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A CONSTITUCIONALIDADE DA VIDEOCONFERÊNCIA
NO PROCESSO PENAL BRASILEIRO
Governador Valadares/MG
2010
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A CONSTITUCIONALIDADE DA VIDEOCONFERÊNCIA
NO PROCESSO PENAL BRASILEIRO
Governador Valadares/MG
2010
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A CONSTITUCIONALIDADE DA VIDEOCONFERÊNCIA
NO PROCESSO PENAL BRASILEIRO
Banca Examinadora:
_____________________________________
Rosimeire Pereira da Silva
Universidade Vale do Rio Doce - UNIVALE
_____________________________________
Prof. _________________________
_____________________________________
Prof. _________________________
4
AGRADECIMENTO(S)
Aos meus pais pela atenção e compromisso apoiado, em especial a minha mãe pelo
desafio lançado; aos meus irmãos, Marcus e Wesley, pelos momentos de
cooperação em períodos de crises; a minha “tia Nice” pelo incentivo durante a
caminhada, mesmo em outro continente; e ao meu padrinho Luciano, quem me deu
o pontapé inicial nessa caminhada.
Aos meus amigos de faculdade (Anne, Dan, Nacif e Sara), por esses cinco anos de
caminhada, por todas as barreiras enfrentadas e conquistas realizadas.
Por fim, agradeço a todos os meus amigos que de alguma forma contribuíram para a
conclusão desse trabalho e que puderam entender minhas ausências, minhas
ansiedades, minhas preocupações e meus desesperos.
6
RESUMO
ABSTRACT
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 10
2 VIDEOCONFERÊNCIA 12
2.1 CONCEITO 12
2.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA 14
2.3 TECNOLOGIA E A ESTRUTURA DAS SALAS DE 15
VIDEOCONFERÊNCIAS
2.3.1 Equipamentos, softwares e segurança no uso da 16
videoconferência
3 O INTERROGATÓRIO 20
3.1 CONCEITO 20
3.2 O INTERROGATÓRIO ON-LINE 22
3.2.1 Lei 11.900/09 25
4 POSICIONAMENTOS DOUTRINÁRIOS 27
4.1 POSIÇÃO CONTRÁRIA 28
4.2 POSIÇÃO FAVORÁVEL 30
5 A CONSTITUCIONALIDADE DA VIDEOCONFERÊNCIA 36
5.1 A HARMONIA COM OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 36
5.1.1 Princípio do devido processo legal 37
5.1.2 Princípio do contraditório e ampla defesa 38
5.1.3 Princípio da proporcionalidade 39
5.1.4 Princípio da imediação e da identidade física do juiz 40
5.1.5 Princípio do juiz natural 42
5.1.6 Princípio da publicidade 43
5.1.7 Princípio da dignidade humana 43
5.1.8 Princípio do acesso à justiça 44
6 USO DA VIDEOCONFERÊNCIA EM OUTROS PAÍSES 46
CONCLUSÃO 48
REFERÊNCIAS 50
ANEXO 53
10
1 INTRODUÇÃO
2 VIDEOCONFERÊNCIA
2.1 CONCEITO
A sentença deve ser escrita do próprio punho, datada e assinada por seu
prolator. São considerados essenciais estes requisitos, porque servem para
fiscalizar a autenticidade da sentença e, ao mesmo tempo, assegurar o
sigilo que sobre ela se deve manter até a respectiva publicação. É
essencial, para a dignidade da magistratura, que o juiz mantenha sigilo
quanto à sua opinião sobre a demanda, até o momento de lavrar a
sentença. Qualquer conversação sobre ela travada conduzirá à discussão
com as partes, com grave prejuízo da austeridade a até da honra do
15
3 O INTERROGATÓRIO
3.1 CONCEITO
E continua:
vídeo, com total imagem e som, de modo que um pode ver e ouvir
perfeitamente o outro.
dados, podendo ser juntado aos autos, ficando a disposição das partes e do
magistrado à qualquer tempo no decorrer do processo.
O acusado será acompanhado de um advogado ou um defensor público,
sendo que a presença deste é exigida nos dois ambientes, ou seja, tanto na sala do
Fórum, na presença do juiz, quanto na sala de videoconferência instalada dentro do
complexo penitenciário.
Todo o diálogo entre o acusado e seu defensor será sigiloso através de uma
linha telefônica direta, onde poderão manter contato sempre que for necessário.
Na Palavras de Ana Cláudia da Silva Bezerra (2005), o interrogatório on-line
funciona da seguinte forma:
E continua:
videoconferência será fiscalizada pelo juiz da causa, pelo Ministério Público e pela
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). A lei ainda autoriza que o réu e seu
defensor tenham um telefone reservado para poderem conversar de forma sigilosa.
De forma suscita, essas foram às alterações trazidas pela Lei 11.900/09 ao
Código de Processo Penal brasileiro.
27
4 POSICIONAMENTOS DOUTRINÁRIOS
Muitos acreditam que a falta de contato físico entre o juiz e o réu torna o
interrogatório um momento frio, sem o contato ‘olho a olho’ e a posição firme na
29
Para Luiz Flávio Gomes (2003, p. 40), não se pode aceitar que a justiça fique
de fora da informatização e digitalização e diz:
Ainda por Fioreze (2009, p 168), em sua obra, cita trecho de matéria
publicada no jornal Estadão:
E conclui:
5 A CONSTITUCIONALIDADE DA VIDEOCONFERÊNCIA
E conclui:
penal brasileiro, conclui-se que a adoção do sistema acarretará mais vantagens para
o acusado, podendo ser julgado de forma mais justa e tendo suas garantias
fundamentais respeitadas.
