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Expectativa, formagdo e desempenho: as dificuldades dos alunos do curso de Terapia Ocupacional da UFSCar Jussara de Mesquita Pinto e Claudia Maria Simées Martinez Docentes do Departamento de Terapeuta Ocupacional da UFSCar, doutorandas em Educacao pelo Programa de Pés Graduagdo em Educagdo da UFSCar; area de concentrago: Metodologia do Ensino A proposta basica deste trabalho esta inserida nas queixas de docentes do Curso de Terapia Ocupacional da UFSCar no que se refere aos “alunos problemas” Neste sentido, o presente estudo se propds a identificar o perfil destes alunos buscando inicialmente descrever 0 que os caracteriza como “possuidores de problemas" e, em um segundo momento, relatando informagdes a respeito de sua vida académica pregressa. Procurou-se ainda considerar o seu desempenho nas disciplinas que cursou na Universidade. Os dados apontam para a questo da relagao pedagdgica, em especial, para as agdes do professor como um elemento importante no agenciamento das situagdes concretas que envolvem o aluno, indo além do momento da sala de aula. Indicam a necessidade de repensar os contetidos € as estratégias de ensino dentro de um novo quadro teérico de reflexo. Palavras-chave: terapia ocupacional, processo de formacao, relaco pedagégica, vida académica pregressa INTRODUCAO Este trabalho teve inicio durante o primeiro semestre de 1995. Por ocasiio de uma reuniéo dos docentes da rea profissionalizante do curso de Terapia Ocupacional (T.0.) da Universidade Federal de Sao Carlos (UFSCar), ¢, a0 se discutir sobre o alto indice de reprovagio dos alunos na disciplina de Fisiologia, alguns dos membros presentes referiram a existéncia de “alunos problemas”. Ao citar alguns deles percebeu-se que se ttatava de alunos que se encontram presentemente nos terceiro e quinto semestres. Iremos tecer algumas consideragdes acerca do ‘curso supra citado a fim de favorecer a compreensio da 20 Cad. Ter. Ocup. UFSCar, 1998, V.7, n.1 ‘sua estrutura e informamos que 0 projeto pedagégico ‘Vigente é 0 de 1984 onde: +0 curso de T.O. da UPSCar “visa dar 20 aluno uma formagdo que 0 habilite para uma atuagao clinica competente critica, iniciando os estudantes em préticas de pesquisa... busca capacitar 0 aluno para atender as cexigincias do mercado de trabalho em relago as diversidade das reas de atuagdo e de conhecimentos téenicos especificos. Atalmente, além de atender aos programas secundirios e terciérios de satide, 0 profissional é também solicitado para programas de ‘tengo primétia e de atendimentos preventive em escolas, creches elou clinicas, diversificando muito a sua rea e forma de atuasio... O curso esté dividido em trés ciclos: disciplinas bisicas biolégicas © humanas, profissionalizantes de 0. (inclui as pré-profissionalizantes, as aplicadas © 0 cestégio supervisionado), ¢ optativas complementares... 0 ccurriculo do curso foi estruturado de forma a permitir maior integragéo entre os contetdos das éreas biologicas, humanas e profissionalizantes, bem como entre a formagio tedrica ¢ prética profissional jé que, desde 0 primeiro semestre ¢ estudante € encaminhado neste sentido”. (Catélogo do Curso de Graduagéo em T.0., 1995, p. 3-7). ‘Atualmente o curso de T.O. da UFSCar, através de uma Comissdo de Estudos Curriculares desenvolve uma pesquisa sobre 0 curriculo atual. Considerando ser ‘este um momento importante para se somar informagiies, pensou-se em tentar responder as queixas dos professores, pesquisando: * Que aluno é estes dos illtimos