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Jesus o Gênio do Marketing

Avelar Jr. Cristianismo, Críticas Eclesiásticas, Do Púlpito, Marketing evangélico terça-feira, 30 de março de 2010

Por Avelar Jr.

Vendo TV e notícias na internet, logo constato que os programas e eventos organizados pelas igrejas estão ficando cada vez mais
exóticos e excêntricos. Os apelos evangelísticos lançados ao proselitismo nos templos e nas ruas pelos novos pouco menos de 20% de
evangélicos que ganhamos nos últimos anos têm mudado a cara da igreja cristã e rompido com os velhos paradigmas.

Não consigo enxergar muita semelhança na mensagem e no modo de transmiti-la quando comparo as igrejas modernas com Jesus
Cristo. O evangelismo acelera para a bancarrota total da apostasia, uma vez que tem buscado agradar e refletir mais os anseios
egoístas dos homens do que a Deus e sua palavra.

Jesus era o fiasco do marketing. Ele era aquele que, a julgar pelas estratégias e métodos de propaganda e divulgação atuais, deveria
ter sido o aluno esquisito, o irritante, o do contra, o baderneiro do fundão da sala de aula – o irônico e politicamente incorreto. E o motivo
é muito simples: enquanto as igrejas tentam propagar o evangelho tornando-o mais apetecível, cômodo, promissor e atraente para os
seus “consumidores”, “usuários”, “espectadores” e “clientes”, Jesus fazia o contrário: ele praticamente “espantava” os aspirantes a
seguidores valendo-se de desafios, dificuldades e exigências, fazendo com que muitos deles, especialmente os mais ambiciosos,
tímidos, interesseiros e intransigentes desistissem antes mesmo de tentar segui-lo.

Ele era péssimo propagandista. Conseguiu arrebanhar, confundir e dispersar multidões, irritar autoridades, expor o verdadeiro caráter
de seus contemporâneos, dividir uma religião e desprezar todas as demais (pondo-se como único camnho para Deus) e contrariar o
mundo.

Ele estabeleceu uma nova ordem, apresentando-se como servo e como Deus: o Caminho, a Verdade e a Vida, o Salvador do Mundo: o
que o distinguia de todos os outros que o antecederam. O Homem era uma dinamite implodindo o sistema. Conseguiu a proeza de,
mesmo sendo muito carismático e acessível a todos, diminuir o número de seus seguidores de setenta e dois para doze, sendo que um
deles, desde o princípio, era um joio do mal, e, mesmo assim, antiestrategicamente (em relação ao marketing), foi escolhido por ele,
para tentar destrui-lo.

Jesus terminou sua vida terrena numa cruz, deixado por quase todos os que o seguiam, exceto alguns de seus discípulos, sofrendo
vexame e sevícias, abandonado até mesmo por Deus – tudo por causa do nosso pecado.

Ele afirmava pregar um tal “evangelho”, o qual tornou-se obsoleto e desprezível para uma multidão controvertida que o afirma seguir
hoje, a qual se denomina com a palavra que designava aquele ensinamento (“os da boa-notícia”), sem, entretanto, guardar identidade
ideológica e prática com ela – antes contrariando-a, e perdendo, assim, o rumo e a essência da palavra do Senhor.

Ele não usava “jingles” nem “slogans” e apresentava os entraves à sua mensagem até mais enfaticamente do que as benesses
prometidas; atraía pessoas de má-fama e censurava pessoas de boa fama; exigia mudança de vida e renúncia total, perfeição de
caráter e de coração; exaltava os que passam por dificudades e lhes prometia a solução de seus problemas – mas não nesta vida, que
lhes guaradava provações; garantia a todos que o seguissem que não seria fácil, que se conformassem com o pouco, que
dependessem da fé em Deus, e, ainda assim, não permitia que se envergonhassem dele e que o negassem diante dos homens; falava
de pecado, inferno, redenção, perdão, humildade e novidade de vida... E quem não quisesse deixar tudo para trás, incluindo a própria
família, para ser seu discípulo, era julgado indigno: poderia dar meia-volta e ir embora. Jesus era categórico. Com ele não tinha nhe-
nhe-nhém, oba-oba, moleza e nem mas.

