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Emergéncias médicas no ie au -\ consult6rio dentario Indmeros fatores podem contribuir para que esses eventos ocorram e sejam desencadeados. 0 cirurgido-dentista deve, portanto, estampreparado para intervirae forma adequada de modo até a salvar vidas ‘As emeraéincias médicas configuram uma situac0 ou condigéo em que ha risco de morte e, portanto, no pode haver pratelagdo do atendimento, ou Sea, 08 primeiros socorros devern ser imediatos. Embora possarn ocorrer com qualquer pessoa, a qualquer hora e lugar, 0 con- sulrio odontolégico propica situa ‘es inesperads, por ser um ambiente qua oestesse est multas vezes as- sociado e no qual 0 crurgdo-dentsta faz uso de farmacos que poder ter umn feito colateral danaso no paciente Sendo a emergéncia um evento im previsivel e que requer acéo imediata, © profesional néo pode incorrer em comissio de socorro. Pelo contrrio, legaimente ele responde pela vide do paciente, como descrito. dara mente na Lei 5081/66: “Compete 20 Crurgido-dentista prescrever e aplcar medicagdo de urgéncia no cés0 de acidentes graves que comprometam a vida a said do paciente”, ‘Mas seré que todos 0s crurgiesden- tistas saber quais 0s procedimentos rmedicos necesséros para lider com os © CONEXAO UNA | OUT/ NOV /DE2 2013 t/ acidentes e complicagées que podem surgir em seus consultérios? © treinamento em Suporte Bésico de Vida (BLS, na sigla em inglés) & uma re- alidade nas escolas da maiora dos pai- ses de Primeiro Mundo. Mas 0 quadro 6 diferente no Brasi. Falta condicGes técricas e centificas que capacitem 05. rungides-dentstas para atuar nesses casos, em face da auséncia de discip nas especticas nas grades currculares dos cursos nacionais de Odontologia, Segundo 0 Prof. Dr. Waldyr Jorge, Es: pedalista, Mestre, Doutor em Ciurgia e Traumatologia Bucomaxilofacal, autor do livio “Odontologia Hospitaar = Bu- comaxtiofacial - Primeitos Socorros ~ Urgéncias Odontolégicas” e Diretor da Faculdade de Odontologia da Univer- sidade de S50 Paulo (FOUSP), na qual também & professor titular do Depar- tamento de Estomatologia - Dsciplina Cini Integraca de Cirurgia Buxoma- vilofaial, & preciso rever a formaco do Grurgio-dentsta, "A grade curricular tem que ser mais arpa, para que for- me um profisional com plenas condi- (Ges de cumprir sua fungéo, inluindo a atvidade emergencial ‘Seu colega, 0 Dr. Oswaldo Crivello Ju roy, lvre-docente do Departamento de Cirurgia,Pritese eTraumatologa Maxi lofaciais da FOUSP faz coro a esta afi ago de que as faculdades de Odon- tologia t8m a obrigagdo de minster © tema “emergéncias em consultérios ‘odontotigicos” de uma forma mais en- fética na graduacéo. “Para lidar com es- 525 stuacGes 0 cirurgio-dentista deve estar preparado para reconhecélas traté-las". isto demonstra o quanto & importante a realzacio de um curso de emergéncia, que agrege valores a0 profisional e 0 prepara para clagnost- ‘ar e intenir de forma adequada nes- 28 eventualidades, evttando stuacées desagradsveis em seu consultrio. "O conhecimento acelera a prestacéo dos primeres-socorras nesses casos, uma ‘vez que as primeiras mandbras devern ser realzadas em menos de tr85 rinu- tos, visto que, além desse tempo, 0 indice de dbito é elevado”, saienta 0 Prot. Waldyr. Para © Or. Crivello, 0 cruzamento de uma anamnese, uma avaliacao fi ‘ae alguns exames complementa- res bem conduzidos, identificando 2 histéria pregressa do paciente (fa- miliar, mérbida, fsioligica e social), Jcom os medicantentos utiizados por Jele, por exemplo, ben como uma lobservacdo atenta, podem evitar si- tuacdes de emergéncias médicas no onsultério odontolégico. |As emergéncias médicas mais co- muns nos consultérios odontolégi- 0s estéo ligadas a ansiedade e 30 medo que 0 paciente pode ter no momento do atendimento, assim como a0 fato de por si s6 ser um ambiente de estress. Neste sentido, 0 Prof. Waldyr relata ue 0s principals quadros clinicos emergentiais no consultério soa lipotimia @ 2 sincope ou desmaio, além de eventuais quadros neurolé gicos (convuls6es). “HA