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A Indulgência católica e a Prosperidade evangélica

Posted: 09 Apr 2010 09:15 AM PDT

Graça e Paz!

E stive refletindo em dois cenários aparentemente diferentes e gostaria de compartilhar isto com vocês, queridos leitores.

No século XVI a Igreja Católica Apostólica Romana fazia o que chamamos de venda de indulgências. Mas o que é isso? Indulgência pode
ser compreendido como perdão e/ou remissão total pelos pecados, o que objetivava a saída da alma de uma pessoa do chamado purgatório
(lugar de tormento que não era necessariamente o inferno, mas um lugar de “purificação”) para sua definitiva entrada no Céu.

Pois bem, a igreja (ou pelo menos uma parte dela) literalmente vendia este perdão dos pecados, ao ponto de a conhecida frase ser
declarada por alguns sacerdotes: “Assim que uma moeda tilinta no cofre, uma alma sai do purgatório”. Era uma situação terrível, pessoas
vendiam tudo quanto possuíam em busca da salvação da alma de um ente querido que acabara de morrer. Formou-se então um mercado
da salvação, onde quem dava mais, salvava mais e melhor. Até que Martinho Lutero entra em cena e apregoa suas 95 testes.

E  cá estamos no século XXI, e como estamos?

Isto é algo que eu jamais gostaria de admitir, mas estamos MUITO PIORES do que a igreja católica do século XVI. Por favor, antes de se
escandalizar, peço que analise meus argumentos.

Antes disto, gostaria de descrever o cenário “gospel” tupiniquim. A cada dia somos arrastados por enxurradas de heresias. Os ditos cristãos
não vivem mais a sã doutrina pregada por Cristo: Amor a Deus e ao próximo (Mateus 22.37-40).
Vemos crentes pulando de instituição em instituição, correndo atrás da maior moda do momento, ou então atrás do milagre mais
fantástico, como se estivessem em um circo.

Vemos pessoas egoístas que buscam um deus com quem possam barganhar para ter os problemas que elas mesmas criaram resolvidos.
Temos visto cristãos egoístas e indiferentes ao sofrimento alheio que acreditam que carro importado, mansão e gerência em multinacional
é sinal da aprovação de Deus. Vemos milhares (talvez milhões) de pessoas decepcionadas com o Evangelho. E no centro disto encontramos
“sacerdotes” que cada dia mais utilizam da fome capitalista e de princípios de auto-ajuda, psicologia, regressão, enfim, vale tudo em busca
de mais crientes (cliente + crente). Pessoas que utilizam a Palavra de Deus de maneira equivocada e irresponsável e têm arrastado muitos
para o abismo.

I sto posto, vamos analisar as diferenças entre estas duas épocas do cristianismo. Olhando para os dois cenários, fica óbvio que vivemos
em uma época pior do que há cinco séculos atrás. Veja, na época de Lutero, imperava a ignorância, pois não havia bíblias nas línguas
originais da população e estes não tinham acesso nenhum às Escrituras. Ou seja, o conhecimento estava totalmente detido à elite clerical.
Eles viviam a única perspectiva que possuíam, e pode ser até que não concordassem, mas não tinham escapatória, frente ao poder
econômico, político e social da igreja. Agora o que mais me deixa estarrecido é que o mercado de vendas de indulgências era destinado a
pessoas boas, puras, porque elas vendiam tudo quanto tinham pensando na vida eterna, e muitas vezes, faziam isso sem sequer pensar em
si mesmas, mas em parentes que haviam morrido. Ou seja, embora vivessem no erro, tinham o foco no Céu e eram, até certo ponto,
abnegadas.

Vejamos agora a nossa situação atual: Temos Bíblias não só traduzidas para nossa língua, bem como Bíblias em todos os formatos,
tamanhos, formas, com comentário, anotada, “desanotada”, com fulano comentando o comentário de beltrano, enfim, “nunca na história
deste país” tivemos tanto acesso à Palavra de Deus e ao mesmo tempo, nunca estivemos tão longe daquilo que ele projetou para sua Igreja.

Ao contrário dos altruístas contemporâneos de Lutero, vemos os egoístas contemporâneos dos tele-apóstolos. Aliás, deixe-me fazer um
parêntese aqui. Como é possível ser tele (distante), apóstolo? Como é possível ser apóstolo de longe? Sem conviver, sem se envolver? Esta
me parece ser uma pergunta sem resposta. Pois bem, o que temos visto é uma busca desenfreada por uma benção cada vez maior. O
importante é exibir que Deus tem me abençoado mais porque estou na igreja do Bispo X do que na igreja do Apóstolo Y.

O importante é eu exibir e ostentar uma vida regalada somente nesta vida, sem me importar com a vida vindoura. O importe é o “eu” e não
o “nós”. E vale tudo em busca deste deus: lenços suados, água benzida, digo, abençoada, cajados, correntes de oração, campanhas,
“sacrifícios financeiros”, enfim, tudo para que Deus se sinta obrigado a fazer aquilo que EU quero que Ele faça. Não importa o que Ele
deseja, o importante é que nós nos sintamos bem com nós mesmos (auto-ajuda). 

Fica totalmente evidente que a diabólica teologia da prosperidade é muito pior do que a venda de indulgência, pois em última análise, a
primeira vende vida nesta vida e a segunda, pelo menos, era usada para vender vida eterna.

É  por conta disto que afirmo aqui para quem quiser ouvir:  Necessitamos de uma
outra Reforma. Precisamos sim voltar para o verdadeira Evangelho de Cristo, onde nos tornamos servos e
ao mesmo tempo filhos de Deus, pois foi assim mesmo que o Deus filho se fez: Servo e Filho. Precisamos voltar atrás e retomar o primeiro
amor, antes que seja tarde demais. Olhando para tudo isso me pergunto: Será que haverá tempo para mais uma reforma?

Deus, levante profetas fiéis em nosso meio. Levante o povo remanescente da tua igreja contra esta palhaçada que estão fazendo com a tua
palavra. Precisamos urgente ver a tua mão agir através de nós. É o que eu te peço, em nome de Jesus, amém.

#prontofalei

Posted: 08 Apr 2010 12:48 PM PDT

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