando um referencial acelerado a uma força gravitacional, esses
conceitos se confundem, e as massas se tornam a mesma entidade. A diferença medida experimentalmente entre elas
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é inferior, em proporção, a .
O Princípio da Equivalência tem, portanto, como principal consequência, a equivalência entre massa gravitacional e
inercial.

A ligação com a geometria


O Princípio da Equivalência põe em pé de igualdade todos os referenciais. Uma consequência disso é que um
observador movendo-se livremente em seu referencial pode ver-se em um estado de movimento diferente do visto
por um observador em outro ponto do espaço. Voltando ao exemplo do elevador: um observador dentro de uma nave
espacial em órbita se vê completamente livre de forças inerciais, o que para ele significa que o seu referencial é
localmente inercial (em repouso, ou movendo-se uniformemente, segundo a primeira lei de Newton). Um observador
na Terra constata que a nave não está em movimento retilíneo, mas em órbita ao redor da Terra.
A maneira de se lidar com essas diferenças é escrever em um referencial genérico a equação de movimento
observada no referencial localmente inercial, através da equação que determina a transformação de referenciais.
No referencial localmente inercial, não há acelerações nas trajetórias das partículas, o que significa:

onde é um índice que varia de 0 a 3, sendo a coordenada do tempo, e , e as coordenadas espaciais,


e é o tempo próprio do referencial.
A equação que rege a mudança de referenciais é genericamente escrita como:

que corresponde ao jacobiano associado à mudança de coordenadas.


Aplicando essa lei de transformação na equação de movimento, resulta:

Essa é a equação da geodésica, que nada mais é do que a equação de movimento de um corpo em um referencial
genérico. Ou seja, se em um referencial localmente inercial um corpo executa movimento retilíneo uniforme, em um
referencial genérico o mesmo corpo percorrerá ao longo do espaço-tempo uma curva chamada de geodésica, que não
necessariamente é uma linha reta nesse referencial.

O objeto que aparece na equação da geodésica é chamado de conexão (um dos símbolos de Christoffel), e
representa uma medida de quanto um dado referencial não é inercial. Nos referenciais inerciais as conexões são
sempre iguais a zero.
Assim, uma vez que as geodésicas são diferentes, as geometrias do espaço-tempo nos dois casos são diferentes. Isso
é uma característica puramente geométrica do espaço-tempo, que deve ser expressa em função apenas das suas
propriedades.
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Geometria do espaço-tempo
A ideia importante para se entender a fundo os conceitos básicos da
Relatividade geral é entender o que significa o movimento de um corpo
neste espaço-tempo de 4 dimensões. Não existe movimento espacial
sem movimento temporal. Isto é, no espaço-tempo não é possível a
um corpo se mover nas dimensões espaciais sem se deslocar no
tempo. Mas mesmo quando não nos movemos espacialmente, estamos
nos movendo na dimensão temporal (no tempo). Mesmo sentados em
nossa cadeira lendo este artigo, estamos nos movendo no tempo, para o
futuro. Este movimento é tão válido na geometria do espaço-tempo
quanto os que estamos habituados a ver em nosso dia a dia. Portanto,
no espaço-tempo estamos sempre em movimento, e a nossa ideia de
estar parado significa apenas que encontramos uma forma de não nos
deslocarmos nas direções espaciais mas apenas no tempo (veja o
exemplo deste tipo de geodésica na figura ao lado).

Essa afirmação é importantíssima, e merece esclarecimentos. O motivo Geodésica no espaço-tempo de uma partícula
parada em um ponto do plano x-y
é simples: no plano espacial, se um objeto se desloca de um ponto ao
outro sem se deslocar na direção temporal, a velocidade deste
deslocamento será infinita, já que a velocidade inclui um deslocamento pelo intervalo de tempo, que neste caso seria
zero. E da Teoria da Relatividade especial sabe-se que a maior velocidade possível para algo material, no nosso
universo, é a velocidade da luz. Portanto este resultado da Relatividade especial cria imediatamente no nosso
espaço-tempo duas regiões distintas: uma região a que podemos ter acesso (chamada de tipo tempo), e regiões às
quais não podemos ter acesso imediato (chamadas de tipo espaço). Isto é uma característica diferente da de um
espaço de 4 dimensões qualquer, por exemplo, onde não temos restrição alguma entre as regiões do espaço, nem uma
direção especial.