anos? © Este aluno mudou em relacdo ao aluno do momento anterior a 1984 quando se implantow 0 iltimo curriculo? © Se howe mudanca no perfil do alunado 0 projeto _pedagégico necessita ser também alterado? © Sesim, de que natureza deveriam ser estas alteragbes? contetid? estratégias de ensino? organtzacti do curriculo? OESTUDO: Realizou-se um levantamento de informagbes Junto aos docentes terapeutas ocupacionais ¢ detectou-se «a seguinte caracterizagio do “aluno-problema”. QUADRO 1 : Caracterizagio do aluno-problema de acordo com a visio de determinads professores. 'A) Apresentam interesse superficial pelo cursos B) Conflitona aula quanto a0 curso; ©) Dificuldades na aprendizagem das atividades, na sintese destas e, também, resistincia para compreender 0 processo de| cexecusiio das atividades; D) Dificuldedes na aquisiglo de conceitos,reafirmando seus préprios conceitos ou restringindo-se ao senso comum; E) Intervengdo oral nfo compativel com o assunto abordado; F) Redagdo pobre; G) Resisténcia e dificuldades para cumprir as tarefas académicas; resisténcia para expor-se e dificuldades de relacionamento com professares e colegas; 1H) Faltas excessivas. Cad. Ter. Ocup. UFSCar, 1998, V.7, n.1 au ‘Apesar das caracteristcas apontadas acima, alguns docentes afirmaram ainda que alguns desses alunos ‘mostram-se também: QUADRO2: Outros atributos dentiticados pelos profssores sobre determinados “alunos - problemas” Responsévels Iineressados Estudiosos Entusiasmados pelo curso Exforcados Assiduas ‘Questionadores ‘Ouatras considerapées apontaram que as repeténcias nas disciplinas bésicas da Area biol6gica (anatomia, dioquimica ¢ biofisica, fisiologia) obriga os alunos a realizar 0 curso de forma “parcelada” e com muito tempo ocioso. Conforme depoimento dos préprios alunos sta situagdo gera sonoléncia, destnimo e depresséo. H& entre os docentes do curso de TO, um consenso de que 0s alunos tém chegado & universidade em condigées diferentes dos colegas que aqui entraram década de 80. Estas novas caracteristicas, mais acentuadas a partir da introdug4o do vestibular classificatério no ano de 1991, refere-se a: maior dificaldade de desempenho nas disciplinas, em especial na associago de idéias, na compreensio critica dos fendmenos, além de fornecerem poucas informagées de cultura geral e Em fungéo desta problemtica o material pesquisado constou das informagdes do vestibular como fonte de dados deste trabalho, das notas obtidas no exame vestibular (em cada prova) ¢ das respostas fornecidas 20 questionério sécio-econdmico aplicado na inscrigio do vestibular referente aos anos de 1991 a 1995. Decidimos levantar também o histérico escolar completo dos alunos para formar um quadro do desempenho destes. Todos os ados sto dos alunos aprovados no vestibular e que se ‘matricularam no curso de TO da UFSCar. RESULTADOS ‘Ao analisarmos as informagies com o foco na questo do “aluno com dificuldades”, notamos que os resultados apontam para a presenga das seguintes varidveis: D Escolarizagio pregressa > Aprendizagem de disciplinas especificas do Curso de Terapia Ocupacional ‘> Familiarizaczo do aluno na universidade e na cidade Cabe salientar que acreditamos que estas trés variéveis estejam intimamente relacionadas. 1. ESCOLARIZAGAO PREGRESSA Alguns dados da trajetéria dos alunos: cursos de sobre os assuntos contemporaineos. primeir, segundo e tercero gras TABELA 1 : Cursos de primeiro e segundo grausrealizados pelos alunos do Curso de 7:0. ingressantes nos anos de 1991, 199261993 : 1392 1383 de Estabelecimento ate T 3 T 3 T 3 Escola Badal et) Escola Federal 16 : 144 - - - Escola Particular A 296g ws “Maior parte em escola palica : 58 : M4 : 58 Maior parte em escola particular 16 58 : . 