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Formação Discursiva, Redes de Memória e Trajetos Sociais de Sentido: Mídia e Produção de Identidades
Formação Discursiva, Redes de Memória e Trajetos Sociais de Sentido: Mídia e Produção de Identidades
nessa
articulao
entre
sistematicidade
disperso,
os
(...) as formaes ideolgicas comportam, necessariamente, como um de seus componentes, uma ou mais
formaes discursivas interligadas, que determinam aquilo que se pode e se deve dizer (articulado sob a forma de uma
arenga, de um sermo, de um panfleto, de uma exposio, de um programa, etc.) a partir de uma posio dada em
uma conjuntura dada (HAROCHE, HENRY, PCHEUX, 1971, p. 102-103).
3
Definidas como conjunto complexo de atitudes e de representaes que no so nem individuais, nem
universais e que se referem mais ou menos diretamente a posies de classes em conflito umas com as outras"
(HAROCHE, HENRY, PCHEUX, 1971, p. 102).
4
PCHEUX, M. Les Vrits de La Palice. Paris, 1975.
5
Conceito desenvolvido por Althusser em sua leitura de Marx em vrios de seus livros e explicitada, em
1975, em seu texto da Defesa da tese de Amiens: (...) defendi que Marx tinha uma idia distinta de Hegel
sobre a natureza duma formao social; e pensei poder manifestar essa diferena dizendo: Hegel pensa uma
sociedade como uma totalidade, enquanto Marx a pensa como um todo complexo, estruturado e com uma
dominante (...) para marcar que na concepo marxista duma formao social tudo se relaciona, a
independncia de um elemento no mais do que a forma da sua dependncia, e o jogo das diferenas
regulado pela unidade de uma determinao em ltima instncia: o todo marxista complexo e desigual.
(1977, p. 146-148)
Trata-se, aqui, de afirmao feita por Pcheux na Introduo da revista Langages, nmero 37,
1975.
Essa aproximao tambm realizada nos trabalhos dos historiadores do discurso (J. Guilhaumou,
Rgine Robin, Denise Maldidier etc), embasando as anlises das inter-relaes entre a materialidade do
discurso e a Histria.
disperso do arquivo, momentos de regularidade, de sistematicidades que embora instveis permitem a inteligibilidade de certas escolhas temticas
num dado momento histrico13. Mais do que uma forma geral ou o esprito de
uma poca, os trajetos temticos so feixes de relaes e de deslocamentos.
o que procurarei mostrar numa breve anlise de discursos miditicos sobre o
casamento, a seguir.
Em 1977, momento de implantao da lei do divrcio, os sentidos sobre
o casamento so instveis, no Brasil. Em muitas prticas discursivas da
mdia brasileira, o tema objeto de enunciados polmicos que fazem deslizar
sentidos tradicionalmente assentados. Essa polmica coloca em confronto
diferentes FDs a partir do agenciamento coletivo das enunciaes, produzindo
trajetos temticos que reiteram ou polemizam as relaes e os papis
masculinos e femininos:
Propaganda 1
13
Propaganda 2
Na base dessa formulao est o conceito foucaultiano de FD: Sempre que se puder descrever, entre um certo
nmero de enunciados, semelhante sistema de disperso e se puder definir uma regularidade (uma ordem,
correlaes, posies, funcionamentos, transformaes) entre os objetos, os tipos de enunciao, os conceitos, as
escolhas temticas, teremos uma formao discursiva (FOUCAULT, 1986, p.43) .
Propaganda 3
Propaganda 4
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Branca e radiante vai a noiva... Logo a seguir, o noivo amado... (La novia, cano de Joaquim Pietro, verso de
Fred Jorge, grande sucesso do final dos anos 1950, interpretada por Cauby Peixoto e ngela Maria.
do
a.
b.
15
Segundo Pcheux (1997, nota 26, p. 65) esse carter oscilante do registro do ordinrio do sentido no foi levado em
conta nas primeiras formulaes da AD francesa. Esse um dos pontos fracos da reflexo althusseriana sobre os aparelhos
ideolgicos e de suas primeiras aplicaes na AD, pois ento se pensava a reproduo dos sentidos fechada no inferno da
ideologia dominante.
Referncias bibliogrficas
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Langages, Paris, nmero 62, 1981.
FOUCAULT, Michel. A Arqueologia do Saber. Rio de Janeiro, Forense
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FOUCAULT, M. Les Techniques de soi. In: Dits et crits. Paris, Ed.
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Michel Foucault. Uma trajetria filosfica. Para alm do estruturalismo e da
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GUILHAUMOU, Jean-Jacques. Les historiens du discours et la notionconcept de formation discursive. Rcit dune transvaluation immanente. (no
prelo)
GUILHAUMOU, J.J.; MALDIDIER, D. Effets de larquive. Lanalyse de
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HAROCHE, CLaudine ; HENRY, Paul ; PCHEUX, Michel. La smantique
et la coupure saussurienne : langue, langage, discours. Langages. Paris,
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PCHEUX, Michel. Introduction. Langages. Paris, nmero 37, p. 3-6, 1975.
PCHEUX, Michel. Semntica e discurso. Uma crtica afirmao do bvio.
Campinas, Ed. da Unicamp, 1975; 1988.