A relatividade restrita, portanto, impõe sobre a geometria do espaço-tempo uma restrição fundamental e diversa do
que esperaríamos de um espaço euclidiano de quatro dimensões, por exemplo. Esta diferença se reflete na estrutura
básica da geometria.
Podemos mostrar como estas diferenças se refletem na noção de distância, que na Relatividade Especial é chamada
de intervalo, para não invocar a mesma ideia de distância euclidiana. Se quisermos medir a distância entre dois
pontos em um espaço de 3 dimensões, usamos a fórmula de Pitágoras:

Incluindo o tempo para termos o espaço-tempo, poderíamos imaginar uma fórmula equivalente para a distância entre
dois pontos:

Note que tivemos o cuidado de multiplicar o termo temporal por c, a velocidade da luz no vácuo, para termos um
comprimento, uma vez que não faz sentido somar tempo com distância. Para pontos muito próximos (lembre-se que
temos que manter nossa análise local para podermos garantir que estamos em um referencial inercial), podemos
escrever.

Mas isto não reflete a característica essencial do espaço-tempo que estamos discutindo. A distância acima é
simplesmente a distância em espaço euclidiano de 4 dimensões. O que sabemos é que as velocidades espaciais
possíveis são sempre menores que a velocidade da luz:
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E isto, de certa forma, deve ser refletido pela geometria que estamos procurando. E está, como iremos demonstrar.
Elevando ao quadrado para eliminar o módulo acima, e reorganizando os termos, podemos escrever nossa restrição
como:

Repare que a expressão acima é o equivalente matemático do que acabamos de dizer: deslocamentos espaciais
válidos devem ser menores que c dt para que a velocidade do deslocamento seja menor que a da luz. Comparando
esta expressão com a da distância em um espaço euclidiano, dada acima, vemos uma semelhança. Podemos entender
agora que o termo ds :

pode ser utilizado como definição para o cálculo de intervalos no espaço-tempo.


Para completar, precisamos agora entender como esta medida de intervalos pode ser generalizada para um sistema de
coordenadas qualquer.
Em quatro dimensões, usando a notação de Einstein para somas de vetores, podemos escrever o intervalo como
sendo o seguinte:

que nada mais é do que o teorema de Pitágoras generalizado a quatro dimensões. No caso da Relatividade restrita, o
tensor métrico é dado pela seguinte matriz:

Na Relatividade geral, a presença de matéria e energia altera os termos dessa matriz, alterando a métrica do
espaço-tempo. É importante notar que a métrica é uma característica do espaço-tempo e não do referencial; o que
muda ao se passar de um sistema de coordenadas para outro é a expressão da métrica no sistema de coordenadas.
Assim, ela é invariante para todos os referenciais.
Podemos assim determinar uma expressão para as conexões que depende unicamente da métrica em cada ponto.
No entanto, para todo ponto no espaço-tempo podemos definir um referencial localmente inercial, que tem a conexão
igual a zero. Para medir precisamente a diferença entre a geometria de um ponto a outro, é necessário que sejam
analisadas as derivadas das conexões.
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Curvatura do espaço-tempo
Imaginemos agora um observador no espaço profundo. Suponha que
ele esteja parado, isto é, em um movimento geodésico que é uma linha
reta diretamente para o futuro. Se agora colocarmos instantaneamente
ao seu lado uma massa suficientemente grande, a deformação que esta
massa causará no espaço-tempo em sua vizinhança irá curvar e alterar
as coordenadas originais do espaço-tempo no local. O efeito é que
aquele movimento que era apenas uma linha reta na direção temporal
agora passará a ocorrer também nas novas coordenadas espaciais. A
linha se curva e se enrola em torno do corpo enquanto ele se move na
direção do tempo futuro. E nosso observador começa a se mover
espacialmente devido à distorção da geometria causada pela massa,
não devido à presença de uma força. Isto era o efeito que se costuma
chamar de gravidade mas que, à luz desta teoria, é uma distorção da
geometria do espaço-tempo devido à presença de uma massa.
Geódesica no espaço-tempo de uma partícula
próxima a um corpo material