58 Metade escola piblica/metade particular : : 5 4a : : ‘grupo de alunos que pretende se manter no curso Trabalhando| 'S= grupo de alunos que pretende se manter no curso sendo Sustentado pelos pais ou familia 2 Cad. Ter. Ocup. UFSCar, 1998, V.7, n.1 ‘TABELA2 : Cursos de primeiro e segundo graus realizadas pelos alunos do Curso de T.O. ingressantes nos anos de 1994 e 1995 Tipo de Estabelecimento 1% — Grau Grau 2 Graw Bicola pablica 7 53% 38% Escola Particular : 7 30% 50% Maior parte em escola piblica 50% 32% 3.8% Maior pate em escola particular 50% om 11,5% As tabelas acima mostram que 0s alunos esto abandonando as escolas pliblicas elas escolas particulares, enquanto em 1991, 69,4% dos alunos do grupo T vinham do ensino gratuito em 1993, 62,5% eles j4 estudou nas escolas particulares. O mesmo acontecendo com os alunos do grupo S que em 1991 estavam distribuidos igualmente em piiblico ¢ privado ¢ em 1993 70,5% deles estudaram s6 nas escolas privadas. Em relagdo aos anos de 1994 e 1995 observamos, ‘com base em outro tipo de apresentagdo de informagées, que a origem de nossos alunos cada vez é proveniente de censino particular. Seré que essas diferengas percentuais se refleiram nos anos de cursinho ou nos resultados obtidos nas provas do vestibular? (© CURSINHO PREPARATORIO PARA © VESTIBULAR TABELAS : Realizagio de cursinho preparatério para o vestibular pelos alunos selecionados para 0 curso de Terapia ‘Ocupacional nos anos de 1991 a 1993, 1992 1993, T s T s T s ‘io fez cursinho 30,7 352 28 19 25 352 ‘menos de 1 semestre 154 119 42 49 25 29,4 de um semestre a1 ano 30,7 352. 142 476 378 238 de 1 anoa 1 anoe meio 78 - 28,8 9 - 38 de 1 ano emeio a2 anos 154 7 - 95 25 : . : : : 38 mais de dois anos : TABELA 4 :Dados referentes aos alunos selecionados 1994 ¢ 1995 quanto a realizagio de eursinho prévestibular 1994 1995 ‘frequentou cursinho 82% 61% io freqientou cursinho 5% 38% E interessante ressaltar que no ano de 1991 houve percentuais iguais de quem no fez cursinho e de quem fez de um semestre a um ano de cursinho nos dois ‘grupos. O fato de que # maioria dos alunos necessita fazer cursinho é 0 dado mais relevante verificado durante 0 anos de 1991 a 1995. © que se observa articulando as informagées acima idade de ingresso na universidade que hi um aumento consistente no percentual de entrada com 17 anos. Isto é mais acentuado na populago que apresenta ‘melhor condigio sécio-econdmica (grupo S). A cada ‘anos os futuros alunos “deixam” a escola publica e Cad. Ter, Ocup. UFSCar, 1998, V.7,n.1 23 fazem opgo pela escola particular. Apesar disso 0 percentual do tempo de cursinho se mantém estével. HA RELACAO DO TIPO DE ESCOLA COM OS RESULTADOS NAS PROVAS DO VESTIBULAR? TABELA 5: Quantidade de alunos com resultados superior a 5.0 (cinco) por disciplina no vestibular (aiimero total de ‘alunos na turma) ‘Anos 1991 @7) 1992 0) 1993 8) Diseiplinas % e % we % ‘Matemitica 1 37 6 20 4 42 Fisica 5 185 5 166 8 28,5 Quimica 10 37 2 66 6 214 Biologia 0 0 5 166 3 10,7 Portugués 2 44 2 73 21 15 Redagio “4 S18 ry 80 4 85,7 Historia 1 37 o o 8 28,5 Geogratia, 1 37 3 10 2 a Inglés Francés 2 1A 3 10 15 53,5 (Obs.: Nao tivemos acesso as notas referents as turmas de 1994 ¢ 1995, OINGRESSONA UNIVERSIDADE E ODESEMPENHO NO CURSO DET.O. resultado obtido no vestibular sugere que tanto ‘ escola particular, a piblica, como os cursinhos nao tem garantido