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A

CONTABILIDADE
IDEAL

Fernando Antonio
Dal Piero
A CONTABILIDADE IDEAL

Todos reconhecemos a necessidade da informação. A informação é o fluído vital


da vida organizada, de pessoas ou empresas. Também vemos com clareza que é
necessário constantemente separar aquela que é útil, da inútil. Como alcançar
este objetivo? Este objetivo se alcança a partir da sistematização de sistemas de
informação sejam estes computacionais ou puramente sociais. Neste sentido,
vemos numa forma de contabilidade o meio pelo qual se consegue o
planejamento das atividades organizacionais. Este artigo trata exatamente de
sugerir a necessidade da integração da contabilidade no dia-a-dia da
organização, horizontal, moderna e flexível.

Define-se contabilidade como sendo um método de trabalho intelectual aplicado


para obter - a partir de fundamentos matemáticos, lógicos e registros
cronológicos cumulativos de feitos e ações econômicas expressas em moeda - a
medição dos resultados. Seu produto formal é a análise financeira apresentada
por meio de uma exposição documentada. Entretanto, ainda que esse conceito
seja extremamente justo, os tempos atuais exigem a necessidade de impulsionar
estudos interdisciplinares que permitam desenvolver uma teoria geral para a
contabilidade que ofereça respostas às demandas do novo modelo
organizacional que temos em prática. O modelo de organização que temos hoje é
horizontal, flexível, descentralizado e a tomada de decisões, por conseguinte,
precisa ser realizada em uma freqüência cada vez maior. Assim, os indicadores
contábeis devem estar disponíveis para serem usados como vantagem
competitiva e não apenas como registros históricos.

Sob o nosso ponto de vista, para reduzir as incertezas que permeiam as ações
administrativas das organizações só existe uma maneira: explorar as dimensões
da oportunidade existente em cada informe e informação disponível. Isso exige
que cada gestor, não importando a sua formação, seja capaz de interpretar dados
contábeis - daí a importância desta disciplina no currículo de todos os cursos - de
maneira a que estes possam ser utilizados como mecanismo de antecipação e
elaboração de prognósticos, além de atender às exigências do público externo.
Da parte da contabilidade, os seus informes e registros precisam estar
disponíveis não como atividade burocrática e rotineira, que se concluía quando
do encerramento dos ciclos produtivos, mas, sim, em tempo real, pois somente
desta maneira permitirá a correção da direção, quando se fizer necessária, tanto
quanto a identificação das condições positivas de competitividade.

As transformações que vêm ocorrendo nos cenários internacionais têm gerado


uma crescente instabilidade nos grandes agrega-dos econômicos e isso exige
dos gestores novas habilidades e informações para que possam cuidar com
carinho dos mercados domésticos. É também, por isso, que cresce em
importância o conhecimento dos detalhes onde ocorrem os gastos e os
desperdícios de tempo, dinheiro e meios, por excelência, um campo de ação para
a contabilidade. Aqui se compreendem os esforços para o mapeamento perfeito
do desenho ergonômico dos centros de produção, para otimizar o uso dos
insumos, para cancelar o excesso de pessoal e consolidar o perfil financeiro das
negociações visando produzir o máximo com o mínimo emprego de meios.

Neste terreno, existem muitas empresas que adotam tais práticas, no entanto, a
grande maioria segue usando os mais antigos sistemas e parâmetros para a
contabilidade. Identificamos com facilidade, em qualquer organização, a adoção
de práticas que atribuem e compartimentam a contabilidade apenas em funções
de contabilidade financeira. Aí, ela, a contabilidade aparece atrasada, histórica,
reativa oferecendo como produto as medições que interessa mais ao público
externo - acionistas, fisco, credores - deixando de atender aos gerentes,
trabalhadores e executivos que precisam de medições operacionais e físicas de
processos, fornecedores e clientes. Os desafios competitivos de hoje em dia
tornam tal passividade perigosa para o empreendimento. Insistimos que os
sistemas de contabilidade devem funcionar efetivamente para os gerenciadores
disponibilizando os dados necessários para que os decisores possam se auto-
avaliar, estabelecer com clareza os laços de interação e cooperação entre as
diversas funções, o que levará as organizações a estarem sempre produzindo
bens e serviços sintonizados com as ne-cessidades e o ritmo de absorção do
mercado.

Diante do mundo socioprodutivo moderno os atores requerem um maior


significado informativo com o menor volume de informação e material. A
informação deve estar orientada para o mercado e o cliente contendo os dados
relevantes para que se-jam interpretados os fenômenos e tendências afetas à
atividade. É esta configuração que facilita a medição da produtividade total, da
qualidade e, em ultima instância, oferece à organização a oportunidade de
recepcionar e indicar o futuro. Essa é a tarefa e o serviço que pode oferecer um
sistema contábil ideal.

| Fernando Antonio Dal Piero é professor no Centro Superior de Vila Velha, Espírito Santo -
U.V.V. (Revisão de Alina da Silva Bonella - fone 02127 327 1518)

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