Para ajudar a entender intuitivamente o conceito de curvatura do espaço-tempo por um objeto massivo é comum
usar-se uma analogia com a deformação causada por uma bola pesada numa membrana elástica. (É evidentemente
uma representação um tanto «fantasiosa», pois mostra apenas a curvatura espacial de um espaço de duas dimensões,
sem levar em consideração o efeito do tempo.)
Quanto maior for a massa do objeto, maior será a curvatura da
membrana. Se colocarmos perto da cova criada um objeto mais
leve, como uma bola de ping-pong, ela cairá em direção à bola
maior. Se, em vez disso, atirarmos a bola de ping-pong a uma
velocidade adequada em direção ao poço, ela ficará a "orbitar" em
torno da bola pesada, desde que o atrito seja pequeno. E isto é, de
algum modo, análogo ao que acontece quando a Lua orbita em
torno da Terra, por exemplo.
Na relatividade geral, os fenômenos que na mecânica clássica se
Uma analogia para a curvatura do espaço-tempo
causada por uma massa considerava serem o resultado da ação da força da gravidade, são
entendidos como representando um movimento inercial num
espaço-tempo curvo. A massa da Terra encurva o espaço-tempo e isso faz com que tenhamos tendência para cair em
direção ao seu centro.
O ponto essencial é entender que não existe nenhuma «força da gravidade» atuando à distância. Na relatividade
geral, não existe ação à distância e a gravidade não é uma força mas sim uma deformação geométria do espaço
encurvado pela presença nele de massa, energia ou momento. E uma geodésica é o caminho mais curto entre dois
pontos, numa determinada geometria. É a trajetória que segue no espaço-tempo um objeto em queda livre, ou seja,
livre da ação de forças externas. Por isso, a trajetória orbital de um planeta em volta de uma estrela é a projeção num
espaço 3D de uma geodésica da geometria 4D do espaço-tempo em torno da estrela.
Se os objetos tendem a cair em direção ao solo é apenas devido à curvatura do espaço-tempo causada pela Terra.
Quando um objeto foi lançado no ar, ele sobe e depois cai. Mas não é porque haja uma força a puxá-lo para baixo.
Segundo Einstein, o objeto segue apenas uma geodésica num espaço-tempo curvo. Quando está no ar, não há
nenhuma força a agir sobre ele, exceto a da resistência do ar. Se o vemos a acelerar, é porque, quando estamos
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parados em cima do solo, a nossa trajetória não segue uma «linha reta» (uma geodésica), porque há uma força que
age sobre nós: a força do solo a puxar-nos para cima. Aquilo a que chamamos «força da gravidade» resulta apenas do
fato de a superfície da Terra nos impedir de cair em queda-livre segundo a linha geodésica que a curvatura do
espaço-tempo nos impõe. Aquilo a que chamamos «força da gravidade» é apenas o resultado de estarmos submetidos
a uma aceleração física contínua causada pela resistência mecânica da superfície da Terra. A sensação de peso que
temos resulta do fato de a superfície da Terra nos «empurrar para cima».
Uma pessoa que cai de um telhado de uma casa não sente, durante a queda, nenhuma força gravitacional. Sente-se
«sem peso». Se largar um objeto, ele flutuará a seu lado, exatamente com a mesma aceleração constante (na ausência
da resistência do ar).