um bom desempenho desses alunos nas provas.. Mesmo considerando que as provas do vestibular no refletem com exatidio a capacidade do aluno pode-se inferr, a partir da constatagao do baixo desempenho nas disciplinas de matemética, fisica, quimica, biologia, histéria e geografia, que estes alunos no chegam a universidade com as habilidades esperadas em termos de raciocinio, de associagao de idéias e compreensao critica dos fendmenos. Isto coincide com as queixas apuradas centre os docentes. Isto também pode ser confirmado através da constatagdo do baixo desempenho dos alunos, em geral, nas disciplinas bésicas biolégicas do curso de T.O. da UFSCar, que séo ministradas nos. primeiras semestres deste As informagées analisadas através do_histérico escolar completo dos “alunos - problemas” mencionados pelos docentes das éreas profissionalizantes do curso de T.0. revelam 0 tipo de reprovago por: nota (N), faltas(F), 08 dois(N/F), e cancelamentos(C)) e a média das notas de aproveitamento nas disciplinas em geral ‘como podemos ver no exemplo abaixo: QUADRO3: Exemplo de desempenho de um aluno do ‘curso baseado em seu histérico escolar Diseiplinas Cursadas Média Anatomia NCSEIN 69 Cito, histo eembrio LHF Biog,e bot. x Introd amano, IxN | Introd. aPsicol. IxC Pelco desenv. 1XEIN Flos. eéca IXFIN "Téonicas de observ. LxFIN ‘Anal pli. trap. de tiv. DXF Din. av. gupal IxF/N, Ha por parte destes alunos, uma grande dificuldade de transpor as disciplinas basicas da érea Diolégica. Ressaltamos que essas disciplinas requerem que dos alunos a recuperagdo de informagées que no ” Cad. Ter. Ocup. UFSCar, 1998, V.7,n.1 vestibular sdo avaliadas nas provas de biologia, quimica, fisica ¢ matematica, coincidentemente as que tem pior desempenho. Podemos discutir quantas ¢ quais destas disciplinas tem se utilizado de diferentes estratégias de ensino para sobrepor estas dificuldades ao longo desses anos? Pode-se assinalar que os alunos do curso de 7.0. apresentam no vestibular melhores resultados nas provas de portugués e redagto, o que nos leva a esperar alguma habilidade na compreensio de textos ¢ na exposi¢éo de utras disciplinas na qual o aluno consegue aprovagao? A FAMILIARIZACAO DO ALUNO NA ‘UNIVERSIDADE E NA CIDADE ‘Alguns aspectos da vida pessoal do aluno, como sua idade, suas aspiragies ea sua propria histria ‘merecem ser consideradas no seu processo: ‘Nom sempre suas aspirapSes sto atingidas: TABELA 6: Opsdo pela universidade no momento do suas idéias por escrito. Quais estratégias de ensino vestibular (%) contemplariam as habilidades que 0 aluno jé apresenta © 1 Opsio que poderiam favorecer a aprendizagem dos conteidos 1991 1992 1998 anteriores (nivel de 2° Grau) aos das disciplinas bisicas — UFSC# — oe sailed ols ‘ : us 718% 534% ——_TS% biolégicas? Quais estratégias vem sendo usadas nas ‘TABELA 7: Opeio pela univesidade no momento do vestibular referente os anos de 1994 e 1995 (%) aan 1994 1995 F Opsio 2 Opsto 1 Opsio Opsto UFSCar 31% 66% 36% 35% usp 48% 33% 4% 45% Quanto 20 local de moradia durante © curso universitério, nos trés anos estudados, a opgdo de 50% dos alunos é de residir com @ familia. Considerando que 1 maioria. pretendia cursar a universidade na mesma cidade da familia (na capital) pode-se prever que esses alunos enfrentaram problemas relativos a adaptagio & nova situagéo tais como: distanciamento da familia, nova cestrutura de moradia, além das dificuldades ja esperadas devido 2 mudanga do nivel escolar (de 2° Grau para Universidade). ‘A questo “Como se pretende se manter durante 