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DIDÁTICA DO ENSINO SUPERIOR

Profª Yara Rosa Melo Susuki


Adaptado por: Profª Ms. Regina F. N. Soares

CONCEITOS:

PEDAGOGIA: reflexão sistemática sobre educação; ciência da


educação está intimamente relacionada com a Filosofia, a
Psicologia e a Sociologia (LUZURIAGA, L., 1983).

DIDÁTICA: técnica de dirigir e orientar a aprendizagem, técnica


de ensino, recursos (Aurélio B. Holanda).

EDUCAÇÃO: influência intencional e sistemática sobre criança,


jovem com o propósito de formá-lo, desenvolvê-lo; transmissão
da Cultura.

CULTURA: tudo que um povo produz como hábitos, crenças,


arte e música.

COGNIÇÃO: termo empregado para descrever toda a esfera


de funcionamento mental, que implica a habilidade para sentir,
pensar, perceber, lembrar, raciocinar, formar estruturas
complexas de pensamento e a capacidade de produzir
respostas às solicitações e estímulos externos (VIEIRA, 1996
in Tratado de Gerontologia p. 923).

PRESSUPOSTOS E CARACTERÍSTICAS DA DIDÁTICA


A preocupação com a formação docente superior é recente na
história da educação brasileira.

Pedagogia, de origem grega, significa paidos =criança;


gogein=conduzir, para entender que, se os estudantes
universitários são adultos e sabem o que pretendem, então,
necessitam apenas de professores para transmitir
conhecimentos e esclarecer suas dúvidas.

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Fica justificado o motivo pelo qual a formação do professor
universitário exigia o preparo de pesquisadores; essa condição
era suficiente para o exercício da função docente, pois um bom
pesquisador, certamente, seria um professor competente.
Discussões sobre o despreparo e o desconhecimento científico
do processo ensino-aprendizagem, pelo qual o docente
universitário é responsável quando entra na sala de aula.

Geralmente, esse professor recebe a ementa da disciplina


pronta e planeja suas aulas individualmente, não sendo
orientadas sobre processos de planejamento, metodologias e
avaliação; por outro lado, a “falta de didática” é uma das
críticas mais contundentes ao professor universitário e, dessa
forma, o estudo da Didática torna-se necessário.

Professor:

A influência de novas configurações do trabalho, na sociedade


contemporânea, reduz a empregabilidade, decorrendo daí o
afluxo dos profissionais liberais, ex-empregados ao exercício
da docência no ensino superior, resultando na expansão de
oferta de cursos superiores de graduação e de pós-graduação
latu e strictu senso. A LDBEN 9394/96 recomenda preparação
pedagógica (não processo de formação) para o exercício da
docência no ensino superior, ao exigir, nesse nível, parcela de
seus professores em nível de pós-graduação, em programas
de mestrado ou doutorado, sendo que a maioria deles não
oferece disciplinas de caráter didático-pedagógico.

O desenvolvimento de habilidades pedagógicas dos


professores universitários ocorre por meio de leituras
individuais ou cursos específicos, e a didática oferece novas
possibilidades na formação dos professores em questão.

A ORIGEM DA DIDÁTICA

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Surge no Brasil, como uma disciplina nos cursos de formação
de professores, à partir de 1934 (USP), para oferecer aos
bacharéis das várias áreas, conhecimentos pedagógicos
necessários às atividades de ensinar.
Como se sabe, a Didática foi inaugurada como a arte de
“ensinar tudo a todos”, por Jean Amos Comenius (15921670).
A pretensão do monge luterano era criar um método universal,
invariável, capaz de orientar o trabalho docente, (...) investigar
e descobrir um método segundo o qual os professores ensinem
menos e os estudantes aprendam mais (...)”. Didática Magna.

Desde então, a Didática e o ensino associam-se como arte,


entendida, nesse contexto, como uma técnica, modo específico
de realizar uma tarefa e um ofício, como o saber técnico do
artesão, do operário, do trabalhador. O professor, então, é
alguém que conhece e domina sua profissão, um profissional
especializado. O ensino é pensado como uma profissão.

Didática
Atualmente, nos deparamos com diferentes definições de didática e, em
quase todas elas, apresenta-se como ciência, técnica ou arte de ensinar.
No dicionário aparece como “parte da Pedagogia que trata dos preceitos
científicos que orientam a atividade educativa de modo a torná-la mais
eficiente” (HOUAISS, 2001). A pedagogia é tradicionalmente a arte e a
ciência da educação, enquanto a didática aparece como a ciência e a
arte do ensino.

Para Maseto (1997), Didática, é o estudo do processo de ensino-


aprendizagem em sala de aula e de seus resultados.

Segundo Libâneo (1994), a Didática surge “quando os adultos começam


a intervir na atividade de aprendizagem das crianças e jovens através da
direção deliberada e planejada do ensino, ao contrário das formas de
intervenção mais ou menos espontâneas de antes”.