Mas, como já se explicou, a analogia apresentada dificilmente se pode considerar uma boa representação do que
realmente acontece. O exemplo que apresentamos anteriormente permite elucidar de um modo mais correto a
curvatura do espaço-tempo, através de efeitos sobre as linhas geodésicas. Em cada ponto do espaço disparamos ou
apenas soltamos uma pequena massa de prova e observamos a sua trajetória. De um ponto de seu referencial inercial
dispare uma massa em cada um dos seus eixos de coordenadas espaciais e observe: obviamente, se elas continuarem
indefinidamente em linha reta, você estará em um espaço-tempo plano (espaço de Minkowski). Caso contrário, as
trajetórias poderão lhe dar informações sobre a curvatura na região. Esta é a melhor maneira pela qual podemos
esperar descrever um objeto que possui 4 dimensões para seres que vivem em apenas 3 dimensões.

Matemática da Relatividade Geral


Para estender as leis da física para o contexto de sistemas de coordenadas gerais, um extenso arsenal de ferramentas
matemáticas deve ser dominado. Mesmo antes do advento da Relatividade Geral, na mecânica clássica, por exemplo,
uma quantidade enorme de trabalhos foram desenvolvidos para se trabalharem os sistemas físicos em diversos
sistemas de coordenadas: sistemas de coordenadas cartesianos, esféricas, cilíndricas, etc. Apesar dos nomes, nenhum
destes sistemas de coordenadas utilizados na Física Matemática é geral o bastante para causar alteração na
geometria. Eles são formas de se aproveitarem as simetrias do problema e ajudam, portanto, a simplificar a solução.
Na Relatividade Geral precisamos estender este conhecimento para transformações de coordenadas que alterem a
geometria do espaço-tempo. Para isto são necessárias uma síntese e uma generalização deste conhecimento
matemático em um novo cálculo, o Cálculo Tensorial. Por sorte, esta síntese estava sendo criada pelo matemático
Tullio Levi-Civita, baseando-se nos trabalhos anteriores de Hamilton e Gregorio Ricci-Curbastro, na mesma época
em que Einstein iniciou seu trabalho na Relatividade Geral. De fato, Einstein aprendeu os conceitos diretamente de
Levi-Civitta.
Com esta ferramenta nova, podemos generalizar o conceito de cálculo de intervalos do espaço-tempo, introduzindo o
tensor métrico para o espaço-tempo:

A notação com índices, chamada notação clássica do cálculo tensorial, possui a convenção de que índices repetidos,
um superior e outro inferior, representam uma soma no conjunto de índices. No nosso caso estes índices variam de 0
até 3 para representar o tempo (índice 0), e as coordenadas espaciais. Esta é a mesma expressão que obtivemos
anteriormente se escrevermos o tensor da Relatividade Restrita de forma matricial como:

O ponto importante a se entender aqui é que, no espaço-tempo curvo, o tensor métrico não possui mais seus
elementos constantes como acima. Eles passam a ser funções das coordenadas espaço-temporais que contêm
informações sobre a geometria local. Mesmo assim, a expressão para o cálculo de intervalos ainda continua sendo
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escrita da mesma forma. E isto reflete a ideia básica do cálculo tensorial: permitir escrever quaisquer equações
independentemente do sistema de coordenadas utilizado.
O Tensor métrico é a peça fundamental da teoria da Relatividade Geral e é um tensor simétrico, isto é .
Isto significa que em vez de termos 16 componentes , temos apenas 10 componentes independentes.
O tensor métrico possui informações não só sobre como se calculam as distâncias, mas como se realizam outras
operações geométricas em espaços curvos, como o transporte paralelo de vetores e outros objetos matemáticos. É
através dele que se obtém a expressão para a curvatura do espaço-tempo e se obtém o Tensor de Einstein, utilizado
na equação da Relatividade Geral, que sumariza a interação da geometria com a matéria:

onde é o tensor de Einstein, são as componentes do Tensor de curvatura de Ricci, é a Curvatura


escalar, são as componentes do tensor métrico, é a Constante cosmológica, são as componentes do
Tensor de tensão-energia que descreve a matéria e energia em um dado ponto do espaço-tempo e é a Constante
de gravitação, a mesma da lei de Newton da gravidade. O Tensor de Ricci e a Curvatura Escalar são derivados do
tensor métrico, como dito acima.

