Um Leão Marinho Chamado Mantor Drake

Oh! Não!
Um dia eu estava parado num ponto de ônibus tentando perceber os
bilhões de movimentos de lado a lado quando vi, pasmem!, uma garota que
usava uma saia até abaixo dos joelhos e uma camisa folgada e que só
deixava aparecer o seu pescoço, e os braços!
Eu fiquei muito confuso. Que será que está acontecendo? Será que
elas estão ficando com algo na cabeça? Será que elas desistiram de só
ter o corpo para mostrar?
Fui obrigado a ir num estábulo que chamam de loja âncora, que prá
mim é uma mala sem alça, e comprar aquele tijolo preto que continuam a
insistir até mesmo nos dias dos coelhos, que é uma barra de chocolate.
Enquanto eu brigava com aquele papel que era mais preenchido de
letras que a gorda e inútil Constituição Brasileira, uma criancinha com um
balão em forma de Mickey e com um pirulito do tamanho de um step de
caminhão na mão, vira prá mim e pede a minha opnião sobre as ações da
Inglaterra na África em relação aos diamantes e sobre o contra-
colonianismo do Japão sobre os sobrinhos do Tio Sam. Tentei me
controlar e perguntei se já havia assistido um desenho que passa na
televisão e se chama ‘Os Flintstones’. Ela balançou a cabeça em
reprovação e foi embora. Fiquei constrangido.
Se eu acho o Gordo e o Magro divertidos, acho muito mais divertido
observar as menininhas que têm a cabeça sintonizada numa rádio FM que
mais parece uma caixinha de música em rotação aumentada e que
continuam insistindo em exibir e divulgar seus desajeitos naqueles
quartos de tortura que os empresários colocam nomes gregos e romanos e
despejam muita luz e barulho.
Mas é claro que as mancadas ao ar livre ou em estádio coberto dessa
meninada toda não é o mais engraçado, mas sim o fato de darem roupas
justas, Coke e aquelas marteladas que chamam de música aos jovens (eu
me incluo) , seguindo a velha trilogia maldita que papai e a mamãe
ensinaram (sexo, drogas e rock’n’roll), para que continue encoberto às
pessoas que realmente podem mudar algo (os jovens), sobre o patife e sua
troupe que nos governa.
Olha, eu agora tenho que comprar uma fita de vídeo para um amigo,
pois ele quer gravar a turnê do Papa no Brasil. Não quer que aconteça
como no dia 15 de janeiro, onde ele perdeu a abertura da guerra mais
esperada da década: Iraque x resto do mundo.
Como já dizia um cara estranho que ficava buzinando na TV, quem não
se comunica, é tido como louco e banido da sociedade justa e equilibrada
em que vivemos e morremos.
…e justiça para todos!

Jorge Pereira – 20/10/1991

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