Hoje algumas igrejas promovem lutas de boxe, de jiu-jitsu, espetáculos, campanhas de promessas de bênçãos monetárias,
materialismo, curas instantâneas e sem comprovação, centralização das pessoas em torno de uma casta de líderes de moral e
princípios questionáveis, a supremacia do ego, a desimportância do arrependimento, a soberania absoluta e onipotente da fé na fé, o
senhorio divino meramente professo, o discipulado da inquestionabilidade pastoral, a abolição do pensamento, o entorpecimento
espiritual, a carnalidade do aprender, a maldade intrínseca do prazer, e, quando convém, o hedonismo disfarçado de cristianismo,
alianças políticas escusas em busca do poder temporal, um deus subserviente, um salvador mosca-morta e um espírito de baderna,
loucura e confusão, um diabo com atrbutos divinos e uma mensagem que agrega indivíduos a empresas de família com fachada de
igreja, destinadas a enriquecimento ilícito de seus donos, cobertura de crimes e extorsão da fé alheia.

Toda esta cloaca humana, infelizmente, é chamada de “evangelho” hoje. E é divulgada como uma espécie de “commodities” de grife
eclesiástica, utilizando-se do melhor (e do pior) que a ciência da propaganda pode fazer. Nada tão oposto ao que Jesus pretendeu.

Como eu dizia, Jesus implodia o sistema para fazer novas todas as coisas. Muitas “igrejas” apenas rebolam para se encaixar no
obsoleto sistema mutante da moda humana, que, em breve, será conjugado no pretérito, para sempre, e relegado ao esquecimento
eterno, porque já foi condenado e pregado na cruz pelo mais-que-perfeito Verbo Divino, o Autor da história.

***
Avelar Júnior é formado em Direito, servidor público, bibliômano, internauta, orkuteiro de carteirinha, liberto do mundo dos videogames.
Ele também têm azedado a vida dos vendilhões postando reflexões inteligentes no Púlpito Cristão

Enterro de Anão
Márcio de Souza Marketing evangélico quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Por Márcio de Souza

Você já viu enterro de anão? Cabeça de bacalhau? Disco voador? Chupa cabras? Não? Pois é, existem milhares de lendas urbanas
circulando no nosso cotidiano. Coisas que todo mundo fala que existe, mas ninguém nunca viu.

Assim é no meio evangélico também. E isso me ajudou a ficar mais cético com relação a algumas coisas que ouvimos hoje em dia. A
história de que existem 35 milhões de evangélicos no Brasil, por exemplo, cadê essa galera? Transformou o que? Outra lenda é a que
professa que a Igreja brasileira está passando por um avivamento. Onde? Quando? Cadê os frutos?

Precisamos parar de repetir o que espalham por aí e o que hoje já tomou lugar de senso comum no meio dos crentes. Precisamos
colocar os pés no chão e enxergar a realidade dura da Igreja brasileira que se gaba por suas “datas comemorativas” conquistadas e se
aliena da missão da Igreja.

E no mais... tudo na mais santa paz!


***
Postou Márcio de Souza, desmistificando lendas urbanas, no Púlpito Cristão
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César Aquino Bezerra disse... 13 de janeiro de 2010 20:26

Até que eu não duvido dessa quantidade. Fazer parte de uma igreja é muito fácil. Já postei em meu blog algo sobre isso.

Minha opinião, como a sua, é: do que adianta se forem 150 milhões de "evangélicos" que não fazem nenhuma diferença para
este mundo perdido. Com tanta crente ser de uma igreja evangélica passará a ser requisito para trabalhar, vender, comprar.
Será símbolo de prestígio. Será como uma marca dos crentes (ou será da besta?).

E, o pior de tudo, do que adianta 35 milhões (ou qualquer outro número de milhões) que se dizem crentes, e o Rei voltar para
Sua Noiva, e a imensa maioria desses crentes ficarem para trás. Do que adiantará os pastores, bispos e apóstolos se
orgulharem de um número imenso de seguidores, se eles e seus fiéis ficarem para trás no Dia do Senhor?

Seria muito bom se esse número imenso representasse verdadeiramente uma imensa multidão de pessoas lavadas pelo sangue
de Cristo, que são não apenas aparências mas também dão frutos, que andam em santidade, comunão, amor e cheios do
Espírito que estão aguardando o corruptível e o mortal se revestirem de incorruptiblidade e imortalidade.

Se fossem 35 milhões de salvos seria muito bom.

Ministério César Aquino Bezerra

Alessandro Cristian disse... 13 de janeiro de 2010 21:36

Outra lenda evangélica: "Deus está levantando uma geração de adoradores"...


Outros mitos seculares: 
- cidadão com a foto da sogra na carteira;
- filho de meretriz com sobrenome "Júnior".

Vera "Estrangeira" disse... 13 de janeiro de 2010 22:12

Podemos ser 35 milhões de "evangélicos", mas creio que, se muito, só uns 10% sejam cristãos de verdade, daqueles que
seguem a Cristo, não a ventos de doutrina humana ou a caça às bênçãos perdidas.