Soluções da Equação de Einstein


A primeira solução exata para a equação de Einstein foi proposta por Karl Schwarzschild na chamada Métrica de
Schwarzschild, e é a solução para o caso de uma massa esférica estacionária, isto é, sem rotação da massa. Esta foi
também a primeira solução que descreve um buraco negro.
Soluções da equação de Einstein são obtidas a partir de uma determinada métrica. Propor uma métrica correta é uma
parte importante e difícil do problema. Estas são algumas das soluções conhecidas da Equação de Einstein:
1. Métrica de Schwarzschild.
2. Métrica de Kerr, que descreve o caso de uma massa girante esférica.
3. Métrica de Reissner-Nordstrom, para o caso de uma métrica esférica com carga elétrica.
4. Métrica de Kerr-Newman, para o caso de um massa girante com carga elétrica.
5. Métrica de Friedmann-Robertson-Walker (FRW), usada em cosmologia como modelo de um universo em
expansão.
6. Métrica de Gödel (FRW), usada em cosmologia como modelo de um universo em rotação.
7. Métrica de ondas-pp que descreve vários tipos de ondas gravitacionais.
As soluções (1), (2), (3) e (4) descrevem buracos negros.

Situação atual
A relatividade geral tem emergido como um modelo altamente bem-sucedido de gravitação e cosmologia, que até
agora tem subsistido a cada prova inequívoca de observação e experimentação. Mesmo assim, há fortes indícios de
que a teoria é incompleta.[1] O problema da gravitação quântica e a questão da realidade da singularidade
gravitacional permanecem abertas. Dados de observação que são tomados como prova de energia escura e matéria
escura poderiam indicar a necessidade de uma nova física e, enquanto a chamada Anomalia das Pioneers ainda
poderia admitir uma explicação convencional, ela também poderia ser um prenúncio de uma nova física.[2] Mesmo
considerando essas questões, a relatividade geral é rica em possibilidades de exploração adicional. Matemáticos
relativistas procuram entender a natureza das singularidades e das propriedades fundamentais das equações de
Einstein,[3] e simulações de computador cada vez mais poderosas (como aquelas que descrevem fusão de buracos
negros) são executadas.[4] A corrida para a primeira detecção direta de ondas gravitacionais continua em ritmo
acelerado,[5] , na esperança de criar oportunidades para testar a validade da teoria para campos gravitacionais muito
mais fortes do que foi possível até o momento. [6] Mais de noventa anos após a sua publicação, a relatividade geral
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continua a ser uma área muito ativa de investigação.[7]


[1] Cf. Maddox 1998, pp. 52–59 and 98–122; Penrose 2004, seção 34.1 e capítulo 30.
[2] Nieto 2006.
[3] Friedrich 2005
[4] Para uma análise dos diversos problemas e as técnicas desenvolvidas para superá-los, consulte Lehner 2002.
[5] Veja Bartusiak 2000 para um relato até 2000; notícias atualizadas podem ser encontradas nos sites que investigam as colaborações mais
importantes tais como GEO 600 (http:/ / geo600. aei. mpg. de) e LIGO (http:/ / www. ligo. caltech. edu/ ).
[6] Para estudos científicos mais recentes sobre as polarizações das ondas gravitacionais de binários compactos, consulte Blanchet et al. 2008, e
Arun et al. 2007; para uma revisão do trabalho em binários compactos, consulte Blanchet 2006 e Futamase & Itoh 2006; para uma revisão
geral dos testes experimentais da relatividade geral, consulte Will 2006.
[7] Um bom ponto de partida para uma rápida visão sobre a pesquisa atual em relatividade é a revista eletrônica Living Reviews in Relativity
(http:/ / relativity. livingreviews. org).