Vale ressaltar que nem sempre o acusado deixa de comparecer porque quer,
outros fatores podem acarretar isso, como por exemplo, a distância de onde reside a
comarca onde responde pela acusação.
Se a videoconferência for aplicada em todo o território nacional e o réu
comparecer virtualmente, diminuirá os casos de suspensão de processos e o curso
do prazo prescricional. E nem a justificativa da prisão preventiva do acusado, que
não “comparecer”, sendo uma grande vantagem processual e material.
43
Esse princípio tem como objetivo inserir o Poder Judiciário como um ambiente
em que os cidadãos possam fazer valer seus direitos, sendo que na área penal, isso
tem grande importância, principalmente, para que possa se defender.
O fato do acusado, pessoalmente (ainda que virtualmente) dirigir-se àquele
que irá julgá-lo é o evidente uso do acesso à Justiça.
O interrogatório criminal é o verdadeiro palco de acesso à Justiça e, com base
nisso, que sobe esse ato processual os cuidados com as garantias fundamentais
são ainda maiores.
Portanto, com o uso da videoconferência, um réu localizado em uma região
distinta de onde está sendo acusado de algum ato, poderá comparecer, mesmo que
virtualmente, para se defender, em contato direto com o juiz da causa. Ou seja, essa
possibilidade do acusado comparecer, mesmo a distância, dá a ele a possibilidade
do acesso à Justiça, fazendo com que o princípio constitucional seja respeitado.
46
Os interrogatórios são feitos por circuito interno de televisão. (...) Para evitar
que os mafiosos fossem resgatados ou fizessem ameaças às testemunhas
durante os interrogatórios, o Ministério Público passou a utilizar o que eles
chamam de videoconferência.
CONCLUSÃO
Portanto, não há como dizer que qualquer garantia do réu poderia ser
lesionada, aliás, o que não seria plausível em um Estado Democrático de Direito.
Além da garantia dos princípios constitucionais, há que se falar da economia
e da celeridade que o uso do sistema proporciona para a Justiça brasileira. Como já
foi comprovado, o transporte do réu até o Fórum para a realização do interrogatório
trás número desastrosos para os cofres públicos, sendo evitado a partir do momento
que o réu, dentro do próprio presídio pode “comparecer” ao interrogatório.
A segurança é outro fator de grande relevância, já que não teria necessidade
de colocar a sociedade em risco com o transporte de acusados de grande
periculosidade, pertencentes a facções criminosas.
Ao depois, o interrogatório por videoconferência é utilizado em outros países
com sucesso.
Conclui-se, portanto, que a Lei 11.900/09 é constitucional, uma vez que o
procedimento proporcionado pela videoconferência para a realização do
interrogatório, em nada fere o devido processo legal, uma vez que é realizado
conforme todas as regras estabelecidas pela Lei Processual.
Sendo assim, o interrogatório por videoconferência é viável e está dentro dos
limites da legalidade.
Por fim, o interrogatório por videoconferência deve ser regra no processo
penal. O julgador, em análise ao caso concreto e diante do princípio da verdade real,
procederá ao interrogatório da maneira que entender necessária.
50
REFERÊNCIAS
D’URSO, Luiz Flávio Borges. In: Olho no olho: para OAB videoconferência pode
confundir testemunhas. Revista Consultor Jurídico – Conjur. Disponível em:
<http://conjur.estadao.com.br/static/text/22542,1>. Acesso em: 02 fev. 2010.
GOMES, Luiz Flávio. Era digital, Justiça informatizada. Revista Síntese de Direito
Penal e Processual Penal, nº. 17, p. 40-41, Dezembro-Janeiro. 2008.
GRECO FILHO, Vicente. Manual do Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 1997.
MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. 18. ed., rev., atual. São Paulo: Atlas,
2008.
MORAES FILHO, Rodolfo Araújo de; PEREZ, Carlos Alexandre Dias. Teoria e
prática da videoconferência (caso das audiências judiciais). Recife: Cepe, 2003.
ANEXO
54
Anexo A
Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
I - prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o preso integre
organização criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante o deslocamento;
II - viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando haja relevante dificuldade para
seu comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra circunstância pessoal;
III - impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, desde que não seja possível
colher o depoimento destas por videoconferência, nos termos do art. 217 deste Código;
§ 4o Antes do interrogatório por videoconferência, o preso poderá acompanhar, pelo mesmo sistema
tecnológico, a realização de todos os atos da audiência única de instrução e julgamento de que
tratam os arts. 400, 411 e 531 deste Código.
canais telefônicos reservados para comunicação entre o defensor que esteja no presídio e o
advogado presente na sala de audiência do Fórum, e entre este e o preso.
§ 6o A sala reservada no estabelecimento prisional para a realização de atos processuais por sistema
de videoconferência será fiscalizada pelos corregedores e pelo juiz de cada causa, como também
pelo Ministério Público e pela Ordem dos Advogados do Brasil.
§ 7o Será requisitada a apresentação do réu preso em juízo nas hipóteses em que o interrogatório
não se realizar na forma prevista nos §§ 1o e 2o deste artigo.
§ 8o Aplica-se o disposto nos §§ 2o, 3o, 4o e 5o deste artigo, no que couber, à realização de outros
atos processuais que dependam da participação de pessoa que esteja presa, como acareação,
reconhecimento de pessoas e coisas, e inquirição de testemunha ou tomada de declarações do
ofendido.
§ 1o (VETADO)
§ 2o (VETADO)
§ 3o Na hipótese prevista no caput deste artigo, a oitiva de testemunha poderá ser realizada por
meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo
real, permitida a presença do defensor e podendo ser realizada, inclusive, durante a realização da
audiência de instrução e julgamento.” (NR)
Parágrafo único. Aplica-se às cartas rogatórias o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 222 deste Código.”