0 ccurso universitério” revelou dois grupos de alunos: os chamados “T” que refere-se aqueles que pretendem Cad. Ter. Ocup. UFSCar, 1998, V.7.n.1 trabalhar ou obter bolsa de estudo € um outro grupo $" cujos alunos so os que optaram pelas respostas sustento com recursos préprios ou com recursos dos pais, As porcentagens obtidas por cada grupo por turma foi a sequin: QUADRO 4: Alunos que pretendem ser sustentadas durante a realizagdo do curso universitirio e aqueles que pretendem trabalhar durante o periode 1991 - Grupo T=37% Grupo S=63% total de alunos = 30 1992 -GrupoT=25% Grupo S= 75% 1993 - Grupo T=32% Grupo $= 68% 1994 - Grupo T= 15% Grupo S= 85% 1995 - Grupo T= 52% Grupo $= 37% total de alunos = 28, total de alunos = $3 25 ‘Nao houve nevessidade de tabelas para o estado civil que nos 5 anos estudados foi 100% de solteiros.. ‘A Terapia Ocupacional continua sendo uma profsslo predominantementefemninina, conforme revela 0 quadro 5. Para possibilitar a comparagdo entre os grupos ‘numa mesma turma entre diferentes anos o eéleulo da porcentagem foi feito em relagio ao total de cada grupo e ‘io em relago ao total da turma. QUADRO 5: Percentagem de alunos durante os anos de 1991 a 1995 de acordo com o sexo [Nos 3 anos estudados: 1991 a 1993, > 3,6% dos alunos so homens = total 3 [Nos dois éitimos anos estudados: 1994-1995 > 3,6% dos alunos sto homens = total 3 AS questdes referentes ao poder aquisitivo néo desta informago era feita através de um conjunto de puderam ser comparadas pois no ano de 1991 a coleta _questes diferentes das dos anos de 1992 a 1995. TABELA 8 : A idade dos alunos, em 31 de dezembro do ano anterior ao vestibular (2%) 1991 1992 1993 ny Ss T Ss T s 76 147 285 47 125 415 4 294 at 285 25 294 16 238 - 384 25 1,7 15.6 176 - 95 25 58 - 17 . 47 - 38 : 58 44 - : - 30 : - 98 - - 16 - s 47 : 58 16 : : 128 : TABELA 9 : Dados complementares referentes a idade de ingresso no curso TO. dade (anos) ‘Ano - 1994 ‘Ano - 1995, 16a18 53% 38% 19221 46% 2% 22025 - 11% acima de 25 . 1% 26 Cad. Ter. Ocup. UFSCar, 1998, V.7,n.1 ‘As Tabelas 8 € 9 mostram que os alunos em sua rmaioria tem entre 17 ¢ 19 anos e que hé uma tendéncia a se concentrar nessas faixas etirias. Estard 0 curso de TO, da UFSCar preparado para trabalhar com um afuno novo em idade e até certo ponto imaturo? As habilidades que o curso “exige” de auto-conhecimento, expresso verbal € corporal para o bom desempenho em eterminadas disciplinas independem ou nfo das, varidveis de idade e sexo? Dentro da formagao teérico- prética do ahmo (especificamente a aprendizagem, anilise © aplicago das atividades) contempla-se as questtes de género? As queixas dos professores (Gificuldades na aprendizagem e sintese das atividades, € resisténcia a aprendé-les) nfo esto relacionadas a0 contetido que ¢ ministrado? Qual o tipo de atividade que se ensina? E feita uma ponderagdo entre as atividades cculturalmente vistas como femininas e as tipicas do sexo ‘masculino? Reportando-se ao projeto pedagigico, é importante rmencionar que ele pressupée acompanbar o aluno em seu processo de amadurecimento “psico-emocional” durante os 4 anos de curso. Esta preocupagdo advém da nevessidade de se formar um profissional competente € também de prevenir doengas ocupacionais, visto que 0 desempenho do papel profissional se dé em locais ¢ situag6es bastante complexos. Para ilustrar uma dessas situages corriqueiras lembremo-nos dos casos de virias alunas, graduadas em T.O. aos 22 anos, que trabalham 40 horas semanais dentro de hospitais psiquiétrices. E as dificuldades