Museu de Sobral no Ceará (http://www.sobral.ce.gov.br/sec/cultura/eclipse/).


Brasileiros de Sobral no Local da comprovação do desvio da luz pela massa do sol (como previsto nos calculos
matematicos de Einstein) fizeram um museu que é visitado anualmente por milhares de turistas.
Buracos Negros (http://www.damtp.cam.ac.uk/user/gr/public/bh_home.html) página em inglês.
• Laurent Baulieu ; Introdução à relatividade geral (http://parthe.lpthe.jussieu.fr/DEA/baulieu.html), curso de
introdução ministrado na Escola Politécnica por um pesquisador do Laboratário de Física Teórica de Energias
"Hautes" da Universidade de Paris VI, especialista na teoria quântica do campo. (Fichier PostScript - 53 pages.)
• Luc Blanchet ; Introdução à relatividade geral (I) (http://cdfinfo.in2p3.fr/Transp_GIF/Blanchet/Blanchet1.
html), curso de introdução ministrado na École de Gif-sur-Yvette em 2000 por um pesquisador do Instituto de
Astrofísica de Paris (Meudon), especialista na teoria de Einstein. (15 transparências no format jpeg).
• Luc Blanchet ; à relatividade geral (II) (http://cdfinfo.in2p3.fr/Transp_GIF/Blanchet/Blanchet2.
html''Introdução), continuação do precedente. (75 transparents au format jpeg).
• Ruth Durrer ; Relatividade Geral", aprofundado por estudantes do segundo ciclo da Universidade de Genebra
([[Suíça (http://mpej.unige.ch/~durrer/courses/rela.ps.gz)]) por uma professora do Departemento de Física
Teórica. (Fichier Postscript - 159 pages).
• Gerard 't Hooft ; Introdução geral da relatividade (http://www.fys.ruu.nl/~wwwthe/lectures/genrel.ps), com
introduções do Colégio Caput em 1998 por prix Nobel 1999, 'chercheur' à Instituição para Física Teórica,
Universidade Utrecht(Pays-Bas) (Fichier Postscript - 68 pages).
• Sean M. Carroll ; Leitura de notas sobre a relatividade geral", com aprofundamento em 1997 por um membro do
Instituto para Física Teórica, [[Universidade da Califórnia (http://fr.arxiv.org/abs/gr-qc/9712019)] em Santa
Barbara (EUA) (Fichiers Postscript et pdf - 238 pages)
• Theodore A. Jacobson ; Um espaço-tempo primário, notas de cursantes de um professor do Departamento de
Física, Universidade de Maryland (EUA) (Fichier Postscript - 42 pages).[[John Maddox |Maddox, John (http://
www.glue.umd.edu/~tajac/spacetimeprimer.ps)] (1998), What Remains To Be Discovered, Macmillan, ISBN
0-684-82292-X
• Penrose, Roger (1965), "Gravitational collapse and spacetime singularities", Physical Review Letters 14: 57–59,
doi: 10.1103/PhysRevLett.14.57 (http://dx.doi.org/10.1103/PhysRevLett.14.57)
• Penrose, Roger (1969), "Gravitational collapse: the role of general relativity", Rivista del Nuovo Cimento 1:
252–276
• Penrose, Roger (2004), The Road to Reality, A. A. Knopf, ISBN 0679454438
• Nieto, Michael Martin (2006), "The quest to understand the Pioneer anomaly" (http://www.europhysicsnews.
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• Friedrich, Helmut (2005), "Is general relativity `essentially understood'?" (http://www.arxiv.org/abs/gr-qc/
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• Lehner, Luis (2001), "Numerical Relativity: A review", Class. Quant. Grav. 18: R25–R86, doi:
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