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Pokémon Game

(O Vilão Era Outro)

-…vai ter dois defuntos prá sair daqui hoje!!!


A situação estava muito tensa.Um ladrão, não se sabe como, conseguiu entrar em um
condomínio fechado, talvez dentro de um porta malas, e conseguiu dormir dentro de uma das
casas, para atacar no dia seguinte, quando estivesse mais vazia.
Enquanto a doméstica levava o lixo para a rua, ele aproveitou para roubar algumas
coisas, vídeo, um ou outro objeto pequeno de valor, nada que lhe fosse difícil carregar…Mas ela
voltou muito rápido e ele estava perto da sala quando foi surpreendido.
Ele sabia que havia um garoto assistindo televisão na sala, não seria percebido por ele
quando fosse a biblioteca. Mas a doméstica entrou quando ele estava para entrar na biblioteca da
casa.
Com o grito que ela deu, ele não teve reação, senão escolher por fazer um refém, a ter
que convencê-la a dizer, calmamente, para qualquer um que ouvisse o berro, que ela havia visto
um rato, ou se cortado com a faca…O guri da televisão foi o alvo mais fácil e eficiente.
-Só saio daqui morto, mas o burguesinho vai comigo!!- Dizia o assaltante, agora
sequestrador, para a pequena multidão que estava a sua frente. Eram quatro ou cinco carros de
polícia, duas ambulâncias e outros carros de pessoas envolvidas com o assunto.
O assaltante estava com o menino, de cinco anos, a sua frente, como escudo, e com a
arma apontada para sua têmpora.Com o dedo no gatilho, fazendo pressão, não havia como alguém
tentar acertar o homem, sem o perigo de acertar o menino, ou de o ladrão puxar o gatilho, mesmo
que fosse alvejado na cabeça.
No jardim em frente à casa, amplo, estavam os dois. Na rua, pessoas que não
acreditavam que aquilo estava acontecendo, que aquele menino pudesse morrer.O assaltante
estava com os nervos à flor da pele, estava realmente disposto a morrer.
-Não volto pra gaiola! Passei sete anos lá e sempre fui o mais fraco, sempre era a
‘namorada’ de todos e o primeiro a ser colocado na lista quando havia rebelião!
A tal lista da qual ele falara, era a lista de presos a serem ‘sangrados’ em caso de
rebelião por super-lotação, quando não se tinha reféns que eram funcionários ou visitantes.
Sempre os mais fracos eram descartados primeiro. Por duas vezes entrara em tal lista, na primeira
vez, a rebelião terminou sem ninguém morrer. Na segunda, já estava imobilizado pelos líderes na
cela, quando um procurador do governo que era envolvido com direitos humanos fez um acordo
com os rebelados, e ele foi poupado para uma próxima vez… Mas ele não sabia que o tal
procurador que salvara sua vida naquela ocasião, era o pai do menino, um homem que estava de
joelhos, em prantos, na calçada.
A mãe do garoto também estava fora de si. Não estava ajudando em nada nas
negociações. Estava histérica, não falava coisa com coisa, ainda xingava o homem que estava com
uma arma na cabeça de seu filho.
Um padre, que fora chamado a pedido do ladrão, estava tentando apaziguar, tentou até
se aproximar, mas foi obrigado a se afastar. Mas o pai, num clarão mental, esfriou sua cabeça e
lembrou-se que além de pai desesperado, era também promotor e que tinha grandes influências na
área de direitos humanos. Disse seu nome, contou sobre sua experiência em negociações em
rebeliões, e que os acordos sempre eram cumpridos, em favorecimento aos detentos e a sua
segurança.
Depois de horas, o assaltante foi convencido que não voltaria para a mesma cadeia, iria
para um presídio no interior de um estado distante e que não haveria nenhuma acão fora do que o
tribunal decidisse.
O que todos esperavam, estava para acontecer: o homem, que estava de pé, com o
garoto no colo, resolveu se render. Jogou a arma para trás, soltou o garoto no chão, e caiu de
joelhos, com as mãos atrás da cabeça. Junto com ele cairam de joelhos os pais e o padre.A
comoção foi geral, alguns se abraçaram. Havia acabado.
Mas o garoto, ao invés de ir para os pais, foi para trás do assaltante.Olhou na grama,
reluzindo, aquela beleza de arma cromada, como ele via na televisão.”-Será que é de raios?”-
pensou o menino, caminhando para ela.
Todos pararam. Todos se calaram. Niguém acreditava que ele iria pegar a arma, não
queriam acreditar.
O menino se abaixa, pega a arma, aponta para a cabeça do ladrão, que estava de costas,
e diz:
-Bang, bang!

O menino foi levado para casa.


O corpo do ladrão, para o necróterio.

Jorge
240101

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