de relacionamento com os professores e colegas? Seré que também ndo estariam relacionadas com um distanciamento ¢ até mesmo negagio da necessidade de crescimento pessoal conforme previsto no projeto pedagégico? Seré que hé conflitos das alunas da T.O. com seus colegas de outros cursos Cad. Ter. Ocup. UFSCar, 1998, V.7,n.1 (exatas principalmente) que no compartilham deste requisito de auto-conhecimento para lidar melhor consigo com 0 outro? CONCLUSAO Os dados apontam para a questo da relagio pedagégica em especial para as agdes do professor como uum elemento importante no agenciamento das situagSes concretas que envolvem o aluno, indo além do momento da sala de aula. Atentamos para o fato de que “a escola mudou”: a cultura e a linguagem da populagdo que entrou na escola parece ser outra. cluno tem hoje uma hist6ria académica diferente daquela vivenciada pelo seu professor ¢ até mesmo de suas outras experiéncias como docentes nos anos passados. E importante relembrar que no presente estudo no foi possivel comprovar se houve realmente uma ‘mudanga na populagdo que chega ao Curso de Terapia ‘Ocupacional pois nfo foi possivel localizarmos os dados referentes aos anos 80. Desta forma estamos nos ppautando nos testemunhos dos docentes que viveram este periodo no curso da UFSCar. Consideramos que a escola como parte da sociedade necessita de um comportamento renovador inovador em todos 0s espagos. E, os “alunos com dificuldades” devem ser compreendidos dentro. desta perspectiva renovadora de novos espagos. Isso talvez implique em: repensar 0s contetidos e as estratégias de ensino dentro de wm novo quadro tedrico de reflexio, 27 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS FRANCHI, E.A. A causa dos professores, Campinas: Papirus, 1995. 169p. (especialmente 0 capitulo de Catilogo do Corso de Terapia Ocupucional de UFSCar, MELLO, R. Um diiogo sobre a relagao dialégica. tee p.131-152), 7 GARCIA, G. 4 relacdo pedagégica como vinculo Ce adel Ubertador. Uma experiéneia de formagao docente. IN: PATTO, MHS., Introdusio a psicologia Para ee realizar ume refiexio inovadora sobre a escolar. So Paulo: T.A. Queiroz, 1982. p.342-360. Telaglo pedagézica, nos novos referenciais teéricos, GIROUX, H, A escola critica e a politica cultural. So stugerimos leitura dos textos abaixo relacionados. Paulo: Cortez, 1988, 103p. ABSTRACT: 28 This paper has intended to describe and to analyze the performance of the Occupational Therapy Course students of University Federal Sao Carlos classified as “problem-students", according to the point of view of the course educators. The information contained in the reports made by the educators, the student's complete curriculum, the application records that contained their socioeconomic profile besides, the grades they got in the vestibular exam of different series were used as basic material. The main idea has been to discover some mechanisms present in their failures in some subjects and their attendance problems to the classes. The results indicate the variables influence: learning problems in specific subjects and problems related to the students familiarization with the un and the town he is going to live in. These aspects are important and must be considered in their performance analysis. Other researches on each variables are suggested in order to provide more accuracy of the discussed tendencies. Key words: occupational therapy, performance of students, curriculum Cad. Ter. Ocup. UFSCar, 1998, V.7,n.1

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