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Final do século XIX, a Didática fundamenta-se na Filosofia e
também na Biologia e na Psicologia, por meio de pesquisas
experimentais.
ROUSSEAU (1712-1778) trouxe um novo conceito na infância,
com ênfase na natureza, “exercício sem pressa e sem livros”.
Questiona o método único e valoriza o sujeito que aprende,
lança as bases da “Escola Nova”.
HERBART (1776-1841) lançou as bases da pedagogia
científica. Criou os passos formais da aprendizagem, dos
quais surgiram os passos formais do ensino: clareza,
associação (conhecimentos novos com os anteriores) sistema
e método.
Discípulos: preparação (da aula, da classe: motivação),
apresentação, associação, sistematização e aplicação (dos
conhecimentos adquiridos).
Nessa didática: Ensino depende do professor (passos
formais).
Início do século XX, vários movimentos reconhecem que a
Didática tradicional é insuficiente. Consideram os aspectos
psicológicos envolvidos no processo de ensino.
Movimento escolanovista, oposição às formas tradicionais de
ensino, a referência é a psicologia das diferenças individuais.
Ciências do comportamento (interesses espontâneos e naturais
da criança) valorizam os princípios de atividade, liberdade e
individualização. Idéia básica é que o aluno aprende melhor por
si (utilização de jogos educativos).

ESCOLA NOVA: o aluno é considerado com o sujeito da


aprendizagem, cabe ao professor colocá-lo em situações de
investigação, incentivar, orientar e organizar situações de
aprendizagem de acordo com as características individuais dos
alunos.
A didática contribui para constituir o fundamento do liberalismo
econômico, pois fornece as bases científicas para explicar as
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diferenças individuais e as desigualdades escolares (o
fracasso), como próprias da natureza individual de cada
criança.

O que, à primeira vista, significava uma revolução democrática


nos métodos de ensinar, porque se opunha ao método
tradicional (classe dominante), de forma contraditória, serviu
para justificar a desigualdade social e escolar.
LÓGICA DA EXCLUSÃO: a escola é para todos e os
professores estão ali para ensinar. Se o aluno aprende ou não,
a responsabilidade não é do professor, de sua didática, de
seus métodos, de sua avaliação. Também não é
responsabilidade da Escola, como organiza ou seleciona seus
alunos.
Dessa análise, surge um Movimento de Eliminação da
Didática: conteúdos “mais críticos” (não reproduzem ideologias
da classe dominante), História da Educação, Sociologia da
Educação (professor não precisa de didática).
PEDAGOGIA RENOVADA: raízes da Psicologia Experimental
(empirismo), finalidade da educação está nas leis do
desenvolvimento da criança (objetividade científica).
NOVO PARADIGMA DIDÁTICO: Nos anos 60 e final do século
XX (desenvolvimento tecnológico e da informática),
desenvolvimento de novas técnicas de ensinar.
FUNÇÃO DA DIDÁTICA: fornecer aos futuros professores,
meios e instrumentos eficientes para o desenvolvimento e o
controle do processo de ensinar, visando resultados mais
eficazes.
FINS DO ENSINO: Definidos pela sociedade (classe
dominante) que espera da escola: preparar para o mercado de
trabalho (avaliação do sistema escolar).

CURSOS DE LICENCIATURA: predomina uma didática


instrumental (desejada pelos licenciados), pois se busca um

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método, uma técnica capaz de ensinar toda e qualquer turma
de estudantes.

Em relação às expectativas do docente universitário e a


disciplina Didática, alguns mitos ainda se manifestam, como
veremos a seguir:

1) Resumir a preparação do professor a uma disciplina


pedagógica. Nesse caso, a Pedagogia é a teoria da educação
e a Didática teoria de ensino com conhecimentos técnicos
instrumentais, que oferece receitas às situações de ensino.

2) Restringir o campo da Pedagogia e o da Didática às


questões e aprendizagem de crianças e adolescentes;

Diante do acima exposto, qual é a tarefa da Didática?

Sabendo-se que o ensino é um fenômeno complexo e o


ensinar uma prática social, a tarefa da Didática é compreender
o funcionamento do ensino em situação, suas funções
sociais, suas implicações estruturais, dialogar com os
outros campos de conhecimento, numa perspectiva multi e
interdisciplinar, rever, apropriar-se e criar novos
conhecimentos que surgem nas situações de ensino (as
técnicas, os métodos, as teorias).

Atualmente, o professor precisa de conhecimentos da área que


leciona e de habilidades pedagógicas para proporcionar um
aprendizado, cuja eficácia depende de sua visão de mundo,
de ser humano, de ciência e de educação.

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AVALIAÇÃO DE DIDÁTICA DO ENSINO SUPERIOR

Profª.Ms. Regina Soares


Ass. Prof. Nome:

Nota: R.A.

Exercícios

1. De acordo com o que estudamos na aula 1, podemos afirmar


que a Didática é uma disciplina prescritiva, normativa e uma
técnica fruto de uma ciência.
a) Incorreta.
b) Correta.

2. A LDBEN 9394/96 recomenda processo de formação para o


exercício da docência no ensino superior ao exigir, nesse nível,
parcela de seus professores em nível de pós-graduação, em
programas de mestrado ou doutorado. Essa afirmativa está:
a) Correta.
b) Incorreta.

3. O movimento escolanovista opunha-se ao método


tradicional, próprio da classe dominante, e serviu para acabar
com a desigualdade social e escolar. Pode-se dizer que essa
idéia está:
a) Correta.
b) Incorreta.

4. A Didática como arte e técnica, infelizmente ainda influencia


as expectativas dos alunos dos cursos de licenciatura. Essa
afirmativa está:
a) Correta.
b) Incorreta.

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