Leandro disse... 13 de janeiro de 2010 23:05

É facil resumir o estado evangelico no Brasil, é muito fevor mas pouco temor.

Carlos Eduardo disse... 14 de janeiro de 2010 08:33

Vera, voce é um coração gentil e positivista, se 3.5 milhões de pessoas fossem cristãs de verdade no brasil, as coisas seriam
muito diferentes... Em relação aos 35 milhões de evangélicos, quando acaba a segregação? Se for pra considerar números
evangélicos, coloquemos tambem números de todas as outras religiões que se dizem cristãs no Brasil... nenhuma é melhor que
a outra, todas dotadas de acertos e erros, esse partidarismo cristão é absolutamente irritante...

Wallas José Saraiva Bastos disse... 14 de janeiro de 2010 08:41

alô Leo!!!Estamos de volta e a todo vapor!!Realmente, esse tal avivamento atualmente no Brasil e´um sonho, um idela a ser
realizado...tudo que tá acontecendo aqui é modismo, movimento...avivamento é trazer vida, e a igreja brasileira está morta, sem
amor pelas almas e por seus membors...em virtude disso, quero compartilhar com vc mais uma criação, para bater, escurraçar
essa corja de empresários da fé que apagaram a chama do Espírito Santo na igreja tupiniquim...conheça o Diário Protestante,
mais uma de nossas armas para bater de frente com os mercadores da fé...mas já vou avisando, tem de ter estômago de João
Batista para ler ein!!

http://www.diarioprotestante.blogspot.com/

Hamilton disse... 14 de janeiro de 2010 14:49

Meus irmãos e especialmente Leonardo, penso exatamente como vcs e pra não repetir tudo e outras tantas tolices que circulam
no "meio" "gospel" ,gostaria de refletir com vcs até que ponto tudo que vivemos nos últimos anos não se deve ,além da
existência da "bendita" teologia da prosperidade com seu cristianismo de lógica capitalista selvagem ,entre tantas outras pseudo
doutrinas há uma chamada "teologia da dominação". Isto tem muito a ver com estas lendas a que vcs se referiram. Não
encontrei muito material sobre o tal assunto mas tudo ,mais ou menos, resumisse na ideia de que o "Reino de Deus" deve ser
trazido a terra por seus ungidos na forma de poder politico,dominação cultural ,etc... Eu ,particularmente discordo e repudio a
idéia.Isso nunca deu certo e só trouxe prejuízo ao mundo e principalmente a igreja que serviu a interesses políticos e
ideológicos.O reino de Deus é dentro da gente e a experiência é pessoal.Até que ponto há avivamento e até que ponto é tudo
fruto desta obcessão por poder (político,cultural,ideológico) de certos "Ministérios " que só pensam em crescer,crescer até
perder as estribeiras?
O Brasil tinha a décadas um movimento cristão rigoso que não era popular por primar pela fidelidade ,ultimamente no entanto
abriu-se mão da fidelidade,"Gezuiz" é muito popular as custas de marketing e mil e uma extratégias de poder e dominação e a
qualquer custo o "Nome de Gezuiz" é "pregado' .Será que vale a pena? Os frutos estão aí.Quem plantou que colha.

Reunião em Nome do Senhor disse... 22 de março de 2010 13:40

Esse artigo termina com: "...e se aliena da missão da Igreja".

Por favor, Alguém pode me dizer qual é a missão da Igreja????

Bem-vindo ao Púlpito Cristão: Um blog para quem não é manipulado!

Este blog respeita opiniões divergentes, porém...

1. NÃO nos obrigamos a publicar comentários ANÔNIMOS. Usar o anonimato para criticar, além de ser uma prática criminosa, é uma
atitude extremamente covarde.

2. NÃO publicamos PALAVRÕES. Sabemos que a conduta de certos vendilhões é revoltante, mas tente não xingar a mãe de ninguém!
(risos)

3. Nós refutamos HERESIAS com a Bíblia. Então, não venha com aquela lenga-lenga de que "não toque no ungido", ou ainda aquela
clássica de que "crente não pode julgar". Se você ainda acha que crente tem que ficar mudo enquanto falsos profetas acabam com a
dignidade da igreja, acho bom começar lendo estes artigos:

* Crente pode julgar? - Por Ciro Sanches Zibordi


* Julgando os críticos ou criticando os juízes? - Por Jonara Gonçalves
* Julgar é bíblico? O conselho de Gamaliel e o pensamento cristão - Por Leonardo Gonçalves

Que Deus te abençoe!

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