outros casos mais raros, como quando o paciente tem um choque anafiatico, infarto de miocérdio, reacbes alérgicas, pertensdo postural e coma diabé 0, por exempio” (Para todos eles, 0 rurgido-dentista, como iversidade de pacientes © avanco da medicina_ propiciou uma maior longevidade as pessoas, bem como ume melhora na qualida- de de vida de pacientes que apresen- tam enflermidades sistémicas impor- tantes, Consequentemente, nota-se um aumento na diversidade de per- fis que procuram um atendimento odontolégico. Soma-se a iss0 0 fato de que 2 pessoas estdo cada vez mais conscientes da necessidade de manutencio da satide bucal como parte integrante da saude integral, © que ver gerando num némero maior de individuos com condigdes sistémicas ou uso de medicacoes ‘que podem influenciar no tratamen- to odontoldgico ou deixé-os predis- postos a quadros emergencias Este cenério faz com que, segundo (© Prof. Waldyr, a Odontologia tenha que resgatar a sua real finalidade social e, principalmente, a sua res: ponsabilidade na sadde integral do paciente, "Costumo dizer que ndo existem pacientes especiais, pois todos so especiais. Além aisso, 0 cirurgido-dentista no trata da den- tigdo de um paciente, ele cuida de lum paciente com dente’, enfatiza Ou seja, 0 cirurgtéo-dentista, além de problemas inerentes ao sistema estomatognatico, precisa lidar, cada vez mais, com situacdes, por vezes, desconhecidas que 0 tornam vulne= ravel as armadithas do éxito letal Ento, como agir? A existencia de uma situago de femergéncia durante a consulta exi- ge a suspenséo de qualquer proce- dimento em execuggo e 2 imediata tomada de medidas que preserve a vida do paciente e evitem sequelas sobre as fungées vitais. Como suges- 180, 0 Prof. Waldyr indica protoco- lo de primeiros socorros destacado na proxima pagina. Ele ressalta ainda que toda a equipe que assiste 0 cirurgido-dentista deve estar preparada para reconhecer os sinaise sintomas emergenciaise atu- at, em conjunto, quando necessétio, No caso de uma ocorréncia, 0 cirur= gido-dentista deve acionar um siste- ma de emergéncia (gar para 192 ou 193) e efetuar 05 primeiros socorro. Também lembra que todo consulté- Tio odontolégico deve ter um Supor- te de Atendimento Basico de Emer- ‘géncia. Entre os equipamentos e drogas que compdem esse kit estdo: ambu (respirador manual), estetos- cépio e esfignomanémetro, cilindro de oxigénio, cénula de Guedel, que pode vira substituir a traqueotomia, seringa@ insults, bistun, oximetro, adrenalina, anti-histaminicos, Cap topril 12,5 mg, Hidroclorotiazida 25 mg, Dramin 86, soro fisiol6gico, AS infantil, Isordil e saché de leite con- densado ou glicose 50% (para casos de hipoglicemia) ‘CONEXAO UNNA | JAN / FEV / MAR 2014 Protocolo de Primeiros Socorros Algoritimo de Suporte Basico de Vida (SBV) adulto para profissionais de saide + Paciente Consciente: interrompa Muitas destas questdes, em realidad: ‘0 que esta fazendo e questione o que _dever ser exploredas na anamnese segundos) Caso 0 paciente tenha put 80, aplique ventilagao mecanica a cada ‘esta ocorrendo, batendo as mos nos cial como os itens AMP. Cinco a seis segundos e cheque o pulso dois ombros do paciente. Se houver Em seguida administre oxignio 12/15 a cada dois minutos; se ndo tiver puiso, resposta, pergunte: min, afra 0s sina vitais frequéncia _inicie ciclo de 30 compressbes torécicas cardiaca e resprateia, pressio arterial, e duas ventlagdes (compressées: ritmo S=0 que esté sentindo? temperatura), e veiique as pupilas e a rinimo de 100/min. ecinco om de pro- ‘A=Tem alergia a alguma coisa? forca muscular bilateral fundidade) eos repita até a chegada do IM=Toma algum medicamento? Socorro ou desfibrar se houver pulso P~Esté em tratamento médico? sPaciente Inconsciente: acione 0 chocével, L = Quando foi a uitima refeicéo @ 0 sistema de emergéncia (192 ou 193) ‘que comeu? @ inicie as manobras visando a manu- £ mandatério 0 atendimento comple- E — Eventos ocorrides relacionados a0 tencdo da vida do pacientee verifique _mentar do Resgate e/ou SAMU e/o en- incident © puso carotideo (por no maximo 10 caminhamento a um Centro Hospital. Desc e Nao respirando ou respirando anormalmente (isto €, apenas com gasping) Acione 0 Servico de emergéncia Busque 0 Deap Ae eee ae eT d socorrista (se disponivel) para busca-lo Aplique 1 respiracao a cada 5 ou Puso Defitvo 6 segundos jeeccce Verifique 0 pulso: Pulso PRESENTE em 10 segundos? Verifique 0 pulso novamente a cada 2 minutos Iniciar ciclos de 30 COMPRESSOES 2 RESPIRACOES Neetu) Cree) imediatamente erent ta ia CHEGADA do DEA/desfibrilador or 2 minutos Obsenecdes: e +E mardatro oatendiment complerentar doResgaeelo _-_-Retorme a RCP imediatamente por 2 minutos SAMU,e 0 encainhamento @ um centro hospital. Verifique o ritmo a cada 2 minutos; continue + AS args com bortas em inhastacejadas so executadas or profsionas de sade, e no por socorsta legos. ex cess Enns TS BR bats batmussy menus Ce ate an note até que os prestadores de SAV assumam ou que a vitima comece a se mover ‘CONEXAO UNNA [JAN / FEV / MAR 2014 Como enfrentar _situacées ‘emergenciais mais frequentes? Lipotimia Definigdo: desfalecimento sem per dda de consciéncia, também conhec do como distirbio neuro-vegetatvo {ONV), acompanhado da abolao das fungdes motnizes e/ou motoras, que lembram efeito exta-premidal, com integral conservacdo das funges resp rat6ra ecardiaca Sinais e sintomas: palidez, suores frios, vertigens, zumbidos e sensagao de desmaio. ‘Conduta: posiconar 0 paciente em posigéo supina ou pressionar a sua ‘cabeca em direcéo as pernas na posi «Bo sentado, de forma a restabelecer © fluxo sanguineo ao cérebro e a sua corteta oxigenacéo. Se necessrio, ad rministrar Oxigénio 12/15 Ui, Sincope ou Desmaio Definigao: perda stibita ¢ trensitéria da consciéncia e, consequentemente, da postura, devido a isquemia cerebral Uransitéia generalizada (reducao na irigagdo de sangue para o cérebvo). AA sincope, por si s6, & um sintoma, ‘ausado por uma grande diversidade de doencas. Conduta: manter o paciente ern posi do supina; aferr sinais viais e, se ne- cessario, adminisvar Oxigénio 12/15 Convulsao Definigao: ¢ uma manifestacio de uum fendmeno eletroisiolégico anor mal temporério que ocorre no céte- bro (descarga bio-energética)e resuk ta numa sncronizacéo anormal da atividade elética neuronal. Pode ser desencadeada por mal uso do foco ‘odontoi6gico, focado nos olhos do paciente.Essas alteracGes podem ser ‘efletidas em nivel de tonicidade mus- cular, alteragdes do estado mental ou outros sintomas psiquicos. Dé-se o nome de epilepsie 8 sincrome médica na qual existe conwisées Fecorrentes e involuntérias, embora possam ocorrer convulsGes ern pes- Soas que no sofrem desta condicao médica. Sinais e sintomas: contracées invo- luntérias da musculatura, movimentos desordenados, desvio dos olhos e tre- mores, Conduta: 2 primeira coisa que se deve ter em mente é que a maioria das crises dura menos de cinco minutos e que a ‘mortalidade durante o ocorrido & bai- 18, Assim, deve-se manter a calma para ue se possa ajudar a pessoa. Entre as. medidas protetores que devem ser to- madas no momento da crise esto: + Posicionar o paciente em posicéo supina (caso ee esteja de pé ou senta~ do), evitando quedas e traumas + Remover objetos (tanto da pessoa ‘quanto do chao), para evitar traumas; + Afrouxar roupas apertadas; + Proteger a cabeca da pessoa com a ‘mo, roupa, travesseo; + Lateralzar a cabeca para que a salva escorta (evitando aspiracic); + Limpar as secresoes salivaes, com tum pano ou papel, para faciitarares- praca + Observar se a pessoa consegue res: pirar; + Afestar os curiosos, dando espaco para a pessoa; + Reduzr estimulacéo sensorial (imi: nui lz, evter barulno) + Permitir que a pessoa descanse ou até mesmo durma aps a crise + Apés a crise posicionar o paciente na posicdo de recuperacso: decibito lateral, com uma das pernas flexiona da.ea outra estendida E mandatério que o paciente seja con- duzido a um Centro Hospitalar, onde deverd ficar em observagao, no mini- mo, de & a 12 horas, uma vez que crise sobrever crise. w

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